41 - Detalhes pt.2

nota da autora: oiee

acho que esse merece chuva de votos e comentários tá? só acho.

meta: 110 votos

espero que gostem amores.

boa leitura.

🏎️🏎️🏎️

2025, Nice.
Charlotte on.

Fazia dois dias.

Dois dias desde que tudo desmoronou.

O tempo passou arrastado, sufocante. Eu tentei me ocupar, tentei fingir que estava tudo bem, mas a verdade é que não estava. Eu não dormia direito. Mal comia. Meus pensamentos eram um ciclo interminável de "e se" e "por que".

Naquela manhã, sentei no sofá com o laptop no colo, tentando me concentrar em algumas tarefas que precisava entregar para a Chanel. A luz do sol entrava suavemente pelas cortinas, e tudo parecia tão normal... exceto por mim.

Eu me sentia vazia.

A campainha tocou.

Arthur se levantou rápido demais do outro lado da sala.

— Eu atendo!

Ele desapareceu no corredor, e eu apenas continuei ali, sem forças para me importar. Alguns segundos depois, ouvi passos firmes voltando.

— Trouxe reforços.

Levantei o olhar e vi Charles parado na minha frente.

Meu coração afundou.

Arthur chamou Charles?

Pisquei algumas vezes, surpresa. Charles observou meu rosto com atenção, e a expressão dele se fechou.

— Arthur me ligou — disse simplesmente.

Meu irmão mais novo parecia desconfortável ao meu lado, mas firme.

— Eu não sabia mais o que fazer — ele confessou. — Você tá mal, Charlotte.

Fechei os olhos por um momento, pressionando os dedos contra as têmporas.

— Eu só... preciso de um tempo.

— Você precisa do seu irmão — Charles rebateu, cruzando os braços.

Suspirei, desviando o olhar.

— Você não precisa estar aqui.

— Preciso, sim — ele respondeu. — Porque você não fala nada, não pede ajuda. Achei que estivesse bem, mas claramente não está.

Soltei uma risada sem humor.

— O que você quer que eu diga? Que estou arrasada? Que não sei o que fazer? Que sinto falta dele?

Charles não respondeu imediatamente. Apenas me olhou com aquele jeito típico dele — sério, intenso, como se enxergasse tudo o que eu tentava esconder.

Então, ele suspirou e se sentou ao meu lado no sofá.

— Eu fui injusto com você.

Minha testa franziu.

— O quê?

Ele apoiou os cotovelos nos joelhos, olhando para frente.

— Quando você começou a namorar o Lando, eu impliquei. Fiquei te testando, tentando te proteger de algo que nem eu mesmo sabia o que era. Mas agora eu vejo que... ele te faz bem.

Fechei os olhos por um segundo, sentindo um nó se formar na minha garganta.

— Ele fazia.

— E vai fazer de novo.

Virei o rosto para encará-lo.

— Charles, ele nem quer falar comigo.

Ele segurou minha mão, firme.

— Porque ele também precisa de tempo. Mas eu te conheço, Charlotte. Sei o que ele significa pra você. Sei que você não quer desistir disso.

Uma lágrima escorreu antes que eu pudesse segurá-la.

— Eu não quero — confessei, num fio de voz.

Charles soltou um suspiro pesado e passou a mão pelos cabelos.

— Então, não desiste. Mas... também tenta entender o lado dele.

Minha testa franziu.

— O que quer dizer?

Ele me olhou por um momento antes de responder:

— Se eu chegasse na casa da minha namorada e encontrasse um moletom de outro cara lá, eu também ficaria puto.

Meu estômago revirou.

— Não foi nada...

— Eu sei. Mas e se fosse ao contrário? Se você chegasse na casa do Lando e visse algo que sugerisse que outra garota passou tempo lá?

Mordi o lábio, desviando o olhar.

— Não seria uma boa sensação.

— Pois é. Agora soma isso ao fato de que o Lando sabe que você já gostou do Theo quando eram mais novos.

Meus olhos voltaram para ele num instante.

— Isso foi há anos, Charles! Eu tinha treze anos!

— Eu sei, mas sentimentos são complicados. Lando já não é o cara mais seguro do mundo quando se trata de você. Ele tenta esconder, mas dá para perceber. Isso deve ter mexido com ele.

Fiquei em silêncio, sentindo um peso diferente no peito. Eu estava tão focada na minha própria dor que não tinha parado para pensar em como Lando se sentia de verdade.

Eu sabia que ele não era do tipo que explodia de raiva. Pelo contrário, ele guardava tudo até aquilo começar a sufocá-lo.

E talvez fosse isso que estivesse acontecendo agora.

Passei as mãos pelo rosto, tentando organizar meus pensamentos.

— E se ele nunca quiser falar comigo de novo?

— Para de ser dramática — Charles revirou os olhos. — Você conhece ele melhor do que isso.

Soltei um suspiro cansado, e Arthur, que até então só observava, se aproximou um pouco mais.

— A gente só quer te ajudar, Char.

Olhei para os dois, sentindo o coração apertado.

Talvez eu realmente precisasse parar de só sentir e começar a tentar entender.

Suspirei, lembrando do que Arthur tinha me dito mais cedo.

— O Arthur falou que eu fiz o que estava ao meu alcance. Que tentei explicar, e se o Lando não quis entender, não é minha culpa. — Minha voz saiu baixa. — Eu não posso controlar como ele reage. O que ele sente é um problema dele, não meu.

Charles concordou com um aceno.

— E ele tá certo.

— Ele também disse que não adianta eu me culpar por algo que já fiz. Agora a responsabilidade não está mais comigo. Só tenho que esperar e ver como o Lando vai reagir.

Charles me observou por um instante antes de concordar com a cabeça.

— O Arthur tem razão. Você fez o que podia, Lolo. Agora é com ele.

Suspirei, sentindo o peso daquilo.

Ele cruzou os braços.

— Você foi a única pessoa que o Lando realmente amou. Ele pode estar mais confuso do que o normal porque não sabe como lidar com isso agora.

Fiquei em silêncio, encarando o chão.

— Talvez uma simples conversa resolva — ele continuou. — Mas ele também precisa de tempo pra se acalmar.

Charles então me olhou com seriedade.

— Você tem noção de que é o primeiro amor da vida dele? As coisas sempre ficam mais complicadas quando é a primeira vez que se passa por elas.

[...]

Meu dia ficou melhor, pelo menos enquanto Arthur e Charles estavam comigo. Eles conseguiam me distrair e pela primeira vez desde que eu e Lando brigamos, me senti um pouco mais leve.

Até que eles foram embora, de noite. Charles tinha algumas coisas em mônaco para resolver, e Arthur acabou indo com ele. E aí, os dias voltaram a ser uma eternidade para passar.

O silêncio do apartamento foi o primeiro golpe. Eu nunca tinha notado o quão vazia minha casa podia parecer até agora. Não era como se Lando ou Charles e Arthur estivessem sempre por aqui, mas saber que ele não viria, que provavelmente nem pensava em vir, tornava tudo pior. O sofá parecia maior, as luzes mais frias, e o som da cidade lá fora não era suficiente para preencher a falta que ele fazia.

A semana passou arrastada. Meu corpo seguiu a rotina, mas minha cabeça estava longe. O trabalho na Chanel deveria ser um refúgio, algo para me distrair, mas nem isso ajudou. As roupas, os flashes, as conversas — tudo parecia perder a cor. As meninas notaram. Chloé perguntou se eu estava bem, Helen tentou me animar com uma fofoca qualquer, Camila sugeriu um jantar juntas depois do expediente. Recusei todas as tentativas com um sorriso sem graça, e elas logo perceberam que não adiantava insistir.

Henri comentou que eu estava mais calada do que o normal. Peter fez um comentário sobre como eu parecia cansada. Theo tentou uma piada, mas eu só consegui rir por educação. Ate Felippo, que mal me conhecia direito, me olhou com preocupação.

Mas Margot... Margot não disse nada.

Eu nunca esperaria algo dela. Desde o primeiro dia, ficou claro que ela não fazia questão de ser gentil comigo. Sempre mantinha uma distância calculada, como se estivesse esperando que eu provasse alguma coisa para ela.

Então, quando o expediente acabou e todos foram embora, eu fiquei. Não porque eu queria, mas porque não conseguia me mover. Meus pés estavam pesados, minha cabeça latejava, e a tristeza acumulada da semana inteira pareceu me esmagar de uma vez só.

Sentei no chão do estúdio, entre manequins e tecidos espalhados, e chorei.

Chorei porque estava cansada. Chorei porque não sabia como consertar o que quer que estivesse quebrado entre mim e Lando. Chorei porque queria que ele estivesse aqui, mas ao mesmo tempo, não sabia se ele queria.

Perdi a noção do tempo até ouvir passos. Não me dei o trabalho de levantar ou enxugar o rosto. Quem quer que fosse, já tinha me visto assim.

— Você vai dormir aí?

Levantei o rosto e vi Margot parada na minha frente, os braços cruzados e uma expressão que eu não soube decifrar.

— Não sei — murmurei, a voz embargada.

Ela não disse nada por um momento. Só ficou ali, me olhando, como se tentasse decidir alguma coisa. Então, suspirou e, para minha surpresa, se sentou ao meu lado.

— Tem semanas que são uma droga mesmo.

Não olhei para ela. Apenas mexi os dedos no tecido do vestido que usava, sentindo o peso das palavras dela no ar.

— Eu gosto de ficar aqui quando todo mundo vai embora — ela continuou. — Mas geralmente fico sozinha.

Houve um silêncio. O tipo de silêncio que não exigia resposta.

Então, por algum motivo, sem que ela perguntasse, eu disse:

— Eu briguei com ele.

Margot não perguntou quem. Talvez já soubesse. Talvez apenas não precisasse saber.

— Vai passar — disse, simplesmente enquanto se sentava ao meu lado.

E ali, no chão do estúdio vazio, pela primeira vez desde que nos conhecemos, Margot não parecia tão distante assim.

Margot não disse mais nada por um tempo. Apenas ficou ali, ao meu lado, enquanto eu tentava controlar minha respiração. Não era alguém com quem eu esperava dividir um momento como esse, mas, estranhamente, sua presença não me incomodava.

— Sabe — ela disse depois de alguns minutos, sua voz mais baixa do que o normal —, eu nunca fui muito legal com você.

Fiquei em silêncio, porque era verdade. Margot nunca fez questão de ser acolhedora. Ela me manteve à distância desde o primeiro dia, como se estivesse esperando para ver se eu realmente merecia estar ali.

— Eu sou assim mesmo — ela continuou. — Não gosto de me apegar às pessoas tão rápido. Mas acho que, no seu caso, eu só... sei lá.

Margot suspirou, apoiando os cotovelos nos joelhos e olhando para o chão.

— Você chegou aqui do nada, conseguiu coisas que muita gente sonha em conseguir. E, de alguma forma, eu achei que você não daria valor a isso.

Franzi o cenho, surpresa.

— E agora? — perguntei, minha voz ainda embargada.

Ela deu um pequeno sorriso.

— Agora eu vejo que estava errada.

Desviei o olhar, sentindo um nó na garganta por um motivo completamente diferente desta vez.

— Me desculpa por não ter sido mais legal — Margot disse. — Eu poderia ter sido. Eu deveria ter sido.

Assenti de leve, sem conseguir falar nada.

— E quanto a isso... — ela gesticulou de forma vaga, como se quisesse indicar todo o meu estado atual —, você precisa ir falar com ele.

Me virei para encará-la, surpresa.

— Margot...

— Não — ela me cortou. — Eu não sei o que aconteceu entre vocês, mas eu sei que sua semana foi uma merda e, provavelmente, a dele também. Você acha que ele está feliz com isso?

Mordi o lábio, desviando o olhar.

— Eu não sei.

— Você sabe, sim — ela insistiu. — A relação de vocês é linda. Eu vejo como ele te olha quando está por perto. E como você olha para ele. Você acha que dá para encontrar esse tipo de coisa duas vezes na vida?

Apertei os dedos contra o tecido do meu vestido, absorvendo suas palavras.

— Não desistam tão rápido — Margot disse, e sua voz era firme, quase como uma ordem. — Vocês não são o tipo de casal que se desfaz assim.

Fechei os olhos por um momento, sentindo meu coração pesar no peito. Eu sabia que ela tinha razão.

— Obrigada — murmurei.

Ela deu de ombros, mas havia um pequeno sorriso no canto de seus lábios.

— Vai lá — disse, se levantando e estendendo a mão para mim. — Antes que fique tarde demais.

2025, Mônaco.
Lando on.

A cafeteria estava quase vazia àquela hora da noite. O cheiro de café fresco pairava no ar, mas nada parecia capaz de me tirar do torpor em que eu estava preso.

Há uma, Charlotte tinha saído da minha vida. Não completamente, claro, mas nos tínhamos dado um tempo.

E eu não sabia como trazê-la de volta.

E nem sabia se estava pronto para isso. Toda vez que pensava nela aquela onda de decepção e tristeza tomavam conta de mim. Ela tinha levado outro cara para casa dela. Um cara que ela já gostou.

Eu me afundei na cadeira, o olhar fixo no copo de café que eu já nem lembrava de ter pedido. A espuma na superfície já tinha sumido, deixando só um líquido morno e sem graça.

Eu queria falar com ela.

Queria ouvir sua voz, vê-la revirando os olhos para mim como fazia sempre que eu a provocava. Queria sentir sua presença ao meu lado, saber que ela ainda era minha.

Mas eu não sabia como consertar aquilo.

A simples ideia de encará-la me paralisava.

Então, ao invés de ir até ela, eu fiquei ali. Sentado. Esperando um milagre.

Ou talvez apenas esperando o tempo passar.

Foi quando ouvi uma cadeira sendo puxada.

Levantei o olhar e, para minha surpresa, vi Theo se sentando à minha frente, segurando um café.

— Não parecia que você estava esperando alguém, então achei que não teria problema.

Eu só encarei ele por um momento. Não esperava vê-lo ali. Muito menos sentado comigo.

Respirei fundo.

— Fica à vontade.

Ele se acomodou, tomando um gole do café antes de me encarar de novo.

— Charlotte sente muito a sua falta.

Meu peito apertou no mesmo instante.

Mas eu afastei.

Porque, no fundo, eu não sabia como lidar com aquilo.

Theo continuou:

— Ela não me disse nada, além de que vocês tinham dado um tempo. Mas eu vi quando ela foi me devolver o moletom, parecia que estava segurando o choro. Essa briga de você foi por minha causa?

Fechei os olhos por um instante, apertando os dedos ao redor do copo.

A imagem dela daquele jeito me deixava pior.

Ele tomou outro gole do café antes de apoiar os braços na mesa.

— Eu sei que você ficou desconfortável comigo, desde o dia do pet shop.

Meu maxilar travou.

Eu queria negar.

Mas, ao mesmo tempo, qual era o ponto?

— Perceptivo — murmurei, sem desviar o olhar.

Ele riu de leve.

— Eu imaginei que fosse por causa do passado. Charlotte me disse uma vez que gostava de mim quando éramos crianças.

Uma pontada de incômodo cresceu no meu peito.

Eu odiava saber disso.

Odiava que, antes de mim, houvesse outro alguém que tivesse sido alvo da atenção dela, mesmo que tivesse sido uma coisa infantil.

Theo continuou:

— Mas ela nunca soube de uma coisa.

Ele respirou fundo antes de continuar:

— Um dos motivos pelos quais minha família se mudou foi porque, naquela época, os meninos da escola já desconfiavam que eu era gay.

Meus olhos se arregalaram no mesmo instante.

— O quê?

— É — ele assentiu, dando um sorriso sem humor. — Eles não foram exatamente receptivos. Faziam comentários, deixavam bilhetes no meu estojo... Essas coisas. Minha mãe percebeu e achou que seria melhor começarmos de novo em outro lugar.

Fiquei encarando ele por um momento, sem saber o que dizer.

— E Charlotte nunca soube?

— Não — ele balançou a cabeça. — Eu nunca falei sobre isso com ela.

Ele suspirou e passou uma mão pelo cabelo antes de continuar:

— Hoje em dia, eu não ligo muito pra isso. Não tenho vergonha, a maioria das pessoas meio que sabem, mas eu raramente falo sobre isso abertamente.

Eu absorvi aquela informação em silêncio.

Por todo esse tempo, eu carreguei um incômodo por um cara que nunca tinha sido uma ameaça.

— Então... você nunca gostou da Charlotte? — perguntei, só para confirmar.

Ele sorriu.

— Nunca.

Me afundei um pouco mais na cadeira.

— Mas acho que você sempre gostou, né?

Não respondi. Mas ele nem parecia esperar uma resposta.

A sensação de alívio misturada com arrependimento era quase sufocante.

— Você também sente falta dela, não sente?

— E muita. — admiti, num tom quase baixo.

Era a primeira vez que eu dizia aquilo em voz alta.

Theo assentiu, como se já soubesse.

— Eu sei. Mas você não pode esperar que isso se resolva sozinho.

Eu ri sem humor.

— Não é tão simples assim.

— Talvez seja menos complicado do que você está tornando.

Levantei o olhar para ele, sem entender.

Theo tomou o último gole do café antes de se levantar.

Ele apenas me lançou um olhar significativo e disse:

— Para de perder tempo, Norris. Você sabe onde encontrar ela.

E então ele saiu, me deixando ali, sozinho com meus próprios pensamentos.

Eu passei a mão pelo rosto, sentindo um nó no peito.

Eu sabia que precisava ir atrás de Charlotte.

Agora mais do que nunca.

🏎️🏎️🏎️
contagem: 2857

oii amigas, como vocês estão??

o que acharam do capítulo?

alguma crítica ou sugestão?

cliquem na estrelinha viu?? não se esqueçam. (e comentem tbm

Bjocas💗
até o próximo

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