Capítulo 11: Villain's Tale
Cast do Império Valiriano
Allya Targaryen - Sacerdotisa da Deusa do Equilíbrio
Sethorus Vulcan - Feiticeiro de Sangue
🎶De manhã bem cedo
Quando você bateu na minha porta
De manhã bem cedo
Quando você bateu na minha porta
E eu disse: Olá, Satanás, eu
Eu acho que é hora de irmos embora
Eu e o Demônio
Caminhando lado a lado
Eu e o Demônio
Caminhando lado a lado🎶
Soap&Skin — Me and the Devil
POV DE SETHORUS VULCAN
Valíria, a coroa flamejante de Essos. Ela não é apenas uma terra dos sonhos. É um império moldado à força em ossos e cinzas, onde o poder se move como lava, queimando tudo que se atreve a desafiar sua marcha. Essa península envolta pelo Mar de Verão é mais do que um lugar; é uma força viva, uma entidade que consome e domina. Aqui, até mesmo as pedras sussurram sobre dragões.
E no centro deste reino de fogo e sangue, estou eu: Setherous Vulcan, herdeiro da Casa Vulcan. Observo este mundo que pertence a mim, um trono de ruínas sobre o qual construímos a supremacia.
Meus ancestrais eram pastores miseráveis, tão insignificantes quanto vermes na terra rachada. Mas o destino sorriu para nós — ou talvez tenha sido o próprio inferno. Ele nos deu dragões. Fogo e supremacia, destruição e poder. Com eles, transformamos Valíria em um monumento à nossa ambição insaciável. Hoje, não há nação, deus ou mortal que não se curve à nossa supremacia.
As criaturas menores, que ousam falar do nosso poder sem compreendê-lo, usam palavras como moralidade, equilíbrio e limites. Conceitos que apenas os fracos abraçam, dogmas usados para justificar sua insignificância. Mas eu? Eu desconheço limites. Para mim, o mundo é um tabuleiro, e eu sou o jogador supremo.
Magia de sangue é o nome que vocês dão ao que faço. Mas é mais do que isso: é verdade. A verdade sobre a existência, sobre a fragilidade humana. Eu a moldo, torço e domino, até que até os mais fortes imploram por alívio. Meus experimentos criaram horrores que fariam o próprio inferno estremecer: quimeras que dilaceram carne e ossos; sereias carnívoras cujos cânticos roubam a alma; serpentes de sangue, ferozes e retorcidas, carregando o sofrimento de centenas em cada escama.
Valíria não teme o mundo — o mundo teme Valíria. E com razão. Somos mais do que homens; somos deuses na carne. Ainda presos a essa mortalidade maldita, sim, mas não por muito tempo. Rasgaremos essa última corrente, ascendendo à verdadeira divindade.
Caminho pelas ruas de Valíria, observando os templos, fossos de dragões e esculturas que exibem nossa glória. Cada pedra e coluna contam a história de um império que se ergueu de cinzas, forjado pela magia e pelo aço valiriano. Porém, minha atenção é atraída por algo que ameaça essa perfeição.
Lorde Colin II Velaryon. Um traidor de sangue. Ele ousa retornar a Valíria e se esconder no templo dos sacerdotes. Aqueles miseráveis pregadores, adoradores de falsos deuses e portadores de magias inferiores, buscam refúgio em encantos sagrados que me repelem. Suas paredes mágicas são uma afronta, um lembrete de que ainda há peças fora do meu controle.
Por cinco dias, esperei. Como um predador à espreita, observei o templo, senti o poder escondido em seu interior. Artefatos, segredos, conhecimento — tudo o que deveria estar sob meu domínio. Cada momento intensifica minha fúria. Não importa o que eles protejam, suas muralhas cairão, e eu reclamarei o que é meu.
Eles pensam que estão seguros. Que seus feitiços podem me deter. Mas eles são tolos. Eu sou Setherous Vulcan, e onde eu caminho, a morte me segue como uma sombra obediente.
Queimar. Consumir. Destruir.
É o que faço. É o que sou.
E quando o templo sucumbir às chamas, Valíria mais uma vez aprenderá por que os Senhores de Dragões não compartilham poder. Nós não governamos — nós dominamos. Não perdoamos — nós exterminamos.
Que os sacerdotes e seus deuses inferiores se preparem para o vulcão. Pois eu sou o fogo que consome, o sangue que escorre e o fim inevitável de todos que ousarem desafiar a minha supremacia.
E quando a poeira assentar, eu serei o único deus que restará.
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Três figuras emergem do templo: dois sacerdotes e o Lorde Colin II Velaryon. Algo chama minha atenção imediatamente: uma tipoia cobre seu braço esquerdo. Quando ele atracou em Valíria, não havia nenhum sinal de ferimento. Um detalhe pequeno, mas que pode carregar segredos maiores.
Permaneço na sombra, atento. Colin se despede e segue para o cais, enquanto os sacerdotes tomam o caminho do centro da cidade. Há algo de enigmático no que acabou de acontecer ali, e meu instinto diz que não é por acaso.
Considero segui-lo, talvez até usar minha magia de sangue para extrair a verdade diretamente de sua mente, mas meus pensamentos são interrompidos de forma irritantemente previsível. Allya Targaryen surge, o rosto iluminado por um sorriso que parece tão fora de lugar quanto ela mesma.
— Não sabia que estava me esperando, meu amor. — Sua voz é um contraste gritante com o peso da atmosfera ao meu redor, mas a serenidade com que fala me força a controlar a irritação.
— Decidi surpreendê-la. — Respondo, compondo um sorriso calculado enquanto a puxo para meus braços. Allya vacila por um momento, mas logo cede ao gesto.
Ela é fascinante, de certa forma. Uma sacerdotisa devota à deusa do equilíbrio, carregando sua fé como um escudo contra a realidade. A Targaryen se esforça para esconder suas fragilidades, mas não percebe que isso só a torna mais transparente para mim.
— Foram oito meses, Allya. Não sentiu minha falta? — Minha voz é um equilíbrio entre suavidade e provocação. Inclino-me para depositar um beijo breve em seu pescoço, observando como ela reage ao toque. — O que você fez no templo durante todo esse tempo? – Questiono, o tom disfarçando a urgência que realmente sinto.
Ela hesita, e sua expressão endureceu por um instante.
— Não posso falar sobre isso. — Murmura, como se a confissão a ferisse mais do que o próprio silêncio.
Meu sorriso se mantém, mas dentro de mim um vulcão de descontentamento ameaça explodir. Allya é uma peça importante no jogo que estou jogando. Não posso permitir que ela se torne imprevisível.
— Não pode ou não quer? — Pergunto, o tom ainda doce, mas com uma ponta de aço. Quando ela não responde, permito que um suspiro escape, como se estivesse decepcionado.
Seguro seu queixo delicadamente, forçando-a a olhar nos meus olhos.
— Eu confio em você, Allya. Por que insiste em testar isso? — Minhas palavras têm o peso de um lembrete, uma advertência velada. — Sabe o quanto valorizo nossa conexão.
Ela pisca rapidamente, os olhos violetas cheios de dúvidas e culpa.
— Não é isso, Sethorus. É... complicado. — Sua voz mal passa de um sussurro.
— Com certeza é. — Minha mão desliza por seus cabelos platinados em um gesto de falso afeto, enquanto sorrio, frio como gelo. — Mas espero que saiba que não importa o quão complicado pareça. Sempre há um preço para os segredos, Allya.
Ela estremeceu ao ouvir isso, mas não recua. O jogo continua. E eu, como sempre, estou no controle.
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POV DE ALLYA TARGARYEN
O peso do segredo era como uma pedra no peito enquanto eu atravessava a casa. Cada passo parecia ecoar as escolhas que me levaram até ali. Quando Daenys me viu, sua expressão mudou instantaneamente: os olhos arregalados, o horror estampado no rosto delicado.
— Allya… pelos deuses, o que aconteceu? — Sua voz era um sussurro trêmulo, os olhos fixos no hematoma que incha meu rosto e na ferida que cortava meu lábio.
Tentei sorrir, mas o esforço só ampliou a dor.
— Está tudo bem. — Menti, erguendo a mão em um gesto apaziguador enquanto conjurava um feitiço para ocultar os machucados. A magia fluiu como uma onda, cobrindo as marcas da violência, mas não apagando o peso que sentia por dentro.
Daenys não parecia convencida. Ela deu um passo à frente, e sua voz tremia de fúria e dor.
— Isso não é tudo bem, Allya. Eu e Gaemon vamos acabar com ele. Vamos pegar os dragões e...
— Não! — Interrompi minha voz saindo mais firme do que esperava. — Por favor, Daenys. Não se envolvam nisso.
Ela parou, os olhos brilhando com lágrimas que ela não deixaria cair.
— Você quer que eu fique de braços cruzados enquanto Sethorus faz isso com você? Nunca.
Suspirei, sentindo o peso da culpa corroer minhas forças.
— A magia de sangue é perigosa, Daenys. Letal. Ele me corrompeu quando eu cedi à fraqueza. Minha magia… não é mais minha.
As palavras saíram como um sussurro, mas o impacto delas foi como um trovão. Daenys cambaleou ligeiramente, como se meu desabafo tivesse atingido algo profundo dentro dela.
— Staryon, a deusa do equilíbrio, está me punindo. — Continuei, minha voz quebrando. — Por ceder a ele, por permitir que manipulasse minha magia.
— Por quê? — A pergunta dela foi como uma faca. — Por que ele fez isso?
Desviei o olhar, incapaz de encarar a dor em seus olhos.
— Porque ele é um Vulcan. A sede por poder é tudo o que importa para ele.
Engoli em seco, sentindo as lágrimas ameaçarem cair.
— Nunca traí meu juramento à deusa. Nunca revelei os rituais do templo, nem o que os sacerdotes fazem em nome dela. Mas minha omissão… custou caro.
— Allya, não importa o que você pensa, não vamos abandoná-la nisso. — A determinação de Daenys brilhou através de suas lágrimas.
Balancei a cabeça lentamente.
— Eu já estou condenada, irmã.
O silêncio que se seguiu foi carregado de dor, até que ela falou, a voz mal passando de um sussurro:
— O que vai fazer?
Afaguei seus cabelos prateados com dedos trêmulos, gravando aquele momento na memória.
— Colocarei um fim nisso.
— Allya, por favor…
— Vocês precisam partir, Daenys. É a única maneira de garantir o futuro da nossa linhagem. Vocês têm que estar a salvo, longe de Valíria.
As lágrimas dela caíram finalmente, enquanto assentia, resignada à realidade que eu impunha.
A despedida foi a mais difícil de minha vida. Vi meu pai, Lorde Aenar Targaryen, partir em seu dragão com Daenys e Gaemon. As embarcações carregadas de pertences e servos cortavam as águas em direção a Pedra do Dragão em Westeros. Enquanto observava, ouvi a voz de Sethorus ecoar em minha mente, debochando da fraqueza que ele acreditava definir minha família. Mas não me importava.
O que realmente importava era que eles estariam longe, seguros.
Com onze anos antes de Valíria ruir, eu sabia que o tempo era curto. A magnificência ao meu redor logo seria consumida pela destruição. Mas enquanto o tempo ainda fosse nosso, eu faria o que precisava ser feito.
Mesmo que isso me custasse tudo.
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POV DO NARRADOR
No coração da câmara subterrânea dos Vulcan, a escuridão reinava absoluta, engolindo cada vestígio de luz que ousava penetrar. Um círculo de feiticeiros de sangue, envoltos em mantos cinzentos, girava lentamente, seus movimentos lembrando espectros em uma dança macabra. Os sussurros em uma língua proibida ressoavam, carregados de maldição e loucura. Seus olhos, obscurecidos pela sombra da arrogância, brilhavam com um propósito que parecia escapar ao domínio humano. Suas mãos erguiam-se em uníssono, invocando um poder que jamais deveria ter sido tocado.
A luz das tochas vacilava, projetando sombras que rastejavam pelas paredes como criaturas vivas. O que um dia fora uma câmara sagrada agora era um lugar de agonia. No centro, filhotes de dragões, criaturas majestosas e temíveis, estavam presos por correntes invisíveis de magia de sangue. Suas escamas brilhavam com um resquício de poder, mas seus corpos tremiam sob o peso do encantamento. Rosnados abafados ecoavam nas paredes da câmara, um grito de fúria e desespero que parecia implorar por liberdade. Seus olhos flamejantes observavam os feiticeiros, cheios de ódio e dor, como se compreendessem que o destino que os aguardava era implacável.
— O que estamos fazendo? — murmurou um dos feiticeiros, sua voz trêmula de hesitação. Ele olhou para as criaturas aprisionadas, mas os sussurros proibidos o pressionavam a continuar. — Isso... isso é maior do que nós. Não podemos voltar atrás.
— Cale-se! — cortou outro, sua voz carregada de arrogância. — Nós somos os mestres do destino! A vida e a morte estão sob nosso controle. Não há retorno, apenas a glória da nossa ascensão!
Mas enquanto ele falava, os olhos dos dragões brilharam com uma intensidade assustadora. Um rugido abafado escapou de suas bocas, reverberando como um trovão. A câmara começou a tremer, uma vibração que parecia emanar das profundezas da terra. Uma aura pulsante de cor vermelha começou a se formar no ar, espalhando-se como uma doença viva. O calor aumentava, o ar tornava-se denso e sufocante.
Os feiticeiros hesitaram, finalmente sentindo o perigo que haviam despertado. Mas era tarde demais. A magia de sangue que controlavam agora parecia estar viva, selvagem e indomável. O chão sob seus pés começou a rachar, enquanto os filhotes de dragão lutavam contra suas amarras invisíveis. O desespero dava lugar a algo mais — uma força ancestral que ecoava em murmúrios pelo ar.
— Yon... meus filhos... perdoem-me... — A voz suave e carregada de dor cortou o caos, vinda da própria terra. Era Staryon, a deusa adormecida por milênios, despertando diante do sofrimento de seus filhos. Seus olhos violetas brilharam, misturando tristeza e fúria. A câmara parecia congelar em reverência à sua presença.
Em um gesto avassalador, a deusa ergueu a mão, e sua magia, pura como o cosmos, atravessou o ar. Era criação e destruição em sua forma mais pura. A magia de sangue se voltou contra seus mestres, queimando como fogo vivo. Os feiticeiros gritaram, mas seus corpos foram consumidos antes que suas vozes pudessem escapar. Cinzas tomaram o lugar de carne e ossos, espalhando-se como poeira ao vento.
A câmara desmoronava. Lá fora, os vulcões que há séculos estavam adormecidos explodiram em fúria. Rios de lava cortavam a terra, consumindo tudo em seu caminho, enquanto um véu de escuridão cobria o céu. O Império de Valíria, em sua arrogância, havia condenado a si mesmo.
O destino de Valíria estava selado, mas em meio às ruínas, havia uma fagulha de esperança. As crianças Targaryen e Velaryon herdariam o peso desse destino. O caminho à frente seria repleto de sombras e horrores, mas somente enfrentando o passado e seus próprios medos poderiam eles trazer a redenção que Valíria tanto precisava. O futuro estava em suas mãos, mas seria preciso coragem para enfrentar o que estava por vir.
Continua…
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