• CAPÍTULO 16: A face do mal

   As últimas horas de Adam haviam sido terríveis, um mar de pensamentos e ideias passeavam por sua cabeça, os últimos dias não haviam sido positivos ou misericordiosos para com ele.

   Aquela chuva torrencial se deu por encerrada apenas no dia seguinte, ainda que na parte da manhã. O sol se erguia.

   Adam revirou-se em sua cama naquele pequeno trailer na Browning - um vasto terreno da prefeitura, mas que muitos desafortunados ou caipiras haviam tomado e moravam com suas famílias em trailers, provavelmente havia uns dezoito naquele extenso gramado rodeado por árvores. Ficava relativamente distante de outros bairros e o trailer em que Adam morava, ficava bem próximo às entradas para os morros e até mesmo pela floresta.

   O seu, no entanto, era um tanto quanto simpático, sendo vermelho e branco por fora e cinza no interior. Era de tamanho pequeno, com uns três metros e oitenta e cinco. Havia somente uma cama, bem larga, por sinal. Uma pequena televisão e um espaço reservado para necessidades básicas. Um frigobar branco ficava à esquerda de sua cama, bem próximo a um pequeno abajur que ele quase nunca acendia sobre um criad-mudo.

   Foi uma enorme dificuldade para conseguir dormir naquela noite. Ao som da chuva que caía, Adam se contorcia, virava-se e mudava de posição a todo instante sem conseguir pegar no sono.

   As lembranças de Shiro e todos os ensinamentos passados ao logo de suas trajetórias voltavam à sua mente como um tornado, devastando-o de cabo a rabo.

   Levantou às quatro e trinta da manhã, suando frio, havia sonhado com Shiro, em um dos milhões de ensinamentos filosóficos que havia passado para ele.

   Recostou-se na cama, de lado para a janela esquerda do trailer, puxando a espécie de persiana e podendo olhar a chuva cair pelo vidro. As memórias voltavam a ele facilmente, sobre as frases de Shiro, quando como este o ensinou a fazer fogo e quando Adam dormiu na rua num dia de forte frio.

   Shiro nunca havia estimulado um lado obscuro ou o ódio em Adam. Sempre lhe ensinou como expandir sua mente, meditar e trazer iluminação não só para si, mas para todos à sua volta, mas a imagem de seu corpo assassinado sempre vinha em sua mente, nos mostrando que até em sua máxima pureza, havia uma parte que ainda emanava fúria, ira ou até mesmo ódio.

    Não demorou muito e Adam abriu a última gaveta - havia três naquele criado-mudo branco e manchado - e retirou uma máquina de cortar cabelo, bem cinza e com detalhes pretos.

   Guardando suas mágoas e melancolia profunda, Adam tirou sua blusa azul e pendurou sua cabeça frente a um espelho que ficava ao lado do vaso sanitário. Seu longo cabelo, fora totalmente cortado. A pia foi coberta pelos grandes fios. Era talvez sua única marca, já que era a única coisa que chamava tanto à atenção para ele, era seu cabelo cumprido, em que pese ter o costume de usar preso.

   A água que descia da torneira aberta foi jogando toda aquela sujeira fora e Adam se encarou no espelho por alguns momentos. Havia muito pouco cabelo, estava praticamente careca. Ele parecia mais adulto, mais velho, digamos e mais maduro. Parecia mais sério e destemido.

   Era outra faceta que fora dormir quase com o nascer do sol, se levantando quase às três horas da tarde.

   Já era tarde, ele lavou o rosto nas águas da pia e escovou os dentes. Estava vestindo uma calça escura, tênis vermelhos e chamativos e um suéter, grená com detalhes em branco, que acabara por combinar com os calçados.

   Adam tirou da primeira gaveta daquele mesmo criado-mudo, uma pistola, era uma Glock, preta na parte superior e marrom na base - ele havia comprado ela de uns marginais na Oldwork um tempo atrás. - essa foi provavelmente a coisa mais arriscada que Adam já tinha feito na vida e Shiro morreu sem saber dessa história.

   Ele nunca tinha usado, sequer tinha retirado do móvel e tinha pouquíssima munição, umas cinquenta, pode-se dizer.

   A Glock foi parar na sua cintura, presa e escondida pela parte inferior do suéter. A munição estava no outro bolso e ele levava consigo uma mochila grande, mas ela estava vazia. Ainda deu tempo de colocar um canivete de saque automático na calça.

    Quando desceu pela porta do trailer, todos que estavam ali estranharam a mudança de aparência.

   — Mudança de visual brusca, Adam! - gritou o senhor Gaston Byers, ele vestia camisa verde apertada e uma calçola para lá de engraçada. Sua careca estava brilhando, mas era de suor. Estava acompanhado de seu filho, Bruce, de oito anos.

    Bruce correu para abraçar Adam assim que este saiu pelo trailer. Eles tinham uma relação adorável, eram bem amigos mesmo com a diferença de idade, ela até ajudava um pouco, já que Adam tratava o pequeno garoto de cabelo cacheado com um irmão mais novo.

   — Aonde você vai, Adam? - perguntou com aquela voz fina e fofa.

   — Eu vou fazer uma coisa muito importante. - Respondeu com um sorriso afetuoso no rosto. — Mas eu volto logo.

    Adam continuou andando, assim se despedindo dos que ali estavam. Ele não sabia se realmente voltaria.

    O céu estava aberto depois daquela forte chuva na noite anterior, as nuvens eram poucas e o sol ardia sobre a cabeça dos cidadãos. Tinham poucas pessoas na rua, já eram quase quatro horas da tarde e Adam rumou para o centro. Queria uma loja com artigos militares.

   No centro, não havia nada. Adam percorreu por quase horas e não encontrou nada, até que perguntou para um senhor calvo de casaco brega e marrom, em que lugar ele poderia encontrar uma loja militarizada, e o senhor disse que havia uma no outro quarteirão, a loja do Buck Rogers, um veterano de guerra que morava em Axel agora.

    Adam nunca tinha entrado numa loja militar, sequer sabia como conversar sobre o que queria. Obviamente havia objetos pesados e armamento bélico que Adam só via em filmes na televisão.

   Olhou todas aquelas prateleiras verdes, tinham muitos apetrechos até mesmo desconhecidos por ele e armadilhas para capturar animais selvagens.

   — Está perdido aí, rapaz? - perguntou o homem de voz rouca e alta. Era o senhor Rogers, um homem forte, alto, barbado e de aparência já velha. Tinha pouco cabelo naquela cabeça grande e o que lhe restava era louro.

   Adam puxou a Glock do bolso, o homem se assustou, mas reparou que o cliente buscava munição.

   Barnes jogou duas caixas vermelhas e amarelas no balcão, mas Adam pediu mais uma.

   — Você tem colete e luvas?

   O sujeito olhou com desconfiança, sabe-se lá o que aquele jovem com cara de maluco e careca queria, mas o dinheiro falava mais alto, então ele atendeu ao cliente.

   Um colete grosso e verde foi jogado no balcão e logo depois uma luva espessa na cor caramelo.

   — Vai fazer o que com isso, garoto?

   — Caçar um monstro.

   Adam jogou o dinheiro no balcão transparente e deu a andar de costas, foi embora e Buck ficou a ver navios.

   Adam passou algum tempo na biblioteca, não lendo, apenas olhando os títulos que havia. Depois, foi ao banheiro, onde colocou as luvas, arrumou a munição da arma e colocou o colete por baixo do suéter vermelho.

   Quando saiu, notou a mudança no clima. O céu parecia se fechar novamente e decidiu acelerar o passo. Logo à frente, viu um homem sentado solitariamente próximo a um poste. Seu chapéu estava virado para baixo e Adam deduziu que fosse um morador de rua e jogou algumas moedas enquanto passava, o homem respondeu que não era mendigo e ele saiu rindo de costas. Constrangedor, mas engraçado no final das contas.

   A próxima caminhada durou por mais alguns minutos, até que finalmente ele parou frente à floresta e ao morro que ficava em seguida.

   Ele achava que sabia o que estava fazendo, mas não sabia. Provavelmente desobedecendo a qualquer ensinamento ou ordem de Shiro e fazendo o completo contrário. Ato errôneo, confuso e que fugia de tudo que havia aprendido com o velho ancião.

   Foi subindo e subindo, até que chegou num ponto alto, rodeado por árvores e galhos ao chão, se sentou abaixo da grande lua que já surgia ao céu.

   O vento soprava do sul, o refrescando enquanto parecia esperar por alguém, por um duelo. Ele buscava vingança, estava destinado a se sacrificar se fosse possível, mas ele queria ficar cara a cara com aquilo que havia matado Shiro.

   O tempo esfriava, Adam levantou-se apenas quando ouviu alguém chegando. Não era uma pessoa, era o que ele esperava encontrar. Havia chegado a hora.

   — O homem que você matou ontem era a única pessoa que eu tinha. - Adam já se preparava para usar a pistola.

   Adam jogou a mochila no chão, estava vazia, já que havia retirado colete e luvas.

   Sua posição mostrava que estava pronto para aquilo. — Anda, apareça. - disse ele, disparando pela primeira vez com a pistola.

   O que estava no escuro da floresta, não iria aparecer assim, não naquele momento. Muito menos para satisfazer Adam. Ele precisava ir até lá, enfrentar seu próprio medo do desconhecido.

   Quando Adam caminhou para frente aquelas árvores, foi como se ele fosse desligado daquele atual momento, daquele plano, flutuando para algo muito maior que a mente humana fosse capaz de reproduzir.

   Ele viu Shiro, horas antes de ser morto. Adam guardou a arma, estava assustado e fechou seus olhos por um instante. Quando abriu de novo, voltou a ver Shiro.

   — Velho... - sussurrou.

   Adam tentou se aproximar da imagem que via, mas ela se dispersou na escuridão. Não havia nada, Adam já estava na rede e iria à lona. Foi derrubado instantaneamente por alguma coisa, por baixo, foi ao chão.

   Foi o suficiente para acordá-lo para a realidade, esticou as mãos, pegando a pistola do chão. Suas mãos suavam, ele não enxergava nada, apenas sabia que havia algo com ele naquela negritude sem fim.

   Mais um disparo de Glock foi feito, depois mais um e por fim, o último. Não sabia se havia acertado alguma coisa.

   Seu corpo foi arrastado por alguns metros e Adam não sabia o que fazer. Quando finalmente percebeu o que estava acontecendo de fato, se deparou com aquele tentáculo nojento e viscoso que estava preso à sua perna direita, o puxando como um saco de lixo pelo chão sujo da floresta. Era arrastado para um completo breu, sem saber localização ou uma definição de local.

   Ele finalmente se lembrou do canivete. Apalpou seus bolsos várias vezes, mas conseguiu encontrá-lo, ainda estava ali. Sacou-o e foi direto para aquilo que o puxava.

   Adam fincou, mas a criatura não parecia sentir nada. Ele decidiu rodá-lo, mas não houve êxito.

   Dominado pelo medo de morrer, Adam decidiu tentar cortar aquilo. Com o canivete cravado, ele começou a movimentá-lo de cima para baixo, rapidamente.

   Um líquido verde escuro começou a escorrer e quanto mais ele fazia o movimento, mas aquela coisa saía, até que uma jorrada foi em direção a Adam, o sujando. Possivelmente era sangue.

   Ele seguiu movimentando, até que aquilo urrou. Foi ferida, era hora de aproveitar a brecha. Adam soltou-se e tentou fugir, mas foi golpeado nas costas, seu corpo desceu morro abaixo.

   Adam rolou por um bom tempo, se chocando em galhos, raízes e até mesmo em árvores, passando por arbustos e plantas, só parando na beira da estrada. Estava imundo, com a cabeça zonza, vendo tudo girar e por incrível que pareça, a pistola ainda estava com ele, mas o canivete tinha desaparecido.

   Tudo a sua volta girava, as estrelas estavam manchadas, o céu não parava de balançar em sua cabeça e ele sentia náuseas. Até que ele finalmente se atentou aos fatos, percebendo que precisava sair dali o mais rápido possível.

   Iniciou assim, uma tentativa de fuga. Começou a se arrastar pelo chão, em direção à estrada e de costas, com a cabeça virada para a floresta, obviamente de olho para ver se aquilo estava o seguindo.

   O jovem já estava no meio daquela estrada, sozinho. Só havia árvores ao seu lado e a floresta escura à frente. A estrada se estendia e não estava passando nenhum carro, bicicleta ou qualquer outro transeunte naquele instante.

   Ele continuou se rastejando de costas, estava com uma dor terrível no braço esquerdo, provavelmente teria quebrado algo na queda, mas tinha de continuar. Lutando pela sobrevivência.

   Suando sem parar, coberto de sujeira, plantas e pedaços de folha, estava devastado. Seu olho piscava repetidamente, seu coração estava tão acelerado quanto Niki Lauda na última temporada da Fórmula 1.

   Os arbustos começaram a balançar. Adam já estava sentado no meio da pista. A morte estava batendo em sua porta. Fez um último esforço, erguendo a arma em sua mão direita. Trêmulo, nervoso, o corpo já não correspondia à mente.

   Foi pela primeira vez que algum deles viu a verdadeira face do medo. Algo saiu da floresta e caminhou até Adam.

   Sua forma humanóide, braços cumpridos, pernas finas, garras pelas patas. Sua pele era úmida, viscosa, parecia escamoso. Havia três tentáculos que descia de uma cabeça escura e deformada, um pela esquerda, um centralizado e outro pela direita. Estava escuro e Adam não conseguia decifrar o que era aquilo. Primeiramente, ele acreditou que fosse um polvo por causa dos tentáculos, mas não tinha como ser. Era impossível e ele sabia disso. Transcendia tudo que a espécie humana havia conhecido.

   Aquilo se aproximou dele, era grande, parecia ter quase três metros e Adam sentado, tinha uma impressão maior ainda, parecia crescer a cada passo dado. Não tem mais o que fazer. E ele sabe disso.

   Quando a luz forte de um farol vem à sua direita, não é esperança ou o anjo da guarda de Adam - mas poderia até ser - era um carro conversível na cor vermelha em alta velocidade.

   Aquele veículo arrebentou com a criatura, arremessou-a para a floresta. Adam estava salvo provisoriamente.

   O carro parou no meio da pista, saía fumaça do motor e o capô estava levantado, parecia que o carro havia ganhado um nariz.

   — Meu Deus! - gritava o motorista, saindo do carro indignado com o amassado. — Meu pai vai me matar! - ele estava desesperado.

   Era Jason Harris, o maior galanteador do colegial. O playboy arrogante que colecionava os corações das garotas e era o cara mais babaca possível. O rico e arrogante que era manda-chuva por onde passava.

   Ele saiu indignado pela porta do carro com as mãos na cabeça. Vestia uma jaqueta vermelha com detalhes pretos e brancos, uma calça justa escura e calçava um Air Force branco. Seu mullet não chamava atenção, era bem curto e simples, mas o topete ostentado no topo da cabeça era o principal sucesso entre as meninas. Era castanho-claro e perfeitamente montado. Os óculos escuros davam um charme a mais, à de se falar.

   Jason estava tão em choque com a batida, que sequer percebeu Adam no chão e nem se interessou saber no que havia batido.

   Adam se apoiou no veículo para levantar-se.

   — Ei, ei, ei. Você aí. - gritou apontando. — Você tá bem?

   Adam não respondeu, foi se jogando para dentro do carro.

   — Pode saindo, cara. Qual é?

   — Entra logo. - respondeu Adam quase sem voz.

   Jason começou a acariciar o carro como se fosse seu filho.

   — O que fizeram com você, Herbert? Pelo amor de Deus. Ah, se você falasse, com certeza estaria chorando, Hebert. - O sujeito era um completo ególatra, materialista e arrogante. Chegou a dar um beijo na mão e passar no capô do carro amassado.

   Com os braços levantados, Jason puxou os óculos para baixo.

   — Ei, eu conheço você de algum lugar.

   — Por favor, entra no carro. Depressa. - Adam sabia do perigo iminente e queria dar o fora o mais rápido possível.

   — Não é assim, não, camarada. Vamos ter que conversar.

   Adam apontou para frente, no caso, atrás de Jason, que relutou e o ignorou, mas na terceira chamada, virou-se. Quando viu, reparou que havia algo dentro da mata, algo aterrorizante. Ele chegou a retirar os óculos ao ver aquele tentáculo nojento se arrastando para a escuridão.

   — Jesus Cristo. - estava boquiaberto.

   Ele pulou para dentro do carro, dando partida desesperadamente, sumindo pela estrada para nunca mais voltar.

   — O que era aquilo? O que era aquilo? O que era aquilo? - Jason estava mais em choque do que o próprio Adam. — Você está armado, cara. Você está armado! - gritou quando viu a pistola no banco do carro, era de Adam, já que Jason não possuía arma alguma.

   — Me leva na delegacia.

   — Delegacia? Que merda é essa que está acontecendo, cara. Seu braço está quebrado?

   — Só faz o que eu digo.

   — Você precisa de um hospital, isso sim.

   Adam apertou o braço de Jason enquanto o mesmo dirigia.

   — Delegacia. Só me leve até lá.

   — Tudo bem, cara. Mas você vai me explicar o que está acontecendo aqui.

   Jason acelerou naquele espetáculo de carro com Adam combalido no carona, até chegarem à delegacia.

   Adam saiu do carro cambaleando e Jason teve que dar uma ajuda, o carregando pelo ombro para dentro.

   — Pergunta para a moça do balcão sobre o xerife. - pediu Adam.

   Jason conversou com Blanche, que não tirava os olhos de Adam. Era um estado lamentável e ela informou que Will estava em sua sala com o restante do grupo.

   Quando a porta se abriu, ninguém se moveu de primeira. Não entenderam o que era aquilo.

   — É o babaca do Harris. - disse Kaden.

   — É o Adam. - gritou Calvin.

   O xerife se levantou de sua cadeira urgentemente para acudi-lo.

   — O que aconteceu? - Will levou Adam para a sala escura, o colocando na mesa. Harvey tomou frente, pois disse que conhecia um pouco de medicina.

   Jason estava perplexo. Nunca havia estado numa delegacia, não conhecia ninguém. Era um peixe fora d'água. Ele não tirava a mão da cabeça, mas nunca despenteando o topete.

   — Como você o achou? - perguntou o xerife.

   — Eu sei lá. Eu estava dirigindo - isso doeria em Jason ter que contar para o xerife. - e aí bati em alguma coisa. Eu tava em alta velocidade, ouvindo rádio, quando vi, esmurrei em alguma coisa. O meu carro tá ferrado lá fora. - respondeu. — Aí eu vi esse cara na pista, ele entrou no meu carro.

   — Não viu nada de estranho?

   — Não sei, xerife. Eu fiquei nervoso. O meu pai vai me matar. - Ele não conseguia nem concatenar.

   — Só diga se viu algo estranho.

   — Tinha um polvo no meio do mato, xerife. Um tentáculo horrível por entre os arbustos. Eu não sei o que era.

   Todos na sala e entenderam bem do que se tratava.

   — Will, ele quebrou algumas coisas, mas o braço só ficou deslocado. - Harvey analisou.

   — E o que você pode fazer?

   — Posso colocá-lo no lugar, mas receio errar. Vou enfaixá-lo.

   — Faça isso. Não podemos levá-lo ao hospital agora.

   Adam estava desacordado, assim que entrou, desmaiou. Mas havia acordado rapidamente.

   — Bonito corte de cabelo. - brincou Hobs, em relação à cabeça raspada.

   — Foi por isso que o Harris não o reconheceu. - exclamou Calvin em voz alta.

   — Reconheci quem?

   — O Adam, idiota. Vocês estudam na mesma turma.

   — Esse é o Adam?

   — Sim.

   Nem Jason acreditou. O dia só ficava mais louco e confuso conforme o tempo passava.

   — O que é isso verde? Nojeira total. - Steve meteu o dedo naquela gosma verde que estava na roupa de Adam. — Tira a mão daí, moleque! - Will puxou a mão dele na hora.

   — Parece ser sangue. - Harvey puxou um pouco, já que usava luvas. — Nunca vi sangue assim. Com certeza é daquela coisa.

   — Isso mesmo, ele foi buscar vingança pela morte do velho.

   Will não era detetive, mas formava uma bela dupla com Harvey.

   O xerife pegou seu chapéu perto da porta.

   — Vão todos para a casa.

   As crianças não gostaram, as coisas estavam esquentando de verdade e elas queriam ação.

   — Hobs, tem como você levar ele para sua casa?

   — Tudo bem. - Hobs morava sozinho, então isso não geraria problema para ele.

   — Crianças, coloquem as bicicletas no meu carro. Vocês não vão para casa sozinho.

   — Qual foi, vocês não vão me explicar nada? - Jason estava indignado.

   — Faz o seguinte, vai para casa e esquece o que você viu hoje.

   — Ah, qual é, xerife... O meu carro!

   Will deixou o popular Jason falando sozinho e acendeu um cigarro enquanto saia com as crianças para entrarem no carro. Harvey foi logo atrás e Hobs levaria Adam para sua casa. Paul ficou para ajudá-lo. Jason foi excluído de qualquer ação.

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