Meta de casal

Andamos pela casa num tuor lento. Talvez para Jasper tenha sido quase insuportável acompanhar minha lerdeza humana, mas eu estava adorando a vista.

— Não é nada do que esperava, não é?

— Certamente.— ri admirando a floresta densa pela ampla janela, o verde na terra e o cinza no céu combinavam perfeitamente.— É lindo, alguma vez na vida é possível se acostumar com toda essa beleza?— perguntei olhando para ele de propósito, ele que encarava a janela riu e baixou a cabeça me olhando.

— Tem certas coisas que não dá para se acostumar independentemente do quanto tente.— ele abraçou minha cintura e eu envolvi meus braços em torno de seu pescoço.

— Como por exemplo..?— instiguei e ele nos balançou olhando para cima pensativo.

— Por exemplo a falta que você me faz sempre que eu tenho que ir para longe ou a minha necessidade de caçar seus olhos azuis no rosto de cada pessoa que vejo. São coisas que, por mais que eu tente, não consigo parar de fazer.— eu ri e lhe enchi de beijos por todo o rosto, ficando na ponta dos pés. Jasper notou meu esforço e me pegou no colo.

— Eu sou sua fã, tem noção disso?— envolvi as pernas no seu corpo e suas mãos nem sequer tremeram com meu peso, para ele deveria ser como levantar um travesseiro se não ainda menos.

— Como não notar uma pessoa obcecada por mim?— nós rimos e eu olhei para trás dele.

— Aquilo são chapéis de formatura?— encarei o mural surpresa, Jazz riu e me juntou mais contra si, me senti um bebê pela maneira que me segurava, eu nem sequer escorregava um milímetro de tanta firmeza com que era agarrada.

— É uma piada interna. Aquilo e isso.— ele apontou o queixo para a escada, eu tinha visto o enorme crucifixo ali, mas evitara comentar já que Jasper e Edward alegam serem monstros sem alma, eu odeio esse assunto, discordo completamente e mesmo assim o evito a qualquer custo. Nada que eu falasse o convenceria a crer que ele não é um monstro. No entanto, estava ali, uma enorme direta á Jesus.

— Pensei que não fosse religioso.

— Antes eu até era, mas agora...— ele deixou a voz morrer e desviou o foco do assunto— Carlisle ainda acredita que nós somos seres com alma, acredita que quando morrermos iremos para o céu.... ele com certeza irá.

— E você, e todos aqui vão.— ele franziu a testa de mármore.

— Pensei que não acreditasse nessas coisas também.

— Há alguns meses acreditava que vampiros não eram reais também e olhe onde estou.

— Nos braços do seu maior predador.— ele mostrou os dentes e mordeu o ar entre nós, brincando. Ri com o som estranho dos seus dentes batendo. Acho que o arrepio que subiu pelos meus braços foi uma reação natural á sua representação de perigo, no entanto, a ignorei completamente. Jazz mal parecia se mover e eu senti como se estivesse flutuando até ele frear sua corrida sobrenatural de frente á uma porta branca, ele me colocou no chão devagar como se um movimento brusco fosse me quebrar e eu sabia que ali seria a porta do seu quarto.

É um lugar pessoal e Jasper adora quando eu adoro que ele me mostre algo seu que muitos não haviam visto. Eu peguei a maçaneta e a girei sem pressa, entrando com calma para analisar o ambiente enquanto os olhos de águia de Jasper me analisavam.

Seu quarto é mais fechado que o resto da casa, mas não pensei em perguntar porque Jasper é mais reservado em geral. Há uma cama de solteiro intacta no canto, imagino que estivesse ali apenas por aparências. Um computador perto da janela e um monte de livros, dezenas deles, como se eu estivesse acabado de entrar numa livraria pomposa e conservada, passei os dedos pelas lombadas, umas bem mais ásperas que outras e bem mais acabas, algumas em outras línguas e a maioria nem identifiquei.

— Quantas línguas você fala?— perguntei o olhando com um sorriso orgulhoso estampado no rosto e ele sorriu colocando as mãos para trás, parecia tremendamente formal.

— Eu tive muito tempo livre.

— Já leu todos eles?— apontei para a estante e Jasper deu de ombros.

— Todos. Alguns mais vezes do que posso contar, o que deve ser entediante já que minha memória é impecável. Sei muitos de cor e sorteado.

Olhei ao redor, havia uma porta ao lado que aparentemente deveria ser o closet, me aproximei dela apenas por curiosidade. Jasper nunca vestia a mesma roupa duas vezes, por isso também não se incomodava se eu roubasse uma ou outra blusa sua. Agora eu estava vendo a fonte direta de todas aquelas roupas engomadas e caras que lhe caiam tão bem. Praticamente meu paraíso pessoal. Não que eu fosse da moda, não seguia, mas era uma coisa que eu achava apaixonante, qualquer senso de estilo me encanta. Passei a mão pelos diversos tecidos que senti até minha mão parar quase que automaticamente num terno preto. Me virei rapidamente para meu namorado e mostrei a peça, ele sorriu escorado na porta do closet.

— Ah, sim, eu preciso te ver com isso, o mais imediatamente possível.— declarei, só de imaginar já estava babando.— Você deve ficar... Ah, sem palavras!

Jasper riu e sua atenção foi desviada, algum chamado do outro lado da casa.

— Você deve estar com fome, querida. Vamos, Esme está nos esperando, está ansiosa para conversar com vocês.— ele me estendeu a mão e eu a peguei de bom grado, as luvas dele escorregando já que sua mão é maior que a minha.

Fomos para cozinha na minha velocidade porque eu queria admirar a vista verde e molhada. Respirei sentindo o cheiro da comida, parecia surpreendentemente deliciosa, considerando que ninguém ali comia nada há quase cem anos. Quase ri com minha linha de pensamento, mas me contive e Jasper me olhou, confuso com meu divertimento. Tinham apenas dois pratos na mesa, e Bella já se sentava, fui para o seu lado e a belisquei para demonstrar meu ânimo, ela sorriu mostrando os dentes, também muito contente. A mesa da sala de jantar era marrom e enorme, caberia nossas duas famílias juntas sem qualquer esforço. Esme e Carlisle se sentaram na nossa frente, Emmett na frente de Jasper e Alice na frente de Edward, aparentemente Rosalie não se juntaria de jeito nenhum.

— Espero que gostem da comida, há muito tempo que não precisamos dela então fizemos exatamente conforme o livro de receitas pedia.— Esme disse com um sorriso maternal, se levantou devagar enquanto Jasper me empurrava para me manter na cadeira. Eu pensei em me servir, estava faminta então não via problemas em exagerar na porção.

— Esme quer agradar, deixe que ela lhes sirva.— Edward disse para mim e para minha irmã tranquilamente.

— Muita gentileza da parte de vocês.— comentei e eu e Jasper nós encaramos, ele aparentemente sentiu meu nervosismo crescer. Era ali que iríamos nos conhecer melhor e eu não fazia ideia sobre o que falar. O que de interessante eu poderia falar da minha vida medíocre para todos aqueles vampiros com cem anos de idade ou mais?

— Ah, Becca.— a voz adorável de Alice atraiu minha atenção e olhei na sua direção com a cara neutra. Ela apontou para minha frente graciosamente e eu olhei para a mesa notando pela primeira vez as luvas pequenas ali na minha frente.— Vi que iria precisar.— ela deu de ombros e eu sorri tirando as luvas de Jasper e pondo as novas que couberam perfeitamente.

— Ah, esse tecido é maravilhoso.— elogiei e Alice riu.

— Sabia que gostaria, nesse sentido somos muito parecidas. E Bella, também peguei estas para você.— desta vez Alice tirou outro par de luvas do bolso e deu para Bella, já podia ler a mente de minha irmã, para ela eram exageradas, mas obviamente não falaria isso em voz alta.

— Obrigada, Alice.— Bella sorriu também vestindo suas luvas. Essa parte era a que mais me incomodava, honestamente, termos que nos precaver sobre a temperatura de nossos corpos. Várias vezes acordei no meio da noite sozinha pois Jasper dissera que eu comecei a tremer de frio. Era um ato que eu infelizmente não podia controlar.

— Jasper falou que você se interessa por medicina, Rebecca.— Carlisle puxou assunto enquanto Esme punha dois pratos de comida na nossa frente, para Bella um punhado de macarrão e almôndegas e para mim frango, arroz e salada. Sorri encarando meu almoço.

— Aparentemente ele também falou o quanto gosto de frango.— respondi e Jasper beijou minha cabeça rindo. Ele está muito perto, quase como se a qualquer minuto fosse precisar me agarrar e me proteger. Seu corpo todo virado para mim, um braço encostado nas costas da minha cadeira e o outro relaxando na mesa um pouco na frente do meu prato.— Medicina é uma arte maravilhosa, eu diria.

— E eu concordo plenamente.— Carlisle sorriu encantador— Salvar vidas é uma sensação inigualável.

— Faz isso há muito tempo?— Bella participou.

— Há muito tempo.— Emmet disse e riu.

— Imagino que, com suas capacidades, não haja melhor médico no mundo.— elogiei e Esme olhou orgulhosa para seu marido.

— Nem médico nem homem mais bondoso.— ela elogiou e eles sorriram um para o outro, dava pra sentir o amor exalar deles, um carinho imenso, dava inveja só de olhar. Olhei para Jasper e reparei que ele já me encarava. Do que eu poderia sentir inveja quando o tinha ao meu lado? Corei um pouco ao ver a sua seriedade, como se tivesse lido meus pensamentos.

— Entendo o que quer dizer.— eu comentei baixo sabendo que todos ouviriam perfeitamente e encarei os olhos de ouro de meu garoto, os vendo cintilar enquanto ele tombava a cabeça.

— Não vão comer?— Esme perguntou ao voltar a si e eu e Bella nos entreolhamos, ambas distraídas por nossos namorados, sorri e me voltei para o prato enfim começando a comer. Fiquei surpresa de imediato, era mais deliciosa que eu poderia esperar, quase impecável como os pratos que Bella fazia. Não estava nem sem sal nem salgada demais, o frango estava bem frito e o arroz estava leve. Babei até mesmo antes de acabar a primeira garfada. Jasper sorriu sentindo meu prazer e assentiu para Esme que ficou contente também.

— Está uma delícia, senhora Cullen.— Bella disse depois de engolir, não me arrisquei em falar já que antes de terminar de mastigar eu já levava outra garfada á boca.

— Ah, por favor, chamem-nos pelo primeiro nome, nada de formalidades.

— Vocês são da família— Carlisle assinalou e eu sorri concordando com a cabeça. A boca cheia demais ainda, mas eu precisava falar algo antes que o silêncio ficasse desconfortável.

— Como vocês se conheceram?— perguntei depois de terminar de engolir o meu pedaço de frango.

— Jasper ainda não a contou?— Emmett franziu a testa.

— Ainda não. O que é muito injusto considerando que ele já sabe tudo sobre mim.— fingi lançar um olhar furioso para ele.

— Não é verdade. Ainda não sei sua cor favorita.— ele diz quase que de forma provocativa. Foi uma das nossas primeiras conversas, mas se ele quer fazer uma ceninha, eu certamente entrarei no jogo.

— É amarelo. Como ouro.— olhei para seus cachos sugestivamente e ele balançou cabeça rindo.

— A minha é azul. Como o oceano.— tombei a cabeça me forçando a me lembrar que não estávamos sozinhos ali. Me voltei para Carlisle e Esme que nos observavam admirados, sorriam felizes. Se eu puder chutar o motivo seria a felicidade do filho mais recluso.

— Vocês formam um belo casal.— Esme disse com um sorriso adorável e os olhos dourados fixos em mim. Senti meu rosto queimar— Vocês também, Edward e Bella.

Minha irmã ficou ainda mais vermelha que eu e meus olhos correram a mesa sem intenção nenhuma específica, Alice tinha sumido, nesse meio tempo havia me esquecido de sua presença e eu não podia imaginar o que ela sentiu ao me ver tão próxima de Jasper e com a aprovação de seus pais. Senti pena dela mesmo que ela tivesse afirmado que estava tudo bem, Jasper notou onde toda minha atenção estava, na cadeira de frente para Edward. Ele pousou a mão em minha coxa, sabia que isso iria me distrair e acertou cem por cento.

— Acredito que Edward possa esclarecer as suas dúvidas quanto á nossa história.— Carlisle disse depois de um minuto inteiro de silêncio enquanto ele atendia seu telefone.

— Mais um ataque de animal.— Edward sussurrou para Bella enquanto encarava o pai, muito sério.

— Perdão pela grosseria, meninas, por que os rapazes não as mostram suas habilidades com a musica?— Esme sugeriu olhando curiosa para o marido. Eu não sei se estava gostando daquela situação, desejei ter o poder de Edward para saber o que eles estavam escondendo antes de Jasper me puxar para o andar de baixo, quase rápido demais.

— Está tudo bem, Jazz?— perguntei quando nós quatro chegamos à sala. Bella e eu nos encaramos desconfiadas, lhe mostrei a palma sutilmente, sabia que teríamos de arranjar um jeito de descobrir o que se passava, mesmo que sem a ajuda dos rapazes. A pedi paciência e ela assentiu.

— Sabe tocar, Becca?— Edward perguntou, e quando olhei em sua direção vi o longo piano perto da parede de vidro atrás do garoto.

— Bella e eu queríamos aprender, mas aconteceu de nunca termos a oportunidade, ou o mínimo senso de direção.

— Ei!— Bella me beliscou, ofendida.

— Eu estava falando de nós duas, doida!— fiz careta e a belisque de volta.

— Edward.— Jasper falou depois de um tempo— Talvez devêssemos levar elas para casa.— Eles se encaram sérios por um segundo e Edward assente.

— O que houve?— perguntei sem conseguir me segurar.

— Os ataques de animais... São outros vampiros.

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