Capítulo 06: I Was Here
🎶Quero deixar minhas pegadas
Sobre as areias do tempo
Quando eu deixar este mundo
Vou deixar sem arrependimentos
Deixar algo para se lembrar
Então eles não vão esquecer
Eu estava aqui ...
Eu vivi, eu amei
Eu estive aqui ...🎶
I Was Here - Beyoncé
POV DO NARRADOR
A área de treinamento em Driftmark era um vasto campo aberto, cercado pela brisa salgada do mar e equipado com uma variedade de armas e alvos. O som das ondas misturava-se aos ecos dos passos firmes e das lâminas encontrando resistência. Apenas Laenor Velaryon e seus filhos, Jacaerys e Lucerys, ocupavam o local naquela tarde.
Laenor, com um olhar atento e determinado, deu início a uma lição diferente das habituais. Ele sabia que havia chegado o momento de seus filhos escolherem as armas que moldarão suas trajetórias.
— Uma arma não é apenas um instrumento de combate. — Começou ele, a voz grave carregada de sabedoria. — Ela é uma extensão do corpo e da mente, um reflexo de quem você é. Hoje, vocês decidirão quais armas empunharão e que, um dia, serão um símbolo de sua força e legado. Mas escolham com cuidado. As que escolherem serão forjadas em aço valiriano, o mais poderoso metal que existe.
Os meninos se aproximaram da mesa de armas, onde uma infinidade de opções repousava sob a luz do sol. Lucerys foi o primeiro a se deixar levar pela curiosidade. Seus olhos azuis percorreram cada lâmina e haste até se fixarem em uma alabarda. Ele a segurou, sentindo o peso e o equilíbrio. A longa haste era adornada com uma ponta afiada de um lado e uma lâmina curva, semelhante a um machado, do outro. Ele sorriu, satisfeito.
— Essa é a minha escolha. — Disse Lucerys, com a voz cheia de convicção. — Vou chamá-la de Tempestade Celestial. É um nome digno de um Velaryon.
Laenor ergueu as sobrancelhas, impressionado pela decisão do filho mais novo.
— Uma escolha ousada e prática. Corlys ficará orgulhoso. — Respondeu o pai, inclinando a cabeça em aprovação.
Jacaerys, por sua vez, estava imerso em outra seção da mesa, onde as espadas repousavam. Ele pegou duas lâminas longas, uma em cada mão, e fez alguns movimentos no ar, testando o peso e a fluidez. Sua expressão tornou-se séria enquanto avaliava sua escolha.
— Essas serão minhas armas. — Declarou ele, firme. — As chamarei de Fúria do Dragão, em homenagem ao Vermax.
Laenor cruzou os braços, o orgulho evidente em seu semblante.
— Espadas gêmeas. Uma escolha que exige habilidade, mas sei que está à altura do desafio, Jace. — Ele disse, um sorriso leve surgindo em seus lábios. — Vocês dois fizeram escolhas excelentes. Suas armas serão um reflexo da força que vejo em cada um de vocês.
Lucerys olhou para o irmão e depois para o pai, hesitando por um momento antes de falar:
— Quero ser como você, papai. Um dia, quero lutar como você luta.
Jacaerys, ao lado, assentiu. — E eu também. Quero fazer você se orgulhar de nós.
As palavras dos filhos atingiram Laenor como uma onda de emoção. Ele se abaixou, colocando as mãos nos ombros de ambos.
— Vocês já me orgulham todos os dias, de maneiras que nem imaginam. — Falou ele, a voz um pouco rouca pela emoção. — Mas lembrem-se: ser um guerreiro não é apenas saber lutar. É proteger, liderar e honrar aqueles que confiam em vocês.
Ele os puxou para um abraço apertado, a luz dourada do pôr do sol envolvendo os três em um momento de união.
— Eu amo vocês. E prometo que estarei ao lado de cada um enquanto trilharem seus caminhos. — Acrescentou Laenor, segurando-os com força, como se quisesse eternizar aquele instante.
Os meninos sorriram, sentindo o peso das palavras do pai, e a certeza de que, com as novas armas em mãos e o amor incondicional dele, estavam prontos para encarar o que quer que o futuro lhes reservasse.
■■■
A gruta era um verdadeiro paraíso escondido em Driftmark, um lugar onde a água quente e cristalina parecia uma extensão de seus corpos. A luz que atravessava as pequenas aberturas da caverna criava reflexos dançantes na superfície, transformando o local em um cenário mágico. As crianças Velaryon e Targaryen exploravam a imensidão daquela fonte termal com uma energia contagiante, aproveitando cada momento de liberdade.
Jacaerys observava Baela, fascinado por sua concentração. Sob sua orientação, ela praticava golpes com uma espada improvisada, seus movimentos submersos eram ágeis e precisos. Os cabelos brancos de Baela flutuavam em torno de seu rosto, lembrando a Jace das histórias sobre sereias. Enquanto isso, Luke, mais ao fundo da gruta, ensinava pacientemente Rhaena a atirar flechas. Ele demonstrava os gestos com as mãos, explicando como ajustar a posição dos braços para imaginar um arco invisível até que ela pudesse dominar a técnica.
— Lembre-se, Rhaena. — Disse Luke, com um sorriso incentivador. — O arco e flecha não são apenas sobre força. É sobre precisão e paciência. Sua visão pode ser sua maior aliada.
Rhaena, com seus cachos platinados ainda molhados, assentiu. — Está bem. Mas preciso admitir, você faz isso parecer mais fácil do que é. — Comentou, um tanto frustrada, enquanto ajustava a postura sob a água.
— É só prática. E eu sou um bom professor, é claro. — Brincou Luke, provocando um riso suave nela.
Baela, por outro lado, mantinha o foco, esforçando-se para aperfeiçoar os movimentos que Jace demonstrava. Quando emergiram para buscar ar, ela encarou o primo com um sorriso satisfeito.
— Acho que estou pegando o jeito. — Falou ela, ainda ofegante. — Mas confesso, não sei como você consegue parecer tão natural fazendo isso.
— Muita paciência e treino, como o Luke disse. Meu pai sempre disse que lutar debaixo d’água é mais difícil, mas também mais útil. Se conseguimos fazer isso aqui, em terra será muito mais fácil. — Respondeu Jace, esticando a mão para ajudar Baela a subir em uma rocha próxima.
Enquanto conversavam, a fumaça leve da água quente criava um ambiente de calma. Rhaena cruzou os braços, observando os outros três.
— Sinceramente, não entendo como vocês conseguem prender o fôlego por tanto tempo lá embaixo. É como se vocês fossem parte da água. — Ela balançou a cabeça, impressionada.
— Talvez porque todos nós somos Velaryon, e o mar corre nas nossas veias. — Luke respondeu, piscando para ela. — Além disso, você tem sua própria magia, Rhaena. Aposto que com um pouco de treino vai dominar isso também.
Baela inclinou a cabeça, pensativa. — Talvez o sangue Velaryon ajude. Mas também acho que o tempo que passamos aqui, longe das regras e olhos de todos, nos dá liberdade para tentar coisas que normalmente não poderíamos. — Ela olhou para os primos, um brilho decidido nos olhos. — E, falando nisso, acho que podemos resolver a questão da comunicação com a ilha. Tenho algumas ideias...
Os outros três pararam para ouvi-la, intrigados. Mas por ora, a leveza daquele momento os envolvia. Passaram o restante da tarde brincando, mergulhando, tentando alcançar o fundo da gruta e rindo como só crianças livres e conectadas poderiam fazer.
Naquela caverna, longe do peso dos títulos e responsabilidades, eram apenas Jace, Luke, Baela e Rhaena. Quatro crianças explorando um mundo que parecia ser só delas.
■■■
A princesa Rhaenys Targaryen, montada em sua fiel Meleys, a Rainha Vermelha, cortava os céus em direção a Driftmark, impelida por uma saudade insuportável de seus cinco netos. Três meses haviam se passado desde sua última partida, e nenhuma mensagem chegará da ilha. Apenas os dragões Meleys e Caraxes ousaram voar, aproveitando a tranquilidade mágica daquele lugar único, onde Daemon, seu primo, encontrará um refúgio para suas poções e criações.
A ilha dos "Herdeiros do Dragão" era um espetáculo que encantava até mesmo a experiente princesa. Lá, tudo pulsava com uma magia palpável: sementes brotavam e frutificavam em dias, e a água mágica revigorou tanto homens quanto dragões. Até mesmo Meleys parecia mais vigorosa, mais imponente. Porém, a paz da ilha logo se desvaneceu, trazendo a tempestade que mudaria para sempre o destino da princesa e de sua família.
Naquela noite escura e tempestuosa, Driftmark surgiu no horizonte, envolta em relâmpagos e ventos furiosos. Rhaenys sentia o coração apertar, mas nada a prepararia para o que estava prestes a testemunhar. Da altura de seu voo, ela avistou Laenor, seu amado filho, caminhando apressado pela praia, os ombros curvados pelo peso de uma discussão recente com Sor Qarl Correy, seu ex-amante. O olhar vigilante de Rhaenys captou o brilho de uma espada sendo sacada.
Qarl Correy, tomado pela fúria, golpeou Laenor pelas costas, perfurando-lhe o coração. O grito desesperado da princesa ressoou pelos céus, seguido pelo rugido devastador de Meleys. A Rainha Vermelha mergulhou em direção ao agressor, agarrando-o com suas garras e arremessando-o como um brinquedo quebrado. O som de ossos se partindo misturou-se ao estrondo da tempestade enquanto os guardas corriam, tarde demais para salvar o príncipe.
Com pura determinação e dor em cada palavra, Rhaenys encarou o homem que tirara a vida de seu filho:
— Dracarys, Meleys!
As chamas da Rainha Vermelha consumiram Qarl, enquanto Rhaenys descia de sua montaria e corria até o corpo de Laenor, que jazia na areia ensanguentada. Ela o segurou em seus braços como fazia quando ele era pequeno, as lágrimas escorrendo sem controle.
— A mamãe sabe, vai em paz, meu filho. — sussurrou ela, a voz quebrada pela dor.
Laenor, lutando contra as últimas forças que o deixavam, olhou para sua mãe. — Mamãe, proteja meus filhos... Eles são o meu legado. Amo vocês.
A dor da perda ecoou em Driftmark: Meleys rugia com faíscas de fogo saindo de suas narinas, e o choro de Seasmoke, no fosso dos dragões, foi ouvido por toda a ilha. O Estranho havia levado Laenor Velaryon.
No vazio entre os mundos, Laenor encontrou paz. A escuridão era interrompida por uma fenda de luz, de onde surgiu Laena Velaryon, radiante, com seu filho recém-nascido nos braços.
— Bem-vindo, irmão. Este é seu sobrinho, Aemon Targaryen. — Disse Laena, sorrindo.
Laenor a abraçou com força, as lágrimas correndo livres. Ao segurar o pequeno Aemon, sentiu-se preenchido por ternura e alegria. Era como se uma parte de Daemon vivesse naquele bebê.
— Ele é lindo, mana. — Afirmou Laenor, sorrindo entre lágrimas.
— Todos estão ansiosos para te ver. — Disse Laena. — Há uma pessoa especial que mal pode esperar por você.
Guiados pela luz brilhante, os dois caminharam para um mundo que lembrava a antiga Valíria. Risos e vozes conhecidas ecoavam à medida que Laenor reconhecia rostos amados que pensava nunca mais ver. O calor do reencontro envolveu seu coração, e ele seguiu com sua irmã, finalmente em paz, sabendo que, de alguma forma, sua família continuaria viva nos laços eternos do amor.
Continua...
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