Resista ou morra
Esse é o maior capítulo que eu já escrevi na vida, melhor vocês interagirem KKKKKKK
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É, as escolhas que fazemos...
Queria que Alice não pudesse prever a minha fuga em planejamento. Nada podia dar errado, o problema é que Bella não tentava de maneira alguma me passar qualquer informação, se ela está tentando ver um jeito de ir sem mim só pode estar me confundindo. O que James faria se só uma de nós chegasse até ele? Quantas merdas poderiam acontecer caso nossa tentativa de fuga desse errado? Aquele filho da puta ia mesmo liberar nossa mãe quando nós nos entregássemos? Eu tinha tantas, tantas perguntas, mas sequer podia falar com Bella sobre elas sem atrair a atenção dos nossos companheiros de viagem com uma audição afiada. Não falei com Jasper quando ele voltou para nos buscar no quarto, em parte porque estava magoada de ele ter usado seus dons em mim, e em parte porque acho que talvez fosse desabar em lágrimas sabendo o que teria que fazer.
Qual seria o melhor jeito? Acabar com ele, indo enfrentar a morte sem nem o dizer o quanto eu o amo? Ou ir mentindo, deixando-o acreditar que em breve nos veríamos? Ambos os jeitos doíam e eu tinha que engolir o choro, pois pelo desespero crescente e visível de Bella talvez estivéssemos correndo contra o tempo. Esperamos buscarem nosso carro no saguão até um lugar com sombra, já era hora de ir encontrar Edward no aeroporto e nós tínhamos que fugir antes disso.
Jasper entrou comigo no banco de trás e deixei que ele sentisse meu medo, podia interpretá-lo como quisesse, medo do futuro, medo de dar errado, medo de eles não conseguirem salvar minha mãe. Todas as opções estão corretas de qualquer modo. Sem falar uma palavra, deslizei no banco e me encostei em seu ombro, os olhos fixos em Bella que estava no banco da frente. Íamos morrer em breve, mas pelo menos eu estou com Jasper por perto, pelo menos até o ultimo instante e ela sequer veria Edward pois duvido muito que conseguíssemos escapar quando Edward general chegasse, aí sim os rapazes não tirariam os olhos de nós. Coloquei minha mão no colo de Jasper, com a palma virada para cima e ele logo entendeu o recado entrelaçando nossos dedos. Encarei aquele momento, será que eu pensaria nesse gesto enquanto desse meu ultimo suspiro tentando proteger minha família? Será que eu gritaria por ele na hora do medo como fazia quando tinha pesadelos? Eu esperava muito que não. Eu queria dizer tantas coisas para ele nesse momento, mas tudo que eu lhe deixaria seria um mísero bilhete de desculpas.
Ele me odiaria, eu sei, pois eu o odiaria se ele me abandonasse desse jeito. Mesmo que só por uma fração de segundo.
— Eu te amo.— eu disse baixo, sentindo meus dedos já dormentes.
— Eu te amo mais.— ele sussurrou, o nariz enfiado entre meus cabelos, me causando arrepios, deixei o contentamento me tomar, se eu ficasse triste tempo demais ele poderia questionar, e eu não fazia ideia de como responder sem chorar.
Fomos esperar no aeroporto lotado em plena manhã. Bella não parava de olhar o relógio me deixando mais nervosa, onde deveríamos ir? Quanto tempo tínhamos? O que James faria com nossa mãe caso nos atrasássemos?
— Ei, calma.— Jasper pediu para mim, estávamos de pé de frente um para o outro enquanto Alice e Bella permaneciam sentadas, Alice fingia ler o jornal, mas eu sabia que ela estava desconfiada de nós. É uma garota muito esperta.— A sua ansiedade vai acabar com você. Ficaremos bem.— Jasper segurou meu rosto com as duas mãos, me olhava intensamente. Queria mergulhar naqueles olhos, estavam num dourado mais fraco, mas seus olhos nunca ficavam feios, independentemente da cor. Acho que mesmo que se estivessem vermelhos eu seria capaz de o achar a criatura mais linda da face da terra.
Eu não queria falar nada, mas ficar quieta tempo demais não era comum para mim e eu sabia disso. Eu não queria falar de "daqui a pouco" ou "em breve", não queria que ele me fizesse mais promessas ou que eu mesma as fizesse. Eu não quero deixá-lo, mas preciso, porque minha mãe precisa de mim.
— Eu estou com fome, Alice.— Bella anunciou e os vampiros se entreolharam. Alice se levantou, elegantemente.
— Você também, Becca?— perguntou-me a vidente. Fingi pensar fazendo um bico e concordei com a cabeça.— O que vocês vão querer?
Argh, como se pode odiar verbos no futuro?
— Um lanche completo seria uma boa pedida.— abri um sorriso, foi convincente, ao menos para mim. Alice assentiu e apontou para Bella.
— O mesmo.— minha gêmea deu de ombros e me olhou brevemente, e lá estava a nossa chance. Com Alice fora, tudo o que nos restava era nos livrarmos de Jasper. O loiro me puxou pra um abraço como se lesse meus pensamentos e eu tive que engolir o choro conforme encostava a cabeça no seu peito e abraçava sua cintura.
— Hã, eu preciso ir ao banheiro.— declarei sentindo meu estômago se revirar com a ideia de que aquele simples abraço era o nosso ultimo. Me senti a ponto de vomitar e tive que afastar Jasper cobrindo minha boca.
— Eu também vou.— Bella disse, os dois me olhando preocupados enquanto minha sósia se levantava e nos dirigíamos para o banheiro feminino ás pressas.
Na porta do mesmo, Jasper segurou meu pulso, eu tive que segurar o de Bella para não a perder de vista.
— Acha que precisa ir ao médico?— Jasper levou a mão fria á minha testa, no entanto eu duvidava muito que pudesse sentir minha temperatura.
— Não, mas eu tenho que ir.— eu respondi apontando a cabeça na direção do banheiro. Jasper beijou minha testa e largou meu pulso.
— Espero você aqui.— ele prometeu e eu assenti entrando no banheiro depressa sentindo meus olhos arderem e minha garganta se enrolar. Bella me olhou com pena e seguramos a mão uma da outra com força. O banheiro tem duas saídas, Bella se perdeu aqui quando éramos menores, e agora... só bastava correr, Alice e Jasper não poderiam vir atrás de nós a tempo, tem muita gente.
Saímos do aeroporto empurrando as pessoas, causando vários xingamentos em voz baixa, mas não nos abalamos, Bella andava na frente, eu fiquei um pouco para trás enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto, queria dizer o quanto estava orgulhosa dela por ser tão forte, mas continuei quieta e me deixei ser guiada. Subimos num ônibus e depois num táxi. Não falamos nada durante o caminho, eu não fiz perguntas, pois já imaginava que Bella não me daria respostas. Eu só não podia a perder de vista, caso isso acontecesse, eu não sei o que faria. Quando entramos no táxi, estranhei Bella ter dado o endereço da nossa casa, mas não perguntei nada. Nos encaramos durante toda a viagem, evitando olhar as ruas familiares, evitando quaisquer outras lembranças.
— Eu não quero que você vá.— eu admiti encarando meu reflexo de olhos castanhos. Ela sorriu, triste.
— Acha que eu quero você na minha cola? Não discuti pois sabia que seria inútil.
— Você é tão teimosa.— falamos em coro e rimos uma da outra. Levantei meu mindinho, com um nó na garganta, essa promessa eu podia fazer.— Prometa, que se for possível você vai correr sem olhar para trás.
— Não vou prometer isso, como sei que você não faria o mesmo.— ela disse, sorri de canto.
— Então promete que vai ficar comigo até o fim?— ela cruzou seu mindinho ao meu sem hesitar.
— Até o fim.— Bella repetiu e eu vi meu reflexo chorar comigo, em silêncio.
Pulamos do táxi assim que chegamos perto de casa. Estava vazia e não havia sequer sinal de arrombamento. Segui Bella até a cozinha e a vi discar um numero que estava escrito no quadro branco perto do telefone, Bella tremia muito então teve de desligar e discar tudo de novo, colocou o fone de lado e apertou no viva-voz. Apenas tocou uma vez.
— Meninas!— cumprimentou a voz masculina e agradável.— Foram rápidas, gostei, tenho que admitir que subestimei um pouquinho vocês.
— Cadê a nossa mãe?— perguntei sem me censurar pela raiva no meu tom.
— Ah, querida... é a Rebecca, não é? Tão impaciente! Isso pode acabar te matando, sabia?— brincou a voz, divertida. Eu e Bella nos encaramos furiosas, me afastei da bancada fazendo sinal para que Bella falasse, eu não poderia lidar com esse cara.
— Nossa mãe está bem?— Bella perguntou com a voz tremula.
— Perfeitamente bem. Não preciso machucá-la a não ser que não estejam sozinhas.
— Estamos sozinhas.— Bella respondeu.
— Muito bom, agora, sabem o estúdio de balé na esquina de sua casa?
— Sim.— eu e minha gêmea afirmamos ao mesmo tempo.
— Ótimo, as vejo em breve, então.— eu bati o telefone e nós duas disparamos porta a fora.
É engraçado como tantos pensamentos inoportunos chegam a sua mente nas piores horas possíveis. Eu senti agonia, medo, raiva, saudade. Eu fui dominada por emoções enquanto corria na frente da minha gêmea. Talvez se eu a apagasse de repente, conseguiria salvá-la? James está esperando por nós duas, será que eu teria tempo de prender Bella num lugar seguro? Eu senti que talvez devesse tentar, mas meu corpo não parou de correr, queria chorar de novo, dessa vez de medo pela minha mãe. Sequer sabíamos se ela ainda está viva, ou se sairia de lá mesmo que fizéssemos tudo de acordo com o que James pedisse. O sol torrava nossas cabeças, e eu senti mais falta de Forks do que nunca. Nunca mais veria meu pai, meu Deus, meu pai perderia nós duas de uma vez! Ele seria sozinho de novo, e eu saí de casa brigada com ele... Não, não posso pensar em tudo de ruim agora, foco, Becca, foco!
Entramos no estúdio e não tinha mais volta.
— Mãe!— gritei— Mãe!— seguimos para dentro do salão principal quando a voz de nossa mãe ecoou para nós.
— Bella! Becca! Meninas?— ela gritava. Eu e Bella atravessamos o salão até a porta de onde vinha sua voz. Abri a porta até ela bater na parede e congelei ao ver uma TV passando um vídeo antigo.— Meninas! Por favor, vocês me assustaram, não façam mais isso.— Pediu minha mãe. Era um vídeo nosso na praia, no píer, eu e Bella tínhamos por volta de uns doze anos e estávamos nos inclinando demais para fora da segurança. Eu e Bella corremos na direção da câmera e nossa mãe deu um zoom nos nossos rostos.
— Desculpa, mamãe.— falamos em coro, sorrindo sapecas olhando fixamente para a câmera, e ai a tela ficou azul e tudo ficou em silêncio. Eu e Bella nos encaramos, confusas, em choque, aliviadas.
— Ela não está aqui.— eu falei e nós duas nos viramos devagar para trás pelo som do piso rangendo. E lá estava ele. Do outro lado do salão, com um controle remoto na mão e um sorriso calmo no rosto. Isso me lembra algo, mas eu não pude identificar o quê.
James veio na nossa direção calmamente e colocou o controle remoto ao lado da TV.
— Me desculpem por isso, mas a mamãe não precisava se envolver, não concordam?— perguntou ele, os olhos negros e com olheiras fundas. Ele está com sede, se guardara apenas para se satisfazer conosco. Apesar de tudo, da raiva que eu sentira, estava aliviada porque minha mãe está a salvo, ele nem sequer chegou perto dela.
— Sim.— Bella respondeu me trazendo a tona novamente, ela está ali para nada, exposta á um risco desnecessário. Entrei na frente da Bella discretamente e segurei seu braço atrás de mim.
— Que estranho, você está mesmo falando sério.— James tombou a cabeça de lado nos encarando com estranha fascinação, para quem está com sede parecia calmo até demais.— Devo admitir, sua espécie pode ser bem interessante, as vezes. É incrível observá-los, alguns não parecem ter o mínimo senso de autopreservação.— ficamos em silêncio enquanto ele nos observava calmamente— Imagino que seus namorados vingarão vocês, não é?
— Não.— Bella respondeu de pronto, coisa que eu estranhei— Pelo menos eu pedi para que não o fizesse.— a olhei por cima do ombro, confusa.
— E qual foi a resposta deles?— James perguntou.
— Não sabemos.— Bella disse, surpreendentemente sob controle. Ah, como eu queria ter esse controle sobre mim!— Deixei uma carta.
Então me toquei do que ela falava. A carta. A porra da carta. Ela deve ter escrito algo, mas eu não li em busca de lhe dar privacidade, ela pediu á Edward que não se vingasse. Como eu não pensei nisso? Burra e egoísta, só pensei em dizer adeus. Em resumir a minha dor.
— Que romântico, uma carta de despedida, você também deixou uma, Becca?— perguntou James estranhamente pacifico, sua cara, postura e fala, é como se não devêssemos temê-lo. Apenas assenti, se eu abrisse a boca era mais capaz que o fizesse nos matar mais rápido.— E acham que eles vão honrá-las?
— Espero que sim.— Bella continuou no papel de interlocutora.
— Hmm, é uma pena, nossas esperanças se diferem. Veja bem, eu estou, na verdade, bastante frustrado que tudo tenha sido tão rápido e fácil, esperei um desafio bem maior. E no final, só precisamos de um pouco de sorte e blefes.— ele sorriu sem ser ameaçador— Quando Victoria não conseguiu pegar o pai de vocês, mandei-a procurar mais informações enquanto eu esperava pacientemente no lugar de minha escolha. Depois de falar com ela, decidi vir á Phoenix visitar a mamãe de vocês, afinal ouvi que viriam para casa. De inicio nunca imaginei que viriam mesmo, porque além de previsível, seria estupido, mas olha só vocês aqui. E não seria perfeito irem para o ultimo lugar que pensei que vocês estariam? Mas era apenas um pressentimento meu, é claro, geralmente com minhas caças, eu tenho um sexto sentido, digamos assim. Ouvi seu recado assim que cheguei á casa da sua mãe, mas claro que não sabia de onde vocês tinham ligado, poderiam estar na Antártida e o jogo não daria certo. Até o seu namoradinho pegar um voo para Phoenix.— James apontou para Bella brevemente— Victoria me avisou, afinal é um jogo com muitos participantes, eu não podia agir sozinho. Eu me preparei; já havia visto os adoráveis vídeos caseiros. E então, foi tudo questão de blefe. Foi fácil demais, muito abaixo do meu nível. É por isso que eu espero que estejam erradas sobre seus namoradinhos. Jasper e... Edward? Não é mesmo?
Eu e Bella continuamos caladas, que chances tínhamos? Mesmo correndo ele nos alcançaria numa batida de coração.
— Se importariam se eu deixasse minha carta para seus namorados? Não, né?— ele se inclinou na direção de uma pequena câmera digital acima da TV que tinha uma luz vermelha acessa deixando claro que já estava gravando. Era por isso que ele estava nos contando toda a história, queria menosprezar nossa fraqueza, queria gravar nossas reações genuínas, e eu acabei ainda mais aliviada por não ter dito nada á essa altura.— Eu não podia arriscar que eles perdessem isso, não quero que resistam em me perseguir apenas porque vocês pediram. São tudo para eles. Vocês duas só estavam no lugar errado, na hora errada e, definitivamente, com as pessoas erradas, devo acrescentar.
Ele falava ajustando a câmera nas nossas caras. Deu um passo na nossa direção e eu prensei Bella contra a parede.
— Antes de começarmos, eu gostaria de lamentar, olha que rostinhos lindos— ele afinou a voz como se falasse com bebês e apertou nossas bochechas uma de cada vez— e seus olhos são um azul tão intenso! Jasper vai sentir falta, com certeza.
— Acabe com ele, Jasper.— sibilei contra a camera e James agarrou meu pescoço me tirando o fôlego.
— Isso. É disso que eu estou falando, garota, você entendeu.— ele disse ainda perfeitamente estável.— Sabem o que é mais engraçado? É que a resposta estava lá o tempo todo e eu temia que Edward viesse e estragasse toda a diversão. Já ocorreu uma vez, séculos atrás... uma presa minha escapou. Uma única vez. Veja bem, o vampiro que tanto ansiou por sua pequena vitima tomou a decisão que seus amores foram fracos demais para tomar. Quando o velho soube que eu estava atrás da sua amiguinha, roubou-a do sanatório em que ela estava — eu nunca vou ser capaz de compreender vampiros que tem uma obsessão por meros humanos — e assim que ele a libertou deixou-a segura. Ela nem pareceu sentir a dor, pobre criaturinha, ficou presa naquele buraco de cela tempo demais. Cem anos antes e ela teria sido queimada por suas visões. Quando ela abriu os olhos, forte com a nova juventude, foi como se nunca tivesse visto o sol. O velho vampiro transformou-a então não havia motivos para eu tocá-la. Acabei destruindo o velho por vingança.
— Alice.— Bella murmura, atordoada.
— Sim, ela mesma. Eu fiquei surpreso por vê-la na clareira. Então acho que o bando dela deveria ser capaz de extrair algum conforto dessa experiência. Eu peguei vocês, mas eles a pegaram, diga-se que ela é bem mais útil. A única vitima que me escapou, deveria ser um honra. Ah, e ela tinha um cheiro delicioso, me arrependo de nunca ter sentido o sabor. Ela cheirava ainda melhor que vocês, sem querer ofender.
Ele se aproximou mais de mim, esfregando o nariz contra minha bochecha ao inspirar fundo. Ele ergueu a câmera para nos gravar e eu não estava sendo capaz de esconder a repulsa, lutando para me afastar daquele ser asqueroso.
— É, não dá pra entender.— ele murmurou me largou de qualquer jeito, andou ao redor do salão como quem procura por onde começar e levantou um suporte da câmera do chão— os espelhos— ele gesticulou distraidamente ao redor enquanto ajustava a câmera para pegar o máximo possível do seu patético filme de terror.— eles vão ajudar bastante a gente, como eu disse, não quero que eles percam nenhum momento.
James sorriu e se afastou da câmera vindo em nossa direção, eu comecei a me agitar e fui andando para o lado arrastando Bella atrás de mim, ele estava se decidindo como começar, dava pra ver o divertimento no seu olhar. Quando ele finalmente se agachou para o ataque eu empurrei Bella para o lado.
— Corre!— gritei e nós nos separamos tentei ficar entre Bella e ele e obviamente foi uma péssima ideia. Em menos de um segundo, senti meu corpo ser atingido do lado e eu fui tirada do chão, bati num espelho com força e cai de peito no chão, sem fôlego— Deixe ela!— eu pedi numa voz torturada e tentei focar a visão, tendo tempo de ver Bella ser arremessada como eu.— DEIXE ELA EM PAZ!— eu gritei, tentando me levantar cheia de ódio, vários cacos de vidros caíram do meu cabelo, Bella engatinhava na direção da porta, James sequer olhara na minha direção, deu dois passos na direção da Bella e depois pisou com força em uma de suas pernas. Não tive tempo de pensar, de correr na direção dela enquanto seu grito ecoava no salão vazio quando uma mão fria envolveu meu pescoço me prendendo contra a parede, bem acima do chão. Sem ar e desesperada, por mim e por minha irmã eu comecei a chutar o corpo de James em buscar de qualquer apoio enquanto ele apertava minha garganta.
— Sabe, se serve de consolo, vocês estão sendo bem divertidas. Eu vou arrastar isso mais um momento.— ele sussurrou para mim enquanto eu sentia meus olhos se revirarem e minha visão ser embaçada pela falta de oxigênio. James me jogou no chão do seu lado e eu tossi e inspirei desesperada pelo fôlego que me escapava, meu rosto estava colado no chão enquanto eu ouvi Bella gritar.
— Não! Rebecca! Por favor, James, por favor!— ela pedia e eu senti necessidade de chorar, eu não queria que Bella implorasse por mim, queria que ela escapasse enquanto ele me matava, levasse o tempo que for eu tomaria qualquer dor se soubesse que ela sairia viva.
— É só o que pode fazer?— desafiei o loiro ao ver que ele olhava na direção da minha irmã, ele me olhou surpreso e eu dei um sorriso fraco.— Ah, qual é, me prova que você é tão esperto quanto se diz.
— Como quiser.— ele sorriu e pegou meu pé me arrastando até o meio do salão, olhei para Bella e gesticulei para a porta, mas ela, teimosa como sempre, balançou a cabeça e se arrastou na minha direção, esticando a mão para mim. Antes que eu sequer voltasse a olhar na direção de James, o mesmo pisou no meu braço esquerdo, perto do punho me arrancando um grito agudo. Eu mordi a língua, não queria o dar o prazer de me ouvir gritar e ele notou isso, mas infelizmente Bella conseguira se arrastar até nós, me olhando fixamente, desesperada.— Sabe, acho que você aguenta muitas das coisas que eu planejo fazer com você, Rebecca. Estou até surpreso, no entanto...— ele andou até parar atrás de Bella, os olhos fixos nos meus enquanto uma onda de adrenalina subia minha espinha. Ele agarrou os cabelos de Bella pela nuca forçando-a a encarar o teto e aproximou sua boca do pescoço da mesma os dentes expostos— eu conheço sua fraqueza.— ele disse em voz baixa e fria e eu comecei a chorar por causa do desespero e da dor insuportável em meu braço. Com muito esforço, levantei-me tão cambaleante quanto um bêbado.
— Por favor, eu faço o que for preciso, mas deixa minha irmã em paz— eu implorei e ele relaxou seu aperto na nuca de Bella, fingiu pensar por um momento e eu aproveitei a chance e me joguei na direção deles, mas é claro, James com seus reflexos apenas se levantou ainda agarrando os cabelos de Bella e me jogou para trás como se eu não fosse nada mais que um bicho de pelúcia que ele não quer mais brincar. Desta vez, a distancia era bem maior do que da primeira que eu fui arremessada, eu senti o vidro cortar minhas costas e meu rosto quando eu caí no chão.
Eu não conseguia respirar, sentia uma dor horrível nas minhas costelas e sentia o cheiro do meu sangue quando ele deslizava pela minha bochecha. Santo Cristo, como dói!
Por um momento eu cogitei seriamente ficar parada e me deixar morrer, mas eu não posso. Minha respiração acelerada fazia com que a tortura em minhas costelas ficasse insuportável, mas lá ia eu mais uma vez, sentar-me. Foda-se. Se é para morrer, vai ser nos meus termos.
Agarrei um caco do espelho, o maior e mais afiado que consegui localizar e me encostei na parede, absolutamente desgastada. Assobiei para James. Só preciso de mais um pouco de sua atenção.
— É sangue que você quer, não é?— eu perguntei sentindo o gosto de ferrugem na minha boca, talvez eu tenha mordido a língua com muita força. Levei o caco de vidro ao meu pulso quebrado e o forcei contra minha pele, fazendo um corte horizontal e profundo que não demorou a sangrar, eu nem cheguei a sentir dor, apenas sorri para a cara séria de James quando as gotas vermelhas pintaram o chão— Vem aqui pegar, seu merdinha— cuspi entredentes. Ele bateu a cabeça de Bella no chão, apagando-a instantaneamente e me olhou com fúria talvez por causa do desperdício. James voou na minha direção e eu fechei os olhos esperando o ataque.
Mas ele não veio. Abri os olhos, hesitante e vi apenas sombra do cabelo de Edward atacando James e uma onda de alivio inexplicável preencheu meu peito, mas não me deixei levar por ela enquanto os dois lutavam velozmente. Mesmo sentindo que levei a pior surra da minha vida e me arrastei na direção de Bella com meu braço bom e com bastante dificuldade já que a cada braçada, minhas costas reclamavam de dor. Quando alcancei minha gêmea a sacudi tentando acordá-la e avisar que tudo ficaria bem, que Edward estava ali, mas ela sequer se moveu, nocauteada. Eu não estava com tempo pra perder e sabia que se eu me desesperasse mais seria pior, então rastejei até suas pernas e me sentei pegando sua perna que acreditei não ser a quebrada, deixei meu pulso quebrado no meu colo e segurei a perna de Bella com força enquanto me impulsionava com meus pés fincados no chão e nos dirigia á porta numa lerdeza incomparável que quase me fez chorar de impotência.
— Você pode ter nos alcançado por ser o mais rápido, mas não é o mais forte!— ouvi James gritar para Edward, o mesmo estava preso contra uma parede e me lançou um olhar torturado antes de ser arremessado para o outro lado do salão, destruindo uma parede como meu corpo humano nunca seria capaz de fazer.
— Não, Edward!— gritei em pânico, fazendo Bella dar sinal de vida e James olhar na nossa direção. Não sei como ele me atingiu, apenas senti o golpe em meu peito e meu corpo deslizou pelo laminado até encostar na parede e eu senti minha garganta dar um nó, não havia hora pior pra se sentir a coisa mais frágil do universo. Eu tinha que proteger Bella, eu tinha que salvá-la, mas eu não conseguia nem me mover mais, me sentindo tonta.
James se abaixou ao lado de Bella, virando-a para ficar de barriga para cima e agarrou um braço da minha gêmea levando-o até a boca.
Bella fez careta e um terceiro vulto apareceu de repente entre mim e os outros dois, vi James ser arremessado para o lado de Edward que subiu nas costas dele agarrando sua cabeça e puxando como se fosse arrancá-la. Jasper olhou na minha direção e nos encaramos por um breve instante antes de ele ir ajudar o irmão pulando no peito de James com os dois pés e acabando por arrancar a cabeça do outro loiro. Observei a cena, paralisada e em choque e logo outros vampiros se juntaram no desmembramento de James e eu soube que estava segura.
Me senti fraca novamente, mas não por não poder ajudar a Bella. Olhei para meu pulso e vi meu sangue criar uma poça alarmante ao meu lado. Carlisle se curvou sobre Bella, seja lá o que tenha acontecido com ela, ela não parava de gritar que pegava fogo. Minha visão foi se distorcendo e minha tontura se intensificou.
— Jazz...— chamei, estava com medo do escuro, eu não quero dormir, não quero dormir.
— Alice!— ouvi Edward chamar, eles conversavam alguma coisa, parecia importante, eu devia escutar, mas me sentia a beira da inconsciência.
— Jasper...— eu chamei novamente, em voz baixa e me deitando, de repente tão cansada.
— Não, não, não, Becca, o que você fez?— e de repente ele estava ali, seu rosto lindo parecia estar sentindo dor, por um momento quase o perguntei se ele estava ferido. Jasper colocou minha cabeça em seu colo e eu sorri.
— Oi, você é tão lindo, sabia?— quis tocar seu rosto, meus olhos iam se fechando sem minha permissão.
— Becca, Becca, olha pra mim, querida, fica com os olhos abertos.— as mãos frias de Jasper tocavam meu rosto enquanto outras apertavam meu braço me arrancando gemidos de dor.— Carlisle!— Jasper rosnou e eu senti ele tirando minha blusa, envolvendo-a no meu braço.
— Cachinhos, me desculpa— eu sussurrei sentindo lágrimas nos olhos.— Diz que me perdoa.— eu chorei como se toda dor que eu estou sentindo fosse ir embora com as lágrimas.
— Não, não fala assim, vai ficar tudo bem.— Jasper falou, eu nunca tinha ouvido sua voz tão afetada— Carlisle, por favor.
— Ela fez um corte profundo, perdeu muito sangue.— a voz do médico chegou aos meus ouvidos e eu levantei meu braço bom para empurrá-lo, esforço inútil como sempre. Eu não precisava de ajuda, Bella está pior que eu.
— Bella, onde está Bella?— tentei me sentar e tudo o que pude ver era Bella se contorcendo sem forças enquanto Edward tinha a boca no seu pulso.— Espera, Edward!— eu chamei tentando me sentar, mas Jasper me manteve imóvel— Edward, o que está fazendo?— Alice tentou segurar Edward, mas ele se curvava e sugava o sangue de minha irmã como se estivesse preso ali.— Edward, para! Vai matá-la! Me solta, Jasper, faça ele parar! Bella!— eu berrava, os olhos fixos em minha gêmea que aos poucos parava de lutar, estiquei meu braço bom na direção da minha gêmea e meu choro apenas aumentou.— BELLA, POR FAVOR, ALGUÉM...— voltei a encarar Jasper, desesperada, ele não olhava nos meus olhos.— Jasper, Jasper por favor, ele vai matar minha irmã, por favor, qualquer coisa menos isso, por favor!— o toquei, apalpei seu rosto tentando fazê-lo me olhar, foi quando eu notei que minha mão estava com sangue e eu manchei o rosto, o pescoço e a blusa de Jasper.
— Carlisle, o coração dela!— Jasper se desesperou, a mandíbula rígida porque ele deve estar lutando muito para se conter.
— Ela precisa se acalmar, você tem que fazer...— Carlisle deixou a fala morrer, mas eu não entendi o que era até uma névoa encher meu cérebro e tudo perder o foco.
— Jasper, eu não quero morrer.
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