Epílogo

















































Isso é difícil pra mim.

Eu nunca me imaginei sendo mãe.

Eu nem sei se no momento me considero mãe.

Mas agora eu gosto. Consigo amar cada palavra que sai dos pequenos lábios do meu filho. E único filho!

Pra mim, ser mãe não é só dar a luz. Tem um significado. É amar incondicionalmente, estar aqui para tudo, é ter paciência, é saber sentar e cuidar do seu filho. É entender se o que está fazendo é errado ou não.

Não é fácil e honestamente eu não espero que seja. Não sei se um dia quero passar por outra gestação, honestamente, a minha primeira foi bastante complicada.

Pensar naqueles meses me dá arrepios, me faz querer chorar. Foram os piores dias da minha vida.

Sentia medo. Sentia raiva. Sentia pavor.

Eu aguentei só três meses de maternidade. Três.

Me sentia sozinha, mesmo não estando. Me sentia deprimida, mesmo que tivesse pessoas ao meu lado tentando me fazer otimista.

Sentia que minha vida tinha acabado.

Hoje eu sou mais evoluída, mas ainda sim cheia de incertezas. Por enquanto eu vou viver o agora, com aquele que demorei bastante para entender que é meu filho.

Ele me ama.

O Samuel me ama.

E eu amo ele.

Ainda falta muito para ser a mãe que ele realmente merece, mas prometo todos os dias caminhar nessa direção.

E Dave me ama. Sempre me amou.

E eu o amo também. Óbvio.

Até porque estamos casados no papel há três anos.

Sim, três anos!

Da para acreditar que faz três anos que voltei e me encontrei?

- Mãe! - Samuel grita, meu pequeno menino não está tão pequeno assim. Já tem 6 anos, em alguns meses fará 7! Eu juro, ou eu sou baixinha ou meu filho tá crescendo rápido demais, com 6 anos Samuel já bate abaixo dos meus seios!

- Oi? - pergunto tirando meus olhos do caderno

- Tá escrevendo músicas novas? - ele pergunta curioso

- Acho que sim. Agora estão meio confusas - admiti

- Tio Bruno apostou com o Tio Jeremy que você iria convida-lo para nossa banda. - ele diz de olhos estreitos - Não convida ele mãe, ele não sabe tocar!

Eu sorrio, achando interessante as insinuações do meu irmão. O negócio é, Samuel pegou muito rápido os instrumentos que ensinei a tocar. E ele até sabe cantar. Modéstia a parte, a voz do meu filho é muito linda.

Então quase todas as noites sentamos eu e ele na sala de estar da nossa casa, Dave nos assiste entretidos, e tocamos.

Ele chama isso de: Nossa banda.

E eu adoro, confesso.

Nossa banda.

- Fala pro seu tio ir limpar cocô de neném ao invés de ficar falando besteira. - digo

- Posso mesmo? - Samuel pergunta doidinho pra fazer

- Melhor não, seu pai vai achar ruim você ficar falando essas coisas. Deixa que eu falo!

Ele riu

- Você é doida, mamãe.

Abraço ele, carinhosa. Pensava que não seria capaz de ser assim como ele, e veja só, eu não sou consigo e sou capaz como faço por pura vontade e amor.

Estávamos na casa da Praia dos Loftin. Família de Dave. E como Dave é super grudado com os amigos, Marcos, Jeremy e até meu irmão entraram na jogada.

Todos estavam sentados na varanda fazendo um belo e cheiroso churrasco. Carry com seu lindo barrigão estava sentada e provavelmente, dormindo.

Joana estava fofocando alto com a nova namorada do Jeremy. E Bruno estava irritando Dave, dizendo a maneira certa de fazer churrasco.

Minha mãe estava sentada mais adiante, na praia com os pais de Dave. E bom, a irmã de Dave não veio.

Viajando.

Ela é inteligente.

Tem que aproveitar enquanto pode.

- O churrasco tá servido! - Bruno grita, chamando todos. O sol estava extremamente quente.

Levanto da areia passando a mão para tirar da minha bunda. Samuel pega na minha mão me puxando.

- Mãe o que você acha de eu namorar? - ele pergunta

Ergo uma sobrancelha

- Tá doido, menino!

- Doido, por que?

- Você tem 6 anos!

- O que foi? - Dave pergunta quando chegamos até ele. Ele me dá um beijo na bochecha, carinhosamente.

- Seu filho de 6 anos quer namorar! - digo ingnada

Ele sorriu discarado. Bilisquei ele

- Por causa disso que ele está com esses pensamentos! - dou bronca até nele

Dave riu

- Tio Jeremy disse que começou a namorar com 5 anos! - Samuel protesta

Encaro Jeremy.

- Ih sobrou pra você! - Disse Marcos debochado

- O que foi? - Jeremy pergunta inocente - Só falei pro garoto que minha primeira namorada foi no jardim de infância!

- Homens. - Violeta revira os olhos - sua mãe está certa, Samuel. Não pode namorar com essa idade.

Samuel murcha

- Mas o que eu faço?

- Como assim? - pergunta Dave.

Sentamos todo perante a mesa cheia de carne, legumes e sobremesa.

- Tá interessado em alguém, querido? - Joana pergunta carinhosa

- Ei, neném! - Bruno chama Carry que acorda - Tá na hora de comer.

- Desculpe, capotei - ela boceja e se junta a nós - Céus, estou tão cansada!

Bruno coloca a mão diante da barriga dela

- Nossa menina tá quase lá. - ele diz carinhoso e beija seu rosto. Eu sorrio, é bom ver meu irmão assim, principalmente com alguém que gosto tanto, a Carry.

Voltando ao assunto, estou indignado que essa criança está querendo namorar!

Encaro seus olhinhos inocentes mas o sorriso discarado do pai começando a surgir. Será Deus que isso é um sinal de que irei ter trabalho?

6 anos!

Ele só tem 6 anos!

- Tem uma garota na escola, o nome dela é Lisa. Eu gosto bastante dela. - ele confessa para todos - Acho que ela gosta de mim também.

- Mas namorar é muito cedo, querido - Sra.Loftin diz já comendo

- Se eu fosse você menino, apenas demonstraria meu carinho - o avô diz acompanhando a esposa no prato.

- E como faço isso? - pergunta inocente

- Bom se eu fosse você... - Jeremy começa, a namorada interrompe batendo levemente em seu peito.

- Para, Jeremy! É só uma criança!

Ele bufa

- Eu não ia falar nada demais. Iria dizer pra dar uma flor pra ela.

- Que tal uma cartinha! - Diz Joana a cupida

- Eles nem sabem ler direito ainda - Disse Marcos para ela

- Chama ela para jantar na sua casa! - diz Carry - se minha filha não for chamada pra um jantar eu nem deixo ela namorar.

Bruno engasga com a cerveja

- Namorar? A menina nem nasceu e já estamos falando de namoro! - reclama

Samuel murcha mais

- Vocês não estão me ajudando. - resmunga

Dave riu, e olhou pra mim.

Eu sorri, e olhei para ele.

Nós dois se encarando carinhosamente.

- Mãe? Pai? - Samuel quer o nosso conselho

Eu nem preciso pensar.

- Não precisa de cartinha, flor nem nada do tipo pra mostrar para uma garota que gosta dela - Dave disse para ele

- o que precisa? - ele pergunta esperançoso

- Gentileza. - Eu respondo. Ele me encara. - Trate com gentileza, carinho e educação.

- Só isso? - pergunta de sobrancelha erguida. Misericórdia quem será que puxou?

- Filho, gentileza já é uma coisa enorme. Sabe por quê? - Dave pergunta para ele, ele nega. - Por que são poucas as pessoas no mundo que tem.

- E como eu sei que tenho? - pergunta

- É só continuar sendo você - eu falo - E você estará no caminho certo.

Ele sorriu, tranquilo, calmo e feliz.

- Mas não vai namorar! - Eu digo brava

Todos riem, e começam a reclamar como sou chata e estraga prazeres. Eu ligo? Não. Começo a comer calmamente, ignorando as reclamações.

Em determinado momento sinto uma mão pegando na minha por debaixo da mesa. Olho para Dave que me encara.

Não trocamos uma palavra, mas eu consigo ler seus olhos.

- Te amo, Emma.

- Também te amo, Dave. - meus olhos respondem

E todos tivemos uma tarde extremamente maravilhosa. Repleta de brincadeiras, conversas e histórias.

Então eu me afastei novamente como antes e sentei desta vez, perto do mar com meu caderninho em mãos.

Samuel está brincando de jogar água não muito longe com Bruno. Dave se aproxima de mim sentando atrás e me abraçando.

- Trabalhando muito? - pergunta beijando minha bochecha

- Não, Sr. Loftin. Eu já terminei. - rio- esse almoço me inspirou.

- Tô louco para ouvir você cantando essa música nova. - ele incentiva

Eu sorrio olhando o mar

- Não vou cantar sozinha, você sabe né?

Ele riu. Aponto para meu filho brincando com meu irmão

- O meu cantor mirim está ali. A música só vai ter sentido quando ele cantar junto comigo.

Dave pega na minha mão e pergunta sério

- Você se arrepende?

- De quê?

- De desistir da sua carreira por nós?

Finjo pensar, mas não dura muito tempo. Eu rio, leve.

Verdadeiramente leve.

- Claro que não, Dave.

Ele fica em silêncio

- A melhor decisão que tomei na vida foi me tornar uma Loftin.

Ele riu

- E cuidar dele.

Olhamos para Samuel rindo completamente ensopado. Bruno ergue Samuel no ar e o leva mar adentro.

- Tio, Tio! TIO!!! - Samuel grita rindo

- Isso é por você me molhar seu pivete! - Bruno responde

- Ele sem dúvida foi nossa melhor escolha, não escolhida. - Completo.

Talvez eu seja uma péssima mãe, mas espero estar no caminho certo para me tornar melhor a cada dia.

Talvez eu seja uma péssima esposa, mas espero estar no caminho certo para me redimir todos os dias.

- Sim, sem dúvidas. - Dave diz, e me beija.

Felizes para sempre?

Talvez sim, talvez não.

O que sei é que todos os dias tanto eu quanto ele lutaremos para que no fim, eu ou ele possa dizer:

Te amei até seu último segundo e vou continuar te amando até o meu.


FIM

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