O grande Cezar

O grande Cezar, apesar dos anos que ficou em seu sono profundo, se recordou como retornar a forma humana. Amélia estava abismada com o processo, na verdade... Era difícil de descrever. Como explicar o encolhimento de algo tão grande? Ouvir ossos se quebrando e sendo relocados. Escama se fundir entre si e forma a pele. Os dentes pontiagudos assumirem uma conformação não tão ameaçadora. Ao fim, todo a transformação demorou quase uma hora ou mais, não parecia algo fácil de fazer e muito menos indolor. Talvez isso explicasse o motivo de ainda não ver seus "parentes" dragões em sua forma reptiliana.

– Gostaria de ver... murmurou, mais para si mesmo do que para Alex que estava ao seu lado.

– O que?

– Bem... Gostaria de ver a sua forma dragão. – revelou mirando de relance o seu namorado.

– Hum... Poderíamos fazer isso.

– Sério? – ela arqueou a sobrancelhas, surpresas com a facilidade de seu pedido ser aceito. Sem nenhuma rosnado ou resposta sarcástica.

– Sim, não fazemos muito isso... Sabe? Transformar. Na verdade, não totalmente. Existem estágios de transformação. Como aquele cara que nos atacou...Ele estava em um estágio de transformação, com todas aquelas escamas. Tem outro estagio que deixamos nossas asas crescerem, por exemplo. Então, a transformação completa é meio raro.

A garota apenas assentiu tentando absorver tudo aquilo, havia tanta coisa que ainda não sabia sobre os dragões, quando estava começando a se acostumar com os poderes e magia, agora estava encarando a transformação. Estava ansiosa por descobrir ainda mais daqueles misteriosos e místicos seres.

– Então, não tem problema nenhum você se transformar, completamente, para mim? – perguntou, só para ter certeza.

– Não. Mas... – Alex sorriu, aquele sorriso que lhe era característico, cheio de arrogância e uma pitada de malícia – Terei que ficar nu para fazer isso.

Amélia fez um perfeito "o" com a boca. Logo depois teve o rubor que se alastrou por seu rosto. Sim, era obvio que ele estaria nu, afinal só o Hulk mesmo que mesmo depois de ser tornar um super-homem, mega saradão ainda persistia com a calça, talvez livrando a audiência de um trauma de ver crescer todos os "membros" do seu corpo em igual proporção.

"Estou ficando igual a Adriana..." concluiu ao ver em qual linha de raciocínio estava seguindo.

– Ainda quer ver? A minha transformação...Melhor deixar enfatizado isso. – ele ainda a estava provocando. Contudo, a garota não teve tempo de responder, a verdade é que nem sabia ao certo o que deveria responder! Queria ver a transformação? Isso era um grande sim, queria ver Alex na sua forma dragão, quem sabe até pedir para montar nele, bem que acreditava que esse último desejo seria negado devido ao grande orgulho daquele dragão negro. Mas gostaria também de vê-lo nu? Ora...Quem estava enganando? Não era uma garota inocente e puritana... Tinha desejos.

– O que vocês estão conversando aí? – Felix se aproximou todo sorridente – Oh...Pelo vermelho do rosto de vocês deve ser algo pervertido.

"Alex também estava vermelho?" ela fitou o namorado e de fato, ele estava corando, mas deve ter ser resultado da aproximação do seu primo que os flagrou.

– Isso não é da sua conta. Não me recordo interromper seus momentos com o Pablo. – rosnou.

– Hum... Você não iria fazer isso, tens medo do que meu mozão pode fazer.

– Eu não tenho medo do Pablo! – agora o rosnado passou para um rugido contido.

– Pois saiba que não tenho culpa dos vários momentos que você presenciou, priminho. Pablo é um dragão de fogo...Logo precisa de moi aqui para apagar essa chama eterna que reside bem no meio das pern...

– Seria prudente não falar dessas coisas, assim... Tão abertamente, sabe? – comentou Scarlet, que como um mosquitinho chato e persistente estava muito perto do grupo, talvez querendo bisbilhotar a conversa intima da Alex com Amélia.

– Muito interessante. – os jovens se sobressaltaram ao ouvirem uma voz muito semelhante a do imenso dragão marrom de momentos atrás, embora menos cavernosa e ressoante, ainda detinha um poder. Cezar os observava, era um senhor de no máximo 60-65 anos, cabelos esbranquiçados e abundantes agora estavam amarrados com um tosco rabo de cavalo, estava coberto por um manto negro, ao contrário de Felipe que ainda era adepto da moda nudista.

– Uma humana? – apontou para Amélia, Alex logo se pós diante dela.

– Ora! – riu Cezar – Eu não pretendo fazer nada com a sua fêmea. Só estou surpreso...Apenas isso. Não esperava ver dragões tão próximos assim de humanos. Fico até feliz, pois era uma das coisas que tanto discutia no conselho... Permitir que nossa raça se relacione com humanos! Já tinha comprovado que o sangue dragoniano não se perdia na prole...

– Pois é... – Felix massageou o pescoço quando o ancião falou sobre isso.

– Oh! Espera... Você é um mestiço? – disse depois de farejar o ar e de fitar com mais atenção o rapaz.

– Bingo. – deu um meio sorriso.

– Com poderes de um dragão negro, presumo?

– E muito forte. – falou prontamente Pablo, como que defendendo o seu namorado, algo que só deixou Felix meio embaraçado.

– Viram? Não temos nada a temer quanto a miscigenação! – proclamou isso para ninguém em particular, pelo menos não daquele grupo – Aqueles dragões metidos, forçando cruzamentos entre membros do próprio clã... Preferiam assim, ao se cruzarem com os humanos. Diziam que nosso sangue ficaria fraco. Besteira. Eles não entendem o quão o feitiço nos mudou? Somos mais humanos que os nossos ancestrais...

– Vó. – Felipe o interrompeu com certa impaciência – Não se exalte!

– Ora, não me trate como um velho fraco! – rosnou, mas logo em seguida tossiu.

– Aham. Sei. – o dragão marrom mais novo apenas rolou os olhos com a teimosia do seu ancestral – Quer que eu pegue água ou algo...

– Não! Eu estou bem! – cortou Cezar, olhos faiscando assumindo o aspecto, mesmo que momentâneo, reptiliano.

– Grande Cezar. – interrompeu Arthur – Nós pedimos perdão por te forçar a acordar, tendo em vista a sua saúde...

– Bah! – o ancião também cortou o líder dos dragões negros, fazendo um sinal enfadado com a mão – Quantas vezes devo dizer que estou perfeitamente bem? E não precisam me pedir perdão...Alias, cadê o pequeno dragão branco? Quero vê-lo!

Sion que segurava a aba da camisa Tales, se adiantou para frente, se apresentando novamente ao dragão, ainda sem largar a roupa do dragão vermelho que o acompanhou como um "guarda-costa" ranzinza.

Cezar sorriu e se abaixou, tocando com suas mãos ásperas e enrugadas o rosto do garoto. Tales conteve a vontade de emitir um rosnado, mas o olhar lançado por Pablo o fez conter sua necessidade de proteger Sion daquele ainda estranho dragão.

– Isso é maravilhoso... Fazia anos... Centenas deles, desde a última vez que vi alguém do seu clã. – murmurou fascinado – Ao contrário do que os dragões dessa época pensam, eu não estive presente durante o feitiço responsável pela a grande transformação...

– Não?! – Leornad exclamou e questionou, ao mesmo tempo, surpreso.

Cezar negou com a cabeça, mas ainda tinha sua atenção voltado para Sion.

– A verdade é que não fiz nenhum esforço para contradizer esses boatos. Afinal, existia sim um Cezar durante o encontro dos clãs, o pacto para a paz e logo posteriormente coordenou o processo da grande transformação, esse era meu bisavô. Meu nome é advindo dele. Sou Cezar II para esclarecer melhor... Contudo, tive longas conversas com esse meu antecessor que ainda estava vivo durante a minha infância e adolescência. Sei que a transição do que éramos antes para o que nos tornamos depois, não foi algo fácil. Em 1453...Foi quando dragões assumiram a forma humana pela a primeira vez, fim da baixa idade média... De lá para cá, já se passou mais de 500 anos. Por que estou dizendo tudo isso? Ora, só para dizer que de início os dragões brancos também estavam presentes. Sim, eles já eram poucos na época...Eram caçados tanto por outros dragões por sua carne, quanto pelos humanos que buscando o seu poder milagroso de cura...

Amélia engoliu em seco, pelo visto o Grande Cezar notou sua reação.

– Sim, minha cara humana. Nosso passado não é algo tão belo. Dragões eram feras inteligentes, mas ainda eram indubitavelmente mais feras do que qualquer outra coisa. Dragões matavam outros dragões não só para impor seu poder, mas também para saborear a sua carne... Dragões brancos eram, digamos, uma iguaria bastante buscada pelos membros de nossa raça. Dragões também comiam humanos, só para deixar enfatizado isso.

Agora era a vez de Sion engolir em seco com aquela revelação.

– Sim, mas isso é passado! – rosnou Tales – Essa barbárie não existe mais!

– De fato, o que quero explicar é que os dragões brancos estavam ali... Eram membros do conselho. Mas... Mesmo com a forma humana, nós dragões ainda tínhamos dificuldade de deixar os velhos hábitos.

– Você quer dizer que depois... Os dragões brancos ainda eram caçados? – Leonard praticamente sussurrou, sim, já tinha estudado sobre a história de sua raça...Sabia que os dragões não eram lá muito nobres quanto a selvageria para domina-los nos primórdios de sua raça. Nem mesmo os filhotes eram poupados, sendo que os dragões ancestrais abandonavam as suas ninhadas, deixando seus filhos e filhas famintos ao ponto de atacar um ao outro, comendo e matando seus próprios irmãos. Assim, eles acreditavam, selecionava os dragões mais fortes. Era macabro. Era desumano. Era o jeito dragão de ser...

– Sim. – concordou Cezar com evidente tristeza no olhar – Eu conheci um dragão branco... Seu nome era Aldir, era ele o representante do seu clã no conselho. Lembro-me quando ele anunciou que se retirava do conselho e levaria consigo os últimos membros do seu já parco clã para um lugar seguro... Para protege-los. Prometera voltar quando o número dos dragões brancos finalmente crescesse. Pelo visto, isso nunca ocorreu e assim declaramos esse clã extinto. Isso ocorreu antes de eu entrar na minha segunda hibernação, em 1670. Já se passaram mais de 300 anos...

– Tanto tempo... – murmurou Sion abismado.

– Sim, mas você agora está aqui! – disse animado o ancião – Significa que Aldir estava certo! Os números de vocês aumentaram e vocês retornaram! O conselho finalmente estará completo novamente!

– Na verdade, grande Cezar... A coisa pode ser um pouco mais complicada. Não sabemos ao certo, quantos outros dragões brancos existem, salvamos Sion que estava sendo feito prisioneiro e escravo. Usavam seus poderes e o mantinham desacordado a maior parte de sua vida. – falou Arthur lentamente para que o dragão marrom se atualizasse com as ultimas informações – Acreditamos que dragões verdes estão por trás disso... Escravizando dragões brancos e os vendem para humanos. Não sabemos a quantos anos isso está ocorrendo, mas um atividade de tamanhas proporções deve ter...

– Membros do conselho envolvidos. – completou Cezar – Corrupção e busca por poder... Não importa quantos anos se passem, essa característica dos dragões ainda permanece.

– Não diria isso. – interrompeu Amélia, para a surpresa de todos, a garota enrubesceu quando viu que agora se tornara o centro das atenções – Digo...Nós humanos também somos corruptos e buscamos por poder. Eu diria que não se trata de uma característica própria da raça e sim algo mais relacionada a natureza do espirito... Pelo menos é o que acredito.

O dragão marrom sorriu e logo depois deu uma risada abafada.

– Sim, sim. Acho que sua explicação é mais correta, filhote humano! – deu um leve cafune nos cabelos prateados de Sion – Espirito... Sim... Nós dragões e humanos, somos mais parecidos do realmente cremos.

– Pois é... Sei que o papo está muito bom, nada contra a aula de história dragoniana! Sério! Eu adoro. – começou a falar Leonard abanando o rosto, tentando espantar os mosquitos (reais e imaginários) que porventura ali estivessem – Mas eu preferia conversar em uma sala confortável, com refrescos e ar-condicionado!

Amélia assentiu rapidamente, pelo menos não era a única sofrendo com a umidade extrema da floresta.

– Minha pizza de brigadeiro... – Bolt negou com a cabeça – Tem que aprender a ser mais aventureiro.

– Pizza de brigadeiro é a sua avó! – rosnou fazendo questão de levantar o dedo do meio e exibi-lo bem no meio do rosto do dragão púrpura.

– Er... Tecnicamente a avó dele seria minha parenta, sabe? – Felipe fez biquinho – Não queria que ela fosse uma pizza de brigadeiro!

– Não se meta na conversa! – disse o hacker já sem paciência – Eu ainda irei fazer um MeMe com você... Você já viu Shrek para Sempre? No filme tem um garoto que fica pedindo para fazer o urro...Achei bem a sua cara.

Felix soltou uma gargalhada. Felipe parecia confuso e ao mesmo tempo temoroso...

– Hum... Preciso me atualizar. – comentou Cezar coçando a barba que detinha no rosto – E não iria negar um bom copo de cerveja. Já faz décadas desde que bebi pela última vez.

– Isso aí! – concordou tio Erich – Tenho um freezer cheio de todos os tipos de cerveja que possas imaginar, grande Cezar! Artesanais, de outras partes do mundo... Um verdadeiro tesouro para as papilas gustativas!

– Pois, indique o caminho, caro dragão negro!

– Vô! Não exageres na bebida... – Lembrou Felipe.

– Aff...O clã colocou você como meu guardião e não como a minha babá! – resmungou o velho.

Amélia sorriu, tinham conseguido acordar um dragão ancião e haviam desvendado um pouco mais do passado dos dragões brancos... Cezar, claramente, era um aliado. Sion teria o seu apoio e proteção! Isso era uma vitória! E o melhor de tudo?

– Não fiquei de castigo dessa vez... – sussurrou contente com o resultado final.

– Meu pai pode não querer te castigar, mas quanto a mim... – Alex respondeu com um sussurro, deixou o fim da frase se perder enquanto se afastava, deixando uma confusa humana para trás que teve que correr para acompanha-lo.

" O que ele está planejando..." pensou um pouco nervosa.


~~Palavras da autora~~


Aí está! Novo cap!

Gostaram? Aprendemos mais sobre a história dos dragões! Eu sempre faço essa pergunta... Mas irei fazer novamente!

Se fosses um dragão, que tipo você seria? Até agora apresentamos os dragões púrpuras, brancos, negros, vermelhos, verdes e marrons (ainda tem mais tipos!).

Outra pergunta! Qual dos dragões é seu favorito? ( o personagem)

E por ultimo...Qual é o seu casal favorito?

Estou fazendo esse pequeno questionário e irei contabilizar e publicar o resultado no meu grupo do face! (https://www.facebook.com/groups/758613497539269/?ref=bookmarks)

Participem! Isso também irá me ajudar no desenvolver da história!


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