É, legal
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Bella em meio a mais uma crise no sábado de manhã, tentou sair escondida depois que Charlie virou a rua sumindo na esquina. Mas é claro, não tinha como sair despercebida com a nossa velha picape e eu tive de descer correndo — de pijama — para alcançar minha irmã imprudente.
— Aonde é que você pensa que vai?— gritei por cima do motor barulhento. Bella tentou me ignorar começando a dar ré quando eu me joguei na janela do motorista e arranquei a chave da ignição.— Que porra você está fazendo, Isabella?— repeti a encarando ofegante e levemente tonta pois tinha levantado a cabeça muito rápido e minha pressão não me seguiu.
— Eu preciso de ar, está bem!? Me dá a droga da chave!— ela desceu do carro vindo para cima de mim, mas eu fui rápida e corri para o outro lado da picape.
— Bella, são oito horas da manhã! Pelo amor de Deus! É sábado! Volta pra dentro, está frio aqui.— eu pedi, me abraçando. Meu pijama é para lugares quentes, ou seja, um short e uma regatinha finos. Eu já estaria batendo os dentes se não fosse a minha fuga constante da minha irmã gêmea para me oferecer algum calor.
— Rebecca, por favor! Eu preciso sair! A gente disse que trocaria as posições.
— Na-na-ni-na-não, mocinha, eu já tenho a minha depressão para lidar, não preciso da sua em conjunto.— zombei cerrando os olhos e Bella revirou os dela.
— Se não vai vir comigo, não atrapalhe.
Suspiramos juntas enquanto eu pensava, bem, no caso, fingia pensar já que ficaria de olho nela de um jeito ou de outro.
— Vou pegar meu casaco.— anunciei retornando para casa.
— Eu dirijo!
— Tá bem!— gritei em tom de tédio.
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Não foi muito diferente de ontem, Bella chorou e tivemos que encostar de novo para menos riscos na estrada. Dessa vez ela parecia com mais raiva do que tristeza e nós não falamos nada. Olhei ao redor examinando aonde estávamos enquanto minha sósia secava o rosto. Russell Avenue, a nossa picape ocupando a frente da garagem da casa dos Cheney e do outro lado da rua estava a casa dos Marks.
Esperei Isabella se recompor, pelo menos hoje eu não tive tanta tentação de chorar junto dela, talvez fosse meu sono e minha mente nublada que me impediam de raciocinar bem para sentir qualquer coisa. Isabella saiu do carro em busca do seu precioso ar e eu a observei de dentro, encolhida no banco, abraçando minhas pernas, o ar condicionado se fora e o frio me deu boas vindas. Mordi o lábio com força e respirei fundo quase fechando os olhos novamente até ver Isabella ir em direção á casa dos Marks, a segui com o olhar, curiosa com seu andar determinado e a vi admirar duas motos maltrapilhas enquanto uma leve chuva começava a cair.
Um garoto, Dave, saiu da casa não muito depois e os dois conversaram brevemente, apontando vez ou outra para as motos. Eu estava mesmo com preguiça de sair do cubículo então apenas deslizei no banco indo parar na janela de Bella e a abri tentando escutar a conversa. Dave me notou e sorriu radiante acenando na minha direção, sorri de canto e acenei de volta sem a mesma energia. Eu e ele nunca conversamos muito, mas dividimos muitas classes desde pequenos, sempre o achei bonito, mas nunca lhe dei o braço a torcer. Ele é bacana. Se eu pudesse falar com a minha versão de dez anos eu a alertaria para investir no loiro cabelo cor de areia ao invés de Tyler.
Lancei um olhar confuso para Bella enquanto os dois colocavam as motos magricelas e pesadas na parte de trás da picape. Bella se apoiou na janela sem fazer menção que me tiraria do volante.
— Sabe onde Jacob Black mora?
— Sei. Por que quer saber?— indaguei desconfiada e ela me passou a chave, deu a volta no carro e entrou no banco do passageiro.
— Vou levar essas motos para ele consertar. E também quero vê-lo?— ela disse mais em tom de pergunta do que afirmação.
— O-oi, Rebecca!— me assustei com a voz de Dave tão perto da minha janela e o encarei surpresa.
— Ah, oi, Dave. Desculpa não ter descido do carro para te cumprimentar, eu estou com frio.— justifiquei com um sorriso ladino e ele me olhou de cima a baixo, sem malicia, corando em seguida, ele deu um passo para trás enfiando as mãos nos bolsos e baixando a cabeça.
— Ah, tudo bem... foi bom ver vocês— disse ele, não tinha muito assunto o que puxar.— Espero que as motos valham para alguma coisa.
— Claro, obrigada pela ajuda.— Bella disse, um sorriso fraco e um olhar impaciente, ela queria que ele se afastasse.
— Ah, sim.— Dave recuou mais um passo e eu liguei o carro— A gente se fala depois, Rebecca?— perguntou ele, o encarei neutra e pensei.
— Claro, por que não?— o sorriso dele se ampliou exibindo umas covinhas lindas.
— Te vejo na escola!— gritou por cima do barulho do motor e eu buzinei me despedindo e seguindo o caminho para La Push que eu bem me lembrava.
— Acho que o garoto gosta de você.— Bella comentou após um minuto de silencio. A olhei rapidamente e dei de ombros.
— Ele é assim com todo mundo.
— Ele agiu como se eu nem estivesse aqui.
— Você agiu que nem uma grossa com ele— defendi ficando irritada— Eu também te ignoraria no lugar dele.
— Você atrai mesmo os loiros.— Bella murmurou e eu imediatamente lhe dei um forte soco no ombro, ela arregalou os olhos como se fosse dizer algo, mas se calou e ficamos emburradas uma com a outra até chegarmos na reserva.
Nos aproximamos da velha casa dos Black. Era exatamente como me lembrava, a mesma tinta vermelha gasta, as mesmas janelas estreitas, a mesma aparência de um mini celeiro. Eu pessoalmente acho fantástico que ninguém em Forks ligue para a eterna mesmice. É tipo: vamos nascer assim, vamos morrer assim e nenhuma mudança precisa ser feita, somos felizes desse jeito.
Jacob botou a cabeça para fora de uma das janelas, já familiarizado com o barulho da picape e veio nos receber com um sorriso radiante e curioso no rosto. Conforme ele se aproximava eu arregalava os olhos para a sua altura.
— Garoto, você anda tomando algum hormônio?— indaguei com falsa indignação e o moreno riu revirando os olhos.
— E você diminuiu de tamanho?— ele bagunçou meus cabelos como se eu fosse um cachorrinho e eu ri. Uma sensação estranha de conforto ao estar na presença dele. Com Jake eu sempre me sinto "da família", é uma coisa dos Black, ser caloroso, adorável. Sua voz está mais grave também, meu Deus, eu me senti velha.
— Jake.— cumprimentou Bella com um sorriso verdadeiro que eu fiquei surpresa ao me deparar e o grandalhão foi na sua direção abraçá-la. Bella sumiu no meio do abraço desajeitado.
— Bella! Quanto tempo!— cerrei os olhos para o jeito que Jake olhou para minha gêmea, no entanto, não comentei nada.
— Você não vai parar de crescer?— perguntou minha gêmea.
— Agora estou com um e noventa e quatro.— gabou-se o rapagão. Revirei os olhos fazendo pouco caso, ainda que continuasse sorrindo, a chuva se intensificou e eu chutei a canela de Jake para chamar sua atenção.
— Podemos entrar?— perguntei me abraçando, Jake me encarou fingindo pensar.
— Você não.— ele disse sorrindo e eu dei de ombros o ignorando e entrando na casa.
— Olá?— chamei me sacudindo para me livrar da gotículas de agua do meu cabelo e Jacob me empurrou para frente se abaixando um pouco para passar pela porta com Isabella atrás de si.
— Ei, pai!— chamou Jacob— olhe quem parou por aqui.
Billy saiu da cozinha, parando na porta, uma cerveja na mão e um livro no colo. Sorri com a cena. Ninguém muda nada, podia me lembrar de mil vezes que o vi desse exato mesmo jeito.
— Meninas!— cumprimentou ele, seu rosto de repente se iluminando.— Quanto tempo! Está bronzeada, Rebecca.— ele apontou e eu dei de ombros enfiando as mãos no meu casaco.— Há quanto tempo está por aí?
— Voltei da casa da mamãe tem uma semana.
— Vai continuar? Gostaríamos de te ver mais vezes. As duas.— acrescentou depressa.
— Talvez eu não fique muito, acho que vou só terminar os estudos e me mudar.— dei de ombros deixando clara a incerteza.
— Mas nós vamos visitar vocês muito ainda.— Bella disse, me lançando um olhar questionador que eu ignorei com sucesso, ela sorriu e eu apenas segui o teatro, eu gosto deles, mas não vou prometer visitar constantemente. Estou tão entediada com tudo que talvez me jogue do precipício para ver se por pelo menos um segundo eu me excito com qualquer coisa.— Em breve vão se enjoar de nós.
Não ficamos muito tempo com Billy, pois logo Bella arranjou a desculpa para ficarmos a sós com Jake no galpão deles. Não teria feito diferente, afinal se Charlie descobrir sobre as motos nós duas vamos nos ferrar muito.
Como a policia não é muito agitada em geral como toda a Forks, Charlie ia muitas vezes cuidar de acidentes de transito, muitos desses virados para, adivinhem só, a La Push onde jovens de quatorze anos pilotavam motos adoidados e sofriam acidentes horríveis, geralmente não sobrevivendo á queda por não frearem a tempo durante as curvas mais fechadas.
Digo, Charlie não está todo errado de odiar o perigo, mas eu só estava seguindo aquele trajeto por causa de sua proibição. Ah, estou entediada, pensei, por que não pilotar umas motos debaixo do nariz do meu pai xerife só para me divertir um pouco nesse fim de mundo pacato?
Caralho, eu me senti muito fodida das ideias. Talvez eu devesse ir atrás de um terapeuta. Vejo isso mais tarde.
— Não é, Becca?— os dois se viraram para mim e eu só ouvi meu nome. Não estava muito afim de prestar atenção em qualquer conversa.
— Claro, claro.— respondi acenando com a cabeça.
Que não tenha sido nada importante, que não tenha sido nada importante. Pedi mentalmente.
— Vamos lá.— Jake chamou e eu controlei minha cara de confusão e os segui de perto num trajeto perto das arvores, eles agiam estranho, no entanto não perguntei nada, talvez porque não me importava de fato.
Então entendi, estavam disfarçando apenas para pegar as motos da picape sem que Billy notasse. Hm, legal.
Não sei se deixei claro ou se eles simplesmente me esqueceram de verdade, mas quando voltamos logo foi como se eu não estivesse ali. Eu os ignorei e eles me ignoraram. Suas vozes ficavam ao fundo enquanto eu boiava atoa encarando fixamente um ponto aleatório. Ficava assim quando ficava sóbria tempo demais, esfreguei minhas mãos sentindo falta de ter um maço de cigarro para segurar.
Minha mente viaja sem seguir nenhuma linha com sentido ou por tempo significativo a ponto que eu entendesse o que estava acontecendo, não sei explicar o sentimento de desfoco e também não espero que me entendam.
Ele não é incômodo nem nada, só me deixa tão submersa em mim mesma que eu rapidamente me esqueço de todos a minha volta. Não sei exatamente como a linha se embolou, mas quando vi eu já estava me lembrando do começo, de quando ele falou comigo pela primeira vez.
— Olá, senhorita Swan.— ele disse depois de uns segundos, quando o professor começou a escrever na lousa. Me voltei para ele irritada com a sua voz melodiosa e charmosa.
— Oi.— sou tão seca quanto deve ser possível.
— Sou Jasper Hale.
— Eu sei.— respondi e desviei o olhar do seu rosto. Ele pareceu entender o recado de que não rolaria nenhum papo furado entre nós, mas no instante seguinte noto que o superestimei nesse quesito de esperteza.
— Então ouviu falar a meu respeito.— ele continuou, a voz grave dele me fez o olhar de novo. Tentei reparar o que tinha de diferente nele, olhei no fundo nos seus olhos, e é isso! Estão mais claros hoje. É um tom um pouco... hipnótico.
— Você não é o tipo de cara que passa despercebido.— disse encarando seus olhos estranhamente dourados e dei uma risada interna ao lhe dar o apelido de menino de ouro. Não eram escuros da última vez? Eu tinha certeza...
— Creio eu que posso levar isto como elogio.— ele sorriu e algo no seu movimento me contagiou, logo o imitei.
— É, acho que pode.
— Becca?— a voz de Jacob Black me puxou de volta a terra e eu olhei em sua direção, tinha dois rapazes altos na porta do galpão e eu me perguntei quando foi que eles chegaram ali. Baixei a mão, estava roendo a unha.— Está aí?— zombou o garoto e eu apenas lhe lancei uma careta.
— Ah, oi.— sorri sem ânimo observando os garotos— Eu conheço vocês?— questionei, me sentindo estranhamente familiarizada com seus rostos.
Tentei focar na conversa com medo do que minha mente me mostraria caso eu me jogasse no oceano de pensamentos novamente.
— Eu me lembraria de você.— respondeu o garoto mais baixo. Audacioso que fofinho.
— Quill, Embry, estas são minhas amigas, Bella e Becca.— Jake apontou então vi que não perdi muita coisa enquanto estava no meu mundinho.
— As filhas de Charlie, é?— perguntou o mais baixinho e trocamos breves apertos de mão com os dois.
— Exatamente.— confirmei, mantendo o sorriso.
— Sou Quill Ateara.— apresentou-se o musculoso e eu assenti, achando graça na sua falta de vergonha de me encarar quase sem piscar.
— Eu sou Embry Call— disse o mais alto— mas vocês já devem ter deduzido.— ele sorriu timidamente e enfiou as mãos nos bolsos dos jeans. Que gracinha.
— O que estão fazendo?— perguntou Quill para Jake.
— B1, B2 e eu vamos consertar essas motos.— respondeu o garoto e eu lhe dei um beliscão.
— B1 e B2?— indaguei sorrindo de verdade por causa do sorriso dos garotos, eu me senti bem. Queria que fosse o suficiente para manter minha mente desligada.— Garoto, é bom que eu seja o B1.
— Ei!— Bella protestou e nós rimos.
— Eu nasci primeiro, fofinha.
— Ela tem um ponto.— argumentou Embry e, devo ter me enganado, mas ele corou um pouco quando lhe lancei uma piscadela.
Os garotos logo se distraíram com as motos e fomos esquecidas de plano de fundo.
— O que há com você?— Bella perguntou para mim em voz baixa quando me sentei do seu lado para assistirmos os garotos se provocando aos empurrões. Dei de ombros não querendo responder— O que disse pro Billy... sobre ir embora quando acabar os estudos, é verdade?
— Sim.— suspirei— Na verdade, talvez até antes.— nós nos encaramos.
— Você já vai embora?
— Eu não sei se consigo me acostumar com a calmaria de Forks depois do que vivi nos últimos meses, Bella.— fui sincera.
— Está entediada.— concluiu ela, eu não respondi.— Nem mesmo a esperança de pilotar moto te anima?— deu pra ver que ela tentava manter um papo mesmo sem querer mesmo.
— Anima você?— rebati e Bella olhou os garotos por um momento antes de se voltar para mim novamente.
— Nem tanto.— deu de ombros minimamente— Mas me senti estranhamente bem quando chegamos.— ela admitiu e eu sorri.
— Se animou mais em ver Jake do que a mim?— fiz-me de ofendida.
— Você sabe que não foi isso que eu quis dizer, é que ele... tem...
— Vida?— completei por ela, meu sorriso vacilando por um momento e ela assentiu hesitante. Mas é verdade, não tem porque negar.
— Ás vezes você fica tão distante. Eu queria poder te manter perto, mas não consigo.
É, nem eu.
— Sinto muito.— falei— da próxima vez eu não vou vir.
— Não foi isso que eu quis dizer...— Bella começou e eu apenas balancei a cabeça.
— Nós trocamos de lugar lembra? Sua vez de ser a gêmea que vive demais.— brinquei, mas ela continuou séria.
— Nenhum momento eu pedi para você ficar longe.
— Nenhum momento, eu disse que me afastaria por você.— rebati e ela cerrou os olhos.
— É, ok...
— É, legal.
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