Capítulo 12: Awaken

Colt - O Mensageiro Targaryen

🎶Aos incansáveis, que todas as noites escutam os tambores da guerra
Despertem, despertem
A voz os chama enquanto estiverem famintos
Pelo gosto do destino que tanto procuram
Então despertem, despertem
A luta está em sua porta, atenda o chamado
Despertem🎶

Awaken — Valerie Broussard

POV DE RHAENA TARGARYEN

O suor escorre por minha testa em finas gotas, denunciando o nervosismo que toma conta de mim. Respiro fundo, tentando acalmar o frenético tamborilar do meu coração.

— Calma, Rhaena, você consegue. — Murmuro para mim mesma, buscando coragem em meio à ansiedade sufocante.

Fecho os olhos, afastando pensamentos dispersos, e mergulho na tranquilidade de um vazio mental. É apenas eu, o silêncio e a imagem de uma porta solitária, guardando o caminho para onde devo ir. Meus passos ressoam levemente nesse espaço imaginário, até que enfim me encontro diante dela.

Minhas mãos hesitam ao tocar a maçaneta fria, mas cedo à necessidade. A porta se abre, e uma luz intensa me envolve, forçando-me a cerrar os olhos por um instante. Quando os reabro, sou arrebatada por um espetáculo que nenhum sonho poderia antecipar.

O mundo diante de mim é de uma beleza avassaladora. Cores vibrantes e aromas inebriantes envolvem o ambiente. Os sons ao fundo formam uma melodia suave, enquanto um perfume de incenso paira no ar. Cada detalhe parece vivo, pulsando com energia.

Meu coração, ainda acelerado, começa a encontrar um ritmo mais sereno. Um sorriso brota em meus lábios. Finalmente, consegui. Eu atravessei o espaço-tempo e retornei ao passado. Valíria, em toda sua glória, está aqui, diante de mim.

O esplendor da cidade me paralisa. Suas torres majestosas parecem tocar os céus, uma demonstração de poder e grandiosidade sem igual. Dragões de diferentes tamanhos e cores dançam pelo céu, suas asas vastas cortando as nuvens em um balé de pura magnificência.

Caminho pelas ruas, encantada com cada detalhe. Os valirianos seguem com suas vidas, rindo, conversando, completamente alheios à minha presença intangível. Sou uma espectadora etérea, consciente de que meu corpo físico permanece preso ao presente, enquanto minha essência espiritual vagueia por este tempo perdido.

Minha atenção é atraída por duas mulheres que discutem animadamente sobre uma festividade em honra a Vulcan. Mas, antes que eu possa absorver mais, minha visão se prende a cinco sacerdotes subindo um monte. Algo dentro de mim se agita; eu sei que eles possuem as respostas que busco.

Os sigo com determinação, mesmo enfrentando as limitações da minha forma incorpórea. O caminho nos leva até um templo colossal, dedicado às deusas do Universo e do Equilíbrio. Suas paredes irradiam poder, e cada escultura de dragões e divindades transmite uma aura de reverência.

Os sacerdotes desaparecem por uma passagem oculta atrás de uma lareira falsa, que se fecha abruptamente quando me aproximo. Há algo deliberado nesse movimento, como se o tempo estivesse me desafiando.

O templo é um mosaico de glórias passadas. Nas paredes, símbolos intricados contam histórias de conquistas valirianas, enquanto o centro do salão abriga uma mesa monumental de pedra. Em seu círculo gravado, vejo espaços destinados a cinco pessoas. Meu coração se aperta. Aquilo não é apenas uma mesa: é um legado, nosso legado. Eu, Baela, Luke, Jace e Joffrey estamos destinados a ocupar esses lugares, conectados por sangue e destino.

Mas há algo faltando. Buracos nos espaços indicam a ausência de artefatos mágicos, peças cruciais para completar o enigma. Uma sensação de urgência me invade. As respostas estão aqui, mas estão além do meu alcance imediato.

Minha atenção se volta para um mapa antigo sobre a mesa. Ele está marcado com locais misteriosos e figuras de criaturas que parecem guardiãs ou ameaças. Meu instinto me diz que esses pontos escondem os artefatos que precisamos.

Os sacerdotes falam em uma língua antiga, suas palavras ecoando na câmara. Fragmentos compreensíveis mencionam sangue, espaço-tempo e artefatos. Seus gestos indicam a importância dos desenhos sobre a mesa, detalhando objetos que precisamos recuperar.

Subitamente, uma dor aguda perfura minha mente, seguida por uma tontura avassaladora. O passado percebeu minha presença. Como uma entidade viva, o tempo rejeita minha invasão. Antes que eu possa reagir, sinto uma força me empurrar de volta ao presente.

Meu corpo físico cai da cadeira assim que minha alma retorna abruptamente. O impacto é violento, e a escuridão me envolve enquanto o sangue escorre dos meus olhos. O passado me expulsou, mas não sem antes gravar em minha mente as peças de um quebra-cabeça que preciso desvendar. Valíria me chamou, e eu atenderei.

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POV DE DAEMON TARGARYEN

Agradeço à minha filha, Baela, pela providencial pomada, cuja suavidade é aplicada nas pálpebras de Rhaena. É um alívio ver que nenhum mal maior lhe acometeu, embora o estado severamente machucado de suas mãos revele os efeitos do uso excessivo de seu dom. Cuidadosamente, enfaixei seus dedos delicados, sentindo o peso de sua fragilidade.

Quando interrompo a aplicação da pomada, percebo os sinais de que Rhaena começa a despertar. Sua voz me atinge como uma lâmina afiada.

— Papai...? — O chamado é frágil, desesperado, carregado de medo.

Meu coração se aperta. Ela tenta mover-se, mas está limitada, incapaz de abrir os olhos. Seguro seu rosto entre minhas mãos, tentando mascarar a maré de emoções que ameaça me sufocar.

— Estou aqui, dragãozinha. — Minha voz soa firme, mas o nó na garganta é insuportável. — Fique calma, minha filha. A pomada fará efeito logo, mas vai levar um tempo até você se recuperar completamente.

Seus lábios tremem, e quando suas lágrimas começam a escorrer, eu sei que ela está prestes a desmoronar.

— Eu... sinto muito, papai. — Suas palavras saem trêmulas, entrecortadas pelos soluços que tentam escapar. — Não queria assustá-lo... eu desobedeci... usei meu dom... sem o senhor estar comigo. Perdão...

O pedido de desculpas sincero faz minha raiva e preocupação se dissiparem por um momento. Ela é tão pequena, tão vulnerável, mas carrega um fardo que nem mesmo adultos suportariam.

— Rhaena... — Minha voz embarga, e inspiro profundamente antes de continuar. — Não precisa se desculpar, meu amor. Sei que você não faria isso sem um motivo importante. Mas o que você fez foi imprudente... e perigoso. Você sabe o quanto fiquei aterrorizado ao encontrá-la daquele jeito? Você está de castigo até segunda ordem. — Minha voz endureceu, mas meu coração doi ao vê-la tão frágil. — E não usará seu dom até que eu tenha certeza de que é seguro. Entendeu?

Ela assente levemente, mas sua voz hesitante e embargada ainda carrega o peso do medo.

— Sim, papai. Eu entendi.

Tento suavizar minha expressão enquanto cubro seu corpo trêmulo com o cobertor. Beijo sua testa, demorando-me ali por um instante, e depois começo a cantar baixinho sua canção de ninar favorita.

— Dragãozinha. — Sussurro entre os versos da melodia. — E tudo o que faço... tudo... é para proteger você e sua irmã. Vocês são minha vida, meu mundo. Nunca se esqueça disso.

A canção parece acalmá-la, pois seus soluços diminuem gradativamente. Passo os dedos suavemente por seus cabelos platinados, desejando que este gesto simples seja suficiente para afastar as sombras que pairam sobre ela.

Depois de me certificar de que Rhaena está confortável e cuidada pelas servas, volto minha atenção ao papiro mágico que Baela criou. Seu brilho suave parece refletir a genialidade da minha filha, que conseguiu moldar algo tão poderoso e único.

Concentrando-me, começo a registrar cada detalhe das visões de Rhaena: os símbolos do círculo, os artefatos mágicos, as criaturas que os guardam, e as palavras que ecoaram no passado distante. Cada informação surge no papiro como um mapa que tento decifrar, consciente da gravidade da situação.

A magia do sangue e a magia do equilíbrio... forças antigas, perigosas, que desafiam até mesmo meu entendimento. Olho para os registros que se formam e sinto o peso da responsabilidade recair sobre mim como um fogo infernal. Rhaena e Baela estão no centro de algo vasto e sombrio, algo que não posso ignorar.

Mas eu sou Daemon Targaryen. E por elas... pelo que amo... não há força no mundo, antiga ou nova, que me faça recuar.

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Ao adentrar o salão de guerra em Pedra do Dragão, encontro Rhaenyra imersa na leitura de um livro. Suas mãos acariciam ternamente a barriga que abriga nosso segundo filho em gestação, e o vislumbre dessa cena faz meu peito pesar com emoções contraditórias.

— Olá, querida. — Cumprimento-a com um beijo na testa, capturando o olhar preocupado que ela me lança.

— Como está Rhaena? — Sua voz é um misto de ternura e inquietação, algo que só ela consegue transmitir.

Suspiro, passando a mão pelos cabelos.

— Assustada, mas ficará bem. Ela não repetirá o que fez. Está de castigo. — Abaixei-me para beijar sua barriga, tentando transmitir tranquilidade.

— Daemon... — Rhaenyra suspira profundamente, a repreensão evidente em sua voz. Seu descontentamento não me surpreende, mas não cede espaço para arrependimentos.

— Rhaena é apenas uma jovem, agiu sem má intenção. Você não pode tratá-la como uma guerreira, ela é sua filha! — Ela tenta argumentar, seus olhos me desafiam.

— Não posso? — Interrompo, minha voz carregada de autoridade. — Não posso tomar medidas para proteger minha filha de si mesma? Rhaena precisa aprender os limites do que pode fazer. Se não sou eu para ensiná-la, quem será? — Caminho até a mesa, pegando uma taça de vinho e esvaziando-a com um único gole.

Rhaenyra balança a cabeça, sua exasperação evidente.

— Daemon, logo ela e Baela estarão casadas. Você não poderá mais controlar cada passo delas. — Suas palavras ecoam no salão como uma verdade dolorosa.

Por um momento, não respondo. Fico em silêncio, sentindo o peso de tudo o que ela disse. Não é o casamento que me incomoda. Não. É algo muito mais profundo, algo que nem mesmo ela entende completamente.

As gestações...

Perdi minha mãe no parto, e Laena, a mulher que mais amei, também foi tirada de mim dessa forma. Cada vez que olho para a barriga de Rhaenyra, sinto o pavor rastejar pela minha alma. O medo de reviver aquela dor, de perder outra pessoa que amo, é abrasador. Não posso demonstrar fraqueza, mas ela está lá, uma sombra inescapável.

— Nossos filhos estarão aqui em três dias. — Sua voz interrompeu meus pensamentos sombrios. — A princesa Rhaenys sugeriu que celebremos com uma festa após prestarmos homenagem ao Lorde Vaemond Velaryon. O que acha?

Forço um sorriso e a encaro.

— Perfeito. Sinto falta dos meus meninos. Onde está Baela?

— Foi ao vilarejo com Aegon para ajudar os moradores menos assistidos. O vírus diminuiu, mas ainda há pessoas doentes. — Rhaenyra responde, com um leve sorriso.

Arqueio uma sobrancelha.

— Aegon está sempre nesse vilarejo. Viserys já está inquieto com isso. — Minha voz carrega uma ironia que a faz sorrir de maneira divertida.

Sabemos muito bem o que há por trás dessa frequência. Há uma mulher na jogada, e quando o rei e Alicent descobrirem, meu sobrinho estará encrencado.

O som súbito de asas no salão interrompeu nossa conversa. Colt, o falcão mágico de Baela, surge do nada, pousando na poltrona ao lado de Rhaenyra. Fico tenso, meu coração acelerando. Jacaerys e Lucerys haviam relatado que a guerra terminara e que em breve estariam conosco. Então, porque Colt está aqui agora?

— Colt, entregue-me a mensagem. — Ordeno, e o falcão levanta voo, pousando em minha mão com uma pequena carta presa à garra.

Abro o pergaminho e começo a ler, minhas mãos se apertando com cada palavra.

— Daemon? — A voz de Rhaenyra carrega uma ansiedade palpável.

— Baela e Aegon encontraram uma pista sobre o responsável pela magia que espalhou o vírus. Eles estão sem guardas. — Minha voz endurece. Uma fúria crescente me toma. — Aquele moleque colocou minha filha em perigo... por causa de um rabo de saia!

Rhaenyra se levanta, preocupada.

— O que você vai fazer?

— O que for necessário.

Sem esperar por mais nada, escrevo rapidamente duas mensagens: uma para Baela, ordenando que saiam imediatamente do local, e outra para a guarda real, instruindo-os a encontrá-los. Prendo ambas nas garras de Colt e o despacho, enquanto a tensão se instala em meu peito.

Agarro minha Irmã Sombria, minha mente inundada por pensamentos sombrios. Cada passo em direção ao Fosso dos Dragões ecoa com a determinação de um pai que não aceita mais perdas.

Ao chegar, ordeno que Caraxes seja preparado. O dragão responde ao meu chamado com um rugido ensurdecedor, seu corpo imponente refletindo minha raiva e preocupação.

Monto sem hesitar, e Caraxes alça voo, cortando os céus com velocidade. O vento bate contra meu rosto, mas tudo o que sinto é a necessidade de chegar a tempo.

— Aguente firme, dragãozinha. Papai está a caminho.

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POV DE BAELA TARGARYEN

Ao chegar em Porto Real montada em Moondancer, o ar se enche de tensão. Minha majestosa dragão desce dos céus como um relâmpago, suas asas poderosas criando correntes que fazem a poeira dançar em espirais caóticas. Quando suas garras finalmente tocam o chão, um tremor percorre a terra, um lembrete silencioso de seu poder inigualável.

À entrada do Fosso dos Dragões, Aegon me espera, impaciente, andando de um lado para o outro. Moondancer, sentindo minha inquietação, lança um rugido cortante, silenciando os murmúrios dos guardiões reais que hesitam em se aproximar.

— Moondancer, calma. — Minha voz em Alto Valiriano ressoa firme, mas suave, enquanto acaricio suas escamas verdes pálidas e listradas. — Logo ele estará aqui.

Moondancer abaixa-se com relutância, permitindo-me descer com graça. Seus olhos amarelos encontram os meus, refletindo a conexão que vai além de palavras. Ela é mais do que uma dragão – é o meu espelho. Acaricio seu pescoço, sentindo sua pele quente pulsar com vida, antes de sussurrar:

— Obrigada, minha guerreira do fogo.

Quando ela finalmente permite que os guardiões a conduzam para o fosso, sua rebeldia se manifesta com um golpe de cauda que derruba dois soldados. Rio baixo, encantada com sua ousadia.

— Você demorou demais. — A voz de Aegon interrompe meus pensamentos. Ele cruza os braços, o semblante carregado de tensão. — Trouxe a pomada?

Reviro os olhos, puxando o pequeno frasco do bolso de montaria.

— Boa tarde, para você também, primo. Sim, está aqui.

Os olhos dele brilham com esperança ao pegar o frasco. Aegon é um enigma – um príncipe que esconde um coração vulnerável por trás de um rosto arrogante. Seu amor por Claire, uma jovem cega que vive no vilarejo mais pobre de Porto Real, é prova disso.

— Você acha que ela pode voltar a enxergar? — Ele pergunta, a voz carregada de expectativa.

Suspiro, consciente da incerteza.

— Talvez. É a primeira vez que preparo algo assim. Precisamos estar atentos a qualquer reação.

Ele segura o frasco como se fosse um tesouro e sorri, embora a preocupação nunca o abandone.

— Vamos agora. Os guardas estão prontos para nos levar ao vilarejo.

Um sorriso travesso surge em meu rosto enquanto balanço a cabeça.

— Não vamos com os guardas. Tenho um plano melhor.

Afasto-me para um canto discreto e conjuro dois clones mágicos de nós dois, perfeitas ilusões que enganam até o olhar mais atento. Aegon observa com um misto de fascínio e descrença.

— Você nunca deixa de me surpreender, Bae.

Rimos enquanto os clones sobem na carruagem. Montamos em cavalos escondidos por Aegon e partimos em direção ao vilarejo. O caminho é um contraste cruel com a opulência de Porto Real – ruas estreitas e lamacentas, cheias de olhares desconfiados.

Foi então que senti. A bússola mágica de ferro valiriano, pendurada em meu cinto, começou a vibrar. Sua luz fraca brilhou, emitindo um aviso silencioso. Puxei-a com rapidez e vi o ponteiro girar, apontando diretamente para o perigo. Luke e eu havíamos criado essas bússolas durante a guerra, infundindo nelas magia para rastrear usuários de feitiçaria e ameaças. Agora, aquela relíquia se mostrava vital. Aegon olhou para a sua, que também vibrava, e trocamos um olhar de alarme.

— Precisamos chamar meu pai. — Murmurei, com urgência. Estava vulnerável, sem magia suficiente para lutar, sem espada, sem Moondancer. Minha fraqueza era um peso frustrante.

— Certo! — Aegon concordou, embora seus olhos azuis não se desviassem do horizonte sombrio à nossa frente.

— Colt! — Chamei, erguendo a mão para o céu. Meu falcão mágico, de plumagem roxa que brilhava sob o sol, desceu rapidamente, pousando em meu braço com elegância. Seu porte majestoso e aura mágica assustaram os poucos homens que nos observavam das sombras. Escrevi uma mensagem curta para meu pai, explicando a situação, e amarrei o pergaminho na garra de Colt antes de enviá-lo de volta ao céu.

Os minutos seguintes foram angustiantes, mas logo Colt retornou. Desenrolei o pergaminho com mãos trêmulas e li a resposta de meu pai. Suas palavras eram tão claras quanto perturbadoras. Aegon percebeu minha expressão e me encarou, ansioso.

— Estamos mortos. Temos que voltar. Meu pai já está vindo. — Minha voz era firme, mas meu coração estava acelerado.

Aegon xingou baixinho, desviando o olhar para as construções decadentes à nossa volta. — Preciso vê-la, Baela. Não voltarei ao castelo sem saber se ela e os pequenos estão bem. A casa dela é perto da taverna onde o desgraçado está. Volte para o castelo. Eu irei sozinho.

— Aegon! — Gritei, chocada, mas ele já estava guiando seu cavalo em outra direção.

Por um momento, fiquei paralisada, dividida entre as ordens de meu pai e a segurança do meu primo. Ele estava desarmado, sem dragão, correndo em direção a um perigo que mal podíamos prever. Minha magia estava no limite, meu corpo exausto. Mas como poderia deixá-lo enfrentar isso sozinho?

Com uma decisão tomada, guiei meu cavalo atrás de Aegon, ignorando os olhares assustados e desconfiados dos moradores. A vibração da bússola tornou-se mais intensa, e pulsante.

A taverna à frente era uma construção gasta, com janelas opacas e um ar opressor. Mas o ponteiro da bússola apontava para a casa ao lado, uma modesta casa que era grudada à taverna. Aegon desmontou de seu cavalo e, com passos apressados, desapareceu pela porta da residência. Meu coração apertou. Algo estava muito errado.

Desmontei também, ignorando o perigo. Sem magia, sem armas, sem um plano, segui Aegon. A vibração da bússola agora era ensurdecedora, e a luz que ela emitia iluminava o caminho como se fosse uma tocha. Ao cruzar a porta, o cenário diante de mim é uma visão de pesadelo. Sangue cobre o chão, ossos quebrados e corpos devorados indicam uma carnificina recente. O cheiro de morte e podridão é sufocante.

Aegon está ajoelhado, em choque, com os olhos fixos nos restos mortais de Claire e seus irmãos. Minha bússola vibra violentamente em minha mão.

— Ainda está aqui… — Sussurro, o coração disparado.

Um movimento nas sombras faz meu sangue gelar. Algo nos observa, escondido na escuridão. Estou desarmada, minha magia está quase esgotada, e Moondancer está longe.

— Aegon, precisamos sair daqui agora!

Ele não se move. Sua dor o paralisa. Aproximo-me, tentando puxá-lo, mas um rugido ensurdecedor faz o chão tremer. Algo emerge das trevas, e percebo que enfrentaremos mais do que esperávamos.

Continua…

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