Capítulo 02: Never Enough

🎶Estou tentando segurar minha respiração
Deixe isso ficar assim, não posso deixar esse momento acabar
Você colocou um sonho em mim
Está ficando mais alto agora, consegue ouvir isso ecoando?
Pegue minha mão, você vai compartilhar isso comigo?🎶

Never Enough - The Greatest Showman

POV DE LUCERYS VELARYON

Foram os meses mais felizes da nossa vida. Pensei nisso enquanto assistia o papai, Laenor Velaryon, sobrevoar os céus com Seasmoke. O dragão cinza-prateado flutuava com a graça de uma dança, enquanto nosso irmãozinho Joffrey ria nos braços do nosso pai.

- Ele está adorando. - Comentei para Jace, meu irmão mais velho, tentando conter minha própria empolgação.

Jace sorriu de lado, com os olhos fixos no céu. - Quem não adoraria? É Seasmoke.

Já tínhamos voado com papai antes, mas hoje era o momento de Joffrey. Quando Seasmoke finalmente pousou no penhasco, corremos em direção ao dragão, nossas botas batendo contra a pedra. A pequena caverna ao lado tinha sido preparada para o nosso descanso: uma fogueira quente, uma cesta de comidas e travesseiros jogados sobre um pano grosso. Tudo parecia aconchegante, e mágico.

Seasmoke nos observava com seus olhos dourados profundos, como se entendesse nossa alegria.

- Podemos voar de novo, papai? - Pedi, esperançoso, enquanto ele descia com Joffrey ainda embalado em seu manto.

Papai riu suavemente. - Se a sua mãe souber que levei vocês três para voar de novo, ela vai me degolar. Além disso, está ventando muito; podem pegar um resfriado. Então, por enquanto, não.

- Ah, papai... - Eu e Jace resmungamos juntos, mas acabamos cedendo e nos jogando ao lado dele no piquenique. Ele nos agasalhou com cobertores e nos entregou xícaras fumegantes de chocolate quente.

Enquanto tomávamos, papai começou a cantar em Alto Valiriano. Sua voz preenchia o espaço da caverna, suave, mas carregada de mistério. Era a canção de ninar que ele costumava cantar para mim quando eu era pequeno, falando de mares profundos, criaturas antigas e profecias esquecidas.

- Eu amo tanto vocês. - Ele finalmente disse, com a voz embargada. - Vocês são minha boa sorte. Rezei por vocês ao Deus Bacalhau, o guardião do nosso povo. Ele me deu três filhos lindos, o tridente que representa o poder, a força e o universo.

Eu e Jace o olhamos com admiração.

- Eu amo você, papai! - Dissemos juntos, nos jogando cuidadosamente contra ele. Papai beijou nossas testas com carinho.

- E agora. - Ele disse, um brilho travesso nos olhos. - Tenho algo para vocês.

Ele pegou três pequenos baús marrons, cada um com o brasão dos Velaryon gravado em alto-relevo: um cavalo-marinho prateado empinado sobre um campo verde-água. Colocou um baú na frente de cada um de nós.

- Esses baús estão na nossa família há gerações, guardados para os seus verdadeiros donos.

Meu coração bateu mais rápido enquanto abria o meu. Lá dentro, repousava dois colares de jade valiriano, as pedras nos tons de vermelho e azul vibravam com um brilho suave. A corrente de ouro parecia antiga, mas incrivelmente resistente.

- Eles são tão bonitos... - Jace murmurou, segurando o colar enquanto embalava Joffrey em um braço.

- Esses colares têm um significado especial. - Papai explicou, o tom de sua voz ficando mais sério. - Antes de deixarmos Valíria, um poderoso feiticeiro nos deu essas pedras. Disse que apenas os escolhidos poderiam usá-las. Elas têm o poder de romper o espaço e o tempo.

Eu e Jace trocamos um olhar confuso.

- Romper o espaço e o tempo? - Perguntei, franzindo a testa. - O que isso quer dizer?

Papai hesitou, jogando as tranças para trás antes de suspirar. - Significa que vocês têm um destino maior do que qualquer um de nós pode imaginar. Esses colares escolheram vocês.

- Então... - Jace começou, semicerrando os olhos. - Estamos destinados a salvar o mundo ou algo assim?

Papai deu uma risada sem humor. - Talvez. Nós somos uma dinastia perigosa, cheia de poder e inimigos. Esses colares vincularão vocês às pessoas que mais amam e abrirão portas para desafios que ninguém pode prever.

- E você? Por que não usou um com a mamãe? - Perguntei baixinho.

A tristeza cruzou o rosto de papai. - Porque eu não sou digno deles. Mas vocês são. Quando cada um de vocês nasceu, esses baús brilharam intensamente. Vocês são os escolhidos.

Tentando absorver tudo aquilo, toquei a pedra de jade no meu colar. No mesmo instante, senti uma onda de energia atravessar meu corpo. Fechei os olhos e fui tomado por visões: a antiga Valíria, dragões rugindo no céu, mares em chamas e figuras desconhecidas que pareciam esperar por nós.

- Porra... - Murmurei, sem conseguir evitar.

- Lucerys! - Jace exclamou, chocado, mas logo o bebê Joffrey começou a rir, como se concordasse.

Enquanto papai nos observava com um sorriso triste, o vento do mar uivou lá fora, como se estivesse avisando que nossos destinos estavam apenas começando.

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POV DE JACAERYS VELARYON

A manhã passou em um ritmo frenético. O treinamento com nosso pai, Laenor, foi exaustivo, e ainda assim, meus pensamentos voltavam sempre para minha prima Baela. Quando soube que ela e Rhaena estavam na biblioteca de nosso avô, Lorde Corlys Velaryon, decidi que não podia esperar mais para vê-la.

Luke e eu corremos até a biblioteca, mas o lugar estava vazio. O ambiente permanecia frio, sem a lareira acesa, e a escuridão reinava sem velas para iluminar.

- Não faz sentido, disseram que elas estavam aqui. - Murmurei, franzindo o cenho.

- Vamos encontrá-las. - Luke respondeu, resoluto.

Enquanto meus olhos percorriam o local pela última vez, algo inesperado aconteceu. Uma das paredes, entre duas estantes repletas de pergaminhos, se deslocou silenciosamente, revelando uma passagem secreta. Meus pés ficaram presos ao chão por um instante, até que Rhaena apareceu, segurando uma vela. Seus cabelos brancos, agora longos e trançados em dreads, refletiam a luz bruxuleante, e sua expressão carregava um ar enigmático.

- Luke, Jace, venham. - Sua voz era suave, mas firme.

Passamos pela abertura e, com um movimento ágil, Rhaena empurrou o símbolo do cavalo-marinho, fechando a passagem atrás de nós. O encaixe perfeito transformava a parede novamente em um obstáculo impenetrável.

- Driftmark tem passagens secretas? - Luke perguntou, seus olhos brilhando de animação.

Rhaena sorriu levemente.

- Nossa mãe sempre falava das aventuras que ela e tio Laenor tiveram, explorando o castelo e as vilas usando essas passagens.

Enquanto descíamos uma longa escada em caracol, eu e Luke acendemos tochas para iluminar o caminho. A luz revelou inscrições antigas nas paredes e detalhes intrincados que pareciam esconder segredos há muito esquecidos.

- Quando nossa família chegou a essas terras, construíram o castelo pensando em proteger os nossos. As passagens foram criadas tanto para estratégias defensivas quanto para... outros propósitos. - Rhaena fez uma pausa e lançou um sorriso misterioso. - Digamos que os encontros amorosos dos Velaryon também tiveram sua influência.

Luke riu, encantado com o tom provocador dela.

- Você sabe muito sobre isso, não é?

Rhaena apenas sorriu.

- Passei meses mapeando todas as passagens. Fiz esboços e plantas. Baela já tem a dela, e agora vocês terão as suas. Estamos quase chegando à nossa sala especial: "Herdeiros dos Dragões".

As palavras dela acenderam algo dentro de mim. Estar em Driftmark, longe das intrigas de King's Landing, começava a parecer mais do que uma simples mudança de cenário. Aqui, estávamos reconstruindo laços, fortalecendo nossa família, longe dos olhares julgadores da corte.

Finalmente, paramos diante de uma porta imponente de carvalho, decorada com os símbolos de nossas casas: o cavalo-marinho dos Velaryon e o dragão dos Targaryen. Assim que Rhaena abriu a porta, meu mundo parou.

Baela estava lá, debruçada sobre uma enorme mesa de madeira, cercada por livros e pergaminhos. Ela mordia o lábio inferior enquanto analisava algo com concentração feroz. A luz da sala fazia sua pele negra brilhar, e seus cachos brancos caíam livremente até a metade de suas costas. Meu coração disparou, e meus pés se moveram sozinhos em sua direção.

Quando ela ergueu o olhar e me deu um sorriso suave, senti o ar desaparecer dos meus pulmões.

- Oi, Jace.

- Ei... - Foi tudo que consegui dizer, tentando não parecer um completo idiota enquanto minhas bochechas queimavam.

Os olhos dela, violetas e intensos, prendiam minha atenção de uma forma que eu não podia explicar. Não havia nada no mundo que pudesse me distrair daquele momento.

- Eu disse que eles iam gostar do nosso salão de guerra. - Rhaena comentou, aproximando-se da irmã.

Era fascinante como, apesar de serem gêmeas, as duas eram completamente diferentes. Enquanto Rhaena preferia vestidos claros e delicados, Baela usava roupas escuras com detalhes marcantes de chamas e símbolos dos Targaryen.

Luke se aproximou de Rhaena, mas eu não conseguia desviar os olhos de Baela. Finalmente, forcei-me a olhar para a mesa. Livros, mapas e pergaminhos estavam espalhados, e no centro havia um desenho detalhado.

- O que é isso tudo? - Perguntei, curioso.

Baela apontou para o desenho, sua voz firme e confiante.

- Estamos tentando decifrar esses símbolos e entender o que significam.

O esboço diante de nós era uma obra-prima, um grande círculo, imenso e perfeito, desenhado com tal precisão que parecia ter sido moldado por mãos que dominavam o tempo. Intrincados detalhes ornamentavam a borda do círculo, como se cada linha fosse uma chave para um segredo há muito perdido. Mas o que realmente chamava a atenção eram os cinco pequenos círculos, dispostos com uma perfeição sobrenatural nas extremidades, como se alinhados com os pontos cardeais.

O círculo central estava coberto com uma escrita antiga: símbolos, letras e números que pertenciam a um alfabeto antigo, o Alto Valiriano. A precisão e a beleza daquela escrita eram hipnotizantes, como se ela tivesse sido criada por mãos mágicas. Cada palavra parecia ter um propósito, uma ordem secreta que pulsava em harmonia com o universo. Eu sentia, profundamente, que aquelas letras não eram apenas palavras, mas fragmentos de um passado esquecido, esperando para serem relembradas.

- Espera... alguns desses símbolos, eu e o Luke vimos nos colares que nosso pai nos deu ontem.

O pensamento me atingiu como um relâmpago. Olhei para Luke, que me encarava com o mesmo entendimento silencioso.

- Sim. - Ele disse, seus olhos brilhando com a mesma percepção. - Eu os reconheço.

Rhaena, que estava ao nosso lado, olhou para os símbolos com uma expressão de quem sabia mais do que nos deixava transparecer.

- Esses símbolos... pertencem à Antiga Valíria. - Ela disse, com certeza em sua voz cortando o ar como uma lâmina afiada.

- Como você sabe disso? - Luke questionou, um toque de incredulidade na voz.

Rhaena hesitou, seus dedos roçando delicadamente os símbolos, como se estivesse tocando o próprio passado.

- Porque eu os vejo em meus sonhos... Sonhos da nossa Valíria, antes de sua queda.

A sua voz tremia levemente, mas havia algo mais ali, algo profundo e misterioso. Ela apertou a mão de Baela, que a segurava com uma força tranquila, um gesto que parecia um pacto silencioso entre as duas. Baela então puxou um livro grosso de entre os papeis, seus olhos violetas se estreitando enquanto olhava para a capa, onde estava gravado o nome "Rhaena Targaryen" com letras prateadas, e cintilantes.

Ao abrir a primeira página, o livro revelou um mundo perdido. Desenhos minuciosos do Império Valiriano se desenrolava diante de nossos olhos, como se estivéssemos viajando no tempo, imersos em um universo que só existia em sonhos e lembranças distorcidas.

- Rhaena, isso... isso é inacreditável. - Luke elogiou, a voz falhando de tanta admiração. Cada página era um vislumbre do impossível, um retrato da majestade e da destruição de Valíria.

- Obrigada, Luke. - Ela respondeu com um sorriso suave, seus olhos lilases claros brilhando com a luz de algo muito além do que estávamos vendo. - Eu vejo esses símbolos em meus sonhos, como se estivessem gravados na minha alma. Baela acredita que existe um tesouro em Valíria que nos pertence... Algo que foi perdido, mas que é nosso por direito.

Ela falou essas palavras com a mesma reverência que alguém que acaba de tocar uma relíquia sagrada. Cada sílaba parecia carregar o peso de um destino a ser cumprido. Baela, ao lado de Rhaena, tocou os símbolos com uma esperança silenciosa, seus dedos deslizando como se tentassem compreender o significado oculto de cada marca.

- Eu acredito nisso. - Baela disse, sua voz cheia de convicção. - Sei que devemos contar aos nossos pais, mas... sinto que esse destino é nosso. Somos nós que devemos encontrar esse tesouro. Rhaena nunca contou a ninguém sobre seus sonhos e desenhos. Eu pedi para ela manter tudo em segredo.

Houve um momento de silêncio, onde o peso das palavras de Baela pairou no ar, mais pesado do que qualquer metal. Então ela continuou, com uma força que me surpreendeu. - Eu sei que estou pedindo muito. Mas preciso saber... vocês estariam dispostos a embarcar nessa jornada conosco? Porque eu sinto, em cada fibra do meu ser, que isso é o nosso destino. Vai ser perigoso. Podemos morrer. Mas se não fizermos isso agora, nunca saberemos a verdade.

Olhei para Baela, e algo dentro de mim se agitou, uma conexão inexplicável. Ela falava com a certeza de alguém que não podia mais ignorar seu destino, e eu... eu não conseguia mais imaginar a vida sem essa missão.

- Eu vou aonde você for, Bae. - Disse Rhaena, com a voz firme, sem hesitação.

Luke e eu trocamos um olhar sério, sabendo que essa missão significava mais do que apenas uma aventura. Ela significava enfrentar o destino. Mas sabíamos também que, apesar de sermos príncipes, com responsabilidades e expectativas imensas sobre nós, a chama que se acendera em nossos corações não poderia ser ignorada.

Eu, o futuro Rei dos Setes Reinos. Luke, o futuro Senhor das Marés. E o pequeno Joffrey, que ainda estava longe de ser um participante ativo, mas cuja presença significava que a missão envolvia todos nós. Baela e Rhaena, princesas com destinos entrelaçados com os nossos. Tudo isso tornava nossa escolha ainda mais difícil, mas, ao mesmo tempo, mais irresistível.

- Baela. - Eu disse, agora olhando diretamente em seus olhos. - Se este é o nosso destino, então vamos enfrentá-lo juntos. Como uma equipe.

Ela sorriu, e o brilho em seus olhos violetas me fez sentir como se tudo estivesse certo, como se estivéssemos no caminho certo, não importa o quão perigoso fosse.

Baela continuou, com uma determinação inquebrantável.

- Temos muito o que fazer. Precisamos entender os significados dos símbolos, planejar nossa fuga, antecipar cada obstáculo. Devemos aprender tudo sobre combate corpo a corpo e aprimorar nossas habilidades. Precisamos estudar cada desenho de Rhaena. E, acima de tudo... irmã precisa reivindicar seu dragão.

Eu a observava, sentindo a força em suas palavras. Era como se ela tivesse se tornado uma líder inusitada, mas perfeita para este momento.

- Como vamos fazer isso? - Rhaena perguntou, seus olhos brilhando com uma expectativa que parecia tocar a própria essência do que está por vir. Ela olhou para o ovo de dragão rosa à sua frente, aquecendo suavemente na lareira, esperando o momento de despertar.

Baela, com a confiança de quem já sabia a resposta, olhou para nós e, com um sorriso desafiador, disse: - Primeiro, vamos roubar nossos dragões.

A sala se encheu de um silêncio pesado, o peso da decisão pairando no ar. A missão que tínhamos diante de nós, agora mais real do que nunca, exigia coragem, audácia e, talvez, mais do que isso... a disposição para arriscar tudo por um destino que só nós poderíamos moldar.

Continua...

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