Capítulo 1

Há 21 anos, em 1999, minha mãe me deu a luz.

Em uma cidade nada pequena, porém não muito conhecida, em um bairro que todos se comunicava com alegria e simpatia.

Meus pais me nomearam de Emma Larson.

Emma Larson que aos cinco anos era apaixonada por musica clássica.

Aos seis se apaixonou pelo rock.

Aos sete se apaixonou pelo pop.

Aos oito foi ensinada a tocar violão pelo pai.

Aos nove se apaixonou pela idéia de não só curtir a música mas fazer parte dela, cantando.

Aos dez já fazia aula de canto.

Aos onze ganhava uns trocados para cantar nas festas infantis.

Aos doze escrevia as próprias músicas.

Aos treze já era conhecida pelos moradores das redondezas pela bela voz.

Aos quatorze, foi no seu primeiro show ao vivo da sua cantora favorita, e foi aí que aprendeu que aquilo não era só diversão para ela. Que ela queria estar um dia, ali em cima de um palco de verdade com milhares de pessoas te observando.

Foi ali que ela entendeu o que era sonhar, o que era ter uma meta, o que era ter uma ambição.

Mas a vida não é flor que se cheire.

Quem disse que é fácil?

Emma Larson, eu, passou por muita coisa para hoje aos vinte e um ano de idade, nesse exato momento, estar suada, segurando um microfone no alto, sendo aplaudida por centenas e centenas de pessoas que assobiava e exclamavam o quanto eu sou perfeita.

As dançarinas atrás de mim estavam paradas, os holofotes que felizmente já estou acostumada poderia me cegar. Eu amo isso aqui.

Quando o som da minha música teve um fim e os aplausos pararam, abaixei o microfone e caminhei até um pouco mais perto.

Observando inúmeros rostos alegres e desconhecidos que me amavam.

- É com uma honra - digo ofegante, no microfone em minha mão - Que vim hoje apresentar meu show para vocês.

- Linda!

- Maravilhosa!

Sorrio, arrepiada pelas últimas emoções

- Vocês são incríveis, espero voltar em breve.

Todo mundo voltou a bater palmas, mandei beijos e sai do palco cansada, sorrindo para as pessoas que estavam atrás dele.

Carry, minha assistente que meu empresário contratou, aparece com um pano de rosto. Seco meu suor, e começamos a nos distanciar para longe do som das pessoas.

- Ótimo show - Carry disse, arrumando seus óculos no rosto e observando seja lá o que em seu tablet. Seus cabelos pretos estavam amarrados em rabo de cavalo elegante.

- Em comparação eu sai toda descabelada - Falo tocando meu cabelo castanho cacheado que hoje está liso. Bom, sempre está.- Cancela a reunião, preciso urgente de uma nutrição no cabelo.

- Certeza? A reunião é com o Garret - Se referiu a meu empresário

- Certeza, eu tenho minhas prioridades. E mais uma coisa, nunca mais me deixe usar essa roupa. Esta quase entrando dentro de mim.

ela sorriu

Puxo o body para baixo mais uma vez, horroroso.

Entramos no meu camarim. Fui em direção a minhas roupas que deixei bagunçadas em cima da cadeira.

- Estou tão cansada - murmuro - Preciso comer urgente, pede alguma coisa por favor.

- Já pedi, vai chegar em cinco minutos.

- Eu não sei o que seria de mim sem você, Carry.

- Ainda seria Emma Larson, conhecida em grande parte do mundo pelo talento e voz espetacular.

Levantei o rosto para ela

- Obrigada por puxar meu saco.

Ela deu de ombros

- Depois de três horas e meia de show, você merece. Já quer tirar a maquiagem?

- Posso fazer isso sozinha.

- Acabei de chamar o Freddy - Ela disse com os olhos novamente no tablet

Sento na minha cadeira de frente ao espelho, esperando o maquiador chegar, o que não demorou nem dois minutos.

- Eu disse que essa maquiagem ia durar- ele disse, passando um líquido que não faço ideia do que seja em um treco que mais parece algodão - Isso vai tirar sua maquiagem com delicadeza, cuidando da sua pele.

- Só você pra me impedir de ter uma pele horrível, Freddy - Falo encostando na cadeira e fechando os olhos de cansaço, esperando ele fazer seu trabalho

- Aguenta firme, logo você terá suas tão sonhadas três semanas de férias - Carry disse, posso imagina-la me observando e pensando: "tadinha".

- Havaí que me aguarde - Falo, me imaginando deitada em uma espreguiçadeira bebendo um drink sem nenhuma preocupação com a vida. - Quantos shows neste fim de semana? - Pergunto

- Dois em Los Angeles, e um em Nova York.

- Melhor eu já ir me preparando mentalmente.

Freddy termina seu trabalho, sorriu pra mim e saiu nos deixando sozinhas. Sentei direito na cadeira pronta para tomar um banho, estou suando horrores.

- A prefeita de uma cidade ao norte da Geórgia entrou em contato comigo diversas vezes, por E-mail, telefone pessoal, telefone profissional, enfim, a mulher é insistente - revirou os olhos - Está disposta a pagar o preço que você pedir para que possa comparecer a um show beneficente.

- Neste fim de semana?

- Exatamente.

- Não vai rolar, não vou conseguir dar conta.

- Pensei o mesmo, você precisa descansar no tempo livre. Além do mais, todas as ofertas que ela fez não chega aos pés dos valores de Nova York e de Los Angeles, é claramente uma perda de tempo.

Concordo

- Ela me pareceu desesperada, eu não a culpo. Se o show é neste fim de semana e ela não tem uma estrela eu literalmente estaria puxando os cabelos.

- Espera... - Virei meu corpo para ela - Você disse uma cidade ao norte da Geórgia?

- Sim

Mordo a bochecha por dentro, sentindo-me nervosa por um instante

- Qual o nome da prefeita?

Ela franziu a testa, confusa. Abriu os e-mails em seu tablet e me disse:

- Violeta Hall.

Posso jurar ter notado minha visão girar só com a ideia um tanto louca. Virei para frente no espelho, cheia de confusão e nervosa com a hipótese de voltar para lá.

Voltar para lá me parece errado.

Voltar para lá me parece incerto.

Voltar para lá me parece a pior coisa do mundo.

Voltar para onde, Emma?

Para minha não tão querida cidade natal.

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