Capítulo 09 - Part II
"Entre milhões de estrelas, minha alma sempre soube que a sua era a única que brilhava para mim.”
Chamas Violeta: O Juramento de Laena Velaryon a Daemon Targaryen sob o Olhar de Valrok.
POV DO NARRADOR
Quatro anos haviam se passado desde que se uniram, e o amor entre Daemon e Laena apenas crescia, como uma chama que nunca se apaga, uma lua de mel eterna. Daemon, aos 37 anos, e Laena, aos 26, nunca deixaram que a diferença de onze anos em seus nascimentos interferisse na harmonia de seus pensamentos e corações.
Caraxes, o imponente dragão vermelho, desceu suavemente dos céus, pousando com um estrondo no pátio do castelo na Ilha dos Herdeiros dos Dragões. Daemon desceu com agilidade, segurando dois quadros grandes. Acariciou as escamas rubras de Caraxes, um gesto de agradecimento que falava de uma cumplicidade profunda. O dragão levantou voo novamente, indo em direção ao fosso dos dragões, onde encontraria a companhia de Vhagar. Os dois dragões muitas vezes preferiam a sombra do fosso, mas frequentemente eram vistos voando juntos sobre a ilha, um espetáculo de poder e graça.
— Meu mar! — Chamou Daemon, sua voz ecoando pelas paredes do castelo, iluminadas pela luz dourada da tarde e pelo brilho das tochas. Flores perfumadas adornavam cada canto, um toque carinhoso de Laena, que sempre fazia de seu lar um refúgio de beleza e serenidade.
Grace, a serva, surgiu pelo corredor com um sorriso caloroso.
— Seja bem-vindo, Alteza. A vossa senhoria está na oficina. — Ela se curvou respeitosamente antes de se retirar para a cozinha.
Daemon correu pelo corredor dos fundos, ansioso por encontrar sua amada. A oficina de Laena era um lugar mágico, onde o cheiro dos perfumes e cremes artesanais se misturava com a brisa marítima, criando uma atmosfera intoxicante. As amplas janelas arqueadas deixavam a luz natural banhar o espaço, e as cortinas de linho branco dançavam ao ritmo do vento.
Ele bateu levemente na porta antes de entrar, posicionando os quadros no canto como uma surpresa. A visão de Laena, em um vestido rosa bebê fluido, debruçada sobre um baú esculpido com poesia valiriana, era de tirar o fôlego.
Ela ergueu os olhos e, com um sorriso apaixonado, lançou-se nos braços de Daemon, beijando-o intensamente. Ele gemeu, suas mãos grandes descendo até a cintura dela, sentindo o desejo crescer.
— Bem-vindo, meu fogo rebelde.
— Que recepção calorosa, minha senhora. Você está estonteante, meu mar. — Daemon beijou-lhe a testa, onde uma joia de prata em forma de cavalo marinho brilhava em homenagem aos Velaryon.
O sorriso doce de Laena iluminou o ambiente. Ela acariciou o peito musculoso de Daemon, seus olhos violetas brilhando com antecipação.
— Onde estão os quadros? Esperei meses para vê-los. — Ela mordeu o lábio inferior, suas bochechas corando. — Tenho uma surpresa para você.
Daemon ergueu uma sobrancelha, curioso. O brilho nos olhos de Laena era hipnotizante.
— Você sabe como me cativa, meu mar. — Ele a beijou novamente antes de pegar os quadros do lado de fora.
Laena saltitou de alegria enquanto Daemon rasgava o papel marrom que cobria as pinturas. Uma retratava o casal dançando em seu baile de máscaras exclusivo, cercados por amigos e familiares, todos envolvidos em uma atmosfera de alegria e celebração. A outra mostrava-os na praia, abraçados, observando o pôr do sol enquanto dragões voavam majestosos no céu.
Os olhos de Laena se encheram de lágrimas ao ver a perfeição das pinturas, que capturavam a essência de seu amor e a felicidade daqueles momentos. Daemon, vendo a emoção de sua amada, sentiu-se o homem mais afortunado dos Sete Reinos.
— São perfeitos, meu fogo rebelde. — Laena murmurou, seus olhos fixos nos quadros.
— Não tão perfeitos quanto você, meu mar. — Daemon respondeu, puxando-a para mais perto, sabendo que nenhum artista poderia capturar a verdadeira beleza que ele via em sua esposa todos os dias.
— Aqui está a surpresa. — Laena afastou-se relutantemente, pegando um pequeno baú de carvalho branco e entregando-o a Daemon com um sorriso ansioso.
O Targaryen sentiu o peso do pequeno baú, colocando-o na grande mesa central de madeira polida, cercada por frascos de vidro em forma de dragão, cheios de essências preciosas e extratos florais. Pequenos sacos de linho continham pétalas secas, raízes aromáticas e especiarias exóticas. Um caldeirão de cobre repousava ao lado de almofarizes e pilões de mármore, prontos para transformar ingredientes brutos em elixires de beleza.
Os dedos de Daemon acariciaram os símbolos valirianos que pediam orações e boas preces. Ele abriu o baú e encontrou um pequeno kit de cosméticos em forma de dragões, em tons rosados. Virou-se para Laena, que o olhava emocionada.
— Você criou uma nova coleção para mim? — Daemon perguntou, com um sorriso de surpresa e alegria. Ele era viciado nos produtos que sua esposa fazia, usando os cremes e perfumes que deixavam sua pele mais hidratada e rejuvenescida.
— A sua nova coleção ainda está em processo de fusão, meu fogo rebelde. E ela está ficando incrível. Porém, essa é ainda mais especial. Abra um e sinta o perfume? — Pediu Laena, com as mãos suando de antecipação.
Daemon fez o que ela pediu. Abriu o pequeno frasco e inalou a fragrância. Era única, leve, com um toque de morango, misturado com o aroma das duas únicas flores que cresciam nas profundezas de um vulcão e nas profundezas do mar. Sua pele se arrepiou quando finalmente entendeu a dica de Laena.
— Parabéns, papai. — Confirmou Laena, seus olhos brilhando de alegria.
Daemon sentiu uma onda de emoções inundar seu coração. Ele puxou Laena para perto, a carregou nos braços com uma alegria indescritível, girando-a suavemente enquanto seus risos ecoavam pela oficina. Segurando-a com firmeza, seus olhos transbordavam de amor e gratidão, como se todo o universo estivesse contido naquele momento.
— Meu mar, você é a dádiva mais preciosa que os deuses poderiam me conceder. — Murmurou, sua voz embargada pela emoção. — Este bebê será amado como nenhum outro, assim como você, minha senhora, é amada por mim.
Daemon gentilmente colocou Laena em outra mesa, adornada com flores frescas colhidas dos jardins ao redor. Os vasos de cerâmica exalavam seus perfumes delicados, preenchendo o ar com uma fragrância reconfortante. Então, ele se abaixou diante dela, beijando sua barriga com pura adoração, sentindo-se abençoado por ter encontrado o verdadeiro amor em Laena e agora, ansioso para receber o presente divino que estava a caminho.
[....]
À medida que os meses avançavam, a barriga de Laena crescia, e a expectativa de Daemon aumentava a cada dia. Descobriram que estavam esperando gêmeos, os dois corações batiam em sintonia, e isso os encheu de alegria indescritível. Daemon sonhava com duas lindas princesinhas chamando-o de "Kepa" com doçura e inocência, vislumbrando um futuro repleto de risos e brincadeiras.
Seu falecido pai, Baelon Targaryen, ansiava por netas. Viserys teve Rhaenyra, e Daemon estava prestes a realizar esse desejo. O dragão de Laena, Vhagar, havia chocado dois ovos de dragão, um com escamas verde pálido e o outro com escamas de marfim. Parecia ser um presente dos deuses para os futuros herdeiros.
Sem revelar a existência dos ovos à coroa, eles os colocaram em uma incubadora para mantê-los aquecidos e seguros. Era uma questão de segurança manter os ovos em segredo, pois qualquer conhecimento público poderia desencadear uma crise política perigosa. A coroa temia que um Targaryen com mais posse de dragões pudesse desequilibrar o poder e provocar uma guerra civil. Portanto, mesmo sendo de seus dragões, teriam que entregar os ovos se fossem descobertos.
Lady Laena contemplava o grandioso quarto das gêmeas, maravilhada com a beleza que ela e Daemon haviam criado. Unindo suas ideias, construíram um ambiente verdadeiramente mágico, refletindo a rica ancestralidade valiriana.
O quarto estava dividido em duas áreas que se complementavam em perfeita harmonia. Berços negros em forma de dragões majestosos ocupavam os lados direito e esquerdo, cercados por móveis esculpidos com detalhes que lembravam escamas de dragão. As cortinas, em tons suaves de vermelho e preto, pendiam graciosamente das janelas altas, banhando o quarto em uma luz suave e acolhedora.
As paredes eram adornadas com símbolos dos Targaryen, habilmente incrustados em aço valiriano, refletindo a herança nobre das futuras ocupantes do quarto. Ondas detalhadas rodeavam figuras de cavalos-marinhos, entrelaçando-se em um design que evocava o poder do mar e a força dos dragões.
O quarto possuía uma vista deslumbrante do mar, com janelas que deixavam entrar uma abundância de luz natural, iluminando cada canto do espaço com um brilho quente e convidativo.
Laena abriu a caixinha que continha duas chupetas prateadas em forma de dragão do mar, presenteadas por seu pai. Ela sorriu emocionada, sentindo o amor e a esperança que aquela pequena caixinha representava.
As gêmeas se mexeram na barriga da mãe, como se respondessem ao toque carinhoso de Laena. Ela acariciou a barriga, sentindo a vida pulsando dentro de si.
— Vocês serão as crianças mais amadas e protegidas do mundo. — Sussurrou, sua voz carregada de emoção.
Daemon entrou no quarto, observando sua esposa e o ambiente que haviam criado. Aproximou-se de Laena, envolvendo-a em um abraço suave. Olhou ao redor, orgulhoso do trabalho que haviam realizado juntos.
— É perfeito, meu mar. — Disse ele, sua voz suave e cheia de amor. — Nossas filhas terão um lar digno de sua herança.
Laena assentiu, com os olhos brilhando de felicidade. — Tudo aqui carrega o poder e a magia de nossas linhagens. Elas serão fortes e amadas, como merecem.
Daemon beijou a testa de Laena e depois se abaixou para beijar sua barriga novamente, sentindo uma conexão profunda com suas futuras filhas.
— Você gostou da banheira de pedra? Exigi que fosse baixa por causa das nossas filhas. À medida que elas forem crescendo, podemos aumentar a profundidade da banheira. — Disse Daemon, sentindo Baela chutar seu rosto quando ouviu a voz do pai. Rhaena, por outro lado, era mais silenciosa e mal se mexia, o que preocupava Laena, pois poderia trazer complicações no parto.
Laena se virou e encarou a banheira de pedra. Era uma peça imponente, esculpida em um bloco sólido e com detalhes intrincados que lembravam escamas de dragão. O formato retangular e as bordas baixas foram projetados com cuidado, pensando no conforto e na segurança das gêmeas à medida que crescessem. A banheira, situada no centro do quarto, estava cercada por tochas e candelabros, prontos para iluminar a chegada dos bebês.
Ao redor da banheira, vasos de cerâmica adornados com símbolos dos Targaryen e Velaryon continham ervas aromáticas e flores exóticas, cujo perfume se misturava com o cheiro salgado do mar que entrava pelas janelas abertas. As paredes do quarto refletiam a luz suave, fazendo com que os símbolos valirianos incrustados em aço brilhassem sutilmente.
Os servos estavam cientes da tradição Velaryon de utilizar a água do mar aquecida durante o parto, garantindo que o ambiente estivesse em harmonia com o oceano. Essa conexão com o mar era crucial, pois acreditavam que dava força e proteção às mães e seus filhos. Ao mesmo tempo, o fogo das tochas e da lareira representava a essência dos Targaryen, proporcionando o calor necessário para os ovos de dragão chocarem no momento do nascimento.
Laena olhou para os ovos de dragão das gêmeas, cuidadosamente colocados em um ninho de seda e lã perto da lareira. Os ovos, um com escamas verde pálido e outro com escamas de marfim, estavam se movendo, indicando que o nascimento estava próximo. Laena sentiu uma onda de emoção ao imaginar suas filhas crescendo com esses dragões, uma continuação viva do legado valiriano.
— Eles se movem mais a cada dia — Murmurou Laena, com os olhos brilhando de expectativa e ansiedade. — Nossos filhos nascerão com o fogo dos dragões e a força do mar em suas veias.
Daemon a envolveu em um abraço carinhoso, sentindo a mesma mistura de alegria e nervosismo.
— Serão as crianças mais amadas e protegidas. Nosso legado será mais forte do que nunca. — Disse ele, com uma determinação inabalável.
Juntos, observaram o quarto das gêmeas, sabendo que cada detalhe ali representava a união de suas histórias e esperanças. Preparados para enfrentar qualquer desafio, aguardavam ansiosamente a chegada de Baela e Rhaena, prontos para lhes dar o mundo e mais um pouco.
[.....]
Laena contemplava Rhaenyra cuidando de seus sobrinhos, Lucerys Velaryon, de um ano, no colo, enquanto segurava Jacaerys Velaryon, de quatro anos, adormecido. As duas princesas, sentadas em um coreto, testemunhavam o crepúsculo se aproximando. Rhaenyra, Laenor e seus filhos haviam chegado na noite anterior, juntamente com os pais de Laena e os Meisters, pois o parto da princesa Velaryon estava próximo.
— Mal posso esperar para segurar minhas meninas. — Laena murmurou, balançando suavemente Jace, um bebê tão sereno e fofo, que raramente chorava e sempre obedecia.
Os meninos Velaryon adoravam o colo de Laena; ela sempre os acalmava com suas canções mágicas. Rhaenyra e Laenor estavam passando uma temporada em Driftmark, enquanto o castelo de Dragonstone passava por algumas reformas. Na maioria das vezes, Rhaenyra, Laenor e seus filhos passavam o tempo com Laena e Daemon na ilha de Essos. O amante de Rhaenyra, Sor Harwin Strong, ocasionalmente os visitava, com a permissão dos anfitriões da ilha. Rumores sobre um possível trisal entre Laena, Daemon e Rhaenyra circulavam, mas nunca foram confirmados, especialmente pelos servos da ilha, que negavam veementemente os boatos.
Rhaenyra sorriu para Laena, a Velaryon estava mais bela do que nunca durante a gravidez, e o coração de Targaryen bateu mais forte. Ela já aceitara que seu amor por Laena seria platônico.
— Elas serão extraordinárias, tão belas quanto a mãe delas. — Laena corou com o elogio.
— Não alimente muito meu ego, ele já é grande o suficiente. — Laena brincou, fazendo Rhaenyra e Lucerys rirem, enquanto Rhaenyra beijava amorosamente a testa do filho.
Laena notou a preocupação no rosto de sua prima.
— O que te aflige?
— O futuro... Alicent está ganhando mais influência na corte a cada dia. Eles querem que meu pai mude minha legitimação como herdeira do trono para meu irmão, Aegon II. — Rhaenyra disse com desprezo.
— A sociedade está podre, Nyra. Vai levar tempo até sermos aceitas nos corredores do poder. Mas você, você será a primeira rainha regente dos Sete Reinos. Eu estarei ao seu lado. E se os verdes ousarem se levantar, Vhagar os reduzirá a cinzas. O povo verá sua grandeza. Um dragão protege os seus, e o povo são seus filhos. — Laena falou com convicção.
Lágrimas desceram pelo rosto de Rhaenyra. Além de sua falecida mãe, Aemma, que sempre acreditara nela, agora tinha Laena para oferecer apoio e sabedoria.
— Obrigada. — Rhaenyra disse, seus olhos transbordando gratidão e amor por Laena. Ela então lançou um olhar amoroso para a barriga de Laena, onde seu filho Jacaerys repousava. Ele sempre preferia o lado direito, como se soubesse que sua alma gêmea estava ali dentro.
— Meus filhos nasceram destinados a amar suas filhas, Lena. Se forem meninas, nossos filhos se unirão em matrimônio. — Rhaenyra declarou, sua expressão determinada. — A primeira a nascer será rainha consorte de Jacaerys. A segunda será senhora de Driftmark ao lado de Lucerys. Da união deles surgirá a mais pura linhagem de sangue de dragão.
Laena olhou para Rhaenyra, tocada pela proposta. Seus olhos brilhavam com a ideia de unir ainda mais suas famílias. Finalmente, uma de suas meninas teria a coroa de rainha em sua cabeça.
— É uma oferta generosa, Nyra. Seria uma honra para mim e minhas filhas fazer parte dessa união. — Laena respondeu, seu coração aquecido pela perspectiva de ver suas filhas e os de Rhaenyra unidos por laços tão fortes.
A princesa Rhaenyra sorriu para Laena, compartilhando um momento de cumplicidade silenciosa. Enquanto o sol se punha no horizonte, tingindo o céu de dourado e rosa, as duas princesas permaneceram sentadas no coreto, envoltas pela ternura do momento. A brisa marinha acariciava seus cabelos, criando uma atmosfera de serenidade e promessa.
[.....]
As dores da concentração pioraram, cada espasmo enviando ondas de agonia pelo corpo de Laena. O suor escorria por sua pele como rios, tornando a noite ainda mais sufocante. Cada empurrão parecia arrancar um grito de dor de seus lábios, mas ela permanecia firme, determinada a trazer suas filhas ao mundo.
A água aquecida da banheira de pedra envolvia seus joelhos, a temperatura elevada contrastando com o frio do medo que rondava a mente da princesa. Sua camisola branca estava encharcada, grudando em sua pele, quase transparente à luz das tochas e candelabros que iluminavam o quarto com um brilho oscilante.
Daemon, seu marido, estava logo atrás dela, apoiando seu corpo cansado. Seus braços fortes envolviam a princesa, transmitindo um pouco de sua força para ela. Sua respiração era pesada, carregada de preocupação e amor.
— Aguente firme, minha Laena. Estou aqui com você. — Ele murmurava em seu ouvido, a voz grave tentando oferecer conforto.
Ao lado deles, Rhaenys e Rhaenyra trabalhavam diligentemente, limpando o suor do rosto de Laena com panos frescos. Os olhos de Rhaenys estavam fixos na filha, uma mistura de apreensão e orgulho visível em suas feições.
— Você está indo bem, Lena. Nós estamos aqui, todos nós. — Dizia Rhaenyra, sua voz doce e encorajadora.
Meistre Gerardys estava ajoelhado na extremidade da banheira, suas mãos experientes guiando o processo com a precisão de anos de prática.
— Respire, princesa. Respire fundo e empurre quando sentir a dor aumentar. — Instruía ele, sua voz serena contrastando com a tensão no ar.
A banheira, situada no centro do quarto, estava cercada por tochas e candelabros, prontos para iluminar a chegada dos bebês. O crepitar do fogo misturava-se aos murmúrios de encorajamento e aos gritos abafados de Laena, criando uma sinfonia de vida e dor.
Os servos estavam atentos, cientes da tradição Velaryon de utilizar a água do mar aquecida durante o parto, garantindo que o ambiente estivesse em harmonia com o oceano. Essa conexão com o mar era crucial, pois acreditavam que dava força e proteção às mães e seus filhos. Ao mesmo tempo, o fogo das tochas e da lareira representava a essência dos Targaryen, proporcionando o calor necessário para os ovos de dragão chocarem no momento do nascimento.
Vhagar ergueu a cabeça poderosa, soltando um rosnado que ecoou pela praia deserta. Suas garras enormes rasgaram a areia, refletindo sua inquietação. Cada contração que Laena sentia dentro da banheira, Vhagar sentia também, como se as dores de sua dona fossem suas próprias.
A luz prateada da lua banhava a praia, criando um cenário etéreo, quase surreal. As ondas quebravam suavemente contra a costa, trazendo consigo o cheiro salgado do mar, uma lembrança constante do vínculo entre os Velaryon e o oceano.
Apesar da distância que separava a praia do quarto onde Laena dava à luz, a conexão entre elas era inquebrável. Vhagar sentia a agonia de Laena e respondia com rugidos que misturavam frustração e solidariedade. A grande dragão sabia que a princesa estava lutando para trazer suas filhas ao mundo, e em cada rugido havia um voto silencioso de proteção e força.
O cheiro salgado da água do mar misturava-se ao aroma pungente da madeira queimando, criando uma atmosfera quase mágica. Cada detalhe havia sido cuidadosamente planejado para garantir a segurança de Laena e de seus filhos. Daemon apertou mais forte a mão de sua esposa, um lembrete silencioso de que ela não estava sozinha.
O ovo de escamas verde pálido tremeu mais forte, rachaduras serpenteando pela sua superfície lisa. Daemon, maravilhado, observava cada movimento, o coração batendo acelerado com a expectativa. Então, com um estalo final, a casca se partiu, e uma pequena cabeça de dragão fêmea emergiu, seus olhos brilhando com uma curiosidade feroz.
No mesmo instante, o grito mais forte que os anteriores de Laena preencheu o ar, um som carregado de dor e determinação. Em seguida, o choro alto e claro de um recém-nascido ecoou pelo quarto, misturando-se com o rosnado fraco e hesitante da dragão recém-nascida. A pequena criatura encarou o mundo pela primeira vez, soltando um som rouco, mas cheio de vida.
O ambiente ao redor parecia vibrar com uma energia nova. As tochas e candelabros lançavam sombras dançantes nas paredes, enquanto o fogo da lareira crepitava em harmonia com a batida dos corações. Lá fora, na praia, Vhagar soltou um rugido de aprovação, saudando a nova vida que havia acabado de chegar.
— Uma chegou. — Anunciou Meistre Gerardys, segurando a primeira bebê com cuidado. Laena, exausta mas radiante, deixou que as lágrimas de alívio e alegria escorressem livremente por seu rosto.
Daemon, com os olhos cheios de emoção, beijou suavemente a testa de sua esposa.
— Você foi incrível, meu mar. — Sussurrou, enquanto a vida nova que eles haviam criado se juntava à sua família.
— Vá pegar nossa filha. — Ordenou Laena, tentando respirar lentamente e se preparando para a chegada da outra bebezinha que estava prestes a nascer. Rhaenys e Rhaenyra ajudaram Daemon a sair da banheira, colocando almofadas para apoiar as costas de Laena. Antes de sair, Daemon beijou calorosamente os lábios de sua senhora.
Meistre Gerardys embrulhou a recém-nascida em uma manta suave e a entregou a Daemon. O bebê parou de chorar imediatamente ao ser acolhida nos braços do pai, enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto másculo de Daemon. Sua garotinha era tão perfeita, com a pele negra e cabelos brancos e ondulados, herdados de sua mãe, e os intensos olhos violetas, marca dos Targaryen.
Daemon beijou a testa ainda ensanguentada da nenê e sorriu para sua primogênita. — Seu nome será uma homenagem ao meu pai, Baelon. Você se chamará Baela Targaryen. E será tão corajosa e destemida quanto ele, e me dará muito orgulho, dragãozinha do papai.
Pelo canto do olho, Daemon viu sua esposa recebendo os cuidados de Rhaenys, que umedecia um pano e passava pelos lábios de Laena, brancos pelo esforço. Daemon se ajoelhou ao lado de Laena e mostrou Baela a ela. Laena sorriu e chorou emocionada ao ver a filha.
— Ela é tão perfeita!
A pequena dragão de Baela, ainda no ninho de seda perto da lareira, grunhiu para chamar a atenção de Daemon, desejando se conectar com sua montadora. Laena fez um sinal com a cabeça e Daemon se afastou, levando Baela até a filhote recém-nascida de Vhagar.
Daemon pegou a dragãozinha de escamas verde pálido e a colocou sobre a manta preta e vermelha com o brasão Targaryen que envolvia Baela. — Você se chamará Moondancer (Bailalua), pois a lua está muito bela e você é uma coisinha mandona que até já deu os primeiros passos e bateu as asas, hein.
Moondancer soltou um pequeno rosnado de aprovação, suas asas frágeis batendo suavemente enquanto se aninhava ao lado de Baela. Daemon nunca havia testemunhado um nascimento tão belo. Pela primeira vez, ele viu um ovo de dragão chocar para o seu montador, o da sua primogênita. Ele e Laena tiveram que conquistar seus próprios dragões, enfrentando desafios e provando seu valor. Mas o dragão de Baela nascera para ela, um presente do destino. Isso o deixou fascinado e profundamente orgulhoso.
A conexão entre a recém-nascida e sua dragão era evidente, e Daemon sentiu um arrepio de emoção ao pensar no vínculo que se formaria entre elas.
— Você é tão abençoada, minha pequena Baela. — Sussurrou Daemon, acariciando delicadamente a cabeça da bebê. — Nasceu com um destino grandioso, e seu dragão já está ao seu lado para protegê-la e guiá-la.
Ao olhar para Laena, que estava se preparando para trazer mais uma vida ao mundo, ele sentiu uma onda de gratidão. Rhaenys e Rhaenyra cuidavam dela com dedicação, e ele sabia que sua esposa era a mulher mais forte que conhecia.
Daemon colocou Baela no berço, cuidadosamente forrado com mantas macias e adornado com o brasão Targaryen. A bebê, já calma, instintivamente colocou sua mãozinha no corpo escamoso e minúsculo de Moondancer, que se aconchegava ao seu lado. O vínculo entre as duas parecia se fortalecer a cada momento, uma conexão quase palpável.
Daemon fez um sinal para as servas, instruindo-as a cuidarem da bebê. Elas se aproximaram hesitantes, os olhares fixos na pequena dragão que agora compartilhava o berço com Baela. O temor de perturbarem ou serem atacadas por Moondancer era evidente, mas elas sabiam da importância de cuidar da filha de seu senhor.
— Não se preocupem. — Disse Daemon em um tom tranquilizador. — Moondancer não atacará, mas vocês devem fazer seu trabalho. Apenas sejam gentis e atentas.
As criadas assentiram, mantendo-se próximas ao berço sem tocar na bebê. Elas observavam com admiração a ligação entre Baela e seu dragão, um símbolo poderoso do destino grandioso que aguardava a criança.
Daemon voltou sua atenção para Laena, que estava se preparando para a chegada do próximo bebê. Ele sabia que a presença de Baela e Moondancer seria uma fonte de força para ela. Aproximando-se de Laena, ele sussurrou:
— Nossa pequena Baela está segura. Moondancer já está criando o vínculo com ela. Agora, concentre-se em trazer nossa outra filha ao mundo. Estamos todos ao seu lado, meu mar. — Murmurou Daemon, sua voz suave mas firme.
Laena sorriu, exausta mas determinada. Com o apoio de Rhaenys e Rhaenyra, ela respirou fundo e se preparou para o próximo desafio. Daemon beijou suas mãos e voltou para sua posição, apoiando o corpo de Laena. A princesa fez força, apertando as mãos nas pernas do marido em um aperto de morte. Daemon não se importou, apenas tocou seus ombros, incentivando-a com um olhar cheio de amor e determinação.
No canto do quarto, o outro ovo de escamas marfim se mexeu, mas, diferente de Moondancer, parecia fraco, incapaz de quebrar a casca por conta própria. Laena sentiu uma onda de dor intensa e ouviu os rosnados de Vhagar na praia, a angústia da dragão ecoando na noite. Ela estava no limite de suas forças, e sua bebê parecia não ter energia suficiente para nascer sozinha. O sangue de Laena se misturava com a água da banheira de pedra, tingindo-a de vermelho.
Meistre Gerardys, percebendo a urgência da situação, inclinou-se e puxou delicadamente as perninhas da bebê para fora. Laena gritou de dor, mas a bebê não emitiu nenhum som. Ela mal conseguia respirar, e o silêncio desesperador tomou conta do quarto. Meistre Gerardys engoliu em seco, percebendo que a recém-nascida estava morrendo. O ovo de dragão de escamas marfim rachou, mas o dragão macho que emergiu não emitiu nenhum rugido.
Daemon, com o coração apertado, encarou sua bebê e o filhote, ambos pálidos e fracos. O desespero estava estampado em seu rosto.
— Não! — Gritou ele, a voz carregada de angústia e medo. Daemon saiu com cuidado de sua posição na banheira e se ajoelhou ao lado da bebê, tentando encontrar uma solução. O silêncio do quarto era quebrado apenas pelos fracos sons de respiração da recém-nascida e do dragãozinho. Daemon pegou a pequena nos braços, a desesperança começando a tomar conta dele.
— Ela precisa de calor... e de força. — Afirmou, olhando para Laena com olhos cheios de lágrimas. Ele se levantou e saiu da banheira, ajoelhando-se perto do pequeno monte de seda onde o dragãozinho de escamas marfim o encarava fracamente.
— Você nasceu para ela, assim como Moondancer nasceu para Baela. — Disse ele, a voz firme. — Dê a ela a força que ela precisa.
Segurando a bebê perto do pequeno dragão, Daemon esperou, desesperado, por um sinal. Lentamente, como se entendesse as palavras de Daemon, o dragãozinho emitiu um rosnado fraco, e suas escamas começaram a brilhar levemente. Um fio de esperança brilhou nos olhos de Daemon.
— Isso, meu pequeno. Dê a ela sua força. — Sussurrou ele.
A energia que emanava do pequeno dragão começou a fluir para a recém-nascida, e lentamente, a cor começou a voltar ao rosto da bebê. Seus pequenos pulmões se encheram de ar, e ela soltou um choro fraco, mas vivo.
Daemon, com lágrimas escorrendo pelo rosto, sorriu de alívio e alegria. — Ela está viva! — Exclamou, segurando a bebê perto de seu coração.
O dragãozinho de escamas marfim, ainda fraco, emitiu um rosnado suave, e Daemon olhou para ele com gratidão. — Você será conhecido como Solares. — declarou ele, batizando o pequeno dragão em homenagem ao milagre que havia acabado de testemunhar. — E juntos, vocês enfrentarão qualquer desafio que o futuro lhes reservar.
Laena, exausta mas aliviada, sorriu ao ouvir o choro de sua filha. — Bem-vinda ao mundo, minha pequena Rhaena, em homenagem a você, mãe. — Disse ela, encarando Rhaenys, que chorava emocionada, os olhos brilhando de amor e orgulho.
[.....]
Daemon acariciou suavemente o rosto de Laena enquanto ela adormecia, sentindo uma mistura de alívio e tristeza. A noite havia sido cheia de altas emoções, e agora, na calma da madrugada, ele refletia sobre tudo o que havia acontecido. Sua esposa estava limpa, alimentada e medicada para apaziguar a dor de ter parido duas bebês prematuras. Olhou para o berço ao lado da cama, onde Baela agarrada com Moondancer e Rhaena dormiam tranquilas.
No entanto, uma tristeza profunda se instalou em seu coração ao lembrar-se de Solares, o dragão recém-nascido que havia dado a vida para salvar a de Rhaena. O pequeno dragão, mesmo frágil, mostrou uma coragem e um amor incríveis, sacrificando-se para garantir que sua montadora sobrevivesse.
Daemon suspirou, sentindo a perda de Solares como uma ferida em seu peito. Ele sabia que aquela pequena criatura havia partido, mas sua memória viveria para sempre em seus corações.
— Descanse em paz, Solares. Sua coragem e sacrifício nunca serão esquecidos. Obrigado por ter dado sua vida para que minha Rhaena pudesse viver. — Falou Daemon, com a voz embargada pela emoção.
E assim, a noite de emoções intensas chegou ao fim.
Continua…
Nota da autora: Na minha cabeça os partos das mamães Velaryon são desse modo. E em relação ao nascimento da Rhaena, tenho certeza que foi isso que aconteceu, o dragão dela havia chocado, mas teve que dar a sua vida, para que Rhaena sobrevivesse. E depois ele renasceu em Morning. Igual a Aenys Targaryen, filho do primeiro Aegon, que só sobreviveu porque se conectou a sua dragão Mercúrio.
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