Capítulo 07: Heaven Knows
🎶Segure meu coração, não deixe mais sangrar
Às vezes, o perdão é como um homem em guerra
Só Deus sabe por que o amor vale a queda
Talvez seja isso que amor faz🎶
Heaven Knows - Hillsong United
POV DO NARRADOR
FLASHBACK BÔNUS
A noite já havia caído sobre o acampamento, e o brilho suave das estrelas iluminava a clareira onde os príncipes Laenor, Jacaerys, Lucerys e o pequeno Joffrey haviam se instalado. A fogueira estalava baixinho, lançando sombras dançantes sobre os rostos dos meninos, que se aconchegavam sob um cobertor grosso. O dragão Seasmoke, deitado em uma pedra próxima, observava a cena com olhos vigilantes, sua presença poderosa preenchendo o ar com uma sensação de segurança.
Lucerys, o mais curioso dos irmãos, quebrou o silêncio:
— Papai, é verdade que você foi para a guerra contra a Tríade aos 11 anos?
Laenor olhou para o filho, um sorriso misto de nostalgia e orgulho surgindo em seu rosto.
— É verdade, Luke. Foi um tempo difícil, mas eu aprendi lições valiosas. Na guerra, não é apenas força que importa, mas coragem, estratégia e... a capacidade de confiar em seus aliados.
Ele lançou um olhar significativo para Seasmoke, cujos olhos brilhavam na luz da fogueira. O dragão respondeu com um rugido baixo, como se também se recordasse das batalhas.
— E como foi, pai? — Perguntou Jacaerys, os olhos cor de mel fixos no pai, ansioso para absorver cada palavra.
Laenor inclinou-se ligeiramente para frente, como se compartilhasse um segredo:
— No começo, foi aterrorizante. Eu era jovem, mas Seasmoke e eu aprendemos juntos a enfrentar nossos medos. Cada vitória nos fortaleceu. E, claro, o príncipe Daemon estava lá. Ele é um guerreiro formidável, e com sua ajuda, conquistamos a vitória.
— E foi assim que você conheceu a mamãe? — Jacaerys perguntou com um sorriso travesso, e Lucerys riu, tentando esconder o rosto sob o cobertor.
Laenor deu uma risada baixa.
— Não exatamente assim, mas foi durante esses anos que nos aproximamos. Aos 18, casei-me com a mulher mais incrível dos Sete Reinos.
Ele olhou para os filhos, a expressão suavizando ao lembrar de Rhaenyra.
— Ela era corajosa, inteligente e tão linda quanto o pôr do sol sobre o mar.
Os meninos se calaram, absorvendo cada detalhe das histórias do pai. A noite parecia ainda mais especial sob o olhar atento de Seasmoke, que mantinha sua vigilância silenciosa.
Foi Lucerys quem interrompeu o momento de quietude, hesitando antes de perguntar:
— Papai... um dia a gente vai para a guerra também?
Jacaerys assentiu com entusiasmo.
— Queremos lutar ao seu lado, com nossos dragões!
O sorriso de Laenor desapareceu por um instante. Ele respirou fundo, ponderando sobre como responder.
— Como pai, espero que isso nunca seja necessário. Não há honra em buscar a guerra, apenas em proteger aqueles que amamos.
Os meninos se entreolharam, as expressões misturando orgulho e incerteza. Laenor continuou, olhando nos olhos dos dois:
— Mas, como Velaryons, a guerra pode nos encontrar. Quando esse dia chegar, vocês estarão prontos. E eu estarei ao lado de vocês, assim como Seasmoke esteve comigo.
O pequeno Joffrey, até então adormecido, soltou um resmungo e chamou a atenção de Laenor. Com um sorriso gentil, o pai pegou o bebê nos braços, balançando-o suavemente enquanto o alimentava com uma mamadeira.
— Que tal uma história antes de dormirmos? — Sugeriu Laenor, olhando para os filhos mais velhos.
— Uma história de guerra e amor! — Jacaerys pediu, animado.
Laenor sorriu, assentindo enquanto começava:
— Há muito tempo, quando os deuses ainda caminhavam entre os homens, o mundo foi devastado por uma guerra entre eles. O desequilíbrio que criaram quase destruiu tudo. No meio desse caos, havia dois amantes...
Os meninos se inclinaram para mais perto, fascinados, enquanto Laenor narra a trágica história de Ophelia e Samuel, separados pela guerra, mas unidos por pérolas negras mágicas, que lhes permitiam se reencontrar.
Quando Laenor terminou, os olhos das crianças brilhavam de fascínio. Jacaerys, sem conter a curiosidade, perguntou:
— Papai, você ou o vovô já encontraram essas pérolas?
Laenor riu.
— Eu, não. Mas o seu avô, sim. Ele usou as pérolas para visitar sua avó sempre que a guerra os separava. Talvez um dia, vocês também as encontrem.
Ele piscou para os filhos, arrancando risadas. Apesar das sombras da guerra que rondavam a história, a noite estava repleta de amor e esperança.
E, sem saber, aquela foi a última noite que os filhos passaram com o pai.
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POV DE JACAERYS VELARYON
Tudo aconteceu tão rápido. Em um momento, estávamos com o nosso pai, e no outro, ele tinha partido, para sempre. A vovó e o vovô não nos deixaram sozinhos em nenhum momento. O abraço reconfortante deles era como uma fortaleza que nos mantinha de pé enquanto víamos o corpo de nosso pai ser lançado ao mar. As lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto. Luke soluçava sem controle, e vovô Corlys apertava-o contra o peito, tentando protegê-lo de uma dor que ninguém ali podia aliviar.
Baela estava ao meu lado, segurando minha mão com força, como se quisesse me ancorar àquele momento. Rhaena fazia o mesmo com Luke, seu toque suave transmitindo mais conforto do que qualquer palavra poderia. Mamãe, por sua vez, lutava para conter Joffrey, que se debatia em seus braços, gritando por nosso pai. A vovó Rhaenys se aproximou, sua voz firme e gentil cortando o peso do silêncio:
— Deixe comigo, querida. Descanse. Eu cuidarei dele.
Mamãe hesitou por um momento antes de entregar Joffrey à vovó. Seus olhos carregavam uma gratidão silenciosa, mas o cansaço e a tristeza estavam estampados em cada linha de seu rosto.
Do outro lado, os verdes nos encaravam. Seus sussurros maldosos e olhares de zombaria eram como espinhos, cortando ainda mais o pouco que restava da nossa força.
O vovô Corlys, percebendo o estado de mamãe, colocou uma mão firme em seu ombro:
— Rhaenyra, você nunca estará sozinha. Nós estaremos aqui, ao lado dos nossos netos. Agora descanse, por favor.
Ela assentiu, seus lábios tremendo ao formar um “obrigada”. Antes de se afastar, mamãe nos abraçou com força, como se quisesse nos proteger de tudo.
— Sejam fortes, meus meninos. Cuidem dos seus avós.
Assentimos, sem saber o que dizer. Quando ela desapareceu pelas portas do castelo, vovô Corlys ficou tenso. Seus olhos estavam fixos em Vaemond, que conversava amigavelmente com a rainha Alicent e Sor Criston Cole. Ele nos lançou um olhar severo.
— Não se aproximem de seus tios. — Avisou. — Fiquem longe. Preciso descobrir o que meu irmão está tramando.
E com isso, ele se afastou, deixando-nos ali.
— Vamos para a praia. — Sugeriu Rhaena, sua voz trêmula, mas decidida.
Seguimos em silêncio. Sentamos na areia, observando as ondas e o céu que começava a escurecer.
— Você acha que essa dor vai passar algum dia? — Luke perguntou, sua voz cheia de incerteza.
Rhaena demorou um instante para responder. Quando o fez, sua voz era baixa, mas cheia de uma sabedoria surpreendente para alguém tão jovem:
— A dor nunca passa, Luke. Mas... a gente aprende a viver com ela. Tentamos guardar as boas lembranças e nos confortamos pensando que, um dia, talvez, possamos nos reencontrar com quem amamos.
Ela fez uma pausa, olhando para nós com determinação:
— Vocês têm a mim e a Baela. Nós temos também os nossos avós. Não estamos sozinhos, e nunca estaremos.
Baela, ao meu lado, abriu um sorriso gentil, o tipo de sorriso que sempre conseguia me fazer acreditar em algo maior, mesmo quando tudo parecia perdido.
— Somos os Herdeiros do Dragão. E ninguém mexe com a gente.
O riso escapou de nós, ainda misturado às lágrimas, mas foi o suficiente para quebrar o peso daquele momento. Nos abraçamos em um círculo apertado, como se tentássemos juntar os pedaços uns dos outros.
Baela sussurrou para mim, sua voz carregada de carinho:
— Fale com as estrelas e a lua, Jace. Elas sempre ouvem.
Encostei minha testa na dela, absorvendo sua força antes de murmurar:
— Obrigado, Bae.
Quando me afastei, percebi que Luke e Rhaena ainda estavam abraçados, conversando algo em voz baixa. Baela observava os dois com um sorriso sereno, e eu levantei meu olhar para o céu.
— Sentimos sua falta, papai. — Murmurei, minha voz mal passando de um sussurro.
O vento soprou suavemente, acariciando meu rosto como se respondesse ao meu apelo. Então, uma voz — a dele, clara e cheia de amor — ecoou no fundo da minha mente:
— Eu também, meu filho. Amo vocês. Protejam seus irmãos e sua mãe. Eu estou em paz.
Arregalei os olhos, sentindo o impacto de suas palavras. Luke olhou para mim, confuso, mas parecia que ele também tinha ouvido. Rhaena e Baela encararam o céu, a surpresa evidente em seus rostos.
Segurei o ombro do meu irmão e apertei levemente.
— Nós vamos cuidar uns dos outros, papai. Eu prometo.
O universo parecia responder ao meu juramento com o sopro das ondas. Não era o fim. Era um começo. E juntos, enfrentaríamos tudo o que viesse.
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POV DO NARRADOR
Um mês se passou desde a morte de Laenor Velaryon. No Salão do Trono de Madeira, em Driftmark, a princesa Rhaenyra discutia estratégias com Lorde Corlys e a princesa Rhaenys Targaryen. O objetivo era claro: consolidar o direito ao trono dela e dos filhos, garantindo a força da Casa Targaryen contra os crescentes murmúrios dos "verdes".
Enquanto isso, o príncipe Daemon havia retornado recentemente de suas viagens, trazendo poções e ervas que finalmente aliviaram os ferimentos do rei Viserys, curando a doença que tanto o atormentavam. Ao descobrir a morte de Laenor, Daemon ficou visivelmente surpreso. Ele e Rhaenyra haviam conspirado para que Laenor pudesse viver em paz com seu amante, enquanto eles selariam sua união. Mas este desfecho? Este estava além de seus cálculos. Apesar disso, reconheceu que a tragédia eliminava um obstáculo. O caminho estava livre para o casamento.
— Hoje à noite. — Daemon pensou com satisfação enquanto observava suas filhas na biblioteca. Baela e Rhaena, sentadas lado a lado, liam em alto valiriano, suas vozes harmoniosas ecoando pela sala. A dedicação delas à língua ancestral trazia um brilho de orgulho ao príncipe, mas era a beleza crescente das meninas que despertava um desconforto paternal. — Aos meus olhos, elas sempre serão crianças. — Refletiu, aproximando-se delas.
— Minhas dragãozinhas. — Disse ele, atraindo a atenção delas. Ambas ergueram os olhos brilhantes, sorrindo ao ver o pai. — Preciso conversar com vocês.
Daemon, com cuidado, explicou seu casamento iminente com Rhaenyra. Baela foi a primeira a responder, sua expressão serena.
— Mãe gostava dela. — Falou com simplicidade, arrancando um sorriso de alívio de Daemon. Rhaena, mais reservada, assentiu, os olhos reluzindo em compreensão.
Ele as abraçou, depositando beijos em suas testas. — Sempre amarei a mãe de vocês, e sempre amarei vocês. Nada mudará isso.
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Naquela madrugada, sob o brilho da lua cheia, o casamento secreto de Rhaenyra e Daemon foi realizado em Pedra do Dragão. O rito valiriano foi presenciado pelos filhos do casal e pelas filhas de Daemon, cujas expressões alternavam entre curiosidade e sonolência. Baela e Rhaena mantiveram-se ao lado dos primos, suas presenças marcaram a união das casas Targaryen e Velaryon.
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Mais tarde, enquanto caminhavam pela praia, Rhaenyra e Daemon discutiam o futuro das crianças.
— Então, você apoia os casamentos de nossos filhos? — Rhaenyra perguntou, com o olhar fixo no horizonte.
Daemon parou, refletindo. — Apoio, mas com ressalvas. Se nossos filhos se casarem, nossos netos serão fortes... Mas e os filhos que ainda teremos, Rhaenyra? Não terão nenhum domínio sobre a ilha Herdeiros dos Dragões. — Seu tom era firme, e desafiador.
Rhaenyra o encarou, seus olhos brilhando com determinação. — Então nossos futuros filhos terão seus próprios herdeiros. Os primeiros filhos de Baela e Jacaerys, Lucerys e Rhaena, pertencerão aos filhos que tivermos. Eu sou a princesa regente. Assim será.
Daemon arqueou uma sobrancelha, surpreso com sua ousadia. Uma risada baixa escapou. — Muito bem, minha futura rainha. Concordo, mas as crianças precisam amadurecer. Baela e Rhaena precisam dominar seus dons. Jacaerys e Lucerys precisam se preparar para a guerra que se aproxima.
— Concordo. Avisarei a Lorde Corlys e à princesa Rhaenys. — Rhaenyra pausou. — E enviarei uma carta ao meu pai, informando nossa união e os arranjos.
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O rei Viserys recebeu a notícia com entusiasmo. Declarou que Jacaerys Velaryon e Baela Targaryen seriam os futuros Rei e Rainha dos Sete Reinos, enquanto Lucerys Velaryon e Rhaena Targaryen herdariam Driftmark. Os "verdes", por outro lado, viram na união uma manobra política para legitimar os filhos de Rhaenyra e reforçar sua posição no trono.
O reino, no entanto, celebrou a aliança. As crianças, alheias às maquinações políticas, embarcaram para Pedra do Dragão, acompanhadas por seus dragões. Lá, um novo capítulo começaria – para eles e para os Targaryen.
A guerra estava prestes a começar.
Continua…
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