Capítulo 03

"Teus olhos violeta são o fogo a me guiar
No mar flamejante, ao submundo dos mortos, onde minha alma inquieta
Almeja a tua, em um desejo que não quer cessar."

"Chamas Violeta: O Juramento de Daemon Targaryen a Laena Velaryon sob o Olhar de Valrok".

POV DO NARRADOR 

King's Landing — 114 D.C


O crepúsculo pairava sobre King's Landing, tingindo o céu com tons de laranja e vermelho, enquanto Daemon Targaryen aguardava ansiosamente no Fosso dos Dragões. O ambiente estava impregnado de tensão após a trágica morte de Joffrey Lonmouth, amante do irmão de Laena, Laenor Velaryon. As sombras dançavam ao redor de Daemon, testemunhas silenciosas de um destino incerto.

Seu coração batia forte, ecoando no silêncio tenso da noite. Ele fitava o vazio, buscando os olhos violeta que tanto ansiava encontrar. 

— Vamos lá, Laena, venha até a mim. — Suplicou em um sussurro carregado de emoção, sentindo o olhar de Caraxes sobre ele, como se o dragão entendesse a gravidade do momento.

O rabo de Caraxes batia com impaciência, levantando poeira que pairava no ar, irritando os guardiões dos fossos, que tossiam e se protegiam do vento carregado de poeira.

Daemon ergueu os olhos lilases e, através da poeira, viu uma figura se aproximar. Era Laena Velaryon, com seus cabelos prateados e cacheados reluzindo à luz pálida da lua. Seus olhos violeta brilhavam com uma intensidade que fez Daemon prender a respiração. Ela estava ali, radiante e determinada, pronta para a jornada rumo ao Mar Estreito, em busca de Vhagar, a lendária dragão da conquista.

Sua roupa de expedição conferia-lhe um ar empoderado e marcante, realçando sua beleza e coragem. Seus olhares se encontraram em meio à poeira dançante, e ambos souberam naquele instante que estavam unidos por algo maior do que eles mesmos.

— Você veio... — Murmurou Daemon, estendendo a mão para Laena.

— Eu não perderia essa aventura por nada. — Respondeu Laena, com voz firme, pegando a mão de Daemon com determinação. Juntos, eles estavam prontos para enfrentar o desconhecido, guiados pela coragem e pela paixão que os uniam.

[....]

Lady Laena apertou a cintura do príncipe Daemon com firmeza, sentindo a emoção da velocidade enquanto Caraxes cortava o céu estrelado. King's Landing logo se tornava uma mancha distante, substituída pela vastidão escura e brilhante da noite. O vento brincava com seus cachos prateados, chicoteando seu rosto, mas ela não se importava. A adrenalina da viagem era intoxicante. Cada ondulação que Caraxes fazia era transmitida diretamente para ela na cela, tornando a experiência ainda mais real e eletrizante.

O nariz de Laena quase tocava o dorso largo e musculoso do pescoço de Daemon, e o cheiro que ele emanava era uma mistura sedutora de madeira e algo mais, algo primal e instintivamente atraente.

Para Daemon, a proximidade de Laena era eletrizante. Sentir seu corpo pressionado contra o seu, e ver o desejo ardente em seus olhos, era como uma chama que queimava cada vez mais intensamente. As mechas prateadas e encaracoladas de seu cabelo batiam em seu rosto, exalando um aroma doce e envolvente que o deixava completamente cativado, lembrando-lhe o perfume fresco e adocicado de morangos maduros em um campo de verão.

[....]

A viagem até uma das ilhas próximas do Mar Estreito consumiu cerca de 16 horas, devido à distância moderada e à velocidade constante de Caraxes. Finalmente, eles avistaram a Ilha dos Sussurros, uma ilha sombria e deserta que não pertencia a nenhuma casa nobre de Westeros. Situada ao largo da costa das Terras da Tempestade, suas ruínas e mistérios a tornavam conhecida por ser assombrada.

Ao pousarem, a atmosfera densa e misteriosa da ilha envolvia-os, fazendo-os sentir como se estivessem pisando em solo sagrado e proibido. A vegetação era exuberante, mas parecia ocultar segredos antigos, enquanto as ruínas erguiam-se como testemunhas silenciosas de um passado desconhecido.

Laena desceu de Caraxes, sentindo o solo irregular sob seus pés. Ela olhou ao redor, absorvendo a aura de mistério e perigo que permeava o lugar. Daemon desmontou atrás dela, sua presença ao lado dela era reconfortante e protetora. 

— Caraxes precisa descansar, e precisamos nos alimentar. Voltaremos aos céus na calada da noite. — Declarou Daemon, retirando da cela do dragão a mochila de couro de Laena e segurando-a junto com a sua própria nos braços fortes, os músculos tensos pela jornada.

— Certo. — Concordou Laena, sua voz suave ecoando ligeiramente nas ruínas ao redor. Ela observava as runas mágicas rachadas nas colunas destruídas, sentindo a energia antiga e misteriosa que emanavam, um testemunho silencioso de um passado há muito perdido.

Enquanto isso, Caraxes partiu em busca de comida e água doce na floresta densa que cercava as ruínas. Seu rugido distante ecoava pela ilha, uma lembrança constante da presença imponente do dragão vermelho.

Daemon e Laena caminharam juntos, suas mãos entrelaçadas, explorando cada canto escuro e cada passagem estreita das ruínas. Eles absorviam a atmosfera carregada de história e mistério, mergulhando no passado desconhecido da ilha. As sombras pareciam ganhar vida própria, dançando ao redor deles, enquanto a luz do sol nublado lançava uma luminosidade mágica sobre as ruínas antigas. O vento sussurrava entre as pedras, como se estivesse contando segredos há muito esquecidos, envolvendo os dois aventureiros em um mundo de mistério e encantamento.

Sentados em um local seguro, compartilhando uma refeição simples, mas reconfortante, enquanto esperavam o retorno de Caraxes, Daemon e Laena sentiam o peso da aventura e a magnitude do momento. O fogo crepitava baixo, lançando sombras dançantes sobre seus rostos cansados, mas cheios de determinação. Cada estalido das chamas parecia ecoar como um lembrete do mundo exterior, um mundo que parecia distante e irreal naquele momento.

Lady Laena estava envolta em um cobertor grosso de crochê com o brasão dos Velaryon estampado por todo ele, a bússola valiriana em suas mãos pequenas. As runas cinzentas ao seu redor e os ponteiros não paravam de girar, como se estivessem tentando decifrar os segredos da ilha. A luz em um tom verde-água iluminava boa parte do cômodo em ruínas em que estavam, criando um ambiente quase mágico ao seu redor.

— Você nunca chegou a me contar completamente como ela chegou em sua família. — Comentou Daemon, compartilhando o cobertor com Laena. Ele estava sentado, encostado na parede, enquanto ela estava deitada com a mochila de ambos como travesseiro. Os olhos lilases de Daemon brilhavam com interesse, sua expressão refletia a curiosidade e a admiração pela mulher ao seu lado.

Laena deu um sorriso conspiratório, seus olhos violeta brilhando com a luz das chamas. 

— É uma história de amor trágica. A bússola foi dada por uma sacerdotisa do equilíbrio ao seu amante, Klaus Velaryon. Eles se amavam profundamente, mas as responsabilidades e expectativas de suas casas os afastaram. A Casa Velaryon desejava mais o que Valíria poderia dar, então resolveram partir. Íris Zhypyros, a sacerdotisa, lamentou a partida de seu único amor e deu a Klaus a bússola imbuída de magia valiriana e de seu próprio sangue, afirmando que através dela, ele poderia a encontrar em qualquer lugar, desde que seu coração desejasse. — Laena contou, sua voz suave carregada de emoção, fazendo Daemon franzir a sobrancelha. Ele reconhecia esses nomes, mas não conseguia lembrar de onde.

— Eles se reencontraram? — Perguntou Daemon, tentando conectar os pontos em sua mente.

— Não no mundo dos vivos. As responsabilidades que a vida os deu, os fizeram seguir caminhos diferentes. Mas ele pôde revê-la no submundo de Valrok. — Respondeu Laena em um tom rouco e profundo, sua expressão revelando a profundidade da tragédia e da saudade em sua história de família.

Um estalo surgiu na mente de Daemon e ele levou a mão totalmente em choque ao rosto. Não era possível? Klaus Velaryon, o autor de "Abismo das Almas: Jornada pelo Reino Sombrio de Valrok"? A conexão era clara agora, e ele olhou para Laena, seus olhos arregalados de surpresa e fascínio.

— Foi ele quem escreveu aquele livro? — Perguntou Daemon, incapaz de esconder sua surpresa.

— Sim. Na verdade, é o diário de Klaus. — Confirmou Laena, sua voz carregada de significado. — O Deus Valiriano Valrok, comovido por seu amor pela Lady Iris Zhypyros, permitiu que Klaus viajasse pelo seu reino em busca daquela que completava a sua alma. Se ele enfrentasse os monstros e as armadilhas do Submundo, ele a teria de volta.

Daemon ficou atônito, absorvendo a revelação. A história de Klaus era uma epopeia de amor, coragem e sacrifício.

— Como o diário e a bússola chegaram até vocês? - A curiosidade de Daemon o fez pensar em tantas questões sobre essa história.

— Meu tataravô recebeu os dois objetos do Rei Bacalhau, o Deus do Mar, e disse que o Deus Valrok e Klaus Velaryon haviam enviado cumprimentos à nossa família. Meu pai e meu irmão Laenor são céticos em relação a essa história. — Explicou Laena, sua voz carregada de convicção e admiração pelo passado de sua linhagem.

— E você? — Perguntou Daemon, interessado na perspectiva de Laena.

— Eu acredito em cada palavra que Klaus detalhou em seu diário. O mundo está cheio de mistérios e há muita magia ao nosso redor. A bússola é mágica, consigo escutar o lamento de Vhagar, assim como sei que ela escuta o meu cântico. — Respondeu Laena, com uma confiança serena em sua voz.

— Mostre-me. — Pediu Daemon, e Laena, com uma graça fluida, ergueu-se e aproximou-se dele, ficando ao seu lado.

Laena fechou os olhos por um momento, deixando-se envolver pela magia que fluía através dela. Ela começou a cantar, sua voz era como uma melodia ancestral, suave e melodiosa, ecoando pelas ruínas e misturando-se com o som do mar ao longe. O cântico era hipnotizante, uma canção que parecia ecoar desde as profundezas do oceano, sedutora e misteriosa.

Daemon sentiu-se envolvido pelo cântico de Laena, sua mente e seu coração sendo levados por essa melodia encantadora. Ele podia sentir a magia no ar, como se as próprias runas ao redor deles estivessem ganhando vida, dançando em resposta ao cântico da sereia que estava ao seu lado.

Os olhos de Laena se abriram, brilhando com uma luz interior, e ela estendeu a mão em direção à bússola valiriana. Uma aura dourada envolveu o objeto, e ele começou a girar lentamente, apontando para uma direção desconhecida, guiado pela magia do cântico de Laena.

A magia da bússola e a bela voz de Laena misturavam-se, enquanto a luz do sol do fim da tarde refletia em seus cabelos prateados, criando uma imagem de beleza e poder que deixou Daemon sem palavras, maravilhado com a mulher ao seu lado.

Caraxes se aproximou do único cômodo com paredes erguidas e fortes da Ilha dos Sussurros, ele estava completamente hipnotizado pela voz de Laena, a sua sombra colossal se estendeu, e cobriu o jovem casal, a bela Velaryon não só encantou como também conquistou o belo dragão vermelho e o seu montador.

Laena parou de cantar e observou a bússola com ansiedade, ela esperou pela resposta de Vhagar ao seu chamado, enquanto isso, Daemon a encarava admirado, ele nunca havia ouvido uma voz tão melodiosa como a de Laena. Era como ouvir o próprio som do oceano o chamando, perigoso, sedutor e incontrolável.

A intensidade da luz verde-água se fez presente e o som mais triste e solitário foi ouvido pelos três na ilha.

— Vhagar! — Laena falou com a voz embargada e os olhos marejados. O ponteiro da bússola apontava para a direção de Essos.

Nesse momento, uma rajada de vento forte varreu a ilha, agitando as águas ao redor e fazendo as ruínas tremerem levemente. O vento parecia carregar consigo um eco do lamento solitário de Vhagar, como se o próprio dragão estivesse respondendo ao chamado de Laena.

Daemon estava fascinado e empolgado com essa aventura. Não restava mais dúvidas: o diário de Klaus Velaryon e a magia na bússola valiriana eram verídicas. Isso levava a crer que qualquer pessoa que ele desejasse ver no Submundo de Valrok, ele poderia encontrar através da bússola valiriana. Seu coração batia forte, pensando na possibilidade de reencontrar sua mãe e seu pai. Os olhos lilases do Príncipe rebelde brilhavam empolgados e completamente apaixonados por Laena. O cântico dela ainda o encantava, envolvendo sua mente e seu coração por completo.

Caraxes, o dragão vermelho, lamentou o estado e a tristeza em que a sua amiga e amante se encontrava. Doía saber da vida solitária que Vhagar levava, sem um vínculo com um montador com sangue de dragão. De todos os cavaleiros que Caraxes já teve, o príncipe Daemon foi o que mais se ligou a ele. O dragão tinha a certeza de que Laena seria aquela que traria a tão sonhada alegria e luz a Vhagar, que ela tanto esperava em seu lamento.

E assim, sob o crepúsculo do dia, com a magia e a promessa de aventura no ar, Daemon, Laena e Caraxes partiram da Ilha dos Sussurros em direção a Essos, em busca de Vhagar e de respostas para os mistérios que os aguardavam.

Continua....

Nota da autora: Espero que tenham gostado. 

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