Capítulo 6


Alto.

Cabelos castanhos.

Olhos da mesma cor.

Mas não do mesmo jeito.

Não estão brilhando em alegria, paixão ou malícia.

Pelo contrário, eles me encaram sim de uma forma intensa. Intensamente frios.

- Olha papai, essa é minha nova amiga! - Samuel exclama, pegando na minha mão, entusiasmado

Eu olho para a pequena criança, sentindo meu corpo todo eletrizante como se tivesse acabado de ser atingida por um raio.

Coloquei Scarlet no chão que sentou e ficou nos observando, e apontei para Dave, enquanto olho para Samuel

- Vai com seu pai.

- O que você faz com ele? - Perguntou Dave, minutos depois. Ele desceu os olhos pelo meu rosto, meus lábios, meu corpo.

Ele suspirou, enchendo seus pulmões com ar.

É então que eu vejo, a mulher pegando na mão de Dave, e apertando.

Eu não acreditei no que estava vendo e sinceramente, me chamaria de louca e riria de mim mesma se não tivesse certeza que isso tudo é real. Que eles são reias.

Selina Diaz, minha melhor amiga desde a primeira série, estava de mãos dadas com meu ex namorado. Era ela que estava com ele há poucos minutos, rindo, conversando, demonstrando amor.

Demonstrando amor. Sinto nojo e desprezo só de pensar.

Nele.

Nela.

Os dois juntos.

Em um romance. Se olhando com outros olhos.

Penso em todas vezes que estivemos nós três juntos, pensando se em algum momento tenha reparado em um olhar de desejo vindo dos dois. Pensar nisso me faz querer gritar.

Mantenha a calma. Penso. É o que devo fazer.

- Encontrei com ele ali atrás.

- Vem cá, Samuel.

Samuel negou com a cabeça

- Samuel! - ele rosna

O menino continua negando

- Vai com seu pai, Samuel - falo pra ele

- Não gostu quando ele está bravo assim - Aponta para seu pai

- Samuel! - Rosna

- Para de falar assim com ele! - Eu exclamo - Não tá vendo que ele não vai até você desse jeito.

- Você não tem direito de falar porra nenhuma, Emma. - Seus olhos me queima

- Amor, cuidado com os palavrões na frente do Samuel - Diz Selina

- Não tenho direito de falar nada e você não tem direito de deixar uma criança jogada na porra do meio do parque! - me exalto também

Ficamos os dois. Eu e ele. Dave e eu. Parados.

Quietos.

Peito em chamas.

Olhos estreitos.

Raiva no olhar, na alma e no coração.

- Selina, leva o Samuel para longe - Ele diz, segundos depois

Selina nos encara, hesitante. Posso ver claramente o medo de nos deixar sozinhos. Só nós dois.

Então ela pega na mão de Samuel que me olha

- xau, Emma. - diz se afastando

- Tchau. - falo para ele, vendo aquele pequeno menino se distanciando.

É muita coisa para um dia só. Muita informação. Muitos problemas.

- O que você faz aqui? - pergunta friamente, Dave

Ergui uma sobrancelha

- Você não sabe? Jurava que sabia.

- Não faço idéia do que porra está falando.

- Violeta Hall me obrigou a vir cantar no show desta tarde para atrair o público.

- Violeta Hall - Ele riu, negando com a cabeça. Enquanto eu pareço calma e serena, por fora, Dave Loftin demonstra tudo.

Sua irritação.

Sua raiva.

Seu ódio.

- O que você falou com ele?

- Com quem? - Me faço, sentindo a necessidade de provocar ele. De alguma forma quebrar seu coração. De magoar ele. De o deixar mais e mais irritado.

- Samuel, Emma. O que você falou com o meu filho?

Reviro os olhos, cruzando os braços

- Nada.

Ele respira fundo, aliviado

- Vou embora, tenho um show para fazer.

- É claro, é só o que sempre te importou.

- Vamos, Scarlet - Chamo a gata que me segue, viro as costas pronta para deixar ele para trás

- Uma gata? Você prefere uma gata a... - ele começa, pronto para me atacar

- Vai se danar, Dave. Cacete. - Viro furiosa - Você não sabe de nada. Ouviu bem? De absolutamente nada.

- Posso não saber de tudo - Ele diz, com desprezo no olhar - Mas de uma coisa eu sei.

- Não estou interessada em ouvir você.

Ele se aproximou, pegando no meu braço para me manter no lugar, enquanto aproxima o rosto do meu e diz:

- Você sempre preferiu a si mesma, do que qualquer outra pessoa.

Ergo o queixo

- Anda, cospe tudo o que você quer cuspir - Falo, tranquilamente

Ele riu, sem humor

- Parabéns, Emma Larson. Você tem uma carreira. Você é famosa. Mas por dentro, você é morta e sozinha. Então parabéns pela vida que você conquistou.

Puxo meu braço com força, e sem olhar uma última vez para ele, saio andando a passos largos.




- Emma, você demorou! - Carry levantou nervosa, respirando aliviada

Coloquei Scarlet no chão, entrando no quarto do hotel

- A contratante, Violeta Hall mandou duas mulheres para te arrumar, ja que por ser viagem de ultima hora não trouxemos nossa equipe.

- Vou usar que roupa?

- Essa aqui meu bem - Uma mulher abre a porta, carregando vestido justo que não passa da metade da minha coxa, azul escuro cheio de pedrarias.

- Oi, querida - entram, eu as reconheço. As duas se aproximam de mim e me abraçam

- Como você está linda! - Erika exclama

- E fazendo sucesso! - A mãe dela exclama

Observo elas pensando em como não as reconheci antes. Erika e a mãe são as mulheres com os cabelos mais lindos da cidade.

Os cabelos cheios de cachos, volumosos, definidos, grandes.

- hum, vocês se conhecem? - Pergunta Carry confusa, passando a mão na cabeça de Scarlet que aproveita o carinho para fechar os olhos

- Sim, elas cuidam do figurino do coral da igreja - Falo - Essas são Erika e a mãe dela. Erika estudou comigo.

- Desde aquela época, Emma Larson sempre foi uma das garotas mais legais do colégio- Disse Erika, cumprimentando Carry

- Fiquei tão animada quando sua...

- A prefeita - corto, meu semblante sério.

- Quando Violeta avisou que você estava aqui! - completou ela - Fazia tanto tempo que não fazemos isso, quantos anos, Erika?

- Quase 4?

- A última vez que organizei uma roupa para você foi a última vez que cantou na Igreja.

Assinto

- Bom, o que vocês têm aí pra mim?

- Um look digno de uma estrela.

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