Capítulo 05: Royalty

🎶Melhor me dar sua lealdade
Porque estou conquistando o mundo, você verá
Eles vão me chamar, me chamar
Eles vão me chamar de realeza🎶

Royalty - Neoni

POV DE RHAENA TARGARYEN

Aqui estamos, sentados no grande sofá acolhedor da biblioteca de nosso avô, com as cabeças baixas, ouvindo sermões sem fim enquanto as horas se arrastam. Depois de entregarmos todos os papeis que conseguimos reunir nos últimos meses e anos — incluindo meus desenhos, já que não havia mais como esconder, especialmente com a testemunha de meu pai —, os adultos aceitaram tudo sem hesitação, como se já soubessem o que esperar. Isso, sinceramente, me deixou inquieta. Parecia que eles estavam apenas aguardando esse momento. Algo nisso me assustava profundamente.

Encolhi os ombros ao ouvir mais uma explosão de raiva da princesa Rhaenyra e de nossa avó, Rhaenys. Ambas estavam furiosas, e naquela hora aprendi uma lição que eu nunca vou esquecer: nunca subestime o poder da ira de uma mãe. Era aterrador. Meu estômago se apertou, e um nó se formou na garganta.

Enquanto eu acariciava a cabeça da minha dragão, Morning, que dormia profundamente em meu colo, meus olhos se fixaram nas minhas mãos, onde o curativo feito por Mestre Mellos ainda estava lá, tratando o ferimento que latejava. A sensação do fogo correndo pelas minhas veias ainda estava fresca na minha memória.

Pelo canto do olho, notei que Baela estava começando a acordar, o que interrompia o fluxo de vozes altas e frenéticas dos adultos ao nosso redor.

Ah, Baela. Minha irmãzinha guerreira. Ela, com sua magia incontrolável, que ainda não compreendia completamente. Ela havia realizado dois feitiços poderosos, mesmo sem saber o que estava fazendo. Nosso pai explicou que o desmaio dela fora um efeito do esforço extremo. Ele havia calculado tudo — o peso dela, a complexidade da magia, os cálculos da sacerdotisa. Mas, como era de se esperar, a magia cobrou seu preço. E agora, tudo estava nos atingindo.

— Baela, como você está se sentindo? — Jace perguntou, levantando-se e indo até ela. Sua voz foi interrompida pela expressão de surpresa da princesa Rhaenyra, que parecia não entender por que ele havia desobedecido à ordem de ficar em silêncio. Eu segurei meu riso para não piorar ainda mais a situação. Não estava disposta a nos meter em mais encrenca.

Mas, antes que algo pudesse ser dito, Rhaenyra se recompôs, e aquele olhar materno — o mesmo que ela havia lançado em nós quando viu nossas feridas — se fixou em Baela. O olhar de amor imenso que até mesmo as brigas não conseguiriam diminuir. Isso me lembrava tanto de minha mãe Laena, de como seu amor incondicional nunca nos deixaria, mesmo em momentos de raiva.

— Bem! — Baela respondeu, tentando se levantar. Ela estava pálida e fraca, mas mesmo assim tentou se manter firme. Nosso pai estava lá para segurá-la, assim como me puxou, nos envolvendo em um abraço apertado. Morning, por sua vez, estava completamente imune à confusão ao redor, aninhada com segurança em meus braços.

— Nunca mais façam isso comigo. Entenderam, dragãozinhas? — A voz de papai foi grave e firme. Nós assentimos, sabendo que ele não estava brincando.

— Desculpe, papai, avós, tio e princesa! Foi imperdoável o que fizemos, e fui eu quem os levou a fazer tudo isso. A culpa é toda minha. — Baela assumiu a culpa de maneira sincera, colocando todo o peso sobre seus ombros.

Antes que eu pudesse dizer algo, os meninos começaram a falar, negando qualquer responsabilidade que recaísse sobre ela.

— Isso não é verdade. A culpa é de todos nós, mãe. Se vocês querem nos punir, ok, mas Baela não levará a culpa sozinha. — Jace interrompeu, com um olhar sério. Eu fiquei surpresa, olhando para os adultos que agora estavam nos observando. O que vi nos rostos deles foi uma mistura de orgulho e satisfação. Parecia que aquilo, de alguma forma, os agradava.

— Muito bem, meu filho! Iremos decidir o melhor castigo para os quatro. Até lá, queremos entender e ter mais informações suas, sobrinha, sobre o seu sonho e o tesouro. — Tio Leonor disse, aproximando-se de Baela, entregando-lhe uma taça com água. Ela, com as mãos trêmulas, pegou a taça e bebeu com um suspiro de alívio.

Baela então começou a narrar, com detalhes vívidos, tudo o que tinha visto e ouvido da antiga sacerdotisa Allya Targaryen. Os adultos, à medida que ela falava, começaram a exibir expressões de fascínio, como se cada palavra dela fosse uma chave para algo maior. Quando Baela mencionou os meus sonhos e os desenhos que fiz sobre Valíria antes da catástrofe, notei que seus olhos brilharam ainda mais. Ela falou também sobre o feitiço que nos conecta, a mim e a Luke, para compartilharmos visões do futuro.

Eu observei papai. Ele estava em silêncio, sua expressão era uma mistura de dor e arrependimento. Ele sabia que não havia sido informado antes, e isso me fazia sentir uma culpa esmagadora. Não queria magoá-lo.

— A magia será necessária para conseguirmos entrar em Valíria sem que ela nos mate. Caso contrário, a maldição que habita o local será fatal para nós. Rhaena, com o dom da visão, pode nos oferecer alguma chance de salvar nosso povo e encontrar o tesouro. — Baela falou com sinceridade que deixou todos em silêncio.

Aquelas palavras trouxeram à tona o velho conto de Aerea Targaryen, que, junto com seu dragão, desapareceu em Valíria, apenas para retornar em péssimas condições. Foi um aviso sombrio. As feridas de Balerion, o dragão negro, provavelmente contaminou o Rei Viserys, nos mostrava o quão perigosa essa jornada poderia ser. Mas agora, essa era nossa chance de aliviar a situação. Com um olhar furtivo para os meninos, me peguei torcendo para que tudo desse certo. Afinal, tínhamos planejado por horas, pensando em todas as possibilidades de sairmos ilesos dessa.

— O grimório dos Targaryen revelou tratamentos medicinais para aprimorar a forma de nossos dragões, estimular seu crescimento, fortalecer os ossos, endurecer e proteger as escamas. Além disso, as ervas oferecem formas de curar os danos causados ​​pela magia negativa ou qualquer doença. — Baela declarou com convicção. Eu sabia que as palavras dela estavam certas.

A magia valiriana era poderosa e, se utilizada corretamente, poderia curar as doenças deste mundo.

Foi a princesa Rhaenyra quem falou, com um brilho nos olhos, agora claramente interessada. Ela viu uma possibilidade ali para salvar a vida de seu pai.

— Como isso é possível, minha neta? Essas ervas foram destruídas há mais de 400 anos, assim como o conhecimento sobre como utilizá-las. — Perguntou nosso avô Corlys, com um olhar intrigado.

Baela olhou para nosso pai antes de responder.

— Papai, posso mostrar? — Ela perguntou com uma suavidade que me fez saber que ele não iria gostar da ideia, mas ele consentiu com um simples aceno.

Baela fechou os olhos e, como se fosse uma extensão de sua própria magia, o grimório dos Targaryen apareceu diante dela, levitando. Em um tom baixo, ela pronunciou palavras em Alto Valiriano antigo, e o livro obedeceu. Aos nossos olhos, surgiram hologramas, mostrando as formas de utilizar as ervas medicinais. Todos ficaram maravilhados, mas o maior choque foi quando minha irmã fez o impossível: ela fez aparecer, magicamente, um grande e grosso livro sobre o uso de poções com as ervas. E, logo depois, um baú de carvalho branco apareceu, cheio de sementes da antiga Valíria.

O desmaio de Baela foi iminente. Vi Jace segurá-la firmemente, evitando que ela caísse para trás.

— Irmã? — Toquei seu ombro, preocupada. Ela estava suando frio.

— Estou bem. — Ela sorriu, mas seus olhos traíam a fadiga e a determinação. Papai nos olhou com carinho, mas pude perceber a tristeza em seus olhos.

Eu e Baela apertamos sua mão, transmitindo nosso amor e gratidão.

— Não vou me arriscar tanto, papai. Prometo! — Baela murmurou, mas eu sabia que era uma mentira. Ela faria qualquer coisa para nos proteger, mesmo que isso significasse se arriscar novamente.

Papai a abraçou novamente, beijando sua cabeça com carinho, e depois fez o mesmo comigo.

— Minha dragãozinha não usará magia agora. Ela precisa descansar. — Ele anunciou, com um tom protetor.

— É claro, por favor, Bae, descanse, anjinha. — A princesa Rhaenyra falou com suavidade.

Nossa avó, a princesa Rhaenys, olhou-nos com firmeza e carinho:

— Vamos, crianças, vocês precisam descansar.

Entreguei Morning a papai, fazendo um carinho nela, antes de beijá-lo na bochecha. Baela fez o mesmo. Quando saímos, seguimos nossa avó, deixando os adultos para resolverem as questões entre si. Só podia esperar que, finalmente, as coisas começassem a se acalmar.

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POV DO NARRADOR

Após a saída das crianças, o príncipe Daemon, com a expressão séria, pegou o grosso livro de ervas medicinais e folheou suas páginas com a atenção de alguém à procura de algo importante. O grimório Targaryen, sumiu assim que Baela partiu; apenas sua filha seria capaz de compreender os segredos contidos nele.

— Os cinco precisam treinar intensamente, se quisermos ter alguma chance. — Afirmou Lorde Corlys, sua voz firme, refletindo a gravidade da situação.

As crianças ainda não entendiam a magnitude do que estava em jogo. Mas, com o tempo, o peso da profecia se tornaria claro para elas.

— Eu cuidarei de ensiná-los, pai. — Disse Laenor, concentrado nos esboços feitos pela sobrinha. Ele e Corlys sentiram uma certa alegria ao verem as meninas usando os colares de jade Valiriano, presentes dos meninos. Ambos estavam convencidos de que essas joias eram mais que simples adornos; eram artefatos mágicos essenciais para o futuro. Contudo, nenhum dos dois disse uma palavra, conscientes de que Daemon provavelmente as impediria de usar.

O que Laenor não revelou aos meninos era que a pedra de jade tinha um poder profundo: ela unia os predestinados por toda a eternidade.

Quando os adultos olharam para a parte do mapa desenhada pela princesa Rhaena, souberam imediatamente o quão desafiadora seria a missão à frente. Seus filhos e netos estavam destinados a cumprir uma profecia, e isso os preocupava profundamente.

As datas de nascimento das crianças estavam marcadas em círculos no desenho: Baela, Jacaerys, Rhaena, Lucerys e Joffrey, com os símbolos das duas casas acima de cada número. Algumas runas e símbolos misteriosos estavam presentes, e Lorde Corlys e Daemon logo perceberam que eram referências a artefatos mágicos, desaparecidos antes da destruição de Valíria. Esses artefatos estavam agora espalhados pelo mundo, escondidos, e seria necessário resgatá-los.

Até lá, as crianças precisam aprimorar seus dons: Baela, sua magia; Rhaena, sua clarividência; e Jace, Luke e Joffrey, o combate e a arte de lutar com os dragões.

A princesa Rhaenyra se aproximou de Daemon, que ainda estudava atentamente o livro, e perguntou, ansiosa:

— Encontrou algo?

— Sim.  — Respondeu Daemon, os olhos violetas brilhando com entusiasmo. — Encontrei a erva que pode salvar seu pai. Mas precisamos primeiro encontrar uma ilha intocada pela mão humana, onde possamos plantar as sementes e colher seus benefícios.

— Como vamos encontrar essa ilha? — Rhaenyra olhou para seu marido, Laenor e sogro, Corlys com um olhar de temor, receosa de que eles não soubessem a resposta. Ela temia que as ervas fossem a única esperança para seu amado pai.

— Existem ilhas não habitadas, princesa. Porém, não podemos afirmar se foram ou não profanadas. — Disse Lorde Corlys com sinceridade.

As palavras dele fizeram Rhaenyra chorar, tomada pelo pavor. Laenor se aproximou, envolvendo-a em um abraço protetor.

— Vamos conseguir, Nyra, eu prometo. — Falou ele, depositando um beijo de carinho em sua testa. O príncipe Daemon observou o casal, sorrindo ao ver a ligação forte e sincera entre eles.

Enquanto isso, no quarto da princesa Rhaena, a mesma se encontrava imersa em sua visão, que a tomou enquanto dormia. A pequena se levantou da cama, compelida a desenhar os traços que via. Luke acordou e logo percebeu que estava compartilhando a mesma visão de Rhaena, transmitida sem que ela soubesse. Surpreso, ele correu pelos corredores em busca da prima, ciente de tudo ao seu redor, enquanto Rhaena, ainda dormindo e vulnerável, se deixava guiar pela visão.

Lucerys encontrou a prima, que desenhava apressadamente, mas parecia alheia ao mundo ao seu redor. Seus olhos, normalmente violeta claros, estavam agora completamente brancos, refletindo a intensidade da visão que a consumia.

— Rhae, estou aqui. Vai ficar tudo bem. — Afirmou ele, tentando confortá-la.

Ela não respondeu, suando frio enquanto finalizava o mapa. Quando terminou, pegou os desenhos e começou a andar em direção à biblioteca, sem perceber nada ao seu redor. Luke a seguiu, tomando cuidado para não deixá-la se machucar.

Ao entrarem na biblioteca, os adultos levantaram os olhos ao ouvir a porta abrir. Lucerys protegeu Rhaena, evitando que ela se chocasse contra mesas, cadeiras e estantes.

Os adultos ficaram estupefatos ao ver a condição sonâmbula de Rhaena. Ela ainda tinha os olhos brancos, como se estivesse em transe, completamente absorta na visão. Sem dizer uma palavra, entregou ao seu avô os desenhos, ainda presa pela visão. Assim que Lorde Corlys pegou os esboços, os olhos de Rhaena voltaram ao normal, e ela se assustou ao perceber que não estava mais em seu quarto. Luke, que a acompanhava, a abraçou apertado.

— Você está bem, Rhaena. Estive o tempo todo ao seu lado. — Assegurou ele, e, embora ela ainda estivesse atordoada, suas palavras a acalmaram um pouco.

Daemon, visivelmente preocupado com sua filha e com Baela, levantou-se do sofá e se ajoelhou diante de Rhaena, com o coração pesado. Ele sabia que suas filhas precisavam de treinamento urgente para controlar seus poderes.

— Vai dar tudo certo, dragãozinha. — Disse ele, envolvendo-a em um abraço reconfortante. Rhaena relaxou instantaneamente em seus braços.

Rhaenyra e Rhaenys, se levantaram do sofá e acariciaram os cabelos das crianças. Lorde Corlys estava absorto, observando os esboços com fascínio.

— Princesa Rhaenyra, já temos a localização da ilha. — Ele anunciou, fazendo com que Daemon e Laenor se aproximassem para ver os desenhos.

Os três homens estudaram atentamente o mapa, avaliando a ilha e sua localização, tanto no contexto náutico quanto aéreo.

— Estranho... Em toda a minha vida, nunca vi essa ilha. Ela nem mesmo está nos mapas dos Setes Reinos. — Comentou Daemon, intrigado.

Então ele compreendeu e falou com a certeza invicta:

— A ilha foi criada por magia Targaryen. Olhem, o layout da ilha é o nosso símbolo.

A ilha tinha a forma de um enorme dragão, o maior já visto, com seu corpo enrolado formando o maior círculo de uma ilha conhecida na era. Daemon continuou:

— Talvez tenha sido obra de Allya Targaryen ou de uma de nossas antepassadas sacerdotisas. O que importa é que a ilha só apareceu para nós graças aos poderes das crianças.

Tudo o que Daemon dizia era verdade: os poderes combinados das meninas e os colares de jade Valiriano dos meninos haviam despertado a ilha de seu sono profundo, aguardando que os herdeiros do dragão a reivindicassem.

— Pelos deuses, obrigada! Então, o que estamos esperando? Vamos levar as sementes, afinal, os Targaryen são os verdadeiros donos desta ilha. — Rhaenyra exclamou, entusiasmada, sem perceber o desconforto nos Velaryon.

— Rhaenyra, os verdadeiros herdeiros dessa ilha e das ervas são nossos filhos. — Jacaerys, Lucerys e Joffrey. — E as filhas da minha irmã, Laena. — Rhaena e Baela. Eles são a união sagrada entre as casas Velaryon e Targaryen. Não somos donos de nada.

Rhaenyra, por um momento tomada pela ganância, logo percebeu seu erro e se desculpou humildemente:

— Peço perdão, Laenor, Lorde Corlys, Princesa Rhaenys e Príncipe Daemon. Não era minha intenção causar ofensa. Está claro que a ilha pertence aos nossos descendentes, e desejo garantir que tanto Velaryon quanto Targaryen tenham acesso a suas preciosas ervas. Que isso fortaleça ainda mais os laços entre nossas casas.

Luke e Rhaena ouviram as palavras e viram os semblantes sérios dos adultos, mas não conseguiram compreender totalmente a tensão no ar. Eles falaram sobre a jornada para conhecer a ilha e a divisão de responsabilidades, com a tarefa de semear as sementes por todo o território mágico.

Rhaenys e Daemon ficaram encarregados das questões botânicas, devido à sua experiência. Lorde Corlys, por sua vez, lideraria a expedição com os maiores navios, trazendo os materiais necessários para adaptar a ilha e construir chalés que serviriam para a preparação de poções. Apenas os homens mais confiáveis dos Velaryon estariam envolvidos. Curiosamente, Vaemond, irmão de Lorde Corlys, não estava na lista, nem mesmo para a missão.

O segredo sobre os poderes de Baela e Rhaena, bem como os mistérios da ilha e das futuras ervas, deveria ser guardado a todo custo. Os "Pretos" decidiram manter essas informações longe dos "Verdes", temendo que a ganância e a busca pelo poder das ervas provocassem um conflito. O Príncipe Daemon, especialmente, estava determinado a proteger suas filhas de qualquer ameaça e garantir que os segredos permanecessem resguardados.

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POV DE BAELA TARGARYEN

Quase um mês se passou desde que meu pai e meus avós partiram para a ilha, focados na construção e no plantio das sementes que garantiriam a segurança de meu tio e de toda a linhagem Targaryen e Velaryon. A Ilha dos Herdeiros do Dragão, como a batizamos, agora é símbolo de nossa luta e resistência.

Hoje, finalmente, eu me senti um pouco melhor e decidi sair para um passeio. A noite estava começando a cair, o que me dizia que em breve eu teria que voltar. A floresta estava deslumbrante, repleta de flores e cores que pareciam pintar o ar. Eu subi na maior pedra que encontrei, apenas para admirar a vista, sentindo a tranquilidade que o lugar proporciona. Naqueles momentos, eu sabia que Rhaena estava em seu quarto, desenhando; a princesa Rhaenyra cuidava do pequeno Joffrey, e meu tio e os meninos continuavam se dedicando ao treinamento sem cessar, lá no campo designado. Driftmark estava prosperando, e tudo parecia estar no lugar certo.

Inspirada, comecei uma canção suave, um assobio que surgia naturalmente, e que eu descobri no grimório dos Targaryen. À medida que o som escapava dos meus lábios, a magia contida na melodia se espalhou pela floresta. As folhas, as flores, os troncos das árvores e até o solo resplandeceram com uma luz suave e fosforescente. O ambiente ao meu redor se transformou, iluminado por um brilho etéreo, e logo os vagalumes surgiram, dançando e preenchendo o espaço com sua luz cintilante. Era uma visão deslumbrante.

Enquanto a floresta se transformava diante de mim, senti um puxão no coração. Meu colar de jade azul, que usamos para nos conectarmos, brilhou com uma intensidade súbita. Jace estava próximo. Desde que começamos a usar esses colares, fomos capazes de sentir a presença um do outro, não importa a distância.

De repente, ele apareceu ao meu lado, sujo e suado do treino, mas com um sorriso brilhante no rosto.

— Uau! É perfeito! — Exclamou ele, admirando o cenário mágico ao nosso redor.

Eu sorri, inclinando-se ligeiramente para ele.

— Você quer aprender? — Perguntei com um brilho no olhar. — A canção em forma de assobio pode te salvar em batalha, caso esteja em perigo, ferido e preso.

Ele sorriu ainda mais largo, os olhos cintilando com entusiasmo.

— Claro que quero, Bae. Isso pode até enganar o inimigo, não é? Você é incrível!

Confesso que o elogio dele me aqueceu o coração. Jace sempre foi tão sincero e encantador. Eu sorri com sua resposta e comecei a ensiná-lo, com paciência. Jace era um aluno astuto, absorvia tudo rapidamente, e logo ele começou a cantar a canção comigo.

A floresta, como que hipnotizada pela nossa melodia, voltou a brilhar em sua plenitude, e os vagalumes se aproximaram ainda mais, iluminando-nos como se fôssemos o centro do próprio universo. Quando ele finalmente acertou a melodia, senti a conexão entre nós se fortalecer. Encostei minha cabeça no seu ombro, e ele fez o mesmo, inclinando-se para mim, num gesto espontâneo e cheio de significado.

Naquele momento, no silêncio da floresta, com as estrelas começando a brilhar no céu e a magia ainda pulsando ao nosso redor, senti que o mundo estava perfeitamente no seu lugar. E eu sabia que esse dia, esse instante, era um dos mais especiais que já vivi.

Continua...

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