Temores
–O que realmente aconteceu? Por que não fui informado antes?
Amélia observava ansiosa o líder dos dragões vermelhos na saída do cinema, pelo o que parecia algo tinha ocorrido enquanto assistiam o filme. Tinha uma leve lembrança de Leonard se desculpado e informando que iria ao banheiro, contudo sua atenção estava voltado para o filme e também para o fato que Alex estava sendo tão romântico ao seu lado que nem percebera o tempo passar e muito menos que o outro dragão vermelho não voltara. No fim da sessão, quando todos já se encaminhavam para saída o ruivo de óculos reapareceu e sussurrara algo para Pablo que o fez rosnar e esbravejar. Isso resumia muito bem a situação em que se encontravam agora.
–Eu estava avaliando a situação para assim poder considerar se de fato era relevante te informar ou não. –Explicou Leo que ignorar o olhar furioso lançado pelo o seu irmão mais velho.
–Eu sou chefe, Leonard! Quantas vezes devo lhe dizer isso? Se algo de errado acontecer no nosso território, tenho que ser informado! E quem você pensa que é para tomar decisões sem o meu conhecimento?
–Sou seu irmão, e também sou o segundo no comando, ou esqueceu disso? Acredito que tenho autoridade o suficiente para ter o discernimento sobre o que informar a você ou não. –Cruzou os braços diante do peito. Pablo emitiu um rosnado mais alto e Leonard correspondeu. A temperatura estava subindo...Literalmente. Amélia podia ver que algumas pessoas próximas a eles se abanavam e até perguntavam, entre eles, se o ar condicionado estava quebrado, nem sabiam a verdade... Dois dragões vermelhos estavam ali, prestes a cuspir fogo um no outro.
–Devemos fazer alguma coisa?! –Perguntou aflita a humana a Alex que observava tudo de forma indiferente.
–Eu bem que queria saber quem ganharia a briga...O Leo ou o Pablo...-Falou exibindo um sorriso.
–Não devemos estimula-los! –Ralhou Amélia agora mais preocupada.
–Já chega vocês dois! –Se intrometeu no meio dos dragões vermelhos, Felix – No momento, não é importante se você foi informado ou não! –Encarou o namorado que conteve o rosnado – Ou se alguém acha que é capaz de tomar as decisões sozinhos sem pensar no grupo! –Agora lançou um olhar mortal para Leonard que virou o rosto para o lado ajeitando o óculos –O importante é saber o que aconteceu...E para isso devemos sair do ambiente público!
Ambos dragões mais velhos pareciam relutar em seguir as ordens do menor, mas no final das contas concordaram em silêncio. O grupo saiu da entrado do cinema e se direcionava para a saída do shopping.
***
–Então... Agora podes falar! –Disse Pablo se encostado em uma das pilastras, perto do local aonde tinha estacionado o seu carro. Leonard ajeitava o óculos e mexia no Tablet o que só irritava ainda mais o líder dos dragões vermelhos.
–Enquanto estávamos assistindo o filme, hackei as câmeras de segurança...- Nisso Leo levantou o tablet e mostrou as imagens para o grupo, todos puderam ver a explosão que ocorrera a poucos metros dali – Essa explosão... Foi algo estranho, de fato. Mas podia ter ocorrido devido a causas exclusivamente humanas, para confirmar isso liguei para Tales, ele que era responsável por patrulhar essa área.
–E o que ele disse? –Interrompeu, ansioso, Pablo.
–Ele farejou algo estranho... Um dragão, contudo não sabia o tipo...Era algo novo que ele nunca tinha farejado antes e desta forma ele se propôs a investigar, já que também tinha a possibilidade de ter se enganado. Eu consegui retardar os bombeiros e os policias enquanto nosso irmão foi até o local.
–Um novo dragão? –Balbuciou o líder, claramente analisando as informações novas que tinha recebido.
Amélia engoliu em seco, será que outro dragão, ao estilo do púrpura , tinha aparecido?
–Espera! Se você conseguiu hackear as câmeras de segurança do shopping, com certeza conseguiu a imagem das câmeras da rua! –Falou Felix – Você não viu nada de suspeito?
–Esse foi o grande problema... De alguma forma o poder deste dragão emite um pulso eletromagnético que afeta os aparelhos eletrônicos em sua volta, na verdade acredito que isso causou a explosão. As câmeras não conseguiram filmar nada depois da luz...Ele emitiu uma luz estranha que gerou o pulso...Mas não filmaram quem fez isso e o que aconteceu depois, pois elas foram danificadas.
–Então, de fato é um dragão? –Agora era a vez de Alex perguntar.
–Sim... Tales já investigou e resgatou o dragão.
–Resgatou? –Pablo perguntou.
–Sim... Pelas as informações dadas por Tales, o dragão estava sendo caçado por humanos.
Amélia conteve um gritinho de surpresa. Humanos caçando dragões? Tal como na idade média, como os cavaleiros? Isso era surreal... E ao mesmo tempo assustador. Já estava se acostumando com a ideia de dragões e que estevem viviam camuflados na sociedade e agora para deixar a história ainda mais complexa, humanos estão os caçando?!
–C-caçando? –Felix parecia confuso –Impossível! Não existe caçadores...
–Verdade...-Concordou Alex também compartilhando da mesma expressão confusa de seu primo – Desde do período medieval, quando nossa raça começou a decair e os cavaleiros a nos caçar...O pacto foi feito e o feitiço que nós levou a assumir a forma humana ocorreu. Desde então, as caçadas se findaram.
–Tales relatou que eles apresentavam armas estranhas e que recebeu um tiro... Nós somos resistentes a esses tipos de armas, mesmo na nossa forma humana, contudo Tales descreveu que sentiu muita dor e quase perdera o movimento do seu braço atingido, se não fosse a ajuda do novo dragão, que o curou... Talvez o ferimento se tornasse ainda mais sério.
–Pelos deuses...-Sussurrou Felix agora apresentava uma semblante assustado. Amélia ficou apreensiva, pelo o que podia entender pela a conversa o que estava acontecendo era algo realmente novo e grave para aquela raça, além de denotar eventos passados. Arthur tinha lhe explicado que os dragões quase foram instintos devido a essas caçadas, somado com a luta internas... E agora, esses eventos estavam retornando?
–Tales está bem? –Perguntou Pablo –Você disse o dragão o curou? Isso é possível? Trata-se de algum dragão negro?
–Dragões negros usam magia do tipo ofensiva... Cura é algo que não costumamos fazer. –Explicou Alex – Magia deste tipo são muito complexas... Nem o meu pai seria capaz de fazê-lo!
–Er...- Nesse momento Leonard massageou o pescoço meio desconfortável – Bem...Digamos que o tipo de dragão que Tales encontrou é de um tipo bem diferente...
–Diferente como? –Felix agora estava curioso.
–Isso explicaria o fato dele não conseguir definir pelo o faro a que raça ele pertencia...Isso por que trata-se de um dragão branco.
Felix começou a rir alto, dando tapas na costa de Leonard.
–Essa é boa... Dragões brancos estão extintos!
–Pelo visto, estávamos enganados... –Sussurrou o jovem hacker que farejou o ar. Pablo fez o mesmo bem como os dois dragões negros.
"Droga...Me sinto fora do clube..." Pensou Amélia que fungava tentando sentir o cheiro de algo, mas nada sentiu a não ser o odor provenientes dos carros e umidade característico do estacionamento.
–Vejo que vocês estão bem relaxados enquanto outros estão trabalhando! –A voz era originada do parapeito, tendo em vista que o estacionamento apresentava vários andares, e eles se encontravam agora no terceiro andar. Para a surpresa da humana um rapaz saltou para dentro, ele provavelmente estava em um andar acima, segurava em suas costas o que parecia ser um garoto, cabelos brancos meio prateados escapavam do capuz que usava para ocultar seu rosto.
–Tales! –Pablo logo se aproximou do irmão, mas parecia receoso com o indivíduo que ele carregava - ...O cheiro dele...
–Eu sei...-Cortou Tales impaciente – Não é nada com a qual já temos contato anteriormente, mas ele tem a cheiro característico de um dragão.
–Ele está bem? –Perguntou Felix vendo que o tal garoto não se mexia –E...Ele só está usando um casaco! –Notou –Tales... Que coisa pervertida! Você andou com ele desta maneira? O carregando nas costas com a bunda dele de fora!?
–AH? –O jovem dragão ruivo encarou o dragão negro visivelmente irritado –Era mais fácil me deslocar desta maneira! Achas que eu tinha tempo de sair para comprar roupas para ele? Além disso...Ele está desacordado...
Alex se aproximou, estava prestes a tocar no capuz quando Tales rosnou ameaçador fazendo o outro recuar.
–Eu só quero vê-lo. –Informou o rapaz –Você pode ter se enganado com relação a raça.
–Eu não me enganei! Ele me curou, vi com meus próprios olhos...Sem falar que ele emiti uma luz do seu corpo, algo que acredito que faça de forma quase inconsciente.
– Acho que não é local ideal para discutirmos sobre isso. –Interrompeu Leonard – Se ele está machucado devemos trata-lo... Temos também que interroga-lo quando ele acordar, saber por que ele estava sendo perseguido, quem era aqueles humanos e...
–Acho que isso vai ser algo difícil...-Disse Tales olhando de relance por cima do ombro, como que para certificar que o seu "passageiro" ainda estivesse dormindo – Ele parece não se lembrar de nada... Ele não sabe nem o nome dele...
–Isso pode ser causado por um choque. –Analisou Pablo –Às vezes situações emocionalmente traumáticas causa bloqueios momentâneos na memória. De qualquer forma, devemos leva-lo para a nossa casa... E Alex!
–S-sim! –O jovem dragão negro respondeu relutante ao chefe dos dragões vermelhos.
–Ligue para o seu pai e o informe que vamos necessitar da ajuda dele.
–Espero... Você pretende usar a habilidade do meu pai nesse dragão? Sabe como manipular memórias é algo delicado e perigoso...Meu pai nunca iria aceitar.
–Não tenho intenção de chegar a esse ponto, mas é sempre bom estar aberto para outras alternativas quando necessárias.
–Não! –Para surpresas de todos Tales interpôs – Não devemos fazer nada para machuca-lo! Se os humanos já o estavam fazendo... Não seremos diferente daqueles caçadores.
Pablo sorriu para o irmão mais novo e se aproximou dando um leve cafune nos cabelos ruivos de Tales.
–Eu não pretendo machuca-lo...Afinal ele te curou, não é mesmo? Mas as vezes Arthur pode nos fornecer alguma alternativa, quem sabe ler as memórias recentes...Sem precisar manipula-las, deve entender que estamos em uma situação muito perigosa... Se o que você disse é verdade, existem humanos que sabem de nossa existência e são capazes de nós machucar...Precisamos saber mais sobre isso.
Tales mordeu o lábios inferior, inseguro.
–Nós não vamos machuca-lo... Eu prometo a você.
–Tudo bem...-Resmungou enquanto soltava o dragão branco, com delicadeza de sua costas, sendo amparado por Pablo que o carregou no colo, o capuz caiu para trás revelando o rosto alvo e a longa cabeleira branca, uma luz fraca era emitida de sua pele.
–Acho...Que Tales deve estar certo...Ele deve ser mesmo um dragão branco. –Sussurrou Alex impressionado com o que vira.
Amélia levou as mãos a boca, a tapando, mesmo que não fosse capaz de emitir nenhum som no momento. Ao contrário dos outros dragões que já conhecera, aquele não parecia de todo humano, tinha um certo ar místico... Ele parecia uma espécie de elfo ou fada...
–Vamos! Não temos realmente tempo para isso...A polícia emitiu um alerta, estão procurando os suspeitos causadores da explosão! –Avisou Leonard olhando o seu tablet –Pelo o que parece buscam a dupla que estava no furgão...
–A dupla que estava atrás do nanico! –Rosnou Tales.
–Nanico? –Felix sorriu –Você já deu um nome a ele?
–O-ora...Ele... Ele é pequeno...Então...Tsc...- O rosto moreno do outro logo assumiu uma coloração avermelhada –Não tenho que dar explicações a vocês!
–Leo tem razão...-Pablo já se direcionava para o seu carro, abrindo a porta traseira e colocando o garoto ali , tomando cuidado para levantar o capuz, escondendo o rosto do menor – Quanto mais rápido nós movermos, melhor...
Amélia estava ainda meio desnorteada com o que estava acontecendo... Primeiro tivera um encontro com Alex, até aí estava tudo bem...E agora estava diante de uma crise dragoniana (se essa palavra realmente existe). Realmente já devia se conformar com a sua realidade atual, não teria a vida pacata e normal de semanas atrás.
–Desculpe...-A voz de Alex a fez despertar de sua pequena análise da situação –Não era para terminar assim...Digo... Esse...Acho que vocês humanos chamam de "encontro"... –Sussurrou, quase como fosse um resmungo. A garota sorriu ao ver que havia um leve rubor nas bochechas do outro.
–Está tudo bem... Você compensa no nosso segundo encontro. –Piscou e se distanciou deixando um Alex meio abobado para atrás.
–Pelo menos meu plano deve resultados positivos, não é mesmo? –Brincou Felix dando um leve soquinho no ombro do primo.
–Cala a boca...-Rosnou, mas não havia raiva naquele ato –Eu vou ligar para o meu pai... –Nisso pegou o seu celular em seu bolso –Felix, o que você acha sobre tudo isso que está acontecendo? –Perguntou antes de discar o número –Acha que teremos outra guerra...Como aquela de anos atrás?
–Sinceramente...Eu não sei, não devemos presumir o pior! –Tentou parecer otimista – De qualquer forma, não estamos sozinhos desta vez...E nem somos os inimigos... O que acho é que devemos esperar e ver os fatos, depois tiramos conclusões.
–Está bem... –Suspirou o mais novo finalmente discando o número, tentava afastar o sentimento de apreensão e medo que o dominava.
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