Capítulo 10
Deu merda para todo mundo, Miguel sabia disso.
Esse evento o fez pensar nos dias que passou ao lado de Manuela. A relação dos dois tinha altos e baixos, e, nesses últimos meses, mais baixos do que tudo, mas Miguel sentia-se confiante perto dela. E mesmo que ela fosse neurótica e ansiosa, os dois se completavam, e até mesmo caçoavam um do outro.
Aquilo o fez rir. Entrando pelas portas, foi ao local onde Manuela ficava. Os arcos dividiam os cômodos bem amplos, e começou a pensar em modificar mais a casa. Já tinham um elevador, mas a mulher era muito teimosa para usar, e mesmo agora, pegou-a andando de bengala.
Antes de abrir a boca, a figura se enroscou nos próprios pés e soltou um grito agudo, mas ele foi mais rápido, a envolvendo em seus braços ao puxar seu corpo para cima.
- O que pensa que está fazendo? – Ajeitou ela no seu colo, enquanto as mãos pequenas dela foram para o seu rosto, buscando reconhecê-lo pelos seus traços.
Em resposta, Miguel fechou os olhos e aproveitou o toque.
- Treinando andar de banguela, o que acha? – Sorriu e Miguel a imitou.
- Por quê? Você não gosta de usar isso. – Agarrou a banguela, jogando o objeto longe.
- Quero ir à loja de tecidos e também na modista. – Murmurou, fazendo um biquinho que o fez apertar seu nariz. – E quero fazer isso sozinha.
Fugindo do carinho, Manuela olhou para o lado errado, mas Miguel levou seu rosto para a direção certa.
- Por que não traz ela aqui? – Ele não gostava de vê-la sozinha andando numa rua onde carruagens e cavalos corriam em alta velocidade.
- Porque eu não gosto dela aqui... – Seu tom divertido sumiu e o homem repassou a conversa, tentando entender o que havia de errado.
- Sente ciúmes dela dando em cima de mim? – O desconforto em seu rosto foi marcante. – Não precisa sentir... – Ele não ligava de repetir tantas vezes quanto fosse necessário.
- Ela não ia ser uma boa amante de qualquer forma, não tem quadril grande. Como te daria o herdeiro que você tanto precisa? – Sua voz sem emoção o quebrou em várias partes.
- Pare com esse papo de arrumar uma amante pra mim. - Miguel a forçou para seus braços. – Você é minha esposa, e não o meu pai! – Elevou a voz, mas quando sentiu-a tremer, soltou um pouco.
- Mas você precisa de um herdeiro, de qualquer forma. - Manuela sentiu lágrimas nos olhos, e Miguel as limpou. – Seu pai precisa de um neto, e ele disse que se eu não der a luz logo, vai sumir comigo e fazer você se casar com uma mulher decente que possa te dar filhos.
As lágrimas solitárias viraram um choro e Miguel a apertou contra o peito.
- Ele late mais do que morde, mulher. - Miguel precisava pensar em uma solução, pois Manuela estava começando a ficar neurótica. – Não deixarei nada acontecer com você.
Aquela não era uma simples promessa, mas um mantra. Foi o que prometeu no casamento.
- Você precisa fazer algo, então, porque não quero te prejudicar. Você merece aquele título e eu estou atrasando a sua vida.
Depois daquelas palavras, ela correu, saindo dos seus braços, chorando. Miguel a viu passar pela porta, mas ficou calado, em vez de contar a verdade.
Na verdade, o infértil daquele relacionamento era ele, e não sua amada.
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