Capítulo 13
Há 5 anos
As vezes o silêncio guia nossas mentes. Gosto disso.
Gosto de pensar que por mais silencioso, quieto, vazio que esteja o momento, a minha mente consegue me guiar para pensamentos ou lugares.
E tudo fica bem.
Nesse momento para ser realista não tem como as coisas ficar mal, Então eu me sinto honrada.
Pela minha mente que é capaz de me distrair em momentos ruins. Por mim que deixo minha mente fazer isso, e por esse momento.
Esse exato momento.
- Desisto - Murmurou Dave, deixando o violão do meu pai de lado
Fazia duas semanas que eu estava tentando ensina-lo a tocar, mas ele não aprendia muito bem. Existe duas alternativas para que isso esteja acontecendo:
1° Eu sou uma péssima professora.
2° Ele não presta muito atenção porque ele não quer aprender de fato.
Humildemente eu acredito na segunda alternativa. Quando se trata de tocar instrumentos me empolgo tanto que descrevo tudo nos mínimos detalhes.
- Vai desistir assim tão fácil? - Deixo meu caderno de músicas de lado na minha cama, enquanto me aproximo dele e bagunço seus fios castanhos
Ele abriu um sorriso lentamente, adora quando mexo no seu cabelo.
Eu sinto meu rosto esquentar, a maneira como Dave Loftin me olha me causa arrepios.
- Que foi seu bobo? - Pergunto rindo envergonhada
- Só pensando - Ele disse sorrindo, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, descendo sua mão para meu queixo - Daqui dois meses vamos fazer 1 ano de namoro.
- Eu sei, tô muito ansiosa - Murmuro a realidade, pois estou ansiosa mesmo. Mas apesar de estarmos caminhando pra 1 ano de namoro, minha mãe e meu irmão só descobriram há 1 mês, pois eu tinha medo de contar e minha mãe proibir.
No caso, Bruno descobriu e contou pra ela. Ela ficou muito brava, mas não me proibiu.
Criou restrições. Regras.
- O que você estava escrevendo? - Pergunta Dave apontando com o queixo para o caderno deixado de lado no canto da minha cama
- Uma música - dei de ombros
- Posso ver?
Neguei com a cabeça
- Não está pronta.
- É sobre o quê?
Meu sorriso já diz a resposta. É sobre eu, sobre ele, sobre nós.
- Canta só uma parte pra mim - Ele pede, com a mão delicadamente em meu rosto
Neguei novamente
- Não está tão boa assim.
- Tudo vindo de você, é bom, Emma - Ele disse, e quando viu que outro não estava prestes a sair dos meus lábios, ele me beijou.
E eu ri.
Acho a maneira que Dave Loftin achou de me fazer concordar com ele muito besta, e muito boa.
Ele me beija. E logo depois faz algo que odeio.
Ele faz cócegas.
Prevendo suas mãos subindo para minha barriga, ou axilas, tento cobrir, entretanto meu namorado foi mais rápido.
Separo meu lábios dos seus rindo igual louca enquanto recebo suas cócegas velozes.
- Dave - Gargalho, tentando empurrar ele. Ele estava sorrindo maliciosamente enquanto agia com rapidez, Deus, odeio esse menino.
Brincadeira, eu amo esse menino.
- Emma - Ele diz, me contorço na minha cama rindo igual louca, tentando bater nas suas mãos ágeis - Vai me deixar ver?
- Não! - Eu exclamei, rindo bastante. Não sei por quando tempo mais irei aguentar
- Emma... amor - Ele insiste, sendo mais maldoso nas cócegas. Ele sabe que não vou aguentar por muito tempo, ele sabe que vou concordar em algum momento.
- Ta bom, tá bom! - Eu gritei rindo muito. Ele saiu de cima de mim, rindo também e obviamente feliz porque conseguiu o que queria.
Filho da mãe!
- Emma, eu já disse pra deixar a porta aberta! - Minha mãe grita ríspida do outro lado da porta. Eu levanto da minha cama, vermelha ainda pelas cócegas, suspirando
- Está aberta, só está encostada! - Respondo de volta
- Dave está aí, não está? - Perguntou
- Oi senhora Hall - Ele disse, sorrindo divertido
- Oi Dave, abram a porta e deixem aberta! - Gritou de volta
Eu Revirei os olhos indo girar a chave na porta. Antes que eu fizesse isso, Dave segura na minha mão, e sussurra em meu ouvido:
- Tudo bem, eu te amo de porta fechada, de porta aberta isso não vai mudar.
Eu sorrio, achando fofo e engraçado ao mesmo tempo.
Fofo, porque ele me ama.
Engraçado, a maneira como ele diz.
Assim que abri a porta, nos sentamos na minha cama novamente. Pego meu caderno e pergunto primeiro:
- Promete que não vai rir?
- Eu nunca faria isso, você sabe disso.
- Tudo bem - sussurro tímida, preparando a voz. Pego meu caderno e coloco na frente do rosto, apesar de eu saber a música de cor estava com vergonha de encarar seu rosto enquanto cantava
E ele sabia disso.
Dave sempre sabe.
Então ele abaixou o caderno com calma, e me incentivou pelo olhar a olhar pra ele enquanto canto.
Foi quando comecei a cantar, baixo.
- hummmm... hummm...
Em algum momento lá fora, pode estar chovendo.
Enquanto esse momento rola, minha pulsação acelera como nunca ousou acelerar - começo, vejo o brilho dos seus olhos
Eu estive te olhando, te olhando tentando tocar, te olhando tantando cantar.
Te olhando enquanto sorri pra mim, desajeitado, tentando ser tudo aquilo que eu mais precisava.
Em um mundo onde o amor é colocado em cima de um pedestal, eu descobri que o famoso amor está onde você menos espera.
Mas é interessante ter que dizer, os efeitos de olhar pra você.
Quando você me olhou pela primeira vez, perdi o famoso fôlego.
E Nesta noite, quando você me olhar uma última vez, eu já não o terei mais.
Porquê eu descobri, que essa chuva que está rolando em algum lugar, nesse momento, é o meu coração chorando porquê uma hora você vai.
hummm...
Você vai,
hummmm...
Você vai.
Você vai, embora.
Quando finalizei, ele não tinha mais um sorriso no rosto. Pelo contrário, seu rosto expressava seriedade.
As vezes o silêncio guia nossa mente. O silêncio dele guiou o meu, será que detestou?
Eu só não contava, que um simples olhar guiava a uma sensação. E o olhar dele, foi guiado até meu coração.
- Você não faz ideia do quanto sou apaixonado por você, Emma Hall - Ele disse, se aproximando com cautela - Você é sem dúvidas o amor da minha vida.
Eu sorrio, contente
Coloquei a mão por cima da sua em seu rosto, e sussurrei um fato:
- Eu também sou muito apaixonada por você, Dave. Demais.
Então ele me beijou. E todas vezes que nos beijamos parece a primeira vez que sinto seus lábios. Seu carinho. Seu amor.
Não é a primeira. Sorrio, espero que nunca seja a última.
Alguém abriu a porta do meu quarto com tudo, quando Dave e eu nos separamos para olhar quem era, vemos meu irmão.
Bruno Hall estava de sobrancelha erguida pra nós.
- Não acha que está na hora de voltar pra sua casa, Loftin?
- Bruno!
- Tudo bem, Emma - Dave olhou pra janela vendo o céu ficando escuro - Já está escurecendo, melhor eu ir.
Olhei de cara feia para meu irmão. Eu fico muito brava com isso. Ele e minha mãe tem uma pessima mania de querer impor ordens sobre mim. Isso cansa.
Resolvi acompanhar Dave até lá embaixo, em direção a saída. Fomos de mãos dadas, com meu irmão falando com alguma garota ao telefone.
Recentemente ele anda trazendo essa garota, uma menina da turma dele do último ano da escola.
Ele traz ela aqui sem aviso prévio.
Ele se tranca no quarto com ela.
Mamãe não bate na porta. Mamãe não se importa muito menos se a menina morar aqui.
Mas como é diferente.
Eu sempre tenho que avisar que Dave ou qualquer amigo meu vem aqui.
Eu sempre tenho que ficar de portas abertas.
A cada meia hora minha mãe ou até mesmo Bruno passa em frente ao meu quarto para ver se a porta está mesmo aberta.
Essa falta de confiança, isso tudo me irrita. Por que Bruno recebe confiança? por que ele é homem, se ele engravidar alguém, mamãe não liga.
Se eu engravidar, serei motivo de tudo. De xigamento. De ódio.
Mas tudo bem, não me vejo sendo mãe. Honestamente, não quero ser mãe.
Credo, tenho pavor até de pensar.
Mas tudo, hoje em dia é normal. Não querer filhos não é crime, ainda é um desejo muito julgado, isso não podemos negar.
- Tudo bem, Prefeita? - Pergunta Dave assim que chegando no andar de baixo e vemos minha mãe nervosa
- Mais ou menos - Ela disse tentando a todo custo ligar pra alguém e falhando miseravelmente - O show beneficente, temos um grande problema.
- O que houve?
- Não temos atração principal - explicou - A banda que viria recusou de última hora. A banda da nossa cidade, substitutos, não atendem o telefone. Esse show vai ir por água abaixo.
- Uma pena, mamãe- eu sussurro. Apesar de ser realmente uma pena, me sinto mal.
Mal porque eu gostaria de me sugerir.
Mal por saber que minha mãe não vai concordar.
Mal por saber que podem não gostar.
- A Emma pode cantar! - Dave se apressou a dizer, me pegando de surpresa
- Como é? - Minha mãe, meu irmão e inclusive eu perguntamos ao mesmo tempo
- A Emma canta para a cidade inteira, Prefeita - Ele disse, me encarou e sorriu - Você sabe que pode fazer isso, é uma grande oportunidade.
- Sem chance, Emma nem completou 16 anos ainda e você quer que ela suba num palco gigante daquele?
- Mamãe... - Tento
- Eles querem um artista famoso, Emma. Tudo mundo quer alguém famoso, só assim arrecadaremos dinheiro suficiente este ano!
- Também acho isso uma furada. - Bruno falou
- Essa é a sua única chance, senhora - Dave disse, seriamente - Sua única chance de manter um show em pé é de ao menos arrecadar nem que seja metade do dinheiro que desejam. Sem uma cantora não tem show - Ele apontou para mim com o queixo - tem uma cantora bem aqui, ela só precisa de uma chance.
Mordi meu lábio, nervosa mas ao mesmo tempo feliz por ter um namorado com Dave.
Meu Deus, me sinto tão sortuda. Obrigada!
- Acha que dá conta? - Ela finalmente pergunta
E eu sorrio
- Dou!
Ela passou a língua pelos lábios, e disse;
- Você sabe as músicas dessa banda que viria?
- Se eu sei? sou a maior fã!
- Ok, ok - Ela passou as mãos pelo terninho chique que usava, nervosa - Temos quatro horas até o início do show, vamos começar a te preparar agora mesmo!
- Você não pode estar colaborando com essa merda, mãe? - Bruno questiona
- Shiu, Bruno! É nossa única alternativa. Está preparada, Emma?
Concordo incansáveis vezes
- Então vamos lá, todo mundo pro carro! Temos um show para ir!
E eu vou ser sempre grata.
Grata ao Dave por sempre me incentivar.
Grata ao Dave por existir.
Grata ao Dave por me amar.
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