Tão Humano
Em São Paulo, Ingrid aguardava a prima na frente do hotel onde vivia. O táxi chegou.
- Como você cresceu! Os anos passaram e a agora você decidiu trabalhar! Vamos entrar! O flat é bem pequeno, mas dá pro gasto. - Ingrid sabia que poderia contar com a prima para até ajudar a pagar o flat, era jovem, esguia e de sorriso fácil, como todo povo do interior de Minas. - O dono do restaurante vai falar com o gerente do shopping... Vamos tomar um banho e vamos jantar!
Isabel estava encantada, era sua primeira vez numa grande metrópole como São Paulo e tudo chamava sua atenção, Ingrid descobriu que não era só emprego que iria arranjar para Isabel, mas que ela precisava de um banho de loja.
Antes do jantar, Ingrid decidiu comprar algumas roupas no Shopping que era bem perto, poderiam ir a pé, fazer caminhada. que no empório trabalhava no escritório.
Quando chegaram no shopping, Isabel tinha ganas de correr e ver tudo que estava a sua frente, Ingrid se divertia há muito tempo que não tinha tempo nem para sorrir, tamanha responsabilidade sentia sobre seus ombros.
Agora Isabel devidamente vestida, foram a um restaurante, lá estavam os amigos para um chopp relaxante.
Paulão chegou. Boa pinta, moreno galanteador, já foi logo pedindo o currículo de Isabel. Tinha uma vaga, mas não sabia se ela iria aceitar, precisava de uma pessoa para arrumar as vitrines e estava disposto a dar um curso rápido, a acompanharia nos primeiros dias dando dicas e sugestões.
Isabel não sabia como agradecer a uma pessoa tão prestativa.
- Pode começar amanhã.
Ela não podia acreditar, as portas estavam se abrindo mais rápido do que ela pensava!
Na manhã seguinte entrou com o pé direito, Paulão já estava de prontidão.
Levou-a até o escritório e mostrou tudo o que ela devia fazer.
Quando chegou a vitrine, Isabel ficou olhando os manequins que deveriam estar vestidos e limpos.
- Nossa! Parece de verdade! Isso aqui é moleza. Vou fazer o serviço com gosto.
Ela parou diante de um manequim e se assustou, parecia que ele estava olhando-a! Seu coração saltou, parecia ser realmente humano, tão humano, a ponto de mexer com seu coração.
Ou estava pirando?
Passou a mão no rosto do manequim olhando cada detalhe, sentiu vontade de beija-lo, o coração batia forte.
- E aí trabalho maneiro não?
- Ai seu Paulão, não é que o manequim está me olhando?
- Menina, de todas as que eu ajudei do interior, você é a mais impressionável. Algumas são cheias de superstições, outras tem manias estranhas, mais essa agora!? Eu aguento! - Ele deu as costas
Paulão era completamente demasiado, mas nunca soube ser duro o bastante e ainda ficava ouvindo tantas barbaridades...
Chegando no Flat, Isabel conversou com Ingrid.
- É possível um manequim ficar seguindo a gente pelo shopping afora?
Ela paralisou, olhando pra Isabel sentada com as pernas cruzadas em cima do sofá e comendo pipoca.
Ingrid era uma jovem bem estruturada, gostava de gestos polidos e media as palavras para não dar gafe mas se desarmava na presença de Isabel, que, sempre despojada, não estava nem ai para a opinião do povo.
O importante para ela, era ser feliz.
Mas agora, vinha com essa presepada!? Era ingenuidade ou burrice mesmo?
- Isabel, você está delirando? Isso não existe! - Ingrid sentou-se ao seu lado e também começou a comer pipoca.
- Esses bonecos gigantes parecem humanos! Você sabe quando surgiram as primeiras vitrines e os primeiros manequins?
- Ah, foi lá na época da Rainha Vitoria por aí. Começaram a surgir as primeiras vitrines, eram janelas que mostravam as mercadorias, as pessoas viam e sentiam o desejo de entrar e comprar, também as decorações era como peças de teatro, usavam madeira entalhadas
cortinas e drapeados. Agora, os primeiros manequins ou as primeiras silhuetas, eram feitas de vime e serviam aos alfaiates e costureiras... só em 1850 é que a pareceram as primeiras bonecas da moda, feitas de porcelana e couros.
- Mas parece gente de verdade! Ele me segue com os olhos. Só falta falar!
- Dá um tempo menina, vamos falar de outra coisa.
Isabel queria tirar as suas dúvidas, mas Ingrid achava que era uma grande besteira.
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