Dragão Branco


–Seu grande idiota! –Gritou um homem de cabelos negros e olhos castanhos escuros, vestia um macacão branco e um casaco de igual cor por cima –Eu só sai por 5 minutos para comprar o seu maldito rádio! 5 minutos! E esse tempo foi o suficiente para você fazer esse desastre! –Ralhou segurando um arma tranquilizante nas mãos, seguia por um dos becos da cidade, tentando rastrear o seu alvo, olhando por um dispositivo eletrônico que fora implantado na "carga", a tela do aparelho que estava acoplado a arma mostrava o mapa das ruas da cidade e um ponto vermelho se movia.

–D-desculpe! M-mas eu não sabia que estamos transportando um humano! Céus! Ele é apenas um garoto! –Falou o rapaz que o acompanhava, tinha cabelos ruivos, encaracolados, olhos verdes e apresentava sardas em seu rosto alvo, vestia o mesmo macacão que o outro, contudo sem o casaco – Eu não sabia que fazíamos esse tipo de coisa o tempo todo! Tipo... Trafico humano! Se fosse drogas eu até que me sentiria melhor...Digo...

–Idiota! –O outro tinha parado, levantou os olhos da tela da arma e encarou o companheiro –Acho que até um imbecil como você pode concluir que aquela "coisa" que transportamos não é humano...

O ruivo morde o lábio inferior tentando conter as palavras que queriam sair de sua boca.

"Ele também não é uma coisa..." Pensou.

–Que humano seria capaz de explodir o nosso transporte? Ele brilha... Você mesmo viu! Agora cale a boca e vamos caça-lo! –Disse voltando sua atenção para o dispositivo.

–V-você sabia... –Murmurou o outro –Sabia o que transportávamos, o tempo todo...

–Alguém tem que ser o inteligente da dupla...Lógico que sabia! Eu não te forcei a entrar nesse negocio! Lembre-se que foi você que me procurou, buscando emprego!

–M-mas...M-mas...

–Você sabia que era algo ilegal... Então não me veja me dar lição de moral! –Resmungou o outro – Vamos! Iremos perder a nossa "carga"! –Falando isso começou a seguir rapidamente pela a ruela. Uma luz forte emitiu de um dos becos. Os dois rapazes tiveram que fechar os olhos devido a claridade que chegava ao ponto de doer e queimar a pele. As luzes do poste próximo a eles começou a piscar e estourou, de alguma forma a luz emitida pelo o garoto afeta a rede elétrica próxima.

–Tsc... Se ele continuar a fazer isso será ainda mais difícil esconder nossa presença!

O ruivo não estava ligando muito para aquele fato, na verdade sua mente só recordava o momento que abriu a porta do furgão que usavam para o transporte. Dentro de uma espécie de jaula se encontra o garoto, cabelos brancos, pele alva tal como os primeiros flocos de neve no inverno. O jovem tinha conectado a si diversos tubos, ao lado da jaula tinha uma máquina que controlava seus sinais vitais. Tudo aquilo parecia como um filme de terror, talvez aqueles envolvendo aliens e abduções. O ruivo não podia simplesmente deixar um adolescente naquelas condições...Sem falar que o brilho que ele emitia, que iluminava a escuridão do compartimento, fazia dele quase como fosse algo místico. Quem sabe um anjo? Por curiosidade apertou um dos botões da máquina e essa desligou... Foi aí que a grande confusão começou.

–Vamos! –Disse bruscamente o companheiro vendo que a luz tinha cessado, iniciando a correr –Ele está ali! –Gritou ao reconhecer o casaco branco que era do ruivo.

O garoto começou a correr...

–Desculpa...-Sussurrou o outro rapaz, de alguma forma aquela perseguição não parecia correta...

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Tales saltava de um prédio para o outro, apesar de tomar cuidado para que os humanos não o vissem enquanto fazia isso, sabia que era praticamente seguro essa ação. Os seres humanos ficam tão absorvidos em suas rotinas diárias que nem notavam o que ocorria por sobre as suas cabeças.

O dragão negro pousou com delicadeza por sobre o teto de um prédio e observou a sua volta. Estava próximo do local aonde vira a explosão. Ouviu a sirene da polícia e dos bombeiros se direcionado ao local, mas estavam ainda muito distantes, só conseguia ouvi-los devido a sua adição amplificada oriundo de sua herança draconica. Farejou o ar, sim...Ainda sentia o cheiro estranho, agora que estava mais próximo da origem podia discernir que realmente era oriundo de um dragão, mas qual tipo?

Algo vibrou em seu bolso o fazendo sobressaltar. Pegou o seu celular e atendeu rapidamente, sem quem estava o ligando em um momento crítico como aquele.

–Olá! Tata!

Rosnou, odiava aquele apelido com todas as suas forças. Só havia uma pessoa que o chamava assim...

–Leonard... –Rangeu os dentes.

–Quanto amor! Posso sentir o amor que emanas por mim... Nossa! Irmão, sabe que incesto também é proibido na cultura dos dragões!?

–Pervertido! –Rosnou Tales – Será que podes parar de brincar? Por que me ligou?

–Acho que sabes muito bem o "porquê". Eu estava entediado, segurando vela aqui no encontro duplo... Então resolvi hacker o sistema do cinema onde estamos, pela a câmera de segurança no alto do prédio, vi o momento que uma explosão ocorreu. Busquei câmeras de segurança na região do evento, percebi que elas, de algum modo, foram afetadas... Tal como uma inferência eletromagnética, entende?

–Não... Sabe que eu não entendo grande parte do seu papo nerd! Só entendi que meu irmão está em um encontro enquanto eu estou aqui trabalhando! –Rosnou novamente.

–Não fique chateado por estar solteiro! Eu guardei pipoca para você como prêmio de consolação!

Tales rolou os olhos, mas logo se achou estúpido em fazer o gesto tendo em vista que o irmão não iria vê-lo.

–Enfim...-Leonard continuou –Eu consegui obter as imagens das câmeras, segundos antes de serem desativadas... Um furgão branco, sem identificação, placa falsa, estacionou perto da loja de eletrônicos. Um dos homens sai, outro ficou guardando o carro, este abre as portas de trás e adentra... Contudo, neste momento as coisas começam a ficar estranhas.

–Estranhas?

–Uma luz forte foi emitida da parte de trás do transporte, nesse momento as câmeras começaram a sofrer interferências, antes de serem desativadas pude ver que os aparelhos da loja explodiram simultaneamente, essa foi a causa da explosão que observamos anteriormente.

–Entendo... –Tales continuou a farejar, sentindo a fragrância estranha. Salta para mais um prédio, perseguindo o seu alvo.

–Tales... O que tem a reportar sobre a situação? –Agora Leo assumia uma postura profissional, agora a situação estava séria.

–Eu acho que o que causou essa explosão deve ser um dragão! Eu senti um cheiro estranho... Digo...Não sei que clã ele pertence!

–Certo...Irei retardar a chegada da polícia e dos bombeiros até você interceptar o alvo e confirmar essa suposição.

–Consegues fazer isso?

–Tata...Não confias no seu irmão?

–Não me chame assim! –Rosnou.

Leonard riu, mas logo voltou com o mesmo tom sério.

–Irei gerar inerência nos rádios da polícia e alterar a programação dos sinais de transito perto da sua área. Terás alguns minutos, eu diria no máximo meia hora, para que possas fazer o seu trabalho. Irei informar a outros dragões vermelhos que estejam patrulhando por perto, mas segundo o sinal de GPS que interceptei dos celulares deles, estão muito distantes para poderem te dar cobertura.

–Eu não preciso de cobertura... Sei que posso lidar com isso sozinho!

–Não sejas orgulhoso e teimoso... Enfim, irei me concentrar aqui e... Não, moço! Está ocupado!

–Ah? –Tales encarou o celular confuso com o que o irmão falava.

–Estou no banheiro do cinema...Tem um cara aqui querendo fazer suas necessidades fisiológicas, entende?

– C-certo... Não precisa entrar em detalhes... –Continuou a saltar, o cheiro estava se tornando mais forte.

–Se acontecer algo, me liga! Não faça nada impulsivo! Não estou com todos os meus dispositivos aqui comigo, logo não poderei ser muito eficiente no meu trabalho...Tome cuidado!

–Eu não sou um filhote... Sei me cuidar!

–Sei...

Tales desligou antes que o irmão pudesse falar alguma coisa ou critica-lo. Iria provar a ele que era capaz.

O cheiro estava muito forte... Sim...O Dragão estava próximo e ele iria captura-lo.

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–AH! –O garoto tropeçou em um lata de refrigerante e caiu no não, o capuz que cobriu o seu rosto caiu para trás revelando seus cabelos brancos prateados. Sentiu dor em seu tornozelo, será que o tinha machucado? Aquele realmente não era o momento ideal para aquilo acontecer.

–Já chega de fugir...Coisa... –Falou um dos seus perseguidores, ele empunhava uma espécie de arma. O garoto a reconhecia... Não sabia de onde, mas sua mente parecia sinalizar perigo. Aquela arma significava dor... Também significava retornar ao cárcere que tinha fugido.

–E-eu não sou uma coisa! –Respondeu tentando se levantar, mas falhando, caindo de novo no chão sujo do beco.

"Eu poderia me curar..."Pensou, sabia que tinha uma habilidade para fazer isso... Mas tinha que tempo e concentração para fazê-lo.

–Não me importo o que você é... Só sei que vale o meu salário e o meu emprego! Agora, seja um bom monstrinho e retorne conosco!

–Não! Eu não quero voltar! –A luz em seu corpo começou a aumentar.

–Nem pense em fazer isso! –Gritou o homem apontando a arma para a cabeça do menor –Se fizer de novo esse...Esse poder... Seja lá o que é isso... Eu irei atirar! E eu não irie me importar de te machucar, ou até mesmo matar! Me pediram para transportar a carga, mas não falaram nada sobre o material ser entregue vivo ou não.

O adolescente tremeu.

–Ei... Não achas que está exagerando? –O outro homem, o ruivo, aquele que tinha lhe oferecido o casaco e ajuda parecia discordar do seu parceiro.

–Cala a boca! Você quer ficar cego tal como o mendigo? Ele é perigoso!

–Mas...Mas ele é só uma criança!

Um soco foi desferido no rosto do ruivo o fazendo cair no chão.

–Ele não é nada... Ele é a nossa carga! Somente isso! Idiota! Eu não irei mais ouvir nada que tens a dizer...Por sua causa estamos nesta merda de situação! –Novamente a sua atenção se voltou para o garoto –Eu vou acabar logo com isso...

O garoto se encolheu, podia ver que o seu algoz iria puxar o gatilho. Esse seria o seu fim? Iria morrer antes mesmo de achar as respostas de seus questionamentos? Antes de saber seu próprio nome?

Um jato de fogo surgiu, acertando a mão do homem o fazendo gritar de dor e soltar a arma.

–Quem...-Arfou segurando a mão machucada.

–Acho que não deveriam brincar com coisas que não conhecem...Humanos! –Falou um garoto de cabelos ruivos e encaracolados, olhos cor de mel que mudavam de cor para algo semelhante a amarelo, tal como um olho de uma fera.

–Outro?

"Outro?" O garoto ficou surpreso com a presença do rapaz, sentiu um cheiro estranho emanando dele, semelhante a brasas...Pólvora? Cinzas? Não sabia discernir.

–Malcom! Pega a outra arma! –Bradou e o ruivo, logo retirou um arma do cinto em sua cintura, esta tinha a estrutura normal, nada comparada com a outra que fora queimada.

–P-para trás! –Disse com a voz trêmula.

–Ou o que? –Uma fumaça negra começou a sair da boca do recém-chegado –Vocês sabem o que nós somos? Sabem do nosso poder?

–N-não...Nós...Nós só fomos pagos para transportar...Não sabemos de nada...-Balbuciou.

–Malcom! Cale a boca! Não devemos dar informação! –Disse o outro se levantando – Atire nele!

–Acha mesmo que uma arma como essa irá me machucar? –Riu, os seus dentes agora tinham se tornado pontiagudos. A íris do seus olhos mudara de cor, agora era totalmente amarelado, a pupila agora era fina e horizontal, parecendo os olhos de um felino.

O humano que se chamava Malcom tremeu com aquela visão.

–Merda! Seu covarde! –Ralhou o outro empurrando o ruivo e pegando a pistola com a sua mão saudável, pronto para atirar. Mas não tivera tempo um novo jato de fogo que o atingiu. Um grito de agonia foi emitido, contudo, mesmo em meio a dor o humano puxa o gatilho e o tiro é desferido.

–Não! –Gritou o garoto de cabelos brancos que estivera imóvel todo o momento. Uma rajada de luz dominou o ambiente. Cegando todos momentaneamente.

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–Droga! –Rosnou segurando o braço baleado, sentiu sendo puxado para algum canto, será que fora capturado pelos humanos? Não imaginava que uma bala pudesse doer tanto... Aquilo não podia ser normal. A sua visão, aos poucos começou a voltar ao normal...Ainda estava meio desfocada. Mas logo conseguiu ver aquele que o arrastava. Tinha cabelos brancos, prateados, pele alva, olhos grandes de íris azulada. Tudo nele parecia brilhar.

–V-você está bem? –Perguntou timidamente.

–Obvio que não... –Falou segurando o braço –Quem é você?! Por que está me ajudando?!

O menor parecia assustado com a resposta, olhou para os lados como se buscasse algo, ou mesmo tentasse encontrar no ambiente uma forma de responde-lo.

–E-eu...Não sei... Digo...Eu não me lembro...-Sussurrou –Mas...Eu te ajudei porque você me salvou! –Nisso sorriu.

–Não se engane, nanico... Eu te salvei, mas não confio em você! Você invadiu nosso território e ainda trouxe...Esses caçadores com você!

–T-Território? E-eu não sabia...-Disse nervoso –Mas...O que é território? Eles eram caçadores?

–Ah? Você não sabe?!

–Eu...disse que não me lembro...A única coisa que lembro foi quando abri os olhos e...Estava em uma jaula...Sozinho...

–Jaula? Mas que porcaria é...AH! –Rosna sentindo a dor advinda do seu braço –Droga! Devemos sair daqui! Não sei se há outros como aqueles humanos por aí...

–M-mas você está machucado!

–Eu sei, capitão-obvio! Eu consigo sentir! Agora vamos! –Tenta se levantar mas é impedido pelo o garoto que segura o seu braço saudável.

–Eu posso te curar! –Falou sério.

–Ah? Besteira! Me larga que eu não tenho tempo para o seu papo de doido!

–E-eu não sou doido! Sei que posso te curar!

–Sei...Você nem sabe o seu nome, mas sabe curar? –Ironizou –Acho que alguém está mentindo...

O garoto fez biquinho.

–Eu sei que posso...Porque eu sinto! Agora cale a boca e me deixe cuidar de você! S-seu...IDIOTA! –Gritou, suas bochechas agora tinham se tornado vermelhas devido a raiva.

O outro rapaz ficou surpreso com aquilo ao ponto que deixo que o menor o fizesse sentar.

–Sei que posso...-Murmurou para si o garoto, colocando as mãos sobre o ferimento ignorando os resmungos emitidos pelo maior. Uma luz branca começou a ser emitida do local, segundos depois a ferida tinha se fechado, um objeto de metal tinha caído no chão. Era a bala...

–E-eu disse que podia...-Disse o menor, agora ofegante.

–E-ei! Nanico, seu Idiota! Não era preciso usar todo o seu poder em mim! –Ralhou se levantando rapidamente e segurando o outro que parecia estar ao ponto de desmaiar.

–Eu...Estou bem...N-não sou nanico...-Murmurou sonolento.

–Ei! Ei! Não durma! –Tarde demais, o menor agora dormia, em pé, encostado no corpo do outro-Mais que merda... –Olhou para os lados, como para certificar que ninguém o estava vendo, tendo certeza abraçou o garoto e o carregou no colo. Algo vibrou no bolso de trás de suas calças. Com dificuldade, tomando cuidado para não deixar que o nanico caísse de seus braços, atendeu o celular.

–Tales!? Você está bem? Por alguns minutos não consegui localizar seu celular... Novamente a interferência magnética...

–Leo... Eu estou bem! –Assegurou começando a caminhar rapidamente, não queria ficar naquele local por muito tempo.

–O que aconteceu? Conseguiu encontrar o suposto dragão?

–Sim...Bem...A situação é bem mais complicada do que pensei...

–Explique-se!

–Você se lembra quando nosso pai nós contava sobre clãs de dragões que foram extintos?

–Ah? O que isso tem a ver com a situação atual? E a resposta é sim...Eu me lembro, lógico!

–Acho que... Acabei de encontrar um dragão branco...-Falou olhando para o jovem rapaz que dormia tranquilamente em seus braços. O silêncio no outro lado da linha deixava transparecer a surpresa do outro dragão com a informação.

"O que diabos está acontecendo?" pensou confuso. Sentia em seu íntimo que devia proteger aquele nanico...Mas também sentia que algo de muito ruim irá acontecer.


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