Capítulo 24 - parte I
Acordar essa manhã não foi difícil.
Eu dormi muito bem.
E não fui a única.
Nesta manhã, acordei com Violeta abrindo a porta do meu quarto.
Scarlet que dormia em cima das costas de Carry que dormia de bruços, se assustou e fez algo parecido com um rosnado para minha mãe.
- O café já está na mesa - Violeta anuncia, erguendo uma sobrancelha para o braço de Carry em cima da minha barriga. - Já passou das 11 horas da manhã.
Carry ergue o corpo com rapidez, seu cabelo um enorme ninho e bagunçado ninho. Eu honestamente não quero ver o meu cabelo.
Deve estar uma bagunça.
- Oh, caraca, eu não acredito que dormi tanto! - Exclama Carry ficando de pé num minuto
- Você me parecia muito confortável, Srta. Carry - Diz Violeta, com um olhar ousado
Carry cora olhando pra mim. Eu dei de ombros sentando na cama, eu meio que estou acostumada a dormir longe e acordar abraçada com minha assistente.
Não.
Assistente não.
Quer dizer, ela é sim minha assistente e espero que seja por muito tempo, mas chama-la só de assistente, não é o certo.
Amiga.
Acima de tudo, Carry é amiga.
Pronto, comecei o dia com sentimentos. Ok, ok. São sentimentos bons.
- Por favor senhora Hall, pode me chamar só de Carry. Não precisa do senhorita - Carry diz
- Tudo bem - Violeta passa as mãos por seu terninho chique - Desde que você também me chame apenas de Violeta. Não precisamos desse Hall, e muito menos do senhora.
Carry abriu um sorriso confortável, caminhou até sua mala pegando seus itens de banho e higiene.
- Com licença - ela pede, se afastando - Se precisarem de mim estarei tomando banho.
E então ela saiu, deixando eu e... minha mãe.
Mesmo sabendo de tudo, de toda a nossa história, de todos os erros e de toda a armagura misturada com sentimentos ruins, é impossível uma parte de mim, mesmo que lá no fundo, bem no fundo, não sinta um pouco de...
nao sei...
eu sinceramente não sei definir.
Acho que o que sinto é uma mistura de tristeza com inveja. Desde o momento que Carry atravessou aquela porta de entrada ela foi tratada com atenção e carinho. Completamente ao contrário de mim.
E faz mais de quatro dias que estamos aqui.
Olhando pra Violeta, eu sei muito bem que ela não subiria até aqui para avisar do café da manhã, se fosse apenas eu neste quarto.
É um pouco ridículo eu pensar assim, sabendo de toda a situação, de todo o sentimento ruim, mas infelizmente é assim que estou pensando.
- Vou para a prefeita mais tarde, tenho muito o que resolver. - Foi o que Violeta disse, já saindo do quarto.
No café da manhã, tomei café em silêncio. Quer dizer, todos estavam conversando um instante ou outro, mas eu me mantive calada, é um pouco complicado encontrar palavras para Bruno e Violeta.
- O que você vai fazer hoje, Carry? - pergunta Violeta, levando o café preto e quente até seus lábios
- Não tenho nada programado, Violeta - Ela disse e olhou pra mim
- Então Emma, você me empresta sua assistente hoje? Gostaria muito da sua ajuda profissional com algumas coisas na prefeitura. - Ela me pede
Carry continua me encarando, esperando minha resposta.
Eu dei de ombros
- Por mim tudo bem.
Violeta abriu um enorme sorriso
- Você se importa de me ajudar, Carry?
- Não senhora Hall... quer dizer, Violeta. Não me importo.
- Tem que ser justamente hoje? - Pergunta Bruno, do nada
- Sim, são coisas urgentes que não estou dando conta sozinha - Violeta disse
- E a sua funcionária... qual era mesmo o nome dela - tento me lembrar da pessoa que fazia tudo com minha mãe quando se tratava da prefeitura. - Maria Clara?
- A Maria Clara está grávida, ela saiu de licença e sinceramente não encontro ninguém ao ponto de organização dela - disse
Eu assenti
- Eu na verdade, quero fazer um convite - Bruno disse, olhando especificamente para Carry que arregalou os olhos - Quero que você saia comigo está tarde, Carry.
Ela ficou completamente chocada. Eu evitei um sorriso. Isso aí menina, vai que é teu!
Se tem uma coisa que Bruno não consegue disfarçar era quando estava interessado em algo, ou alguém. Eu me lembro bem de andar pelos corredores do colégio e o encontrar complemente vidrado em alguém, e ele ficava completamente bravo quando alguém o distraía.
Acho que seu interesse por Carry não foi instantâneo porquê provavelmente deveria estar cego de raiva após me encontrar depois de anos.
E se tem uma coisa que sempre admirei no meu irmão foram as atitudes. Se ele quer, ele vai atrás.
- Hum... É que - Carry ficou complementamente indecisa entre minha mãe e meu irmão, apesar de que estava óbvio sua resposta.
Bruno, com certeza Bruno.
Violeta os observou e então suspirou
- Tudo bem, Carry, pode ir com meu filho.
- Mas Violeta...
- Eu procuro outra pessoa pra me ajudar, tá bom? não se preocupe.
Carry mordeu o lábio inferior, assentindo com a cabeça para Bruno. Completamente tímida.
- Ótimo - Bruno afastou a cadeira de levantando e estendendo a mão pra ela - Vamos?
- Hum... agora? - perguntou nervosa
- Sim, Carry. Agora.
Então ela abriu um grande sorriso e levantou da mesa aceitando a mão do meu irmão no mesmo instante.
Não sou ela, mas a conheço bem o suficiente para saber que nesse instante Carry está cheia de borboletas no estômago.
- Hum... tchau? - Disse pra nós, incerta.
- Tchau. - Violeta acenou pra eles
- Divirtam -se! - Eu soltei, eles assentiram e saíram deixando apenas eu e Violeta.
Longos minutos completamente em silêncio. Violeta apoiou as mãos na cabeça e suspirou de olhos fechados. Eu conheço essa cara, essa expressão.
Ela está cansada.
- O que foi? - perguntei
Ela abriu os olhos, me analisando antes de responder
- Eu não estava brincando quando disse que estou completamente atolada na prefeitura. Eu preciso urgentemente de ajuda lá.
- Carry realmente seria de grande ajuda - observo, comendo um biscoito
- Pensei o mesmo.
Mais silêncio. Não totalmente silencioso, pois conseguíamos ouvir de forma perfeita o som dos meus dentes mastigando um biscoito.
- Meu Deus, não sei o que fazer. - Ela se levantou da mesa, indo lavar os copos sujos.
Então eu suspirei, já me arrependendo, ou não.
- Quer que eu te ajude? - me ofereço
Ela para de lavar os copos na hora, e me encara
- O que você entende de organização e superação de alguns processos?
Dei de ombros
- Acho que não tem muito segredo para ser organizada. - respondo
Ela franze a testa, pensativa
Eu levantei da cadeira indo lavar meu copo também
- Foi só uma sugestão, Violeta. - Falo pegando a esponja já com sabão e lavando o que sujei - Não tem nada demais nisso..
Ela continuou em silêncio, lavei meu copo, peguei um pano, sequei e guardei. Quando estava prestes a sair da cozinha, eu ouvi:
- Saímos em 10 minutos.
_______________
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top