38 - Ik houd van jou
Mas daqui a um mês quando você voltar a Lua vai tá cheia e no mesmo lugar.
Quanto Tempo Demora Um Mês - Biquíni Cavadão
O domingo estava cinzento durante as horas que passaram no aeroporto. Gael estava muito ansioso e chegou no local com mais antecedência do que o necessário, mesmo sua namorada afirmando que chegariam a tempo mesmo que enrolassem por mais uma hora ou duas. A ansiedade do rapaz se dava não somente pelo fato de passar trinta dias em outro continente onde não dominava o idioma, mas também seria a primeira vez que viajaria de avião. Diana tentava tranquilizá-lo e afirmava que ele dormiria por boa parte do trajeto, mas ele duvidava muito disso e naquele momento só desejava que sua mãe e suas irmãs também estivessem ali para ajudarem em sua distração.
Mesmo não podendo ir até o aeroporto, dona Cida e suas filhas fizeram um almoço de despedida para o tatuador. Gael conseguiu se despedir de sua mãe, irmãs e sobrinhos no dia anterior em meio a lágrimas de saudades e de orgulho da senhora que o abraçava o tempo todo e de piadas de Rita, que dizia que não sentiria falta do irmão, mesmo se emocionando ao abraçá-lo na porta de casa antes do rapaz subir na moto e pilotar até o bar junto da namorada na garupa.
Diana sabia como aquela família era unida e não pediu pela atenção do namorado por nenhum momento, deixando o rapaz aproveitar aquela tarde de despedidas e desejos de boa sorte. A passagem pelo bar foi rápida, somente para receber um abraço de seu melhor amigo e um brinde ao desconhecido que o esperava – e Gael saiu rindo da forma que um brutamontes feito Bento se emocionava com um simples abraço. Ao chegarem em casa, a despedida finalmente foi só dos dois.
A casa ainda estava como Gael havia preparado na noite anterior, com velas pelo chão e correntes de luzinhas penduradas na cabeceira da cama, apesar de terem arrebentado alguns fios durante a madrugada em que os pulsos femininos ficaram amarrados ali. Diana aproveitou a aura ainda romântica daquele cômodo e exigiu cada segundo que o tatuador pudesse lhe dar durante aquela madrugada em que mais uma vez não dormiram. Cada detalhe daquele fim de semana era importante, o sexo, as conversas, os carinhos, até mesmo o silêncio, quando se encaravam sem precisar dizer nada enquanto apenas desfrutavam daqueles momentos antes que o horário do voo se aproximasse.
O embarque para o voo com escala em Frankfurt já havia começado e Gael precisou se despedir de Diana mesmo contra a vontade. A advogada já estava esperando por esse momento há alguns dias, mas quando chegou a hora, sentiu um peso no estômago. Aquela situação pareceu se tornar real quando o tatuador a abraçou tão forte que poderia quebrá-la e o medo de tudo mudar quando o rapaz conhecesse outro lugar, outra vida, outras mulheres e outra realidade a tomou mais uma vez.
– Ei, você disse que não ia chorar – ele segurou o rosto da namorada entre as mãos e depositou um beijo casto em seus lábios.
– É só saudade – deu de ombros e sorriu.
– Eu já te conheço, senhorita Diana. Eu sei como essa sua cabecinha ansiosa funciona – bateu levemente o indicador na testa da mulher – Mas pode ficar tranquila. Daqui um mês eu estou de volta pra você, pra comer o jantar que você me prometeu. Nada vai mudar.
– Eu estarei aqui te esperando, então.
Com um beijo Gael foi capaz de fazer as inseguranças de Diana se dissiparem. E esse beijo foi longo o suficiente para encher a mulher de saudades do tatuador que olhou diversas vezes para trás enquanto seguia para o embarque. Ela esperou até ter a certeza de que o avião já estava no céu para poder ir embora, mesmo sabendo que passava da meia-noite e que trabalharia no dia seguinte. Chegou em casa perto da uma hora da manhã e se revirou na cama por um bom tempo até pegar no sono.
O avião passou por algumas turbulências, mas Gael não acordou em nenhuma delas. Talvez a noite em claro na companhia de Diana tenha colaborado para o sono pesado, ou então foram os dois relaxantes musculares que tomou de uma vez logo que sentiu a primeira fisgada na perna por estar naquele assento tão apertado e estreito para uma pessoa da sua altura. Ele já não sabia dizer quanto tempo levou para chegar em Frankfurt, onde precisou aguardar por quase duas horas até seguir para Bruxelas, seu destino final.
Aquela viagem que levou cerca de quinze horas no total foi mais tranquila do que ele imaginou que seria, e mesmo dormindo na maior parte do tempo, ainda foi capaz de admirar as luzes da noite brasileira e o céu sobre as nuvens internacionais. Assim que deu entrada no país, reconheceu o dono do estúdio que o convidou segurando a placa com seu nome. Gael estava empolgado com tudo ao seu redor, e mesmo não tendo um inglês tão bom, conseguia se comunicar com o homem que o levava até a casa que seria seu lar por trinta dias.
Chamar aqueles 18m² de casa seria exagero. Gael jamais pensou que moraria em um lugar menor do que seus dois cômodos em São Paulo, mas lá estava ele, em um studio minúsculo, com um balcão tão pequeno quanto a pia, um frigobar sob um fogão de duas bocas e uma mesa com duas cadeiras servindo tanto de escrivaninha quanto de mesa de jantar em frente a uma grande janela que pegava toda a parede – talvez o único item realmente grande ali. Ao olhar o banheiro, duvidou que caberia no pequeno box do chuveiro.
Subiu uma escada reta que mais lembrava uma escada marinheiro de tão inclinada e chegou ao quarto, que nada mais era do que um colchão de casal sobre o piso de madeira do mezanino, uma pequena cômoda e uma televisão. A vista ao menos era bonita e ele se sentiu dentro de um filme cult europeu ao observar o céu e as construções sentado na beirada de sua nova cama.
Mesmo pequeno, o studio parecia aconchegante. Assim que foi deixado sozinho pelo homem que o convidou e que estava bancando aquela estadia após combinarem que ele iniciaria no estúdio na manhã seguinte, o rapaz ligou para Diana, contou sobre a viagem e mostrou cada canto daquela nova casa – o que definitivamente não levou tanto tempo. Já era noite em Bruxelas, mas em São Paulo pouco passava das quatro da tarde e a advogada ainda estava no escritório, então Gael aproveitou para conversar com a irmã por alguns minutos antes do telefone tocar e Rita precisar sair correndo para atendê-lo.
O casal se despediu para que ele pudesse ligar para dona Cida e Isadora, que aguardavam ansiosas por notícias. A senhora reclamou que seu filho saiu do Brasil para viver num cubículo e até mesmo xingou o homem que o deu moradia, já sua irmã estava orgulhosa de ver onde ele chegou. Gael despediu-se em meio a risadas da revolta da mãe e deitou na cama para descansar, já que iniciaria em um novo estúdio na manhã seguinte e não sabia o que esperar dos tatuadores e dos clientes daquele lugar.
Gael acordou cedo o suficiente para não se atrasar e agradeceu aos céus quando colocou o endereço do estúdio no celular e percebeu estar morando a apenas uma quadra do lugar, podendo ir a pé diariamente para economizar todo e qualquer euro que ganhasse. Adentrou o estúdio um tanto ansioso, mas foi bem recebido por todos os tatuadores que demonstraram estar empolgados com sua chegada, logo o fazendo se sentir em casa.
Foi já no primeiro dia que Gael fez sua primeira tatuagem em terras europeias. Foi em Marc, o dono do estúdio que o buscou no aeroporto. O homem de quase cinquenta anos que dizia raspar a cabeça por estilo e não por estar ficando careca explicou que queria ter desenhos diferentes de artistas de todo o mundo e que cada tatuador convidado deixava uma marca em sua pele. Ele tatuou uma bússola em preto e cinza no estilo sketch na parte interna do bíceps e foram tantos elogios recebidos por todos os tatuadores que Gael voltou para casa orgulhoso.
Conforme os dias passavam, Gael se sentia mais à vontade com os colegas e menos inseguro com o seu trabalho. Antes acreditava que todos aqueles tatuadores eram melhores do que ele, mas percebeu que seu traço era tão bom quanto o de todos ali. Diana também teve um grande papel nessa aceitação do namorado, afirmando inúmeras vezes durante as chamadas de vídeo diárias que ele era um profissional incrível, caso contrário não teria sido convidado por Marc para viver aquela experiência tão única em sua vida.
Enquanto Gael aprendia novas técnicas e até mesmo novos idiomas na capital belga, Diana aproveitava o tempo livre no escritório para prestar consultas jurídicas para Fábio sem cobrar nada em troca. Assim como havia prometido há algumas semanas, o ajudaria a se divorciar de Fernanda o quanto antes. A tática de trocar de advogado funcionou, pois sua irmã já se sentia vitoriosa e até enviou algumas mensagens recheadas de deboches, afirmando que a advogada perdeu para ela mais uma vez. Ela apenas riu com antecedência do tombo que viria para a mulher egocêntrica que infelizmente dividia seu sobrenome e seu DNA.
Enquanto a primeira semana em um continente diferente foi relativamente fácil e de adaptação, a semana seguinte foi de muito trabalho e, consequentemente, muito cansaço. O estúdio que trabalhava em São Paulo não era tão conhecido ou conceituado, mas aquele estúdio na capital da Bélgica tinha uma clientela extensa e uma agenda cheia. Ele até poderia se sentir na vantagem por não precisar sair correndo de um trabalho para o outro como fazia no Brasil, mas sentia-se muito mais exausto do que enquanto era garçom de Bento madrugada adentro – pelo menos no bar seu cérebro não se cansava por precisar pensar em cada frase a ser dita em outro idioma.
Gael chegava tarde e por mais que desejasse conversar por horas a fio com sua namorada, muitas vezes caía no sono durante as ligações. Diana não o julgava por aquilo, apesar da saudade de simplesmente jogar conversa fora com quem esperava o dia inteiro para poder ver. Sabia que ele precisava daquele descanso, pois sua profissão não permitia erros causados por exaustão física e mental.
No sábado completava treze dias desde que ele chegou no país e aquela experiência estava praticamente na metade. Diana pensou que poderia matar a saudade que vinha sentindo sem que ele dormisse enquanto contava sobre alguma descoberta naquela cidade, mas a chamada de vídeo não durou mais que cinco minutos sem que Gael precisasse desligar após incontáveis bocejos. Ela tentava ser compreensiva, relembrava a todo momento o fuso horário belga e que estavam a cinco horas de diferença, então enquanto ela chegava do trabalho, ele já estava implorando para dormir. Mas era sábado, e pelo menos no fim de semana ela esperava por sua presença.
A insegurança que não dava as caras desde o beijo que recebeu de Gael momentos antes do embarque voltou com tudo. Será que ele havia se cansado dela? Havia conhecido alguma europeia definitivamente mais interessante? Ou apenas percebeu que estava mais feliz daquela maneira workaholic e que não queria nenhum relacionamento atrapalhando sua carreira em ascensão em outro país? A ansiedade de Diana a fazia remoer todas aquelas questões repetidamente e não a deixava dormir – e dessa vez nem mesmo Rita estava por perto para poder acalmá-la.
Gael estava muito bem acordado naquela noite de sábado. Havia perdido a conta de quantos copos de café precisou tomar nas últimas horas para afastar o sono, além de fingir alguns bocejos para poder desligar a vídeo-chamada com Diana. Seus olhos cansados encaravam a tela do notebook em sua mesa e por vezes ele os desviava para a vista da grande janela em sua frente enquanto pensava no que estava fazendo. Se aproximava das cinco da manhã quando acordou com seu celular vibrando sobre a madeira com a ligação que tanto esperava. Atendeu ainda sonolento sorriu ao ver o sorriso da moça do outro lado da linha instantaneamente.
– Você demorou, não faz ideia de como eu estava esperando por você.
***
O dia 15 de setembro chegou, e com ele o aniversário de 31 anos de Diana. Ela não estava tão empolgada – na verdade nunca foi muito fã de comemorá-lo – e seu ânimo só diminuía por se tratar de uma quarta-feira. Ainda estava com a falta de Gael nos últimos dias entalada na garganta e ainda na segunda-feira Rita se convidou para dormir na casa da amiga para tentar animá-la, levando o vaso de flores artificiais do escritório para o apartamento da mulher poder se sentir ao menos um pouco mais próxima do tatuador. Sua cunhada afirmava que o irmão reclamava de cansaço diariamente e que a advogada poderia ficar tranquila, pois ele era louco por ela e jamais faria algo que o fizesse perdê-la.
Diana não se convenceu muito disso, mesmo tendo recebido uma ligação do namorado logo que acordou, onde Gael desejava um feliz aniversário após uma rápida declaração enquanto seus colegas de estúdio gritavam felicitações em inglês ao fundo. Os olhos do tatuador transpareciam todo o amor que sentia, mas após ser traída por Maurício de tantas maneiras durante três anos bem debaixo de seu nariz, acabava sendo difícil acreditar em palavras que atravessavam o Atlântico Norte.
O convite para dormir em sua casa foi negado por Rita, então Diana se convenceu de que passaria o seu aniversário sozinha. Chegou em casa e se permitiu tomar um banho longo depois de encarar o vazio sentada em seu sofá por pelo menos uma hora, mas logo seu celular começou a tocar e ela precisou sair do chuveiro com pressa. Bufou assim que viu o sorriso de dentes alinhados de Gael do outro lado da tela. O tatuador estava arrumado como se fosse sair, a deixando curiosa com onde ele poderia ir em plena madrugada belga durante um dia útil.
– Boa noite, amor – Gael manteve o sorriso que a desmontava.
– Boa noite – ela respondeu de forma seca – Vai sair?
– Eu tenho um encontro – ele sorriu ainda mais abertamente.
– Como é que é?! – ela bufou irritada. Não acreditava que ele ainda admitia.
– Um encontro com você! – ele ergueu as sobrancelhas como se fosse óbvio – Hoje é seu aniversário. Dessa vez é seu aniversário de verdade.
– Eu não estou te entendendo... – Diana franziu o cenho observando a parede do studio em que ele estava morando ao fundo da tela. Não era uma surpresa e ele não estava de volta ao Brasil.
– Espera aí, só um segundo...
Gael pegou o celular que até então estava apoiado na janela e enviou uma mensagem. Logo o interfone do apartamento 51 tocou e a mulher ouviu a voz de Bento dizer "doutora Diana dos vinhos, entrega especial!".
– O que é tudo isso?! – Gael a ouviu dizer assim que entrou de volta no apartamento.
– Feliz aniversário, amor.
Por mais que ainda estivesse chateada com o sumiço do namorado naquela semana, naquele momento ela sorriu. Uma sacola com um enorme hambúrguer de gorgonzola, uma porção de batata-frita e uma Coca-Cola de dois litros acompanhavam um pequeno bolo de uma confeitaria famosa que Diana adorava. Ela pegou seu celular e o sorriso de Gael se alargou ao ver a surpresa no rosto da mulher.
– Como você planejou isso... Você conseguiu tirar o Bento do bar!
– Ele é o meu melhor amigo e gosta de você, não se importou de se ausentar por uns vinte minutos.
Gael deu de ombros e se levantou, voltando em seguida com um hambúrguer tão grande quanto o dela e uma lata de refrigerante. Diana sorriu ao finalmente entender o tal encontro que ele mencionou.
– O daqui não é tão bom quanto o do Bento, mas tudo bem – sorriu – Mas me conte sobre o seu dia, como foi o seu aniversário até agora?!
– Como qualquer outro dia, com a diferença que ganhei alguns presentes. A Rita me deu uma coleção de livros do Stephen King maravilhosa, eu estou apaixonada e não vejo a hora de começar a ler. O Fábio me mandou uma caixa de bombons que a sua irmã já comeu metade e a Márcia me mandou um áudio que eu quase chorei. Ah, o Maurício mandou flores, mas assim que eu reconheci aquele buquê de cravos eu mandei o entregador levar de volta, nem fiz questão de ler o cartão.
Diana contou mais detalhes do seu dia, mesmo não tendo acontecido nada de tão relevante. Enquanto comiam seus hambúrgueres a quase dez mil quilômetros de distância, Gael contou das tatuagens que fez e do gosto estranho dos belgas para desenhos. Mencionou também que estava tentando aprender um pouco mais dos três idiomas locais, mas só havia aprendido uma ou outra palavra.
– E o que você já aprendeu?
– Olha, eu só me esforcei de verdade em uma expressão e me desculpe se a pronúncia sair errada...
– Tudo bem, eu não vou saber se estiver – ela sorriu.
– Je t'aime – Gael começou um pouco tímido em francês – Ich liebe dich – acrescentou em alemão – Ik houd van jou – concluiu em holandês.
– Porra, Gael... – Diana murmurou ao enxugar os olhos marejados no mesmo guardanapo que limpou as mãos – Eu não estava esperando... eu estava tão brava com você e de repente você vem dizendo que me ama e isso me desarmou totalmente...
– Brava comigo por quê?! – ele a interrompeu um tanto surpreso.
– Você anda distante e eu entendo o seu cansaço, mas eu sinto tanto a sua falta... E é como se só eu sentisse.
– Diana, pelo amor de Deus – ele riu e ela não entendeu – Eu estava distante porque estava planejando essa noite. Mas eu sinto sua falta todos os dias, o tempo todo. Os caras já não aguentam mais me ouvir falar sobre a namorada incrível que eu tenho.
– Mesmo? – de certa forma o coração de Diana se acalmou.
– Mas é claro! E caso não tenha ficado óbvio em nenhum outro idioma, eu te amo. Muito.
Diana sorriu mais uma vez. Naquele instante se sentiu injusta com Gael. Injusta por ter desconfiado dele. Sabia que sequer teve motivos, mas era como se ele fosse melhor sem ela e descobriria isso a qualquer momento. Já o rapaz estava sereno como sempre, afirmando repetidamente que ela não tinha com o que se preocupar.
Já haviam terminado de comer quando Gael afirmou que ela deveria ligar a televisão e escolher o filme que quisesse, pois assistiriam juntos. Ela questionou o horário, pois se em São Paulo o relógio apontava nove da noite, em Bruxelas já era duas da manhã. Seu namorado afirmou não se importar, pois aquela era a noite dela e o filme já estava nos planos.
O filme escolhido foi uma comédia aleatória de uma hora e meia de duração, já que ela não queria que ele fosse trabalhar sem dormir. Durante o filme Gael ainda fez piada sobre a televisão já estar esquecida caso não estivessem separados por continentes e Diana sorriu, pois sabia que ele tinha razão. Ela sentia falta dele. Do abraço, do corpo, do peso do braço sobre suas costelas quando ele pegava no sono ao receber carinho nos cabelos. Dos dois aninhados no sofá e de todos os toques e carícias que aconteciam quando desistiam de prestar atenção na tela. Dos beijos. Sentia falta de como o calor dele a aquecia em noites ligeiramente frias como aquela. Não via a hora daquele mês interminável acabar.
– Eu tenho mais uma surpresa pra você – Gael falou assim que o filme terminou.
– Eu não sei mais o que esperar – Diana riu do outro lado da tela.
– Abre seu guarda-roupa e vai na última gaveta do lado direito, debaixo de todas as roupas. Tem um presente lá pra você.
Diana estreitou os olhos e se levantou apressada com o celular em mãos. Abriu a gaveta e revirou as roupas até encontrar o saco de presente preto de bolinhas brancas. Se perguntou quanto tempo fazia que não arrumava seu guarda-roupa para não ter encontrado aquilo escondido ali. Ao abrir o embrulho, retirou uma camiseta branca com a imagem dos cinco integrantes do Foo Fighters ilustradas em preto, com tarjas nos olhos de cada um. Apesar de ser quase onze da noite, ela se permitiu soltar um gritinho de felicidade ao abraçar a peça. Gael sorria ao ver a felicidade da mulher estampada no rosto.
– Meu Deus, amor! Eu amei! – ela abraçava a camiseta ainda mais forte – Eu queria até ir trabalhar com ela! Sei que não posso, mas eu queria e muito! Como que você escondeu isso aqui e eu não vi?!
– Foi a Rita – sorriu – Segunda-feira ela se convidou pra dormir aí, né? – ele perguntou e Diana assentiu – Eu que pedi pra ela. Aí quando você foi tomar banho ela escondeu. Eu sei que você separa suas roupas por ordem de preferência e que as roupas da última gaveta são as menos favoritas, então foi até fácil...
– Eu não acredito...
– Pode acreditar. Aliás, tem mais um presente escondido aí... – ele falou reticente e Diana arqueou a sobrancelha.
– E pelo o seu tom você quer brincar de adivinhação quase meia-noite? – ela sorriu.
– Quase cinco da manhã aqui, mas é exatamente isso – ele retribuiu o sorriso – O último presente da noite está no primeiro presente que eu te dei.
– Mas eu joguei os cactos fora há meses...
– Tá bom, no primeiro presente que resistiu a você, sua assassina de plantas indefesas – ele riu ao revirar os olhos.
Diana foi direto até o vaso de flores artificiais. Procurou entre as folhas e não encontrou nada, então o levantou e achou um envelope colado no fundo. Gael estava ansioso para ver a reação da mulher, afinal foi por isso que ficou acordado até cinco horas da manhã no último sábado e mal conseguiu acreditar quando recebeu a ligação de Rita informando que havia conseguido.
– EU NÃO ACREDITO! – Diana gritou sem se importar com o horário – Meu Deus, Gael, eu não sei o que dizer, eu... Eu te amo tanto! Você não fez isso por mim... você não... Eu te amo!
– Eu dei essa camiseta pra você usar no show do Foo Fighters que a gente vai em janeiro – ele sorriu e seus olhos umedeceram ao ver algumas lágrimas escorrerem dos olhos de Diana.
– Não pode ser verdade... – ela suspirou e sorriu para ele com os ingressos impressos em mãos – Amor, você não pode brincar com isso...
– Dia 22 de janeiro você vai ver que não é brincadeira – Gael sorriu – Fui procurar ingressos no dia em que eu fiquei sabendo do show, mas as vendas ainda não tinham começado. Elas começaram no sábado à meia-noite. A Rita passou horas na fila virtual pra mim, já que eu não sabia se conseguiria esperar a meia-noite daí do Brasil. Aí assim que ela conseguiu comprar, me ligou e eu estava até dormindo sentado enquanto esperava.
– Por isso você desligou rápido no sábado... – Diana concluiu, ainda deslumbrante com aqueles ingressos.
– Exatamente. Eu fiquei tão ansioso que tive medo das vendas começarem mais cedo e ela precisar falar comigo, mas não conseguir porque eu estava falando com você.
– Vocês planejaram tudo tão bem... Eu amo tanto a sua irmã, a sua família... Eu amo tanto você.
– Ik houd van jou – ele sorriu ao dizer mais uma vez em holandês que a amava, a fazendo sorrir também – Esse foi o idioma mais difícil, por isso estou repetindo.
– Eu nem acredito em tudo o que você fez. Esse foi o melhor aniversário da minha vida... o melhor presente que já ganhei na vida!
– Você passou ele praticamente sozinha...
– Você não me deixou sozinha. Você está comigo, não está?!
– Sempre. Mas daqui quinze dias estaremos juntos de novo e aí eu vou poder te abraçar de verdade e dizer que te amo olhando nesses seus olhos lindos e não pra uma tela de celular.
– Só mais quinze dias – ela sorriu.
– Só mais quinze dias e eu chegarei pra você.
Olá meus amores, como estão?!
Sei que estou sumida, não escrevi absolutamente nada de Flores Artificiais nos últimos 15 dias (mas escrevi duas OneShots, uma já está no meu perfil), mas Flores é um livro que eu preciso de MUITO foco, e eu não consegui ter nenhum nas últimas duas semanas. Bom, tenho mais duas semanas de férias pela frente, então fé no pai que a escrita sai hahah
Enfim, o que acharam do capítulo?
O show do Foo Fighters seria em Março no Lollapalooza, mas como o Taylor Hawkins morreu e a banda cancelou o show (não superei até hoje), decidi adiantar um pouquinho.
Ah, só pra constar, eu amo demais o Gael e a Diana, sério, não dá! ♥
É isso, espero ver vocês em breve!
Beijinhos ♥
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