Capítulo 02
POV DO NARRADOR
114 D.C
King's Landing
O casamento da princesa Rhaenyra Targaryen e do Lorde Laenor Velaryon estava em pleno andamento, com os festejos ecoando pelos corredores do castelo. Os noivos dançavam graciosamente no salão, enquanto seus pais os observavam satisfeitos.
Entre os espectadores, o príncipe rebelde, Daemon Targaryen, sorriu de forma debochada diante da encenação do casamento da sobrinha e do primo. A farsa da união era evidente para ele, especialmente após ter testemunhado Laenor Velaryon em companhia de outros homens durante a Guerra dos Degraus. Contudo, essa não era mais sua principal preocupação. O foco de Daemon agora estava em outra direção, mais precisamente na beldade que ocupava o outro canto da mesa da realeza de Westeros.
Lady Laena Velaryon, após cinco anos sem se verem, havia florescido ainda mais em beleza. Seus cabelos brancos, agora mais longos e cacheados, caíam graciosamente pelos ombros até a cintura. Os olhos violetas, profundos como o crepúsculo, capturavam a luz do salão, refletindo uma intensidade que denunciava mistérios não revelados.
Daemon observava-a discretamente, sua atenção fixa na figura fascinante de Laena. A aura de mistério que a envolvia desde sempre agora era mais intrigante do que nunca. Ele sabia que algo havia mudado nesses cinco anos, e a presença de Laena continuava a exercer um fascínio irresistível sobre ele, como se estivesse diante de um enigma que só poderia ser desvendado de perto.
Vestida com um traje que combinava elegância e ousadia, Laena parecia uma sereia entre os mortais. O vestido, feito de ouro Valiriano, era uma segunda pele que abraçava sua figura esguia com uma delicadeza surpreendente, transmitindo sensações de frescor e luxúria a cada movimento. Detalhes de ondas e de animais marinhos adornavam o tecido, refletindo a luz suave do salão de baile, destacando cada curva com uma sofisticação encantadora.
Ela riu sedutoramente, e até o insuportável do Vaemond, tio de Laena, suspirou encantado. Laena encarou seu irmão e Rhaenyra dançando por breve momento, mas seus olhos finalmente se fixaram em Daemon. A sinergia entre eles estava de volta, a química palpável no ar. Laena não tirou os olhos de Daemon enquanto sussurrava algo baixinho para o seu tio, e então se levantou graciosamente.
Os olhares curiosos dos convidados acompanharam-na enquanto ela se erguia, e o salão de baile pareceu silenciar por um instante, absorvendo a elegância em movimento. Laena, agora de pé, explorou o ambiente com um sorriso sutil, capturando as expressões de admiração e até mesmo alguns sussurros de aprovação.
De sua posição estratégica, Daemon continuava a observar Laena, maravilhando-se com a transformação que o tempo trouxe. O fascínio que sentia anteriormente multiplicou-se, alimentado não apenas pela beleza exterior de Laena, mas pela aura de mistério que a envolvia. Seus pensamentos mergulharam em um mar de emoções conflitantes, uma mistura de surpresa, nostalgia e um desejo submerso que ele não conseguia ignorar.
A presença magnética de Laena criava uma atmosfera de tensão sutil, uma dança perigosa entre a atração e a provocação, e cada movimento dela deixava uma trilha de fascínio na mente dos observadores, especialmente na de Daemon, cujos pensamentos pareciam perdidos em uma tempestade de desejos turbulentos.
Quando Laena escolheu a princesa Rhaenyra Targaryen como sua primeira parceira de dança, a conexão entre as duas mulheres era evidente. A amizade profunda que compartilhavam transcendia as formalidades do salão real. Enquanto riam e dançavam belamente, pareciam formar um só corpo em movimento, uma fusão de graça e cumplicidade que intrigava e encantava a todos ao redor. A aura delas era como um raio de luz, iluminando o salão e deixando uma marca indelével na memória de quem as observava.
A proximidade íntima entre Laena e Rhaenyra era palpável, uma ligação verdadeira que perturbava a Rainha Verde, Alicent Hightower. Em seus olhos, uma furiosa inveja se revelava diante da autenticidade da amizade das duas mulheres. Daemon, observando esse espetáculo de camaradagem, sentiu uma pontada de ciúmes. Ele ansiava ardentemente por fazer parte daquela proximidade também, mas compreendia que a escolha não seria fácil diante das decisões que teria que tomar.
No meio dos giros da dança, Daemon começou a perceber que a escolha diante dele não se tratava apenas da companhia de uma noite, mas sim de um intrincado jogo de destino. Sentia-se como uma peça em um tabuleiro, onde cada movimento poderia desencadear consequências irreversíveis. As peças do destino estavam sendo movidas, e Daemon estava ciente de que suas escolhas influenciam não apenas o presente, mas o curso de sua vida.
Perdido em seus pensamentos, Daemon foi despertado quando viu Laena girar, a cauda do vestido de ouro em forma de sereia tremulando como ondas do mar ainda no ar. As mechas cacheadas de cabelos brancos voaram com aquele giro, e os intensos olhos violetas sedutores o prenderam em um feitiço do qual o príncipe sabia que nunca conseguiria quebrar. Arrepios percorreram sua coluna, e o sangue de dragão ferveu, uma manifestação física da atração que transcendia os limites de seu autocontrole. O jogo do destino continuava, e Daemon estava prestes a tomar um passo que mudaria seu futuro de maneiras imprevisíveis.
Nesse momento crucial, Daemon sentiu o chamado do seu destino, e as palavras do livro "Abismo das Almas: Jornada pelo Reino Sombrio de Valrok" ecoaram em sua mente como uma melodia apaixonada: "O oceano em chamas era a paixão que ardia em mim, seu cântico, uma sentença que ecoava em minha existência. Nenhum coração poderia me abraçar como o dele. Os grilhões das correntes me envolveram em um fascínio sombrio. Se algum dia me indagares se desejo emergir do mar de fogo, direi que aqui é meu lar, e as chamas ardentes da minha alma se entrelaçaram com o oceano em chamas, formando um vínculo indissolúvel."
Movendo-se predatoriamente, Daemon se levantou em direção a Laena, que dançava com um lorde qualquer. No momento em que ela foi delicadamente colocada no chão após um giro gracioso, o príncipe Targaryen chegou silenciosamente e sussurrou sombriamente:
— Lady Laena, a sua beleza e dança me envolveram em um fogo apaixonado.
O tom da sua voz carregava uma mistura de desejo e determinação, como se estivesse prestes a mergulhar em um abismo de emoções há muito reprimidas. O salão de baile pareceu diminuir, concentrando-se apenas nos dois, enquanto o destino, tão claramente entrelaçado com a paixão que Daemon sentia, começava a desdobrar-se diante deles.
A resposta de Laena foi um sorriso sutil, seus olhos violetas reluzindo com um brilho intrigante. Ela reconhecia a chama que ardia nos olhos de Daemon, uma faísca que ecoava a melodia apaixonada do livro que ambos conheciam tão bem.
— Meu príncipe, suas palavras são como um encantamento, estou lisonjeada. — Respondeu ela, a voz suave e carregada de significado.
Enquanto isso, as notas de uma melodia envolvente ecoavam pelos arcos altos, tocadas por músicos habilidosos com instrumentos de época. Os dois moviam-se graciosamente pelo chão de pedra polida, envolvidos pela atmosfera encantadora da dança dos dragões.
— Meus sentimentos pela perda de sua esposa. — A dança era lenta e marcada por passos precisos, capturava a essência dos movimentos graciosos. Daemon, com sua postura imponente e traje rebuscado, guiava Laena com maestria, seus olhos fixos nos dela em um jogo de flerte e desejo. Cada movimento era uma promessa sussurrada, um convite para explorar os recantos mais profundos de seus desejos proibidos.
A tensão entre eles era eletrizante e densa, como se dançassem em uma órbita própria, alheios aos outros ao redor.
— Não se martirize, pois eu não fiquei. A falecida me odiava, assim como eu a odiava. — Falou Daemon friamente, ressentido por ter se casado obrigado quando ainda era um menino. A morte de Rhea Royce era a liberdade que Daemon precisava para conseguir o que ele queria.
— Ooh! — Laena balbuciou, incerta em sua resposta à brutal honestidade de Daemon. Seu coração pulsava em ritmo acelerado, enquanto sua mente girava com a confissão do príncipe. A frieza de suas palavras contrastava com a intensidade de seus olhos lilases, que pareciam penetrar na alma dela.
Mesmo surpresa pela franqueza de Daemon, Laena percebia a dor que ele carregava por trás da máscara de indiferença. O casamento forçado e a hostilidade com sua falecida esposa deixavam cicatrizes profundas. A dança deles, além de um jogo de desejo, era uma jornada por entre as sombras de seus passados tumultuados.
— Não se preocupe com minhas cicatrizes, Lady Laena. — Disse Daemon, suavizando um pouco sua expressão. — A vida é uma dança de sombras e luz, e às vezes, encontramos a beleza nas marcas que ela deixa.
Laena, ainda tentando absorver a revelação do príncipe, assentiu levemente. A determinação de Daemon era palpável, suas palavras ecoando como um juramento feito sob o luar.
— Eu não me esqueci da minha promessa, Lady Laena. Nós iremos encontrar Vhagar. — Afirmou o príncipe, dando as costas para Laena antes de erguer os braços musculosos e retornar para ficar de frente para ela. Seu olhar, agora, era uma chama ardente, refletindo a determinação de alcançar o impossível.
Laena fez o mesmo movimento, e agora eles estavam cara a cara, nariz com nariz, as bocas quase se tocando. As mãos de Daemon, firmes em sua cintura, transmitiam uma sensação de segurança, enquanto Laena sentia o calor do peito musculoso do príncipe sob suas mãos. O contato próximo entre eles era eletrizante, cada gesto e olhar carregado de significado.
— Eu sei… era necessário ter o controle sobre os mercenários, para garantir uma defesa sólida para as ilhas dos Degraus e do Mar Estreito. — A voz de Laena era suave, mas carregada de determinação, refletindo sua compreensão estratégica deixando Daemon impressionado com sua visão tática afiada.
O olhar de Daemon ardiloso encontrou o de Laena, capturando-a em um feitiço sedutor. Seus elogios sinceros ecoaram pelos arcos do salão, enchendo o espaço com uma intensidade palpável.
— Lady Laena... você é um mistério envolto em beleza e bravura. — A voz rouca de Daemon revelava a admiração genuína que ele nutria por ela. — Seu espírito intrépido desperta em mim uma chama que anseia pela aventura ao seu lado.
Um sorriso travesso dançou nos lábios de Laena, ecoando a promessa de desafios emocionantes e momentos compartilhados.
— Então que os deuses nos guiem, Daemon, pois a jornada que nos aguarda será repleta de perigos e descobertas. — Ela respondeu, os olhos violeta brilhando com determinação.
— Espera só até me conhecer por completo. Vou te levar à loucura, meu príncipe. — A voz de Laena era carregada de um convite irresistível.
Um sorriso lânguido brincou nos lábios de Daemon antes de ele esfregar gentilmente o nariz no de Laena, perdendo-se em seus olhos violetas que brilhavam com um desejo mútuo.
— Eu já estou, Laena. - Retrucou ele, sua voz carregada de desejo e uma promessa de aventuras a serem compartilhadas.
Continua…
Nota da autora: Ei, gente, espero que estejam gostando da obra. Até poema para Laemon eu fiz, nem acredito que eu voltei a escrever poemas góticos. Só vocês mesmo para me fazerem voltar a pré-adolescência, quando eu fazia poemas. Até o próximo capítulo.
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