Capítulo 08

AVISO:

Este capítulo contém cenas de morte violenta que podem ser gatilhos para alguns leitores. Por favor, leia com cautela.

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"A bússola valiriana, forjada pelos deuses, conduziu-me inexoravelmente até você. Meu cântico, impregnado de um amor eterno e sombrio, atravessará o véu do tempo e trará você de volta aos meus braços, como estrelas brilhando no firmamento guiam navegantes perdidos em mares de desespero. E assim, selamos nosso juramento sob o manto da noite, seguindo as ondas do mar flamejante."

Chamas Violeta: O Juramento de Laena Velaryon a Daemon Targaryen sob o Olhar de Valrok.

POV DO NARRADOR

Lady Laena estava imersa em pensamentos, acompanhando o ritmo das ondas do mar que batiam suavemente, como uma canção poética e trágica que embalava a madrugada. Deitada na confortável cama de dossel, ela estava abraçada por Lorde Daemon. Suas pernas torneadas estavam afastadas, uma sobre o corpo do príncipe rebelde e a outra repousando na cama, devido à vermelhidão em suas coxas. A cabeça de Daemon estava deitada em seu colo, e ela fazia carinho em seus cabelos platinados.

- Que canção é essa? - Daemon perguntou ao ouvir Laena cantarolando suavemente na batida das ondas. Seus dedos faziam desenhos imaginários nas coxas nuas de Laena com extrema atenção, cada toque enviando arrepios de prazer pelo corpo dela. A outra mão circulava a cintura da amada com gosto, puxando-a para mais perto.

Laena abriu os olhos lentamente, sorrindo com ternura ao ver a curiosidade no olhar de Daemon.

- O oceano guiando as almas que morreram no mar ao reino de Valrok. Você consegue ouvir? - Desde pequena, Laena conseguia discernir a batida que as ondas faziam, seduzindo e orientando as almas até os confins do submundo.

O sangue Velaryon era conectado com as forças oceânicas. Os Targaryen, ao longo dos séculos, se casavam com os Velaryon, e de certo modo, Daemon e os outros também possuíam essa magia no sangue, apesar de não ser tão intensa como em Laena e Laenor.

Daemon inclinou a cabeça, esforçando-se para captar os sons misteriosos que Laena mencionava. O som das ondas batia nas pedras, o vento uivava, Vhagar e Caraxes sobrevoavam Driftmark em um balé aéreo. Ele ouviu algumas notas que arrepiaram sua coluna, uma melodia fantasmagórica que parecia dançar nas brisas do mar.

- Há algo lá... mas ainda não consigo discernir. - Daemon falou. Laena beijou a testa do Targaryen com ternura, afastando uma das mãos para pegar a bússola valiriana que estava embaixo do seu travesseiro.

Daemon ergueu a cabeça, observando sua princesa se endireitar e retirar o objeto antigo, ornamentado com símbolos valirianos.

- Abra e emita notas de qualquer canção. - Laena pediu a Daemon gentilmente.

Daemon, intrigado, abriu a bússola mágica. Ela iluminou o quarto, os ponteiros girando sem parar antes de finalmente apontarem para o mar. Laena observava com olhos brilhantes enquanto Daemon cantava em alto valiriano, a melodia que acalmava os dragões fluindo de seus lábios como um feitiço.

No momento em que as notas musicais de Daemon chegaram ao mar, o oceano respondeu. Sons profundos e antigos emergiram das profundezas, uma sinfonia de trombetas e cânticos nefandos dos servos do submundo, guiando as almas perdidas de forma hipnótica.

Os olhos lilases do Targaryen começaram a mudar para íris brancas diante de tanto poder. Nenhuma alma poderia resistir àquele chamado. Daemon fechou a bússola, engolindo em seco, a canção ainda repercutindo em seu cérebro como um eco distante.

- Como você aguenta escutar isso todos os dias?

Laena sorriu com uma mistura de melancolia e serenidade. - Não me afeta a canção. Talvez porque eu tenha uma quantidade mágica a mais que você do mar, mas o ciclo da vida é esse, meu fogo rebelde. Todos nós iremos um dia para o submundo de Valrok. Seja pelas profundezas do oceano, pelas chamas do fogo ou pelas entranhas da terra, Valrok irá nos tomar.

Daemon sentiu uma onda de admiração pela impressionante Laena. Ele tocou seu rosto com delicadeza, seus dedos traçando linhas suaves na pele negra e quente. Então, inclinou-se e beijou seus lábios solenemente, um beijo carregado de promessa.

- Meu mar, você nunca estará sozinha, nem aqui, nem em qualquer lugar. Sempre estarei ao seu lado, protegendo você. - Suas palavras eram um juramento, cada sílaba carregada de uma determinação feroz.

Laena fechou os olhos, permitindo-se ser envolvida pelo amor flamejante de Daemon. Ela acariciou o cabelo prateado dele, os dedos deslizando suavemente entre os fios. Sua voz doce e suave, quase um sussurro, começou a ter efeito no corpo e na mente de Daemon. Com Laena, os pesadelos dissipavam-se como névoa ao amanhecer, e sua mente, sempre um turbilhão caótico de pensamentos, encontrou uma calma tão sonhada.

Os dois ficaram em um silêncio confortável, a única comunicação sendo a respiração tranquila e o toque carinhoso. Enquanto ela cantava suavemente, Daemon fechou os olhos, deixando-se levar pelo momento, sentindo-se verdadeiramente em paz. Laena, por sua vez, sentia-se segura nos braços de Daemon. A incerteza do futuro não parecia tão assustadora com ele ao seu lado.

[.....]

Dylan de Braavos retornava após quinze longas luas imerso nas casas de prazer em Driftmark. As mulheres da vida e as apostas eram seus vícios insaciáveis, que o levaram à ruína completa, dilapidando toda a sua herança. O jovem exibia uma pele bronzeada pelo sol, cabelos tão escuros, e olhos castanhos profundos. Sua presença carregava o aroma amargo da derrota e o peso dos sonhos despedaçados.

Ao se aproximar do castelo, uma densa neblina envolvia a entrada, dando um ar fantasmagórico ao local. Em passos trôpegos, Dylan ouviu o rugido estrondoso de um dragão. Virou-se e viu, através da neblina, a imponente forma de Vhagar, a maior besta já vista no mundo, despertando e reverberando seu poder por toda a ilha.

- Uau! Lady Laena então domou o dragão. Bom... agora eu terei posse dela, do seu dote e do dragão também. - Disse ele com um sorriso nojento. Na cabeça de Dylan, ele poderia usar Laena para recuperar o poder, o prestígio e se tornar novamente o Senhor das Marés de Braavos.

Os olhos castanhos de Dylan brilharam com avidez ao imaginar os tesouros que poderiam ser seus. Ele se via, já no controle de Driftmark, Laena e Vhagar sob seu domínio, ignorando a realidade de que ele não possuía nem a força nem a coragem para tal feito. Em sua mente distorcida, tudo era um jogo, uma oportunidade para retomar o que considerava seu por direito, apesar de sua própria incapacidade de manter qualquer posse.

A neblina ao redor parecia apertar-se, quase como um prenúncio do destino sombrio que o aguardava. Dylan avançou com um sorriso malicioso, ignorante do verdadeiro poder de Laena e do dragão que agora a obedecia. Ele não sabia que a determinação de Daemon Targaryen e a astúcia de Laena eram barreiras intransponíveis em seu caminho. Cada passo que ele dava na direção do castelo o aproximava não do poder, mas de sua ruína iminente.

[.....]

A festa em homenagem à reivindicação de Laena sobre Vhagar estava a todo vapor, iluminada por tochas brilhantes e embalada pelo som festivo dos músicos. Laena Velaryon estava deslumbrante, seus trajes refletindo o esplendor da antiga Valíria, e Daemon não conseguia desviar os olhos dela, encantado pela graça e pela beleza surreal que ela emanava.

O príncipe Laenor Velaryon, irmão de Laena, e a princesa Rhaenyra Targaryen, prima deles e esposa de Laenor, se encontravam na festa. Parabenizaram Laena com orgulho, suas palavras carregadas de admiração sincera. Rhaenyra observava Laena timidamente; a princesa Targaryen sempre teve um crush na prima desde muito jovem. Apesar dos beijos roubados que trocaram em segredo durante a adolescência, nunca passou disso.

Agora, ambas estavam perdidamente apaixonadas por outras pessoas. Laena, com seus olhos violetas brilhantes e sorriso radiante, conquistara o coração de Daemon. Rhaenyra, por sua vez, tinha Laenor - com quem se entendia e se complementava, mesmo Laenor sendo gay; - e também tinha Harwin Strong ao seu lado, o capitão da Patrulha da Cidade de Porto Real, proporcionando-lhe apoio, amor, prazer e companhia.

No entanto, os sentimentos por Laena, apesar de transformados, ainda persistiam em seu coração. O que restava entre as duas era um lindo afeto genuíno, um vínculo forjado na inocência da juventude e fortalecido pela maturidade. O amor platônico entre as primas era um elo invisível, tão forte quanto o aço valiriano, um lembrete constante das memórias compartilhadas e do respeito mútuo que as unia.

[.....]

Lorde Daemon Targaryen estava no pátio do castelo, alimentando as tochas de ferro com capim seco. Enquanto batia as pedras para acender o fogo, observava pelo canto do olho Laena caminhando com o irmão na praia. A linguagem corporal dela estava tensa, e Daemon se perguntou o que o irmão estaria dizendo para deixá-la assim.

Seus olhos lilases se estreitaram ainda mais ao perceber o idiota do Lorde Dylan Braavos observando sua mulher com desejo evidente. Além da troca de formalidades na frente dos pais da noiva, Laena e Dylan não tiveram qualquer tipo de contato na festa. Isso, sem que ele soubesse, o salvou, por enquanto, da morte certa. Pois Daemon surtaria se ele ou qualquer homem ousasse tocar em Laena.

O Targaryen não tinha mais interesse em guerras, ou nas disputas do jogo de tronos, tampouco em ser um promíscuo. Com Laena, ele queria monogamia e o amor exclusivo da Lady Velaryon. A única certeza que tinha era que não dividiria Laena com ninguém. Sua espada valiriana, Irmã Sombria, estava pronta para o uso, e Daemon faria questão de deixar claro a todos que Laena Velaryon o havia reivindicado como seu para todo o sempre.

Lorde Braavos se aproximou do local onde Daemon estava, com um olhar curioso. Viu Laena se afastar do irmão, sua postura ainda tensa, mas seus olhos encontraram os de Daemon, e ela sorriu, um sorriso que dizia mais do que palavras poderiam expressar.

Dylan, perdido em suas fantasias de poder, não percebeu que mexer com Daemon seria seu fim até que fosse tarde demais.

- Príncipe Daemon, é uma honra conhecê-lo. - Declarou Dylan, tentando ser amigável.

Os olhos lilases de Daemon, reluziam selvagemente, olhavam Braavos com um misto de desdém e divertimento.

- Lorde Dylan. - Começou Daemon, sua voz suave como a seda, mas carregada de um perigo latente. - Vejo que encontrou seu caminho de volta a Driftmark. Espero que sua estadia tenha sido... agradável.

Dylan, ainda embriagado pela arrogância e pelo vinho forte que havia consumido, não percebeu o aviso implícito nas palavras do príncipe.

- Sim, Lorde Daemon, bastante. - Respondeu ele, os olhos inquietos se voltando para Laena. - Driftmark é uma terra de muitas... atrações.

Daemon sentiu um desejo ardente de esmagar o Braavos até não restar nada. No entanto, não era o momento. Ele precisava de testemunhas ao seu redor. Suas mãos tocaram a chama da tocha, e ele conseguiu resistir à intensidade. Mas se ficasse mais tempo, queimaria a mão. Dylan observou a cena, impressionado e talvez um pouco temeroso.

- Apenas os sangues Targaryen podem montar os dragões? - Indagou Dylan, a curiosidade misturada com um toque de insolência.

- Você tem interesse em domar um dragão? Vamos ver se você tem sangue Targaryen nas veias? - Zombou Daemon, pegando uma das tochas de ferro e se aproximando de Dylan, que deu um passo para trás, o medo claro em seus olhos.

- Que covarde! Como pretende reivindicar um dragão, se não consegue nem se aproximar do fogo de uma tocha? - Gargalhou Daemon, e os outros convidados que estavam por perto e ouviram riram também, o que apenas enraiveceu mais Dylan.

A tensão no ar era quase palpável, o pátio iluminado pelas tochas parecia sufocante. O cheiro de fumaça misturado com o perfume doce das damas presentes e o aroma forte do vinho tornava o ambiente intoxicante. Daemon observava Dylan com um olhar predatório, pronto para desferir mais golpes verbais.

- Então, Lorde Dylan. - Disse Daemon, sua voz gotejando sarcasmo - Ouvi dizer que sua fortuna foi tragicamente esgotada em... diversões noturnas e jogos de azar.

O rosto de Dylan empalideceu. Ele sabia que as fofocas sobre sua ruína financeira haviam se espalhado, mas ouvir isso da boca de Daemon, na frente de todos, era um golpe cruel.

- Isso é um assunto privado, Príncipe Daemon. - Respondeu Dylan com uma tentativa falha de manter a compostura.

Daemon sorriu, um sorriso frio e calculista.

- Privado? - Ele riu, um som seco e sem alegria. - Quando um homem perde tudo em prazeres efêmeros e mesas de apostas, ele se torna um espetáculo público, um exemplo do que não se deve fazer.

As risadas dos convidados ecoaram pelo pátio, aumentando a humilhação de Dylan. O calor da vergonha subiu pelo pescoço dele, tingindo suas bochechas de vermelho.

- E pensar que alguém como você ousaria tentar se casar com Lady Laena. - Continuou Daemon, sua voz agora mais baixa, mas cada palavra carregada de desprezo. - A princesa Laena merece um homem de verdade, alguém digno de sua beleza e inteligência, não um fracassado que não pode nem controlar seus próprios vícios.

Os olhos de Dylan se estreitaram, e ele apertou os punhos com força. A raiva borbulhava dentro dele, mas ele sabia que não poderia fazer nada contra Daemon, não naquele momento.

- Você não a merece, Dylan. Nem hoje, nem nunca. - Daemon deu um passo à frente, sua presença dominadora fazendo Dylan recuar instintivamente. - Pessoas como você são uma desgraça para o nome que carregam.

O olhar de Daemon era feroz, suas palavras como lâminas afiadas. A humilhação de Dylan estava completa, e ele sabia que nunca se recuperaria daquele golpe. Cada risada e murmúrio dos presentes era um lembrete de sua queda, e Daemon, com seus olhos lilases brilhando de satisfação, era o carrasco implacável que o havia condenado.

Dylan olhou uma última vez para Laena, que o observava com uma expressão indecifrável. Ele sabia que a perdera para sempre, não apenas por causa de suas falhas, mas porque ele era um fardo insuportável.

Todos estavam em um silêncio tenso, quebrado apenas pelo crepitar das tochas. Os convidados observavam a cena com olhos ávidos. Corlys Velaryon, o Lorde da Casa Velaryon e pai de Laena e Laenor, apenas se manteve afastado, observando com uma expressão impenetrável. Dylan era um problema que Corlys estava tentando se livrar gentilmente; até oferecera uma gorda soma em ouro para desfazer o noivado, mas o idiota se recusara a aceitar ou sequer considerar partir. Dylan via os Velaryon como uma fonte inesgotável de ouro e poder. Seja lá o que Daemon estava planejando, tinha o apoio do Senhor das Marés.

Rhaenys Targaryen, mãe de Laena, sorriu diabólicamente ao entender a intenção de Daemon e bebericou seu vinho com gosto, os olhos cintilando de satisfação. Laenor, Rhaenyra, e até Vaemond Velaryon - tio de Laena e Laenor - observavam a cena em alerta, conscientes da tensão crescente.

No horizonte, o som de asas batendo anunciava a chegada do dragão vermelho de Daemon, Caraxes. Ele desceu dos céus e pousou na praia com um rugido ensurdecedor, as escamas brilhando sob a luz das tochas. Caraxes olhou fixamente para o Lorde Braavos, o ódio queimando em seus olhos. Vhagar voava pelos céus, ainda se acostumando com a presença de tantas pessoas ao seu redor, sua silhueta imponente fazia sombra na ilha, mesmo com o céu noturno.

Daemon, com um sorriso frio, continuou a assediar Dylan.

- Não só perdeu sua fortuna, mas também seu respeito próprio, não é, Lorde Dylan? - Zombou Daemon, cada palavra um golpe direto ao orgulho de Dylan. - Um homem que não consegue manter seus bolsos cheios dificilmente pode manter a cabeça erguida ou no lugar.

Dylan, lutando para manter a compostura, sentia o sangue ferver em suas veias. Ele sabia que Daemon estava tentando provocá-lo, mas não podia recuar agora.

- As suas palavras são cruéis, Príncipe Daemon. - Disse Dylan, tentando manter a voz firme. - Nem todos têm a mesma sorte que você.

Daemon riu, um som seco e desdenhoso.

- Sorte? - Ele repetiu, os olhos lilases brilhando com uma luz perigosa. - Não é questão de sorte, mas de habilidade e controle. Coisas que, claramente, você não possui.

Os convidados sussurravam entre si, seus olhos curiosos e julgadores fixos em Dylan. Ele sentia cada olhar como uma faca, cortando seu já frágil senso de dignidade.

- Lady Laena merece alguém que possa oferecer-lhe segurança e estabilidade. - Continuou Daemon, sua voz agora um sussurro ameaçador. - Não um fracassado que joga sua fortuna e sua honra fora.

A última gota de paciência de Dylan se esgotou. Ele deu um passo à frente, seus olhos ardendo de raiva.

- Você me insultou o suficiente, Daemon. - Disse ele, sua voz tremendo de fúria contida. - Se você tem tanta certeza de sua superioridade, por que não prova isso em um duelo?

Todos os olhos se voltaram para Daemon, esperando sua resposta. O príncipe sorriu, um sorriso predatório que fez os pelos na nuca de Dylan se arrepiarem.

- Um duelo? - Daemon repetiu, saboreando a palavra. - Muito bem, Lorde Dylan. Se é isso que deseja, eu aceito. Mas lembre-se, não haverá misericórdia.

O desafio estava lançado, e a tensão no pátio era quase palpável. Os convidados sussurravam entre si, ansiosos pelo confronto iminente.

Dylan, apesar do medo que sentia, sabia que não podia voltar atrás agora. Seu orgulho e sua honra estavam em jogo, e ele enfrentaria Daemon, mesmo que isso significasse sua ruína final. Corlys Velaryon manteve-se impassível, sabendo que qualquer resultado seria favorável para ele. Rhaenys, com um sorriso de satisfação, continuava a observar com interesse. Rhaenyra e Vaemond Velaryon mantinham-se atentos, e até divertidos, observando a cena se desenrolar. Laenor se aproximou de Laena e tocou sua mão em apoio mútuo, uma demonstração silenciosa de solidariedade.

Daemon avançou um passo, suas vestes esvoaçando com o movimento, e fixou seu olhar predatório em Dylan. Agora eles estavam na praia, onde a água do mar tocava suavemente seus pés. O cheiro salgado do oceano misturava-se com o ar frio da noite, criando uma atmosfera carregada de tensão.

Dylan, ainda tentando manter a compostura, até chegou a pegar sua espada. Mas Daemon não lhe deu tempo para reagir. Num movimento rápido e preciso, sacou sua espada valiriana, Irmã Sombria. A lâmina brilhante reluziu ameaçadoramente à luz das tochas, refletindo o brilho do fogo e o frio da noite.

Antes que Dylan pudesse processar o perigo, Daemon já arrancava sua cabeça. A cena se desenrolou com uma brutalidade chocante: Daemon rasgou o corpo de Dylan ao meio com um gesto ágil e cruel. As tripas e outros órgãos caíram na areia molhada, o sangue jorrando e pintando a areia e a água com um vermelho intenso. O silêncio foi quebrado pelos gritos horrorizados dos convidados. Muitos começaram a vomitar e até desmaiar diante da barbaridade vista.

Os Targaryen e Velaryon presentes entendiam profundamente o lema da Casa Targaryen: fogo e sangue. Para eles, aquilo era uma reafirmação de poder e implacabilidade da loucura Targaryen.

Daemon olhou ao redor, os olhos frios e calculistas avaliando as reações dos presentes. Com um movimento deliberado, ele acenou para Caraxes. O dragão vermelho, sentindo a conexão com seu montador, lançou uma torrente de fogo sobre o corpo mutilado de Dylan, carbonizando-o instantaneamente. Em seguida, com um movimento poderoso, Caraxes lançou os restos mortais para o mar, conforme a tradição dos navegantes. As ondas engoliram o corpo com um rugido sibilante.

Caraxes, com seus olhos inteligentes e ferozes, sorriu para seu montador. Daemon ria, uma risada fria e satisfeita, enquanto limpava a espada na água do mar e depois no tecido de sua roupa.

- Eu avisei a ele que não aguentaria ficar com a cabeça no lugar. - Disse Daemon, com um sorriso sombrio nos lábios.

Laena, observando de perto, sentia seu coração acelerado. Ela não sentia culpa. Em seu mundo, duelos eram comuns, e Dylan causara a própria morte. Além disso, ninguém iria procurar por ele. Agora, finalmente, poderia se casar com o homem que desejava e amava.

Os intensos olhos violetas de Laena se encontraram com os lilases de Daemon, e ambos se perderam um no outro. Daemon chegou até Laena, sua presença dominadora suavizando-se enquanto guardava a espada. Tomou a mão dela com um gesto gentil, seus dedos entrelaçando-se aos dela. O rosto dele, antes endurecido pela batalha, agora suavizava ao olhar para a mulher que amava.

- Vamos. - Disse ele suavemente, sua voz carregada de promessas. - Temos um futuro a construir, e não permitirei que nada nem ninguém se interponha entre nós.

Laena sentiu um calor reconfortante se espalhar por seu peito. Com um último olhar para o mar onde o corpo de Dylan havia sido lançado, ela se virou e seguiu Daemon, seus corações batendo em uníssono enquanto caminhavam rumo a um futuro brilhante e incerto.

A praia, agora silenciosa exceto pelo som das ondas, testemunhou a partida do casal. Os convidados, ainda impactados pela brutalidade da cena, começaram a dispersar, murmurando entre si sobre o poder e a determinação de Daemon Targaryen pelo amor irrevogável da Lady Laena Velaryon.

A princesa Rhaenyra Targaryen observou seu tio e prima caminhando calmamente pela praia de mãos dadas, reafirmando e reivindicando seu amor para todos verem. Caraxes, o colossal dragão vermelho, seguia o casal pela terra, enquanto Vhagar sobrevoava o céu estrelado acima deles, suas asas enormes cortando o ar noturno.

Rhaenyra engoliu em seco, sentindo um aperto no peito. Seus olhos violetas claros se encheram de lágrimas enquanto ela observava a cena diante dela. Se Daemon a quisesse, ele teria feito algo no dia de seu casamento com Laenor, mas ele não o fez. Era claro para Rhaenyra que Daemon já estava apaixonado por Laena.

Em uma mistura de inveja sem malícia e aceitação amarga pelo seu destino, Rhaenyra reconhecia a verdade. Ela amava os dois, mas eles se amavam e se escolheram, deixando-a sozinha para enfrentar seus próprios demônios, a coroa e a solidão. A praia silenciosa e o mar noturno pareciam refletir seu estado interno: uma vastidão escura e cheia de incertezas.

Enquanto os gritos dos convidados diminuíam e as ondas do mar lambiam a areia tingida de vermelho, Rhaenyra sentiu o peso da responsabilidade e da solidão caírem sobre seus ombros. Ela sabia que, embora o amor não tivesse sido generoso com ela dessa vez, ainda tinha um papel crucial a desempenhar no destino de sua casa. Com um último olhar para Daemon e Laena, Rhaenyra virou-se, determinada a enfrentar o futuro com coragem.

[.....]

Daemon beijou os lábios vermelhos de Laena ansiosamente, sob o olhar vigilante de Vhagar e Caraxes. Ambos os dragões estavam deitados, tranquilamente observando seus montadores, enquanto as estrelas iluminavam Driftmark com seu brilho etéreo. O casal estava sentado sobre o sobretudo de Daemon na areia fria, com ele por trás e Laena confortavelmente aninhada entre suas pernas.

As pequenas mãos de Laena estavam firmemente entrelaçadas no cabelo platinado de Daemon, puxando-o para mais perto. Daemon segurava a cintura esguia de Laena com uma mão, seus dedos pressionando levemente a seda do vestido branco dela, enquanto a outra mão acariciava suavemente seu rosto. Seus toques eram uma mistura de paixão e devoção, reafirmando silenciosamente o vínculo profundo que compartilhavam.

O calor de seus corpos contrastava com a brisa fresca do mar noturno, e o som das ondas quebrando suavemente ao fundo proporcionava uma serenidade quase irreal à cena.

- Laena Velaryon! Minha noiva. Qual data seria mais apropriada para nos casarmos? - As palavras de orgulho de Daemon saíam em um tom apaixonado, seu olhar intenso fixo nos olhos de Laena. Ele levantou a mão dela e beijou suavemente os dedos, onde reluzia o mais delicado anel de noivado. Criado exclusivamente para ela. As escamas de dragão eram meticulosamente esculpidas em toda a esfera, formando o design de um dragão enrolado. As pedras preciosas que adornavam o anel eram de um vermelho profundo e preto intenso, assemelhando-se às íris de um dragão, brilhando à luz das tochas.

Daemon sabia que Laena era fashionista e meticulosa, sonhando com um casamento digno de seus mais elaborados sonhos. Ele queria respeitar isso, dar a ela a oportunidade de criar algo discreto, mas digno da sua grandeza. Contudo, por ele, os dois se casariam agora mesmo, à luz das estrelas e sob os olhares vigilantes dos dragões.

- Preciso de 15 dias para organizar um casamento secreto e que me deixe satisfeita com as nossas roupas matrimoniais. - Disse Laena suavemente, seus dedos finos traçando o contorno do peitoral musculoso de Daemon. Ele a observava com desejo sombrio em seus olhos lilases, incapaz de desviar o olhar.

- Quinze dias? Você quer me matar de desejo, minha Lady Velaryon? - Brincou Daemon, gemendo agoniado. Ele puxou Laena para mais perto, sua respiração quente contra a pele dela. Laena beijou o pescoço de seu homem, sentindo a pulsação acelerada, e sorriu envergonhada.

- É para proteger a honra dos meus pais, não por mim. Meu fogo rebelde, por favor, faça isso por mim. - Suplicou Laena timidamente, seus olhos suplicantes encontrando os de Daemon. Ela sabia que as fofocas já haviam se espalhado por Driftmark e Porto Real, pois haviam visto os barcos dos convidados deixando a ilha.

Seu pai teria que dar satisfação ao rei e à corte sobre seu casamento. Eles nunca aprovariam a união, acreditando, como Laenor, que Daemon via nela um meio de promover sua ambição por poder. Além disso, seus filhos estariam na linha de sucessão, uma vez que a linhagem Targaryen de Laena provinha do príncipe Aemon Targaryen, seu avô, que teria sido o melhor rei de Westeros se não tivesse morrido em batalha muito jovem. O pai de Daemon, Baelon Targaryen, havia se tornado o herdeiro do trono no lugar de Aemon, mesmo Rhaenys sendo a primogênita com direito à sucessão, que foi negada por ser mulher. Posteriormente, Rhaenys foi novamente negada e viu seu primo, Viserys I Targaryen, acender como rei.

Laena havia discutido na festa com Laenor por ter defendido Daemon, mas ela não se importava com o que as pessoas pensavam sobre eles. Apenas os dois conheciam a profundidade de seus sentimentos.

- Tão boa filha... - Daemon declarou em um tom safado, recebendo de Laena um tapa leve, mais parecido com uma pluma, que o fez rir. Ele continuou: - Se você me mandasse me atirar de um precipício ou dentro de um vulcão, eu me jogaria sem medo. Tudo bem, meu mar, tome seu tempo.

- Prometo que irei te recompensar. - Laena falou em um tom conspiratório, piscando para ele. Isso deixou Daemon extremamente interessado. Ele começou a salpicar beijos melosos no rosto angelical de Laena, que logo se tornaram beijos mais pecaminosos.

As ondas quebravam suavemente na costa, criando uma sinfonia natural que envolvia o casal. Os beijos de Daemon se tornaram mais intensos, cada um carregado de desejo e paixão. As mãos dele deslizavam pelo corpo de Laena, explorando cada curva com uma reverência devota. Laena, por sua vez, respondia com a mesma intensidade, seus dedos se enredando no cabelo platinado de Daemon, puxando-o para mais perto.

A areia fria contrastava com o calor de seus corpos, criando uma sensação única que só aumentava a urgência de seus toques. Os dragões, Vhagar e Caraxes, permaneciam vigilantes, suas presenças imponentes parecendo proteger e abençoar o momento. As estrelas acima brilhavam intensamente, testemunhando a união de duas almas ligadas por um amor tão poderoso quanto o fogo que corria em suas veias.

Daemon, com um movimento hábil, deitou Laena na areia, seus lábios nunca deixando os dela. Cada toque, cada beijo, cada sussurro eram uma promessa de devoção eterna. Ele deslizava as mãos pelo corpo dela, sentindo a suavidade da pele contrastando com a aspereza da areia. O calor de seu corpo misturava-se com o frio da noite, criando uma dança de sensações que deixava ambos embriagados.

Laena arqueou o corpo, entregando-se completamente ao toque de Daemon. Seus dedos traçavam padrões invisíveis no peito dele, enquanto os beijos se aprofundavam, se tornando mais urgentes e famintos. Daemon, com seus olhos lilases necessitados, olhava para Laena como se ela fosse a única mulher no mundo, e naquele momento, para ele, ela era.

Seus corpos se moviam em uníssono, guiados por uma paixão que só crescia com cada segundo que passava. A praia de Driftmark, iluminada apenas pela luz das estrelas e das tochas distantes, era o palco de um amor que ecoaria através das eras, um amor flamejante, feroz e indomável.

Continua...

Nota da autora: Estamos nos aproximando do final de Flaming Sea, com apenas dois capítulos restantes. Confesso que estou emocionada. Tentei trabalhar nos capítulos das outras obras, porém, minha prioridade é concluir esta história. Com a criatividade fluindo intensamente, pretendo postar os dois capítulos finais até o final de semana.

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