Capítulo 4
- Nunca te vi ansiosa desse jeito para fazer um show - Diz Carry, sentada em uma mesa como sempre, trabalhando.
- Não estou ansiosa- Falo, olhando as horas e andando pelo quarto. Scarlet me seguia com o olhar
- Você está quase furando o chão, Emma.
- Não exagere, Carry. Só estou me exercitando. Falta quantas horas?
- Bom - Ela olhou as horas - Considerando que você perguntou há dez minutos, agora falta 2h30.
Assenti, batendo o pé no chão.
- Você não está legal.
- Você acha? - ironizo, com as mãos na cintura
- Emma, o que está acontecendo? Qual o grau de aproximação que você tem com a prefeita e o filho dela?
- Você notou alguma coisa?
- Notei que ela não tirava os olhos de você, quase como se sentisse sei lá, saudades. Enquanto Bruno Hall nem sequer olhou nos seus olhos.
- Você é bem observadora.
Ela deu de ombros
- Faz parte do meu trabalho. Que tal você descansar? olha essas olheiras nem parece que dormiu noite passada.
- Dormi muito mal - Sento na cama, observando a bota de saltos nos meus pés.
- Tenta dormir um pouco.
- Não consigo, estão ansiosa demais. Eu quase posso sentir o ar se fechando - Tento me abanar com as mãos
- Vai lá fora um pouco.
- Como é?
- Vamos, eu vou com você. - deixou o Tablet de lado e levantou
- Não precisa- falo, olhando pela janela as ruas lá fora - Eu vou rapidinho, só para não desmaiar aqui dentro, já volto.
- Por que não caminha um pouco?
Por que não quero encontrar ninguém.
- Talvez numa próxima visita a está cidade.
Carry assentiu, hesitante. Ela sentou e pegou seu tablet de volta, voltando a trabalhar.
Arrumo minha camiseta, puxo minha calça que não foi barata pra cima, tento arrumar os cabelos e saio dizendo que já volto, carregando Scarlet no colo.
Se não vou ficar presa lá dentro ela também não vai.
Não quero andar por essa cidade, sinceramente eu não queria nem sair do quarto mas eu sinto que vou passar mal a qualquer hora.
Muito abafado.
Muito pequeno.
Muito aterrorizante.
- Precisa de alguma coisa, Srta. Larson? - Um cara na recepção pergunta
- Não, obrigada.
Ele assente, voltando a trabalhar. Pela primeira vez, gosto de ser conhecida e não ter aquele monte de pessoas em cima de mim.
Saio na rua, sentido meus cabelos voando para trás e meu coração acalmando um pouco. Deus, odeio quando minha ansiedade ataca. As vezes, mesmo que esteja na montanha mais alta do planeta recebendo todos os ventos, eu sinto que não consigo respirar.
É a primeira vez que sinto isso, em muito tempo. A última vez foi no meu primeiro show grande, assim que sai desse lugar.
Scarlet solta seu miau ao ver um gato laranja correndo para o parque próximo.
- Para de ser safada - Digo para ela, que tenta sair dos meus braços para ir atrás. - Tá no cio, rapariga? para!
Scarlet arranhou meu braço me fazendo soltar ela no chão pela ligeira e rápida dor. Olho meu braço, vermelho a um triz de sangrar por conta de sua unha enorme.
- Quando a gente voltar eu vou mandar contar essas suas unhas sua... - Falo, mas Scarlet não está mais na minha frente.
Onde Scarlet está?
Dessa vez, minha ansiedade foi substituída por desespero. Desespero em pensar que acabei de perder minha gata. Despero por não saber onde ela está.
Nessa altura eu não dou a mínima para a dor que sua unha causou em minha pele.
Penso em voltar para dentro do hotel e chamar Carry para me ajudar a caçar ela. Quando vejo já estou andando as pressas para o parque, imaginando que ela tenha ido para lá atrás do gato laranja.
Ela só pode estar no cio, não é possível. Scarlet nunca fez isso. Nunca me arranhou. Nunca fugiu para longe de mim.
Gata safada.
Quando vi já estava correndo, desviando de algumas pessoas. Vejo o rabinho dela de longe. A filha da mãe está correndo pelo parque atrás do outro gato.
Já chega, eu vou dar esse animal. Só me dá trabalho!
Paro um pouco, já cansada. Sinal que preciso fazer academia urgente.
Volto a correr, com dificuldade já que estou com botas de salto. Quando chego no parque extremamente verde igual me lembro, cheio de crianças, cachorros, gatos, adultos e árvores. Desde quando tem tantas árvores assim senhor?
Olho em volta, com esperança de ver a pelagem escura. O rabo. Ou o corpo gorducho dela.
Entro dentro do parque, olhando em volta. Onde ela está? Onde ela está? Onde ela está?
Começo a perder as esperanças, quando meus olhos brilham em reconhecimento ao ver Scarlet de barriga pra cima enquanto recebe carinho de uma criança risonha.
Suspiro aliviada, indo apressadamente até eles. Meu deus do céu, que bom que bom!
O pequeno menino acaricia sua barriga, enquanto ela solta seu miau, sentindo-se bem com o carinho. O menino dos cabelos castanhos, solta umas risadinhas.
- Linda. Linda! - Ele exclama alegre
- Scarlet - Rosno parando em frente à eles. Scarlet vira em um pulo, me olhando claramente assustada - Eu vou acabar com você sua sem vergonha.
Scarlet corre para trás do menino, que me olha curioso. Passo as mãos pelos meus fios castanhos, tentando ficar calma.
- É sua? - Ele pergunta levantando do chão, com sua voz fofa de criança
- É.
- Ela é muito boazinha.
- uhum. Vem Scarlet.
- Por que você a nomeou de Scarlet?
- Não sei. Scarlet, vem!
- Brinca com ela e comigo.
Eita menino que gosta de falar.
Eu o observo bem, sentindo um estranho reconhecimento capaz de me arrepiar de um jeito incomparável.
- Qual seu nome? - Me vejo perguntando, ajoelhado para o ver bem. Calma coração. Calma coração. Calma coração.
Não pode ser.
Quer dizer... Qual a probabilidade de tantas crianças desse parque encontrar justo com.. ele?
- Meu nome é Samuel - Ele disse, meigo. Me oferecendo a mão. Eu aperto, sentindo meus olhos lacrimejar. Sentindo sua mão macia e pequena.
- Samuel o quê?
Ele riu
- Você faz perguntas dimais.
Scarlet saiu de trás dele, vindo até mim.
- É, pode ser - Falo, levantando. Não pode ser, estou ficando louca. - Cadê seus pais? Você não pode ficar sozinho por aí.
- papai está conversando com a namolada dele - Apontou para um casal um pouco longe, sentado no banco do parque rindo e conversando.
- Melhor você voltar.
Ele negou com a cabeça, devagar
- papai está ocupado rindo com ela.
- De qualquer forma, garoto, melhor você ficar sob as vistas dele.
Ele continuou negando, me fazendo suspirar
- Vamos, eu vou te acompanhar até eles.
Ele assentiu, caminhando ao meu lado. Seguro Scarlet com uma mão, e olho rapidamente para ele.
- Qual seu nome? - Perguntou ele, curioso
- Emma.
- Me dá uma gata igual a Scarlet, Emma? Eu pedi pro meu papai um cacholo mas ele dissi que a casa é pequena.
- Você deveria ouvir seu pai.
Ele negou com a cabeça. Não pergunta Emma, não pergunta.
- Quantos anos você tem, garoto?
- Meu nome não é garotu, meu nome é Samuel.
- Você entendeu.
- Eu fiz - Ele levantou a mão, mostrando 3 dedos - Meu pai disse que já estou virando um homão.
Mordo o lábio, nervosa. Muitas semelhanças Samuel. 3 anos.
Não. É. Possível.
Estou ficando louca.
É a ansiedade e nervosismo por estar aqui me deixando confusa.
- Vai até lá - paro, olhando para o pequenino esperando ele ir correndo até o casal. Ele nega - Que que foi garoto?
- Já dissi, que meu nome é Samuel.
- Ok, Samuel.
- Papai disse que devemos chamar as pessoas pelo nome, sem ser mal educado.
- E?
- Acho que quando você me chama de garotu está sendo mal educada.
- Desculpe, Samuel.
- Qual seu sobenome?
- Pra que quer saber?
- Papai diz que devemos chamar as pessoas que acabamos de conhecer pelo nome e sobenome.
- Seu pai fala demais.
Ele riu
- Qual seu sobenome?
- Eu sou Emma Larson, satisfeito?
Ele concordou, os fios castanhos iluminados pelo sol, seus olhos brilham
- Meu sobenome também é Larson!
paraliso no meu lugar. Essa é a confirmação que eu não queria sobre quem esse menino é.
- Me chamo Samuel Hall Larson Loftin. Muitu grandi, né?
- Samuel! - Uma voz rouca diz
Samuel olha para a origem da voz, Scarlet também olha. Fecho os olhos rapidamente sentindo todas as emoções invadir meu coração.
Quando abro os olhos, também olho para a pessoa. Dave Loftin,
Mais conhecido com meu namorado de adolescência e o único cara que já foi capaz de me fazer perder o fôlego.
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