Capítulo 1: Sozinho na Tempestade
A lua suspensa no céu de Los Angeles brilhava como um brilho pálido, indiferente aos tormentos dos homens abaixo. Para Buck, a noite havia começado como uma tentativa desesperada de esquecer. Esquecer o olhar de seus colegas no supermercado. Esquecer os sussurros, as acusações de Eddie e o peso esmagador que pressionava seus ombros desde o julgamento. Ele sempre foi forte por eles, por seus amigos, por sua família no quartel. Mas naquela noite, ele precisava respirar longe do peso do mundo.
O bar, escuro e barulhento, parecia o lugar ideal. Ele era apenas um rosto entre tantos outros, perdido em um mar de risadas e copos se chocando. Buck se acomodou no balcão, pedindo uma bebida na esperança de que o álcool pudesse sufocar a dor, mesmo que só um pouco. Os minutos passaram, os acordes da música se tornando cada vez mais abafados, afundados em seus pensamentos.
Foi então que ele o notou. Um homem alto, musculoso e sorridente se sentou ao seu lado, começando uma conversa de maneira desarmante. Buck, em sua exaustão e vulnerabilidade, respondeu educadamente, encontrando um pequeno conforto naquela atenção inesperada. Talvez ele merecesse se soltar, só por uma noite, só para não se sentir sozinho.
"Você parece carregar o peso do mundo nos ombros", comentou o homem com um sorriso compreensivo.
Buck deu de ombros, forçando um sorriso. "É tão óbvio assim?"
O desconhecido riu, leve e relaxado, e ofereceu outra bebida. "Essa é por minha conta. Todos precisamos de algo para esquecer."
Buck concordou sem pensar. Talvez fosse verdade. Talvez aquela bebida ajudasse a afogar seus pensamentos. O primeiro gole era amargo, mas ele continuou bebendo. As luzes do bar começaram a dançar ao seu redor, seus pensamentos ficaram confusos, suas pálpebras pesadas. O homem ainda falava com ele, mas as palavras já não faziam sentido. Um calor envolvente, uma exaustão súbita... e então o vazio.
***
Quando Buck abriu os olhos, a luz da manhã entrava pelas cortinas de um quarto de hotel desconhecido. Sua cabeça latejava, seu corpo estava pesado, entorpecido. O lençol amarrotado sob seus dedos parecia estranho. Ele se levantou lentamente, sentindo uma onda de pânico crescer dentro de si.
"Merda, merda, merda!", ele gritou. Não tinha nenhuma lembrança da noite anterior depois daquele último copo.
Ele estava sozinho. Suas roupas estavam espalhadas, como se tudo tivesse sido um sonho febril. Mas a realidade era implacável. Algo estava errado. Uma náusea apertou seu estômago enquanto tentava entender o que havia acontecido. O silêncio do quarto o gelou. Ele se sentia perdido, violado em um espaço que não podia controlar.
Respirando fundo, Buck se levantou. Precisava sair dali, encontrar seu caminho, tentar juntar os pedaços daquela noite partida. As mãos trêmulas, o olhar vazio... tudo gritava o trauma que ele mal conseguia entender.
Sem dizer uma palavra, ele juntou suas coisas, vestiu-se às pressas e saiu do quarto. O corredor do hotel era sufocante, mas nada comparado à tempestade que rugia dentro dele. Para Buck, o caminho para a recuperação seria longo e solitário, ou pelo menos assim ele pensava. Ele ainda não sabia que outra batalha, mais íntima e inesperada, estava se formando dentro dele.
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