Com a ajuda do talentoso Bobby, Emma e eu concluímos a decoração da capela com maestria. Cada detalhe estava harmoniosamente alinhado nas tonalidades de vermelho, branco e preto, desde as exuberantes rosas até o tapete vermelho que se estendia até o púlpito do padre.

— Formamos mesmo um trio imbatível, não acha? — Emma indagou, deixando a prancheta com elegância sobre a bancada impecável de nossa cozinha.

— É verdade, o Bobby se esforça. — Comento despreocupadamente. — E você, quando vai finalmente aceitar sair com ele?

Minha prima reflete por um momento, seus olhos vagando pelo teto antes de se fixarem em mim. Um sorriso brincalhão dança em seus lábios rosados.

— Nunca. — Responde minha prima, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Por dentro, sinto pena de Bobby por gostar tanto dela.

Não me entendam mal, Emma não é obrigada a ter sentimentos por ele só porque ele gosta dela, mas seria legal se ela desse uma chance a ele. Talvez um jantar, para conhecê-lo melhor.

— Vamos lá! — O grito de Emma atravessa meus ouvidos, tirando-me do devaneio sobre o relacionamento não amoroso dela com Bobby. — Temos pouco tempo para ficarmos deslumbrantes para o casamento. A única que pode chegar atrasada é a noiva.

— Vamos decidir quem toma banho primeiro no ímpar ou par! — Desafio Emma.

Nossos olhares se encontram e ela me analisa como uma águia prestes a capturar um peixe indefeso. Nossos punhos fechados balançam no ar, tudo parece estar em câmera lenta por um momento. Um sorriso malicioso começa a se formar no rosto de Emma e consigo ver a certeza de que ela vai vencer em seu olhar brilhante.

— Ímpar!

— Par!

Dizemos juntas, e nossas mãos se encontram no centro.

Como sempre, Emma escolheu par exibindo dois dedos, enquanto eu, venci mostrando três dedos.

— Você é previsível!—Zombo, indo saltitante em direção ao banheiro.

— Vá se danar! — Ouço-a gritar ao longe.

Devido à falta de tempo e ao fato de Emma ser mais preocupada com a aparência do que eu, optei por não prolongar muito a minha permanência debaixo d'água.

Após me enrolar em uma toalha vermelha, segui com pressa em direção ao meu quarto e comecei a vasculhar o guarda-roupa em busca de algo elegante para a cerimônia.

Não foi uma tarefa fácil, já que todas as minhas roupas costumam ser informais. Entre jaquetas jeans e calças, finalmente encontrei algo que me agradou.

Vesti-o rapidamente e, ao contemplar meu reflexo no espelho, analisei com cuidado cada detalhe do meu visual.

O vestido na cor vinho é uma exibição de elegância e romance.

A parte superior é ajustada, criando quase um corte curto, ressaltando suavemente minha silhueta. As alças, feitas de fitas de cetim, adicionam um toque sofisticado e podem ser ajustadas para se adequarem perfeitamente ao contorno.

A parte de baixo do vestido é maravilhosa, feita de um tecido transparente com padrões de borboletas. Devido ao tecido rendado, cria-se um efeito visual delicado e romântico, enquanto os desenhos das borboletas acrescentam um toque de leveza e charme.

Para meu penteado, opto por algo que minha mãe costumava fazer quando eu era pequena. Usando um pente de cerdas finas, divido meus cabelos em duas partes e prendo a parte de cima em um rabo de cavalo. Em seguida, trago o rabo de cavalo para frente do meu rosto e penteio o restante de trás, desembaraçando-os. Quando solto o rabo de cavalo, meus cabelos ficam ondulados, e assim está pronto. Simples, mas bonito.

 Ao me olhar no espelho, eu fico um pouco perdida. Não sou boa em maquiagem e não quero atrapalhar Emma, então faço o que consigo. Passo um pouco de rímel, blush avermelhado nas bochechas, iluminador nas pálpebras, no topo do nariz e nas maçãs do rosto.

Finalizo com um batom cor de boca e um brilho nos lábios.

— Realmente, não se pode fazer milagres. — Sussurro para mim mesma.

— Emma, estou pronta! — Exclamo, voltando para a cozinha.

Porém, o que vejo a seguir me deixa sem palavras. Minha prima surge como se tivesse saído de um conto de princesas, usando um lindo vestido cor-de-rosa, com a parte de cima em formato de coração e a saia rodada e delicadamente bordada com flores brancas.

— WOW! — Exclamo maravilhada. — Você está radiante! Parece ter saído diretamente de um conto de fadas! — Elogio Emma.

— Vamos, estamos quase atrasadas! — Ela grita, ignorando minhas palavras e me puxando pelo braço.

— Ok, ok! — Digo enquanto sou arrastada para fora de casa.

Uma vez acomodadas na moto, Emma e eu evitamos usar o capacete para preservar nossos penteados e a maquiagem impecável. Enquanto o vento bate em nosso rosto, peço em silêncio, ao céu, que nenhum guarda nos multe.

Ao chegarmos à igreja, todos nos olham estranhamente, exceto Stephanie Jackson, elegantemente parada ao lado do altar, acompanhada por outras três mulheres. Em uma das mãos, ela segura um buquê de rosas vermelhas, enquanto a outra acena delicadamente para nós.

Minha prima e eu acenamos e sorrimos de volta. Sem demora, nos sentamos ao fundo da igreja e permito que minha mente divague, sem uma linha de pensamento coerente.

De repente, sinto uma leve dor no cotovelo e percebo que Emma está me balançando, desesperada.

— Olha! — Sussurra ela, empolgada, virando meu rosto bruscamente em direção a um casal visivelmente atrasado.

Eles caminham rapidamente pelo tapete vermelho, o homem é parecido com o pedestre desajeitado, mas agora está maravilhosamente bem-vestido, com um terno que provavelmente custa uma fortuna.

— Vamos logo, Amber! — Ouço-o exclamar enquanto ele puxa a mão da garota.

Sinto uma pontada de desconforto ao lembrar de como ele me olhou ao entregar a rosa em minha mão. O buquê, sem dúvida, era destinado a essa linda ruiva.

Ambos chegaram ao altar, ele soltou a mão dela e a ruiva se posicionou entre Stephanie e as outras madrinhas de honra. Ambas mulheres sorriram contentes em forma de cumprimento. Enquanto o tal pedestre idiota elegantemente se juntou aos outros padrinhos, à direita do altar.

Por um momento, sinto meu rosto corar ao pensarque seus olhos verdes estão sobre mim, mas, no mesmo instante, a música"Lá vem a noiva" começa a tocar, desviando todos os olhares -inclusive o meu - para a entrada triunfal da noiva.