4º Capítulo - Uma Noite Neon



          - Então, você tem habilitação, né. Ou ao menos idade para dirigir e os documentos da "Picakpe" - perguntou ela – e por um acaso o vovô autoriza você a pegar o carro assim; do nada no meio da noite de Réveillon?

          - Só venha comigo e não faça perguntas – respondeu ele – você já sabe como as coisas comigo funcionam.

          As palavras dele naquele momento não a tranquilizavam nem um pouco, muito pelo contrário. De qualquer forma, – ela pensava - ir com ele podia ser mais interessante que ficar naquela festa.

          Eles entraram e Marco ligou o motor. Fez ligação direta, o oque só deixou Lara ainda mais irritada. Ele riu. Logo após um curto período de silencio, ela pergunta.

          - Pode me dizer pelo menos para onde estamos indo?

          - Lara, calma. Não estou sequestrando você, até porque não tenho a menor intenção de ir preso em pleno Réveillon por causa da chata da minha prima. – ela o chuta, de leve para que ele não perdesse o controle do veículo, e ele volta a falar - Sabe aquele meu amigo que eu disse que ia ver ontem à noite, ah é, quando você estava nem ligando para a minha existência durante umas 3 horas seguidas.

          - Sim, sei. – Respondeu, para que ele fosse logo direto ao ponto.

          - Então, ele estava indo para o aeroporto, pois vai se mudar para uma cidade na Carolina do Norte. Nós somos muito amigos desde a infância, ele é quase como um irmão para mim, sabe. – Ele contava – Ele que foi de surpresa ontem à chácara, pouco antes de você chegar, e nós nos despedimos. Mas acredito que ocorrera algum imprevisto, deve ele ter se atrasando, pois, apareceu novamente lá, à noite, contando que conseguiu despachar as malas, mas seu voo fora adiado para amanhã à tarde. Então, ele resolveu dar uma festa de despedida/Ano Novo na mansão de seus avós, – que lá não estavam, pois viajavam – e é para lá que nós vamos Senhorita Lara. Lara? - Perguntou, mas ela não dissera uma só palavra– Lara Torres!

          - Hum? Oi, tá. Claro; seu amigo, Carolina do Norte, Festa. - Disse ela, meio perdida.

          Assim que Marco desviou o olhar brevemente para vê-la.

          - Ah, mas eu não acredito - Disse ele parando o carro - Me dá isso aqui.

          - Ei! Meu celular - reclamou.

          - Você ouviu uma só se quer palavra do que eu acabei de dizer ou só ficou trocando mensagens. - Perguntou ele, bravo.

          Ela apenas pediu.

         - Dá para devolver meu telefone!

          - Essa noite não, Lara. - Disse ele trancafiando o celular dela como um prisioneiro dentro do porta-luvas - Você vai se divertir de verdade como uma adolescente da sua idade sem esse celular e fim de papo.

          Ele liga o carro novamente, ela parecia que ia falar algo, mas apenas cruza os braços e resmunga.

          - Se meu Pou morrer de fome a culpa é sua.

          Alguns minutos de silencio depois, Marco fala.

          - Chegamos. - E desce do carro.

          Ele abre a mala e guarda o blazer, ficando apenas com uma camisa comprida branca e assim que tira a calça social, aparece à calça jeans azul que espertamente estava usando por baixo. Por fim, substitui aqueles sapatos sócias - que ele achava ridiculamente duros - por um "All Star" branco. Em quanto isso; Lara ajeitava seu vestido quando encontrou um batom vermelho no banco de trás, – deveria ser da sua avó – resolveu usar. Desfez o penteado delicadamente que deixou belas ondas em seu cabelo. Marco abre a porta para Lara, mas assim que olha para ela.

          - Então, Va... Uou. Você está... Uou. –Fez uma pausa – Quem é você e oque fez com a minha prima!

          Ela ri.

          - Você também está "Uou", primo. – Respondeu gentilmente.

          - Não tanto quanto você, mas tudo bem - diz ele - Aceito seu elogio.

          Eles riam enquanto andavam, mas assim que chegam eles param em frente à porta e Marco diz.

          - Então, você vai perceber que a turma do meu amigo é bem liberal, já ele não muito. Todos são veteranos do 3ºAno. Tenta não reparar muito na bagunça que eles fazem, e tome cuidado. Só para lembrar, eu não sou seu pai e você já é grandinha, se quiser fazer alguma coisa faça, eu não vou ficar te vigiando como uma baba. Até porque você sabe que tudo tem consequências no dia seguinte. Mas relaxe curta a festa e em caso de emergência é só gritar que eu vou correndo.

          Eles entram na festa. Mas logo Marco é levado por uma galera muito eufórica que veio o cumprimentar. Sozinha, ela passou a observar o lugar; aquela gente, a música alta, uma piscina enorme que brilhava com neon. Parecia ser uma espécie de festa na piscina, ou não, as pessoas podiam está simplesmente entrando na piscina com roupa porque queriam ou por estarem muito doidonas. Lara até tentou "Relaxar e curtir" como Marco havia dito. Dançou um pouco, - mesmo não tendo o costume de ouvir nada além de música Clássica - tentou comer alguma coisa, mas para onde ela olhasse só via galões e mais galões de cerveja.

          - Como se isso tivesse algum valor nutritivo – Falou para si mesma.

          Procurando bem, encontrou uns biscoitos. Mas assim que tocou, logo perdeu o interesse.

          - Deus sabe oque tinha ali dentro, ou se aquilo se quer era um biscoito mesmo. – Resmungou e então apenas se sentou em um canto. - Meu Deus oque é que eu estou fazendo aqui. Esse barulho - Exclamou - preciso arrumar alguma coisa para me distrair.

          Mas assim que colocou a sua mão no bolso de seu vestido para pegar seu celular.

          - Nojento! – Pensou um pouco alto de mais, pois logo um cara estava de costas ao seu lado vira-se e responde ironicamente.

          - Assim você me ofen... – Mas para ao olhar para ela - Oi, bonequinha.

          Ele falava de um jeito estranho, tinha um olhar vazio; como a maioria das pessoas naquela festa. Era claramente duvidoso se ele estava de posse alguma faculdade mental naquele momento, Lara teve receio.

          - Sinto muito, foi um mal intendido - Respondeu ela, enquanto se afastando sutilmente dele que sem nenhum motivo aparente começou a rir como uma Hiena com problema renal.

          - Relaxa criança linda, OH "JÃO"! - Chamou por um cara que estava tão desfigurado quanto ele – Oh a "bicha" como é "boa" né.

          Esse tal de "JÃO" veio voando em sua direção olhando, de um jeito apavorador, nos olhos dela, e disse.

          - É sim, ela é.

          Ele colocou o braço em volta dela, forçando um abraço. O cheiro terrível de suor e bebida na camisa dele a sufocava. Era insuportável toda aquela situação para ela.

          - Marco? Sim, já estou indo. Com licença, meu primo me aguarda logo ali. - Disse e saiu correndo, o mais rápido que pôde.

          Já longe deles, numa das bordas da piscina, olhou para um lado, olhou para o outro e sem sinal de Marco para leva-la para casa. Deveria está se divertindo - de algum jeito - por ai. - ou não- Então resolveu se obrigar a dançar até o tempo passar; se tudo que ela não dava atenção, não ia para o coração ela iria dançar até esquecer até onde estava. As pessoas passavam por ela com bebidas e biscoitos coloridos, a ofereciam, mas ela estava tão focada em seu objetivo que nem conseguia ouvir as pessoas, até elas se tornarem apenas borrões brilhando como Neon. Ela que tudo isso acabasse. Mas no meio da fantasia, atrás dela, um maluco começou a correr com uma garrafa enorme de vitro levantada na mão, e claro, ela não viu. Em questão de segundos ele chegaria até ela e a garrafa se estouraria em cacos bem no meio da parte de trás de sua cabeça, causando inevitável morte cerebral. Fora questão de milésimos, quando ela ouviu uma voz chamando por ela.

          - LARAAA!

          Era uma voz familiar, mas não parecia a de Marco. Não era tão grossa como a dele, mas também não era fina. Mas a fez se virar para olhar fazendo com que a garrafa, batesse em seu ombro e ela caísse gritando na piscina.

          - MARCOOO... – Ela gritava.

          Ela não sabia nadar, quando caiu seu cabelo ficou em sua frente fazendo com que ela não conseguisse enxergar mais nada. Começou a se lembrar de seu pai, que morrera totalmente asfixiado sem conseguir respirar e nem enxergar em meio a tanta fumaça. Ela começou a se debater em pânico, mas em poucos segundos, ela morreria afogada e seu primo - que corria o mais rápido que pudera - não chegaria a tempo. Era só ela e Deus ali, quando de repente viu brilho e ouviu um barulho na água. E então sentiu um toque e começou a subir. Alguém a resgatara e levantou-a até a superfície. Assim que sentiu o ar entrando em seus pulmões respirou com a maior força que já havia feito em toda a sua vida. Porém ela fizera tanto esforço que acabou desmaiando, mas sua a vontade de saber quem era que lhe havia salvo era tanta que a fez despertar segundos depois. Mas ela não conseguia ver nada. Estava tudo tão embaçado, sentia tanta dor, que ela voltou a desmaiar, porém, acordara assim foi deitada no azulejo frio da borda da piscina. A partir daí ela só vera alguns "flashes" de luz, - Alguém saindo da piscina, Marco chorando muito a abraçando com toalhas e um brilho Neon no teto - antes de se apagar pela terceira, e última, vez.

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