Capítulo 27 - Parte I
A cidade está bastante movimentada ultimamente. Ou talvez, eu não tenha notado esse movimento anteriormente.
Assim que chego de frente à casa que cresci, morei e voltei, me deparo com um entregador segurando uma caixa em seus braços.
Ele parecia cansado, não o julgo. O sol está de rachar, apesar que estamos perto do inverno.
Assim que me aproximei e ele notou que eu iria entrar na casa que ele estava parado em frente, ele sorriu. Eu retribui o sorriso, simpática.
- Olá, tudo bem? - pergunto parando diante dele. O homem assentiu
- Você mora nesta casa, senhorita? - pergunta
- Sim - respondo
- Entrega para... - Ele olha num papel em cima da caixa - Violeta Hall.
- É minha mãe.
- E também a prefeita - Ele diz, eu concordo. Ele coloca a encomenda no chão e estende o papel junto de uma caneta pra mim
- Assine aqui, por favor.
Peguei e em um segundo assinei. Ele ergueu uma sobrancelha pela minha velocidade, eu sorri simpática. Depois de criar o costume de ter que dar autógrafos para muitos fãs em um período curto de tempo, já peguei o costume de assinar dessa maneira.
Ele puxou o papel novamente e franziu a testa por um segundo. Tentei dar uma espiada na caixa, tentando de alguma maneira encontrar uma pista do que seja. Será que minha mãe comprou algo ou simplesmente está recebendo de alguém?
- Emma Larson - Ele analisa meu nome no papel, e me encara - parece o nome da cantora que minha filha de nove anos é apaixonada.
Abri um sorriso voltando minha atenção pra ele
- Deve ser coincidência- digo, surpresa que algumas pessoas não saibam que a cantora é a filha da prefeita. Não que alguém tenha que me conhecer como Emma Larson, a cantora. Mas com certeza todo mundo me conhece por ser a filha da prefeita, e bom, comunidade unida e (fofoqueira) todo mundo comenta as coisas até todos saber da sua vida sem você precisar dizer uma só palavra. Eu também sei que é questão de tempo até a mídia e Garret me encontrar.
- É uma cantora muito boa - disse o entregador - mas não aguento mais ouvir as músicas dela, devo estar velho pra essa coisa toda de amar e idolatrar algum cantor.
Prendi um riso, mal sabe ele que está falando com a cantora que ele não aguenta mais.
- Qual o nome da sua filha? - pergunto
- Lavínia.
- Bom, senhor?
- Patrick.
- Bom Patrick, diga a Lavínia que ela tem bom gosto pra música mas pra ela não focar tanto em alguém.
Ele riu
- Impossível, a garota é completamente apaixonada pela cantora - Ele recebeu uma mensagem em seu celular, e começou a se afastar - Enfim, obrigado e tenha um bom dia senhorita, Emma.
- Pra você também, Patrick - acenei, vendo-o se afastar em direção a seu veículo de trabalho. - Hum... Patrick?
- Sim?
- Manda um beijo pra Lavínia, diga que eu adoraria cantar uma das minhas músicas para ela.
Ele fica parado, pensativo. Sua mão já estava na porta do veículo pronto para abrir. Quando a ficha finalmente caiu, ele arregalou os olhos.
- Emma Larson? A cantora Emma Larson? - pergunta
Assenti. Ele ficou meio sem jeito, então disse: - Pode me dar um autógrafo, quero dar pra minha filha.
Eu sorri abertamente me aproximando a passos largos dele. Ele me deu uma folha em branco e sua caneta novamente, assino e devolvo.
- Caramba. Poxa, me desculpe pelo que eu disse...
- Tá tudo bem - eu ri - Tudo bem. - afirmo novamente
Ele continuou sem jeito
- A senhorita vai ficar mais quanto tempo na cidade? me desculpe a pergunta mas acho que ela iria amar te conhecer... posso trazer ela aqui pra te conhecer se não for incomodo?
- Vai ser uma honra conhecer minha fã número um.
Ele riu
- Com certeza ela está próximo de ser isso.
Assenti
- Fico esperando. Bom trabalho para você.
- Obrigado. Muito obrigado. - Ele ainda sem jeito, abriu a porta do veiculo. Eu me afastei voltando pra calçada em direção a encomenda da minha mãe. Acenei mas uma vez e o vi indo embora.
Hoje o dia tem sido tão bom, são grata a isso.
Sou grata principalmente pela música, não me canso de pensar o quanto meu amor por algo que pode ser diverso, reproduzido, emitido, criado e tudo mais me faz sentir tão bem.
Mas meu corpo fica tenso. Uma hora algum paparazzi vai bater na minha porta, e devo estar preparada.
Eu sei desde que decidi ficar que isso aconteceria. Portanto, o mundo vai descobrir a minha história e o meu segredo.
Não acho que um dia estarei preparada para tudo de ruim que pode vir, mas espero que pelo menos, tudo se resolva o quanto antes.
Isso me faz refletir um pouco.
Eu decidi ficar sabendo que isso poderia (e talvez vá) arruinar minha carreira. Apesar de eu amar minha carreira, acima de tudo eu me amo.
E amo... amo essas pessoas aqui. É completamente complicado pra mim falar disso. Falar de amor, seja ele qual for, tão abertamente.
Entro com a encomenda para dentro de casa. Caixa um tanto, pesada. Coloco em cima da mesa de centro da sala de estar com muito dificuldade e resolvo esperar minha mãe chegar.
- Já chegou! - exclamou Violeta, para minha surpresa e talvez me assustando um pouco
Olho pra trás e a encontro segurando a mão de Samuel. Assim que ele me vê, seu sorriso imenso se abre em minha direção, e seria mentira minha dizer que não retribui.
- Mamãe! - Ele grita, se soltando de Violeta e correndo até mim. Me abaixei a tempo de receber seus bracinhos em meu pescoço.
Mamãe.
Eu solto um riso. Que estranho!
Eu sinto borboletas no meu estômago e meu rosto vermelho, pegando fogo. Como é possível sentir timidez de repente?
Ele só me chamou de mãe. Não, ele me chamou de mamãe.
- Estava me esperando? - pergunto pra ele, os olhos dele brilham
Ele acena com a cabeça várias vezes em sinal de sim. Levanto os olhos pra Violeta que encara a caixa na mesa de centro.
- Caramba, que entrega rápida!
- O que Samuel faz aqui? - pergunto curiosa
- Nos temos um acordo em que o Samuel vem passar uns dias da semana aqui, e se Dave concordar, ele dorme aqui.
Assinto
- Você não ouviu o entregador chamando? - pergunto me levantando
- Ouvi, Ouvi sim. Mas acontece que o Samuel resolveu brincar com meus molhos na hora que eu iria atender o homem! - Ela faz cara feia pra ele que se esconde atrás de mim - Vá ver a cozinha, toda suja de molho de tomate. Ele abriu mais de cinco e jogou pela cozinha!
olhei pra ele, de sobrancelha erguida
- Disculpa. - Ele pede pra mim
Apontei pra Violeta
- Não é pra mim que você deve desculpas.
- Disculpa, vovó. - Ele pede envergonhado
Ela faz uma expressão de quem está brava mas eu a conheço bem o suficiente para saber que é fingimento.
- Promete nunca mais fazer isso? - Ela pergunta
Ele olha pra mim, esperando que eu diga algo. Eu franzi a testa percebendo que ele quer que eu faça alguma coisa. Ele quer que eu haja como mãe dele.
É Emma, parece que alguém aqui está disposto a te ensinar a ser mãe dele.
- Você promete, Samuel? - me vi perguntando
Ele deu de ombros
- Uma promessa é algo importante e precioso. Prometa nunca mais fazer isso ou coisas do tipo e você vai ser um grande homem.
Ele assentiu e então olhou pra Violeta que me olhava
- Prometo. - disse ele, por fim.
Ela continuou me olhando, até dizer:
- Você está no caminho certo.
Ela não precisava dizer com mais palavras ou mais detalhes pra eu saber do que estava falando. Abri um sorriso pequeno, estar no caminho certo é o mínimo. Isso aqui, é um esforço imenso pra mim.
- O que tem na caixa? - mudo de assunto
Ela caminhou até a caixa e abriu
- Um computador pro meu escritório.
- Uau, realmente comprou.
- Sim, comprei. A vendedora da loja disse que esse é um dos melhores para coisas de escritório e tudo mais.
Olhei rapidamente para dentro da caixa, bem moderno.
Ela olhou pra mim e pela primeira vez na vida, abriu um sorriso envergonhado e disse:
- Você vai me ensinar a mexer como prometeu?
- Vou sim. - concordei rapidamente. Eu disse que o faria então o farei.
- Quelo aprende também! - Samuel exclama animado
- Não mesmo, essas coisas não são pra crianças! - Violeta diz pra ele. Ele faz cara de emburrado, cruzando os braços.
- Eu te ensino outras coisas - digo pra ele - O que gostaria de aprender?
- Isso! - Aponta pro computador
- Ja foi dito não, Samuel - eu falo. Ele faz bico. Deus, é a cópia de Dave em todos os sentidos.
- Eu quelo!
- Samuel você tem que aprender a ouvir um n... - Violeta começa, então eu me abaixo de novo para olhar em seu rosto e perguntar:
- Você não disse que queria aprender a tocar violão?
Isso foi o suficiente pra ele descruzar os braços e sorrir extremamente animado.
- Vamos! Vamos! - grita empolgado
Violeta nega com a cabeça, mas sorrindo.
- Olha vovó! Vou aprende a tocar! Vou aprende!
- Se você for igual ao seu pai não vai aprender nada - solto lembrando do quanto Dave era ruim. Violeta me olha de olhos estreitos
- Papai é burro? - pergunta
eu sorrio
- Não. É... distraído.
- Não sou distraido! - Samuel diz orgulhoso
- Pior vai ser se for igual ao Bruno - Minha mãe entra na brincadeira
- O que tem eu? - Bruno de repente chega, Carry está ao seu lado. Posso ver claramente que acabaram de chegar de algum lugar.
Parece que algo está dando bem certo entre esses dois.
- Só estamos falando que você é péssimo músico - Violeta diz. Samuel riu, Bruno olhou pra mim.
Foi então que pra minha surpresa, ele sorriu pela primeira vez que cheguei aqui, para mim.
- Isso aí sempre foi com a Emma.
- Por que você sempre foi péssimo - digo, um pouco tonta pela mudança de humor e definitivamente pela troca de palavras entre nós.
Ele deu de ombros
- Você é pior que eu, Emma. A diferença é que faz de uma maneira que as pessoas gostam.
Eu ri
- Eu sou talentosa - sorrio orgulhosa
- Se você é talentosa eu sou o Michael Jackson - zomba, eu quase ri do seu comentário
Samuel riu de novo e começou a me sacudir, ou tentar pelo menos.
- Vamos, me ensina! Me ensina! - Ele implora
- Tá bom, Tá bom! - eu digo, indo com ele na direção das escadas para ir pro quarto onde está meu violão antigo.
- Vai ensinar ele a tocar? - pergunta Bruno
- Vou, quer ver e aprender também?
Ele riu
- Vai se catar, Emma.
Sorrio subindo as escadas com Samuel. Antes que eu possa sumir de vistas, olhei para Bruno. Ele parecia mais leve e definitivamente mais... feliz comigo. Olhei pra Carry então e ela estava me encarando sorridente.
Obrigada.
Eu sei que você é a responsável.
Muito obrigada.
Abri a porta do meu quarto e ouvi um som sereno de ventilador ligado. Quando notei vi Scarlet, minha gata de barriga pra cima, pernas bem abertas em cima da cama com o ventilador ligado em sua direção.
Ela abriu rapidamente os olhos para ver quem estava entrando no quarto e fechou de novo, não dando importância.
- Pedi pra vovó liga, ela estava com calor. - Samuel disse rindo da minha expressão observando a folga da gata.
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