Buscado seu lugar na família


Amélia deitou em sua cama e ficou observando o teto de seu quarto, sentia seu corpo cansado,mas a sua mente trabalhava avidamente, muita coisa tinha ocorrido naquelas ultimas semanas, era verdade, desde que sua mãe lhe apresentou o seu namorado (agora noivo) novo seu mundo virou de cabeça para baixo, seu cérebro ainda tentava absorver todas as informações novas e organiza-las de modo que seu "hd" interno não explodisse. Além disso, nestas ultimas 24 horas acabou por aprender mais sobre esse povo místico, não só sobre suas habilidades mais também sobre as diversas raças e conflitos internos que dispõem. Saber que existem humanos capazes de lutar contra dragões e de uma organização de trafico ilegal de dragões brancos realmente quase causou um curto circuito em sua cabeça. O que era pior? Não sentia medo do que tinha presenciado, mas o pior era se sentir inútil perante tudo aquilo. No primeiro encontro com um dragão inimigo fora salvo por Alex, se ele não tivesse lá provavelmente teria virado uma geleia derretida... Por sorte presenciou a chegada do novo membro da família, Sion, isso porque tiveram um "encontro-surpresa" organizado por Felix, e por causa disso pode participar como ouvinte de toda a discussão a cerca do dragãozinho branco e desta misteriosa organização que possivelmente era controlada por um dragão verde. Sim, só tivera sorte de estar nos lugares certos e na hora certa para poder ver e ouvir tais eventos, mas de fato não participava como membro ativo... Não podia ajudar... Só ficar ouvindo já não era o suficiente! Queria agir!

–Mas o que eu posso fazer? –Perguntou para si mesma, fechando os punhos. Não tinha nenhum poder ou habilidade especial, só era uma simples garota ainda cursando o ensino médio. Aquela era a sua nova família, não queria ser só um enfeite bonito e frágil que apenas compõe o ambiente sem intervir em nada.

Virou de lado, abraçando o travesseiro, podia ouvir o som abafado de vozes e música advindo do quarto ao lado aonde Sion tinha sido colocado, o jovem dragão se recusara a dormir, Amélia não podia culpa-lo, afinal o garoto tinha passado a maior parte de sua vida dormindo, ou melhor, forçado a dormir, agora era a sua oportunidade de ver o mundo e Sion estava ansioso para aprender tudo! A humana tinha lhe emprestado o seu notebook e fones para que o dragãozinho assistisse alguns documentários, já que Sion não tinha aprendido a ler, essa era a melhor opção do momento. Pelo visto, o dragão branco tinha abandonado os fones e ouvia em volume máximo um documentário sobre animais. Amélia pode ouvir seus risos abafados, pelo menos alguém estava se divertido aquela noite.

–Eu não irei ficar parada vendo que eles façam tudo sozinhos...-Sussurrou –E se esses humanos caçadores tiverem reforços? E se o machucarem? Agora que comecei a me acostumar em pertencer a uma família de dragões... Não quero perde-los. –Talvez estivesse exagerando, mas sentia que deveria oferecer algo a eles em troca de todas alegrias que até agora ela tinha tido. Sem falar que também queria demonstrar a um certo dragão negro que era capaz de se defender! Odiava ser menosprezada e inferiorizada! Não era uma donzela em perigo típica dos contos de fadas! Esse seria seu objetivo atual: Mostrar o que era capaz!

***

–Nossa, você está acabada! –Falou Adriana ao ver Amélia chegando na escola, de fato a garota estava como a amiga descreveu: acabada. Seu cabelo estava despenteado, olheiras eram visíveis abaixo dos olhos –Ohh! Deve ter tido uma noite agitada! –Piscou atrevida a garota.

Amélia podia estar exausta, mas a sua mente conseguiu entender o sentindo das palavras de sua amiga, logo suas bochechas se avermelharam.

–Adri! Eu só não consegui dormir! –Tentou se defender.

–Sei... Aposto que aquele gato do seu irmão tenha algo haver com essa insônia.

–N-não! Eu só tinha muita coisa na cabeça e...

–Adriana, não seja tão irritante, nem tudo que ocorre é causado por algo sexual, sabia? –Repreendeu Rebecca que olhava para os lados como que buscasse algo –Falando no seu irmão , cadê ele? Não veio te deixar hoje?

–Minha mãe é que veio me deixar, Alex está ocupado. –Falou simplesmente, na verdade desde que "acordara" –não que tenha dormido já que passara a noite acordada pensando em uma forma de mostrar sua capacidade para a família- não se encontrara com ninguém a não ser sua mãe e Sion, que ao contrário dela, apesar de ficar a noite acordado absorvendo informações, estava com uma aparência ótima. Presumia que todos estivessem envolvidos na busca pelos caçadores e evidências sobre a "organização-secreta".

–Que pena! –Choramingou Adriana, Rebecca compartilhava com o mesmo pensamento só que ao contrário da outra amiga não expressava verbalmente –Quais são as chances dele fazer um strip-tease novamente?

Amélia não respondeu, apenas rolou os olhos, não queria se lembrar daquele ato embaraçoso feito por Alex, aquele garoto realmente era sem noção, também sentia uma pontada de ciúmes... Agora que a relações entre eles estava começando a se transformar em algo mais do que amizade, não queria compartilhar o seu irmão postiço com nenhuma de suas amigas.

–E o seu outro pretendente? O Tales?

Amélia suprimiu um riso, nunca imaginara ter algum tipo de relação amorosa com aquele dragão vermelho metido, além do mais Tales estava totalmente fascinado por Sion, a garota sentira certa pena da legião de fãs do rapaz que ficariam decepcionadas ao verem seu ídolo namorando outro garoto.

"Será que Tales sabe que entre humanos a relação entre pessoas do mesmo sexo pode não ser bem vista? Talvez sim já que Pablo e Felix namoram... Devem ter testemunhado algo preconceito." analisou em pensamento.

–Ela está avoada hoje, não? – Disse Adriana para Rebecca que deu os ombros.

–Deixe ela em paz, deve estar cansada.

–Que chato... Eu estava querendo provoca-la para arrancar umas boas reações... Espera, cadê a Jess? Aposto que posso faze-la corar em menos de 1 minuto!

Por conveniência do destino Jessica se aproximava, apresentava um semblante meio nervoso e até mesmo assustado.

–Jess...-Amélia se aproximou meio apreensiva –Você está bem?

As outras meninas também se aproximaram preocupadas e curiosas.

–Estou...De certa forma... –Sussurrou.

–O que foi? Assistiu algum vídeo erótico por engano enquanto navegava pela net? –Provocou Adriana, mas Jess nem ao menos corou, o negocio deveria ser sério.

–Quando estava vindo para o colégio eu esbarrei em uma dupla estranha... Tipo, não era ladrões ou membros de gangue. Era um homem segurando, não, ele estava praticamente arrastando o outro, por um beco. O que estava sendo arrastado parecia ferido...Eu até pensei que oferecer ajuda, talvez tivessem sofrido algum acidente ou estivessem perdidos buscando o hospital, mas logo vi...

–O que? –Perguntou Rebecca.

–A mão daquele que estava ferido... Estava totalmente queimada...Em carne viva! Eu não pude ver o resto do corpo porque o outro cara o tinha coberto com um casaco e outras peças de roupa, mas...Eu pude sentir o cheiro forte de...Carne queimada...É tão difícil de descrever...Eu só sei que aquele homem deveria estar muito machucado.

–E você não chamou a ambulância?

–C-como poderia? O outro homem estava armado, pude ver a arma na parte de trás de suas calças... Eu...Eu fiquei tão assustada que fique paralisada vendo eles se distanciarem pelo beco, graça a deus não me notaram.

–Esse beco é próximo daqui? –Agora era a vez de Amélia perguntar, segurou os ombros de Jess fazendo que a garota a encarasse nos olhos.

–Acho que só algumas quadras... –Jesse apontou para o norte, de onde tinha vindo. Amélia sentiu como se um balde de água fria fosse jogado sobre sua cabeça, aquela era a oportunidade que estava esperando, tal dupla misteriosa só podia ser o que os dragões estavam procurando. Pelo menos supunha, afinal não sabia que um deles estava queimado, talvez Tales o tivesse atacado para proteger Sion, era possível. Amélia pegou o seu celular e estava prestes a discar o número de Alex, mas suas mãos pararam antes que apertasse o botão verde na tela para que o número fosse discado. E se não fossem os caçadores? Tinha a possibilidade também de serem um dupla de estranhos vagando pelos becos...Se chamasse Alex para uma pista falsa só provaria a ele o quão era inútil. Não, primeiro deveria investigar e ter total certeza da identidade dos homens misteriosos.

–Jess, você quer chamar a policia? –Rebecca perguntou amparando a amiga.

–Não...Digo, eles não fizeram nada comigo, eu realmente não quero me envolver nisso! Quero só esquecer!

–Bem, acho melhor entrar... Um bom dia entediante de aula irá fazer você esquecer esses eventos traumáticos, rapidinho! –Piscou Adri. Jess sorriu se sentindo mais animada.

–Isso, Adriana tem razão... Além disso, acho melhor vocês entrarem, o sinal já irá tocar. –Falou Amélia rapidamente.

Vocês? Esse tom parece indicar que não irá nos acompanhar? –Rebecca inqueriu desconfiada.

–Eu me lembrei que...Esqueci algo... Tenho que voltar para casa.

–Mas você não mora agora em uma mansão fora da cidade? Não tem como você voltar a pé!

–Não se preocupe, eu me viro. Avisem os professores que estou doente ou algo do tipo! –Disse somente isso enquanto começou a correr indo para a direção de onde Jess tinha apontando, ignorou o chamado de suas amigas, sabia que era bem provável que se encrencasse por causa disso, mas valeria a pena.

"Só espero não estar fazendo besteira..." Pensou, mas logo sacudiu a cabeça dissipando tal ideia negativa, só iria buscar tal dupla e confirmar que seriam os caçadores, depois disso ligaria para Alex e tudo estaria resolvido. Não pode ser algo tão difícil, ela seria capaz de fazê-lo!

***

–Leo? –Pablo entrou rapidamente no quarto do irmão, mas logo se arrependeu, quase tropeçara em um amontoado de restos de computadores que se encontravam logo na entrada, o dragão vermelho tinha se esquecido quanto aquele quarto mais parecia um lixão tecnológico. Resto de Tvs, rádios, celulares estavam espalhados por todo o lugar.

"Não sei como nossa mãe não o obrigou a jogar todo esse lixo fora!" Pensou desviando de cabos de eletricidade que estavam jogados despreocupados no chão, mas que emitiam faíscas. Aquele quarto era uma bomba relógio!

–Leo! –Chamou, agora mais alto. Logo conseguiu avistar o seu irmão sentando em uma poltrona totalmente absorvido em algo que estava fazendo no notebook que estava em seu colo.

–Oh! –O rapaz levantou os olhos para encarar o irmão mais velho – A que devo a honra de sua visita? Pena que não sei aonde deve estar a minha outra poltrona senão lhe oferecia... Mas tem algumas CPUs que pode usar como assento.

–Não, obrigado... Eu só vim aqui para lhe dizer que temos problemas!

–Ah, eu sei.

–Ah? Você sabe?

–As 20 e 30 da noite de ontem, na rodoviária, os bombeiros foram notificados por uma lixeira que foi derretida por alguma substância ácida desconhecida. Parece que temos visitas.

–Sim...Todos os membros do nosso clã está envolvido nas buscas pelos caçadores, nossas defesas de território ficou defasada. –Resmungou Pablo, evidentemente irritado –Hoje de manhã recebi uma notificação do clã de dragões púrpura que reside a alguns quilômetros ao sul de nosso território, eles mandaram representantes para investigar o caso do dragão desgarrado de semanas atrás...Pedem que nós expliquemos, com detalhes , o que de fato ocorreu.

–Eles chegaram em uma ótima época. –Falou Leonard sarcástico, massageando a testa – Estamos em meio a uma caçada... Temos dragões negros e um branco escondidos em nosso território, a visita de outros dragões é simplesmente perfeito.

–Eu sei, infelizmente não poderei recebê-los. Preciso liderar as buscas... Não posso me abster deste evento. Quero estar presente no momento que esses humanos forem capturados!

–Eu sei, eu sei... Isso significa que terei que assumir o meu papel como segundo no comando e entreter os dragões púrpuras, é isso?

–Sim, temo que seja essa a solução.

Leonard suspirou longamente, aquele realmente não estava sendo o seu dia... Se fosse qualquer outra raça de dragão a visita-los não reclamaria de "fazer sala" para os convidados e entretê-los... Mas logo dragões púrpuras? Aqueles cuspidores de ácido eram nojentos!

–Eu confio na sua capacidade! Sei que irá pensar em algo para falar para eles! –Piscou Pablo tentando amenizar a situação critica que se encontravam.

–Agora você me enche de elogios? –Deu um meio sorriso.

Pablo riu baixo apenas. O som de uma pequena explosão fez o líder dos dragões vermelhos sobressaltar.

–Ops, algum dos meus experimentos deve ter superaquecido. –Falou totalmente tranquilo Leo, se levantando e pegando um extintor de incêndio que estava próximo. Pablo percebeu que havia um estoque bastante grande de extintores de incêndio espalhados pelo quarto o que levava a conclusão que tais explosões não eram eventos raros.

–Leo... Só me faça um favor?

–O que? –Perguntou enquanto apagava o pequeno incêndio.

–Se for fazer um tour por nossa casa para os nossos convidados, não mostre o seu quarto.

Leonard parecia confuso, o que tinha de errado no seu quarto? E desde quando iria mostrar suas maravilhosas invenções para dragões purpuras que poderiam derretê-las com apenas um espirro? Às vezes Pablo tinha sugestões muito idiotas.


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