Encomenda Especial

Na manhã seguinte, Ingrid estava arrumando as malas. Ivanovsk ia para França e a convidara. O desejo de conhecer a Europa palpitava em seu íntimo.

Quando Ingrid telefonou, ele já havia viajado.
O agente de Ivanovsk disse que ele ficava super concentrado no concerto, nas obras que executaria em cada turnê, que se desligava do mundo real, mas que no final do mês estaria viajando pelos países limítrofes do Brasil e Ingrid poderia encontrar-se novamente com ele.

Mas ela queria ir de qualquer jeito para a Europa, pensava em surpreende-lo. Estava absorta em seus pensamentos quando Susan ligou de Londres para que ela fosse busca-la no aeroporto.

- Está vendo Ingrid! Não é para você ir! Sua amiga está vindo. Vai ficar chato ela vir e você ir.

- Olha Isabel, esta é uma oportunidade única. Ela vai entender. Vamos trabalhar que é a melhor coisa a ser feita.

O dia passou voando. Susan chegou bem na hora do jantar e como sempre, foram ao restaurante de Ícaro, onde foi apresentada, Icaro logo perguntou:

- Você pretende ficar aqui mais ou menos quanto tempo? Vou tirar férias e aproveito para te levar nas Cataratas do Iguaçú, é lindo!

Ele parecia ter se encantado com os olhos azuis de Susan, Vernek também não tirava os olhos e Adriano com gestos polidos, também.

Isabel apenas observava o andar da carruagem.

- Só o tempo dirá. Aconteceram umas coisas em Londres que me deixou para baixo.

Os três se endireitaram em suas cadeiras. Mulher carente, sozinha em outro país e um bando de marmanjo dando sopa.

Isabel pediu sobremesa, a coisa ia esquentar e ela queria apreciar de camarote, quem levaria a melhor!

*

Em Londres, Sir. Makalinster e Rosita foram a Scotland Yard. Ela apreciou o edifício, a sede central da Polícia Metropolitana ou quartel general como alguns chamavam.

Ali Sir. Makalinster tinha vários amigos. Estivera na guerra das Malvinas e esteve no comando, ao lado do Príncipe, a sua função na realeza era protegê-lo, motivo pelo qual alcançara o título de Sir, junto a rainha.

Sua filha tinha desaparecido e ninguém melhor que Austin Keller da brigada anglicana, renomado investigador, sabia onde encontrar vestígios de um crime a quilômetros de distância. Estava equipado com as melhores armas israelenses. Desde que assumira a região administrativa de Westminster, o Palácio, e as duas câmaras do Parlamento do Reino Unido, pareciam mais protegidos. Agora, a dez da Broadway se orgulhava por receber a melhor Polícia do mundo.

- Keller, você disse para eu te procurar. - O escritório era todo de vidro, com persianas verticais. Tinha uma mesa de mogno em seu centro, com cadeiras de linha moderna. - Acabei de saber que tenho uma filha, ela desapareceu e por incrível que pareça, sou o responsável.

- Por onde começamos? - Keller o inquiriu franzindo os olhos.

- Lookshere. Na propriedade dos Bradfour.

- Aquele safado está mexendo com a cervejaria ainda? - Bufou

- O cara ficou rico, não precisa ralar como nós. - Respondeu Makalinster já meio descontraído.

Rosita estava sentada, com sua roupa colorida que destoava do ambiente, mas suas joias legítimas aguçava o olhar experiente do investigador. Seu corpo esguio podia ser notado mesmo debaixo da roupa farta. Os olhos verdes pareciam duas pedras que brilhavam ao sol, sua boca bem feita e mãos delicadas não eram de uma cigana qualquer.

Muitos que Keller conhecera eram ciganos por opção, simplesmente pelo desejo de conhecer novos lugares, mas na realidade, eram a bastardos e tinham um bom faro para negócios.

- Quem é ela? Como isto aconteceu? - Keller questionou com movimento de cabeça em direção a Rosita que aguardava no sofá, em outra repartição.

- Rapaz isso foi uma disputa entre amigos. Coisa de férias de verão. Estávamos nos Alpes suíços quando os encontramos. Perdidos, o grupo nos ajudou a encontrar a trilha que estávamos fazendo para o treinamento de guerra. No pelotão, havia vários que se encantaram com ela, fizemos uma aposta e eu ganhei, isso resultou numa filha! Sempre que eu vinha a Londres, gostava de conversar com os ciganos, sem nenhum envolvimento, na realidade parecia até que me rejeitavam mas que me suportavam. Vi a menina algumas vezes, não pensei que fosse minha filha. Agora a bomba estourou em minha casa. Margareth está desesperada, Susan se mandou para o Brasil e eu já revirei Londres inteira, pesquisamos juntos as comunidades ciganas, e nada.

- Fica tranquilo. Vou mandar um rastreador, ele se chama Igor.

Igor era um homem de aparentado quarenta anos, barba por fazer, parecia meio desleixado ou fora do contexto em um escritório, mas era um perito de grande respeito.
Muitos o consultavam quando duvidavam de uma cena de crime.

*

Em São Paulo, Isabel agora trabalhando na loja de flores, ficava imaginando onde as flores iriam.

- Esta vai aquecer um relacionamento, esta vai alegrar uma noivinha, este aqui vai ser doado a uma velhinha no asilo. Estas aqui é para um magnata que vai dar uma super festa...

Dayse a nova funcionária encarou Isabel e falou:

- Caramba! Nenhuma vai para um funeral de algum mafioso!? Quer dizer que para você, as flores só vão para momentos alegres!? Até parece!

- Dayse, minha querida. O morto nem irá ver as flores... então elas vão ser um toque doce para um momento amargo.

Agarrou um ramalhete de flores se dirigindo aos grandes vasos que eram para preserva-las melhor, quando percebeu um cliente andando no corredor, virou-se para atender como sempre com um sorriso, mas ele se desfez num segundo. Seu rosto empalideceu, faltou respiração, sua boca secou e seu corpo estremecia.

- Senhorita, poderia mandar Orquídeas para o escritório no vigésimo quinto andar? E por favor faça um arranjo para a sala presidencial. A senhorita mesmo poderia entregar. - Isabel piscou os olhos, não podia acreditar no que estava vendo!

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