Toda sua

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— Embreagens?— Jake questionou quando subimos nas motos, Bella e eu apontamos para os mesmos lugares e ele assentiu em aprovação— Freios?— apontamos novamente e ele olhava atentamente para as duas motos e eu me senti ridícula por um momento por estar aprendendo com um garoto mais novo que eu.— Acelerador?

Giramos os punhos direitos.

— Muito bem. Câmbio?— continuou Jake.

Cutucamos com a panturrilha esquerda. Bella se desequilibrou por um momento e gemeu.

— Jake, não vai ficar de pé!— reclamou ela.

— Vai quando estiverem em movimento. Velocidade é equilíbrio.— ele disse. Eu apertei o guidão, ansiosa para pilotar.— Agora puxem a embreagem.— instruiu Jake, obedeci cautelosamente.— Isso é importante, não as soltem, ok? Finjam que estão com uma granada, o pino foi arrancado e vocês estão segurando o detonador.

— Tranquilizante.— eu disse apertando a embreagem com mais força e encarando Jake, cética.

— Conseguem dar a partida?— tentei imediatamente e errei o pé, fechei a cara com Jacob rindo de mim e tentei de novo, dessa vez foi e lancei um olhar convencido. Ele fez um sinal para que Bella aguardasse um momento.— Vamos lá, sua fodona— ele cerrou os olhos na minha direção, desafiador, sorri maliciosa— vocês já sabem o básico, por que não vai frente antes que a moto morra? Engata a primeira e sai.— instruiu ele, obedeci confiante e a moto deu sinal de vida indo lentamente para frente. Sorri animada e olhei brevemente para Jake em busca de aprovação. Ele sorriu levantando as sobrancelhas com falsa surpresa que me ofendeu, e eu fui acelerando com a moto, sentindo minha excitação crescer com o vento forte levando meus cabelos para trás.— NÃO SOLTA A EMBREAGEM!— gritou ele.

Obedeci e avancei ainda mais, troquei de marcha, acelerando.

Era libertador, o ar, apesar de vir com força no meu rosto, não era incômodo. A adrenalina corria nas minhas veias e eu só queria mais e mais. Era uma longa estrada reta e eu nem podia mais ouvir os gritos de Jake da distância que estava e nem me importei.

Rebecca! um rugido furioso rompeu ao meu redor e eu perdi o equilíbrio da moto por um breve momento antes de retomar o controle, olhei ao redor, apavorada e ansiosa pela familiaridade da voz que eu não ouvia há meses, não tinha nada, eu estou sozinha. Eu senti meu coração acelerar ainda mais. Eu devo estar louca.

Pare com isso agora, é perigoso e infantil, dê meia volta! A voz retornou, colérica e eu freei a moto abruptamente, meu corpo indo para frente e eu olhei ao redor ofegante com uma esperança absurda de que eu o veria.

— Jasper!— gritei por ele olhando ao redor desesperada, por favor, por favor, onde está você?— Jasper!

Por que eu o escutei? De onde vinha a voz? Sem nem pensar desci da moto deixando-a cair no chão sem qualquer apoio e adentrei na floresta em passos apressados. Era um declive acentuado até eu realmente alcançar as árvores, mas isso não foi um verdadeiro obstáculo para mim.

Eu ouvi a voz dele, de onde mais viria se não de um lugar escondido? Ele não pode vir á reserva.

Eu ouvi ele, eu ouvi eu ouvi eu ouvi!

— Jasper?— chamei.

Eu estava extasiada, louca para encontrá-lo, e ele está aqui. Ele voltou.

— Jasper!— chamei de novo, correndo mais e mais floresta afundo. Ele está aqui— Eu ouvi você chamar! JASPER!— gritei alto até minha garganta doer.

Rebecca... a voz estava longe, me chamando de volta para a estrada como se estivéssemos brincando de pega-pega. A segui sem hesitação. E ele não estava lá. Eu senti meu coração doer muito mais do que em qualquer outro dia. É um buraco imenso dentro de um corpo muito pequeno, eu me ajoelhei na grama me sentindo fraca demais e tão, tão sozinha. Comecei a chorar baixo, e tapei os ouvidos certa de que se eu o ouvisse novamente eu surtaria.

— Eu estou ficando louca.— eu disse numa voz fraca que mal reconheci ser minha. Eu o ouvi, tão claro... Como se... como se ele tivesse cochichado no meu ouvido.

Como Isabella disse ter ouvido Edward. Minha cabeça estava a ponto de explodir, meu corpo doía como se eu tivesse levado uma surra e eu não conseguia parar de chorar.

— Por favor, Jasper... Volta pra mim, volta pra mim.— eu me abracei.

Talvez se eu tivesse insistido mais, talvez se eu tivesse mais controle da situação, talvez se eu tivesse falado as coisas certas ele me ouviria, ele teria ficado comigo.

Se... e se eu tivesse ido atrás dele? Se eu não tivesse mandado ir embora de tão magoada, e se eu implorasse melhor? Por perdão, por misericórdia.

Ele ficaria se eu não tivesse surtado? Ele disse que nunca quis me machucar.. MENTIROSO, MENTIROSO, MENTIROSO FILHO DA PUTA! Quando notei, eu estava socando o chão de terra, mas na primeira investida que dei com o punho esquerdo, a dor aguda me fez parar imediatamente.

Preferia que ele tivesse me matado no dia do meu aniversário ao invés de me deixar morrer cada dia, mais lentamente, uma alma penada ao inferno da solidão. Ele por acaso me odeia? Só pode ser essa a explicação.

Foi só uma voz na minha cabeça... Só uma maldita alucinação!

Solucei e um uivo ecoou pela floresta de repente, me assustei e me levantei olhando em direção as árvores. Olhei ao redor, a buzina da picape começou a tocar e eu me desesperei secando minhas lágrimas, não queria ter que explicar para Isabella que tive outra recaída. Cocei os olhos e me aproximei da moto suspirando ao prever o esforço que teria de ser feito para erguê-la novamente.

Tentei, tentei e tentei novamente, mas não a tirei do chão mais que trinta centímetros, meu pulso protestando para um caralho. A buzina não parava e eu desisti da moto e voltei correndo. Deram uns bons minutos de corrida, mas graças aos meus treinos nos dias anteriores eu não sofri tanto quanto sofreria normalmente e os alcancei, Jacob estava sem camisa. Encarei seu corpo definido confusa e um pouco envergonhada pelo que eu poderia estar interrompendo.

— Onde está Bella?— perguntei corando um pouco e Jacob apontou a picape onde Bella segurava a blusa dele contra a testa.

— Onde está a moto?— perguntou Jake.

— Ela caiu e eu não consegui levantar.— falei alheia e me aproximei da picape.

— Está muito longe?

— Ah, sim, eu corri bastante ainda.— dei de ombros para Jake e ele bufou.

— Eu vou atrás dela, cuide de Bella.— assenti e o observei correr na direção que eu tinha acabado de voltar.

— O que aconteceu com suas mãos?— Bella perguntou encarando as mesmas, por um segundo tinha me esquecido das feridas e quando olhei elas voltaram a arder.

— Eu caí.— menti e a encarei.— O que aconteceu com você?

— Eu caí.— ela deu de ombros e exibiu a testa com um corte longo e fundo, fiz careta.— Como você caiu da moto e se feriu assim?— indagou ela e eu dei de ombros.

— Sei lá— examinei seu corte tentando desviar a atenção de mim, não queria me lembrar de que o ouvi, mas não querer isso fazia exatamente isso acontecer.— Acho que você vai levar pontos.

— Eu vi ele de novo.— ela disse, me ignorando. Suspirei fundo e fixei meu olhar no seu.

— Por que?

— Acho que é a adrenalina. Ele me mandou parar com a moto e isso fez eu me desequilibrar. É como se... como se ele estivesse em toda parte, me protegendo.

Eu sorri fraca.

— Como um anjo da guarda?— falei.

— Não zombe de mim.— Bella me lançou um olhar furioso.

— Não estou zombando— defendi e dei a volta na picape entrando no banco do motorista e suspirando alto.

— Deve achar que sou louca.

— Seria muita hipocrisia da minha parte— murmurei tão baixo que acho que ela não me ouviu.

Ficamos sem falar nada até Jacob voltar.

— Rebecca?— Bella bateu á minha porta quando estávamos de volta, tentou abri-la, no entanto eu a tinha trancado, as memórias tinham voltado com força quando cheguei ao meu quarto. Eu engoli o choro e respirei fundo.

— Sim?

— Ér... Eu estou saindo com Jake e o pessoal, você vêm?— lembrei-me só nesse momento do convite que Bella fez para toda turma após Mike tentar inutilmente convidá-la para um encontro.

— Não, não gosto de cinema.— dispensei de pronto.— Divirta-se por mim.

— Tá bem.— eu pude ouvir que ela não se moveu— Te vejo amanhã.— ela murmurou saindo e eu me entreguei ao abismo novamente, eu não suportava mais, não aguentava mais.

É o inferno, e eu não consigo sair de dentro de mim. Não muito tempo depois de Bella sair, a campainha tocou e como não tinha mais ninguém para atender, eu me recompus e saí da cama com muito esforço.

Eu ainda queria gritar por Jasper, queria que ele aparecesse na minha janela, queria ouvir sua voz me chamando de novo.

Era a adrenalina. Foi isso que o trouxe para mim, e eu precisava daquilo de novo, mais intenso. Desci as escadas sem pressa e abri a porta, acabada. Era Dave.

— Hã... Oi, Rebecca.— ele cumprimentou cauteloso ao ver minha cara.

— Oi, Dave.— eu disse sem muito ânimo.

— Eu sei que essa provavelmente não é uma boa hora, mas eu estava me perguntando se você não está me evitando.

— Não estou.— eu rebati, um ar de cansaço.

— Ah é? Porque parece que sim.

— Pois eu não posso fazer nada sobre isso.— respondi já me irritando, só quero ficar sozinha.

— Pode me convidar para entrar.— sugeriu ele.

— Não é uma boa ideia.— balancei a cabeça sem olhar no rosto dele, não quero ofender nem magoar ninguém, só quero o direito de morrer.

— Então você bem que pode ficar comigo aqui fora.— ele tentou de novo e eu respirei profundamente, cogitando a possibilidade.

— Olha, Dave, eu não estou pronta para tentar nada agora...

— Não precisamos tentar nada.— ele me interrompeu— eu não vou te tocar sem sua permissão, não vou invadir seu espaço ao menos que você queira.— eu levantei o olhar— Eu sei que provavelmente eu estou passando de idiota na sua frente, mas... eu gosto de você, Rebecca Swan.

— Por que?— perguntei sentindo meu estômago se revirar— Literalmente não têm nada aqui.— bati no meu peito oco com o punho fechado. Dave cerrou os olhos para mim e deu de ombros.

— Não sei. Mas... me sinto melhor com você sabendo disso.— ele suspirou aliviado e sorriu de canto— Eu não gosto de guardar as coisas para mim, então... Uau. Você é muito linda por sinal.— ele disse e eu sorri revirando os olhos.

— Você é doido.— balancei a cabeça— Maluco.

— Só se for por você.— ele deu um passo na minha direção e eu me senti intimidada, mas não recuei, ele beijou minha testa, seus lábios tão macios e quentes, pareceu demorar uma eternidade, mas eu não me incomodei. Foi bom. Carinhoso, eu diria.

— Não devia fazer isso consigo.— falei sentindo meu rosto pegar fogo quando ele se afastou minimamente.

— Você ainda me deve um jantar.— ele me lembrou— E eu não sou de desistir— eu recolhi os lábios.— Boa noite, Rebecca Swan.— ele se despediu se afastando com um sorrisinho maroto.

— Boa noite, Dave Marks.— eu fechei a porta e encostei a testa na madeira querendo retirar o sentimento de traição da minha mente.

Eu tenho que afastá-lo e rápido. Eu não estou pronta para isso, não gosto que me pressionem. Mas por que caralhos eu não quero me livrar dele? É puro egoísmo, estou sendo uma hipócrita do caralho. Eu o estou usando. Ele gosta de mim. Eu não posso magoá-lo, não assim. Merda, por que ele me disse isso? Hoje não, hoje não.

Mas Jasper já te deixou.. lembrou-me, minha amada consciência.

Eu sei, respondi sentindo meus olhos arderem, mas não queria voltar a chorar, isso só iria piorar minha dor de cabeça.

Então à quem você estaria sendo infiel? Hm? O garoto é bonitinho, dê a ele uma chance.

Não, eu prometi para mim mesma que não amaria novamente, eu só me machuco, fiz caminho de volta para o meu quarto depois de trancar a porta.

Você também já prometeu que não choraria mais por Jasper, que seria uma irmã melhor, que sairia de casa antes dos dezoito, mas olha... quantas promessas você já quebrou!

Bufei irritada comigo mesma e entrei no banheiro, enchendo a banheira.

Vai fazer o que? Se afogar? ironizou meu eu masoquista, você não tem a coragem necessária!

— Qualquer coisa pra silenciar você.— falei em voz alta, encarando a água caindo do chuveiro.— Qualquer coisa.— repeti, mesmo sabendo que era verdade o que ela falava.

Eu não tenho a coragem. Suspirei e me despi entrando debaixo do chuveiro e me sentei, cobrindo os ouvidos.

— Não vai dizer que está com medo?— Jasper riu enquanto eu cobria os olhos durante o filme de terror que assistíamos.

— Desculpa se o meu coração é fraco e eu não lido bem com demônios aparecendo de repente na tela.— sussurrei. O cinema está quase vazio e nós estamos na parte mais isolada no fundo, não há risco de sermos ouvidos. Jasper se inclinou na minha direção a ponta de seu nariz encostando na ponta do meu e ele sorri de divertimento.

 Está com medo agora?

 Por que estaria?

 Você está literalmente cara a cara com um demônio.— ele brincou, eu queria rir, talvez devesse, mas a proximidade dele sempre é muito desconcertante.

 Mas que demônio mais sexy.— comentei e os dentes de Jasper reluziram á pouca luz do telão.

 Eu vim buscar sua alma— ele sussurrou se aproximando mais e me roubando um selinho com a testa encostada na minha.

 Ela é toda sua.— eu sorri e aprofundei o beijo.

— Toda sua.— sussurrei e o silêncio gritou nos meus ouvidos enquanto eu me molhava— Toda sua.

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