5º Capítulo - Quem é Você?
A maioria das pessoas não quer acordar no primeiro dia do ano, preferem dormir até mais tarde, pois muitos não aguentam nem ficar em pé após as festividades do dia anterior. Mas esse não era o caso de Lara, tudo que ela mais queria naquela manhã, era acordar.
Era tudo tão estranho, seu corpo estava quente. Já cama tão fria; definitivamente aquela não era a sua. Estava confusa, se sentia um pouco tonta. Não sabia direito onde estava ou ao menos oque tinha acontecido. Aos poucos fora abrindo os olhos, viu um clarão. Vinha da televisão de tubo que estava ligada em cima de uma cômoda, irritantemente, próxima a ela. Ficou impressionada por ainda existir televisões daquele tipo, ou por ao menos alguém ainda assistir TV. Ainda com os olhos entreabertos, passou a observar o local. - Queria entender melhor a situação - Era um quarto de hospital, tinha a decoração toda em um tom de verde pálido. Logo sentiu um cheiro de maçã, - Que ela não gostava nem um pouco – a fruta parecia mofar atrás da cômoda a dias. Mas assim que fora afasta-la, reparou que seu braço direito estava inteiro Imobilizado no gesso, suspenso a cama hospitalar e seu ombro dolorido.
Reparou, também, Marco que do outro lado do quarto dormia em uma poltrona, debruçado sobre seu leito em quanto segurava a sua mão e viu, logo após, a sua bela mala rosa ao lado, próxima a porta. Do lado de fora, viu seus avós conversando com o médico, mas chega mais alguém e se junta à conversa, ela não conseguia ver direito quem era. Seus avós pareciam ter muita afetividade com a pessoa, ela tenta perguntar.
- Que... Quem é? Quem é? – Mas a Tentativa foi falha, ao perceber a máscara de oxigênio em sua boca.
Ele parecia arrastar uma mala cinza. De repente o telefone do sujeito toca, e quando ele vai se retirar do local ela tenta ver melhor. Mas assim que seu primo levanta a cabeça da cama e percebe seus movimentos fala.
- Ela acordou, oh Meu Deus ela acordou! Lara me perdoa, - De repente ele começa a chorar e gritar – ME PERDOA LARA, ELA ACORDOU! DESCULPA, POR FAVOR LARA!
Assim que percebem oque ali dentro ocorria, os seguranças e enfermeiros logo entram para expulsa-lo do quarto. Ele resiste e ele é retirado à força do hospital enquanto berrava.
Lara, muito assustada, tenta arrancar a mascara e assim que um enfermeiro repara que ela já pudera respirar sozinha, desliga o aparelho e retira a mascara para ela. Ela, enfim conseguia falar.
- O TOM DE VERDE DESSE QUARTO É HORRÍVEL! – Desabafou. – E quem é ele?
- Você não sabe? – Perguntou seu avô William, em quanto entrava no quarto – não se lembra de nada que aconteceu ontem?
- Ah DEUS! Eu vou embora. - Ela fala.
Ainda muito agitada, retirou seu pé do suporte, mas assim que levanta as pressas, acaba tropeçando em sua mala que se abre deixando cair aberto o caderno de guitarra azul, que ela havia encontrado no dia anterior.
- Droga! – Resmunga, levantando a mala.
Mas assim que pega o caderno, repara que ele não tem nome. Ela o folheia e acaba encontrando apenas as iniciais "N.W.".
- N.W.? Oque é isso... OH MEU DEUS! – Diz, e sai correndo o mais rápido que pôde carregando o seu carrinho de soro.
- Ei! Você não pode sair – um enfermeiro fala – ainda está em recuperação!
Mas ela nem dera ouvidos, ninguém conseguia para-la. Ela não havia, ao menos, percebido que não usava roupas, apenas a bata de enfermo com a logo do Hospital Memorial Vera Cruz atrás.
Assim que chega a porta, nem acredita na bela surpresa de um pombo parado na rua a observando.
- Meu Deus! Você me persegue, não é. – Pergunta – QUE MAL EU TE FIZ!
- Pru?
- Não, dessa vez você não! - Ela tenta espanta-lo, mas ele sobe em seu suporte de soro.
Sem sucesso ao tentar tira-lo de lá, grita.
- VAI EMBORA, Some da minha vida!
Mas uma criança que passara na rua carregando um, desnecessariamente grande, balão vermelho achou que ela falara com ela, e então começa chorar tão alto que seu balão estoura.
- Não! Ei menininho bonito, não era para você não – Diz, mas logo, oque ela julgou ser a mãe dele, o leva embora.
- Definitivamente eu; DETESTO POMBOS! – Disse, voltando a tentar espanta-lo de seu suporte. Sem sucesso, continua – Ah, eu não tenho tempo para isso.
Ela olha para um lado, para o outro e nada. Segundos depois ela avista oque acreditara ser o cara com a mala. Então ela corre em sua direção.
- Ei moço! – Ela dizia, mas ele estava longe e parecia falar ao telefone, pois não a escutava – pare ai!
Ela corria o mais rápido que pudera. Assim que chega mais próximo dele, estica a mão para toca-lo. Mas então seu carrinho de soro engancha na tampa do bueiro bem hora que ela iria tentar para-lo. Assim que consegue se soltar, ouve cara gordo que comia Cachorro-Quente, em frente a uma barraquinha, assoviar para ela.
- Fiu, Fiu!
No mesmo instante ela espreme um frasco de inteiro ketchup, que ela encontrara, na cara dele. Já e seu pombo, bem, certeza que não era maionese aquilo que ele deixara na comida dele. Ela sorriu para o animalzinho em quanto volta a correr, mas, distraída, quase bate em um banco de carvalho cujo uma idosa estava sentada.
-SAAAAAAAI! – Lara grita e então pula impecavelmente o banco.
- Até que aquelas malditas aulas de bale, que minha mãe me obrigava a ir, serviram para alguma coisa no fim - Pensou.
Quando, em fim, consegue o alcança puxa levemente a sua mala para chamar a atenção dele.
- Oi, Com licença... – Mas assim que ele se vira, e olha para ela, fala.
- Mas oque é isso, solte minha mala sua pervertida! – Era a pessoa errada.
Era apenas um senhorzinho rabugento. Ela se desculpa, mas ele apenas sai resmungando de lá. E lá estava ela; perdida, no meio da cidade, sem suas roupas, sem sua dignidade e ainda continuara sem saber quem, de fato, era ele. - O verdadeiro cara da mala cinza.
- Bem, pelo menos eu ainda tenho você, Puffle – Disse ela, apelidando o pombo.
- Pru? – Ele arrulha, e vai embora voando.
- Desgraçado – Ela resmunga baixinho.
Analisando o local, vê uma loja. Que chama a sua atenção por conta de um "outdoor" enorme com as iniciais "N.W." em cima do estabelecimento. – Curiosa, ela entra - Era uma loja de tecidos. Mas parecia está de mudança, pois apesar de ainda ter muitas peças expostas, havia também algumas caixas espalhadas pelo chão, cheias da aqueles amendoinzinhos de isopor rosa, - que utilizavam para embalar - muito fofos, que transbordando para o chão. Em quanto observa, encontrou num canto, a tão caçada mala cinza de rodinhas. A loja parecia está vazia, mas segundos depois alguém toca um sininho de metal do balcão e fala.
- Em que posso ajudar?
- Essa voz... – Ela disse – Por favor, fale de novo.
- Falar oque, Lara Torres.
Como ele sabia seu nome, ela não conseguia vê-lo direito, pois havia muitos tecidos pendurados em sua frente, ela se aproximou de um que era mais fino, e então conseguia ver sutilmente a sombra da silhueta de um homem. Ela coloca a mão no tecido.
- Você é o "N.W"?
- Bem, me chamam de Nickolas William. - Ele responde também colocando a mão do seu lado da tela para tocar a mão dela.
- Quem é você? – Perguntara ela.
Mas, desastrada, tropeça na barra do tecido que cai também junto a ela, revelando o rosto do belo rapaz que, prontamente, a ajuda a levantar. Assim que ela vê aqueles olhos verdes, tão intensos quanto uma pedra de cristal de Atacamita, fala.
- É você? O menino que esbarrei na manhã de ontem.
- E o que te salvou, à noite? – brinca – É, acho que sou eu sim.
Ele então, se aproxima dela e pega sua mão. Logo após retira gentilmente o soro de seu braço. – ele parecia levar jeito.
– Você está bem? – Pergunta.
- É, eu acredito que sim. – Respondeu um pouco confusa - Mas acho que ainda tenho algumas perguntas.
- Vamos sair daqui. – Ele fala - Mas primeiro...
Ele solta a mão dela e vai em direção à porta cor de vinho atrás do balcão da loja. Volta, segundos depois, carregando um vestido rosa com a barra florida – Você deve está com frio, apesar de está encantadora com esta batinha verde.
Ela sorri, sem graça, e vai até a porta para se trocar. - Lá, ouve oque parecia ser o telefone dele tocar. Não deveria ser nada, então apenas ignora - Não havia muita coisa ali dentro, apenas um espelho de parede sujo e uma escova velha de cabelo. Então ela decide fazer duas tranças em seu cabelo.
- Tão bela essa jovem que facilmente a confundiria com uma rosa – diz ele assim que a vê saindo de dentro do armário. Ele pega sua mão, e conclui. – Vamos.
- Para onde estamos indo? –Pergunta.
- Você vai gostar.
Eles saem juntos, ele a levara para um lugar não muito longe dali. Ao chegar, abre a porta para ela.
- Senhorita? – Sempre tão gentil.
Era uma sorveteria com um estilo retrôzinho, bem anos 80. Tinha até uma Vitrolinha Lilás, que tocava "Never Gonna Give You Up", – LP de Rick Astley - no canto da loja.
- Pois não, oque vão querer hoje? - Uma balconista que usava um avental amarelo bem chamativo, com uma blusa branca por dentro, levemente manchada de calda de chocolate, pergunta.
Ela pediu morando, ele Pistache. Então eles se sentam naqueles banquinhos coloridos que giram da loja. Mas de repente ele começa a gira-la ao ritmo da música, fazendo-a rir.
- Já chega Nickolas, - Brincou. - assim ficarei tonta.
- Ah, mas eu estou apenas começando. – Disse, ao se levantar e a convidar para uma dança.
- Você é maluco. – Resmunga, mas termina levantando.
No meio do estabelecimento, na frente de todos, eles dançavam juntos a coreografia da música – Ele melhor que ela - como se não houvesse mais amanhã. Era como se nada nem ninguém – Nem o braço, levemente fraturado, de Lara - importasse mais. Ele a gira e ela quase cai no chão. Porém ele logo a segura agilmente.
- Você não existe – ela fala - Vive me salvando como um príncipe. Príncipe William.
- "Never gonna let you down" - "Nunca vou te desapontar", Ele brinca e a música acaba.
Ele a tratava como uma princesa do século XXI, extremamente perfeito. Era o tipo de cara que toda mãe sonhava para sua filha, ela se perguntava se ele também seria o seu.
- Então, sinto pelo nosso reencontro de ontem a noite ter sido um tanto turbulento. Não esperava que fosse daquele jeito, acredito que seu celular tenha descarregado quando te mandei mensagem, pois não consegui encontra-te antes.
- Reencontro? – perguntou - Como assim me mandou mensagem?
Ele começa a rir.
- Não estou entendendo... – Ela exclama.
- Lara, pega seu celular – Ele pede.
- Isso não parece jeito de um cavalheiro requisitar o número de uma dama. – Brincou.
E ele volta a rir.
- Por favor, me dá seu telefone e fecha os olhos.
Ela faz como ele pedira, enquanto torcia com todas as forças para que ele não saísse correndo dali com aquele Iphone Rosa Ouro. Segundos depois ele coloca um par de fones no ouvido dela e entrelaça delicadamente seus dedos no dela, ela se assunta, mas logo começa a ouvir uma mensagem de voz.
- Oii Linda. Bem, eu... É que te vi hoje cedo quando estava saindo da casa de Marco, eu estava com pressa e desculpe de novo por ter esbarrado em você, a culpa foi minha e, é que eu voltei lá alguns minutos depois para procurar vo... – fez uma breve pausa, e então voltou a falar – Procurar pelo meu caderno e vi que você não estava, mas acho que estou com uma coisa sua. Vai ter uma festa hoje à noite e adoraria que você fosse, com seu primo, claro. Pedirei a ele para lhe levar. E, eu acho que é isso, Tchau. Só para avisar, não sou estranho.
- Ah obrigada, se não fosse o aviso no final, eu até teria desconfiado e que você era. – Brinca, meio sem graça.
Logo após ela abre os olhos e vê os dele brilhando, muito próximo do seu rosto. Ele sorri, mas ela interrompe, ao perceber algo.
- Meu Fone Azul! Não acredito você encontrou – Fala – Era do meu pai, antes dele... Bem, obrigada de verdade Nickolas.
- Sim, sim. – Ele responde, se afastando. – Eu encontrei ontem jogado em uma moita quando voltei para ver vo... Ah, Para procurar meu caderno. – brinca, imitando seu próprio áudio.
Ela sorri. Após alguns segundos de silêncio, ela pergunta.
- Então, mas porque o usuário "Nick Will".
- Ah, – ele responde – é que "Nickolas William Cruz Futuro Príncipe da Lara Torres" já existia, sabe.
- Ah Claro. – Ela ri auto.
De repente o ambiente é tomado por uma música romântica que começara a tocar.
- Ei, tá melado. – ele diz.
- Ah? – Ela pergunta, sem entender.
- Seu cabelo, - continua -tem um pouco de sorvete nele.
- Não tem não! – Ela ri.
- Não? Deixe-me ver melhor. – Fala.
Ele começa a se aproximar muito rapidamente dela, enquanto sorria levemente com o canto da boca. Mas, então, ficara mais sério, ele ainda segurava sua mão, estava muito próximo a seu rosto. Ele olhava em seus olhos, tinham uma intensidade fora do comum. - Ela desconhecia tal sensação - Mas indesejavelmente, seu celular começa a tocar.
- "Chamada de Marco Irritante... Chamada de Marco Irritante...".
- Droga – Pensou, e então disse – Bem, N.W, Nick Will, Príncipe William, ou seja, mais lá quem você seja e eu não sei.
- Futuro amor da sua vida... – Interrompeu.
-Enfim, temos que voltar ao Hospital antes que o imbecil do meu primo, que já estava levemente alterado da última vez que eu o vi, surte de vez.
Ela se levanta e guarda seu telefone e o fone de ouvido que havia recebido de volta. Ele logo se apresa para chegar primeiro a porta.
- Senhorita? – Ele abrira a porta para ela.
- Ah Níckolas, – Ela sorri - Você não existe!
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