38 - Teatro
nota da autora: oii, demorei mas voltei.
Esse capítulo foi em pedido de uma diva, então resolvi fazer.
meta: 100 votos.
(se comentarem muuuuuito eu atualizo antes de baterem a meta hein?)
boa leitura!!
🏎️🏎️🏎️
2025, Mônaco.
Lando on.
Charlotte ainda estava se arrumando quando eu terminei de ajeitar a gola da minha camisa no espelho. Já faziam pelo menos vinte minutos que ela tinha desaparecido no closet, e a única prova de que ainda estava viva eram os barulhos ocasionais de cabides se mexendo e zíperes subindo e descendo.
Apoiei-me no batente da porta do quarto, cruzando os braços.
— Você ainda tem intenção de ir hoje? — perguntei, elevando um pouco a voz para que ela me ouvisse lá de dentro.
— Para de ser impaciente — ela retrucou. O som abafado da resposta veio acompanhado de um suspiro frustrado. — Você quer que eu saia assim, de qualquer jeito?
— Sim.
Ouvi o barulho de um zíper sendo puxado com mais força do que o necessário.
— Típico.
Sorri, balançando a cabeça.
Charlotte demorou mais uns cinco minutos até finalmente aparecer, e eu só percebi que tinha prendido a respiração quando senti o ar escapando devagar demais.
O vestido dela era preto e justo, com um tecido meio brilhante que realçava cada curva do corpo dela. Não era exagerado, não mostrava demais, mas também não deixava nada a desejar. Era um equilíbrio perigoso. Ela calçava saltos finos, altos o suficiente para que ficasse quase da minha altura, e o cabelo estava preso de um jeito que deixava seu pescoço exposto.
Definitivamente, aquilo ia ser um problema.
Ela parou na minha frente, segurando uma bolsinha na mão e me analisando de cima a baixo. Seu olhar passeou pelo meu terno, pelo jeito que minha camisa estava dobrada nos punhos e pela gravata que eu tinha tentado ajeitar umas dez vezes antes de desistir.
— Você está bonito — comentou, com a voz casual.
Levantei uma sobrancelha.
— Eu sempre estou.
Ela revirou os olhos, e eu sorri.
— E convencido também.
— Você também está... linda.
Ela inclinou levemente a cabeça para o lado, me desafiando.
— Não me convenceu.
— É que até perde a graça te elogiar, você sempre está linda.
Charlotte riu, balançando a cabeça, e se virou em direção à porta.
— Vamos logo, se eu continuar te admirando por mais um minuto garanto que a gente não sai de casa hoje — comentei
— Ué? — Charlotte murmurou — Por que?
Pare e me virei para ela, que estava com uma expressão confusa.
— Você sabe o porquê. — respondi e sua expressão mudou. Ela soltou uma risada, me fazendo sorrir junto.
— Você não tem jeito mesmo.
Deveria ter sido um bom presságio. Um aviso de que a noite seria boa, tranquila. Mas, na verdade, foi um alerta de que eu estava ferrado.
Desde que entramos no teatro, eu soube que aquilo não ia ser fácil para mim.
Charlotte atraía olhares como se fosse um holofote. Mas não eram olhares casuais ou distraídos—eram demorados, descarados e irritantes.
E eu já sabia que, naquela noite, teria que respirar fundo mais vezes do que eu gostaria.
Eu já estava me segurando havia um bom tempo, ignorando os olhares e comentários disfarçados que alguns caras faziam sobre Charlotte. Mas foi quando um resolveu que seria uma ótima ideia chegar e falar várias merdas para a minha mulher que minha paciência acabou.
Estávamos perto do bar, esperando nossas bebidas, quando ele apareceu. Alto, porém menor que eu, vestido com um terno escuro, e com um sorriso cheio de segundas intenções. Ele se posicionou perto de Charlotte—perto demais.
— Você é de outro mundo, sabia? — ele disse, inclinando a cabeça para ela.
Charlotte ergueu as sobrancelhas, visivelmente desconfortável.
— Hm... obrigada?
— Não, não, eu tô falando sério. Uma mulher como você... não pode estar aqui sozinha.
Ele lançou um olhar rápido para mim, avaliando-me por um segundo, mas claramente não me considerou uma ameaça. Logo voltou a focar nela, inclinando-se um pouco mais.
— Você devia deixar que alguém cuidasse de você essa noite — ele continuou, a voz carregada de autoconfiança. — Eu sou ótimo nisso, prometo.
Foi a última coisa que ele conseguiu dizer antes de eu agarrar a gola da camisa dele e puxá-lo para perto de mim.
— Você tá falando merda demais, cara.
Os olhos dele arregalaram na hora, o corpo enrijecendo.
— Calma aí, eu só estava...
— Só estava sendo um babaca? Eu percebi.
Ele olhou ao redor, talvez procurando uma saída ou alguém para intervir, mas eu não ia soltar tão cedo.
— Foi mal, cara — ele disse, levantando as mãos. — Não sabia que vocês estavam juntos.
Bufei, empurrando-o para trás.
— Você tem que pedir desculpas a ela, não a mim.
O cara hesitou, mas então virou-se para Charlotte, que cruzou os braços e esperou.
— Desculpa.
— Pelo quê? — ela retrucou, arqueando a sobrancelha.
Ele engoliu em seco.
— Por ser um idiota.
Ela sorriu, satisfeita.
— Que bom que percebeu.
Ele não esperou mais um segundo antes de desaparecer no meio da multidão.
Charlotte me olhou com um brilho divertido nos olhos.
— Você realmente puxou o cara pela gola?
— Ele mereceu.
Ela riu.
— Você estava com ciúmes.
Cruzei os braços.
— Eu estava te defendendo.
— Você estava com ciúmes — ela repetiu, chegando mais perto.
— Não era ciúmes, era cautela. Eu só estou cuidando do que é meu.
— Ah, que fofo — ela disse com um sorriso bobo, que logo se desfez — Estava sim.
Revirei os olhos.
— Você podia, sei lá, pelo menos fingir que não gosta de me ver irritado.
Ela segurou meu rosto com as duas mãos e me deu um selinho rápido.
— Eu gosto de ver você irritado.
Bufei, mas não consegui segurar um sorriso.
Charlotte ainda estava se divertindo com o que tinha acontecido quando nos dirigimos para nossos lugares no teatro. Eu podia sentir seu olhar em mim, um sorriso travesso brincando nos lábios dela.
— O que foi? — perguntei, sem olhar diretamente para ela.
— Nada.
— Você está me olhando assim por quê? Está se segurando para não rir?
— Sim.
Bufei, ajeitando o paletó enquanto sentávamos.
— Não tem graça.
— Tem, sim.
— O cara foi um babaca, Charlotte.
— Eu sei — ela concordou. — E eu gostei que você me defendeu. Mas... — ela inclinou a cabeça para o lado, fingindo analisar minha expressão — ... você estava com muito ciúme.
— Meu Deus, você não vai superar isso hoje, né?
— Provavelmente não.
Balancei a cabeça, tentando não sorrir, e falhando completamente, enquanto as luzes do teatro começavam a baixar, indicando que o espetáculo estava prestes a começar.
Mas, claro, minha paz não durou muito.
Eu já estava tranquilo, tentando me concentrar no palco, quando notei outro olhar fixo demais em Charlotte. Dessa vez, era um cara sentado duas fileiras à nossa frente, que, de tempos em tempos, virava sutilmente a cabeça na direção dela.
Respirei fundo.
Eu ia ignorar.
Eu ia ignorar.
Até que ele virou de novo.
Automaticamente, passei um braço ao redor dos ombros de Charlotte e a puxei um pouco mais para perto. Ela me olhou, surpresa.
— O que foi agora?
— Nada.
Ela estreitou os olhos.
— Uhum. Sei.
Mas não reclamou, só se aconchegou um pouco mais.
O cara olhou mais uma vez.
Eu encarei de volta.
Ele desviou na hora.
Satisfeito, relaxei no assento.
— Você é tão transparente... — Charlotte sussurrou, divertindo-se.
— Não sei do que você está falando.
Ela riu baixinho, encostando a cabeça no meu ombro.
— Você não precisava fazer nada disso, sabia? Eu sou sua.
Senti um calor subir pelo peito e sorri.
— Eu sei. Mas eles parecem não saber disso.
Charlotte apertou minha mão, deslizando o polegar devagar sobre minha pele, e eu finalmente me permiti relaxar.
O espetáculo começou e eu mal conseguia prestar atenção, estava ocupado demais olhando para... ela. Que parecia envolvida na apresentação, os olhos brilhando sob as luzes do palco, e eu tentei fazer o mesmo. Mas minha atenção estava dividida.
Principalmente porque, de tempos em tempos, eu sentia outros olhares em Charlotte.
Era irritante.
Pior ainda porque, ao contrário de mim, ela nem percebia.
Pensei em dizer algo, mas, antes que eu pudesse abrir a boca, Charlotte deslizou os dedos pelos meus, entrelaçando nossas mãos naturalmente. O gesto foi tão espontâneo que me pegou de surpresa.
— Você vai assistir ou vai continuar me vigiando? — ela sussurrou, sem desviar os olhos do palco.
— Eu não estou te vigiando.
Ela apertou minha mão de leve.
— Lando.
— O quê? É sério.
Ela finalmente olhou para mim, um sorriso de canto nos lábios.
— Você realmente não percebe o quanto eu sou só sua, né?
Suspirei, tentando ignorar o jeito que meu coração acelerou com aquelas palavras, mas adivinhem? Falhei novamente.
— Eu percebo. Mas você também podia perceber que esses caras são uns babacas.
Ela riu baixinho.
— Você realmente acha que eu não notei nada?
Franzi o cenho.
— Ué... você ficou agindo como se nem tivesse visto.
Charlotte virou um pouco o rosto na direção dos homens que tinham olhado para ela e arqueou uma sobrancelha.
— Eles são óbvios demais. Nem vale a pena reagir.
Cruzei os braços, sentindo um pouco do ciúme se dissipar.
— Você percebeu? Então por que não me falou nada?
— Porque eu queria ver até onde você ia.
Ajeitei a postura.
— Ah, então você estava me testando?
Ela sorriu.
— Talvez.
— Isso não é justo.
— Claro que é.
Fiquei em silêncio por um momento, fingindo que ia voltar a assistir à apresentação.
Então me virei para ela e sussurrei contra sua orelha:
— Então, se eu resolver testar você também, não tem problema?
Charlotte piscou, e vi sua expressão mudar por um segundo antes de ela recuperar a compostura.
— Que tipo de teste?
Apertei nossos dedos juntos e sorri.
— Você vai descobrir.
Ela suspirou sorrindo, balançando a cabeça, mas não soltou minha mão.
E, por mais que eu quisesse continuar implicando, uma parte de mim sabia que já tinha vencido essa disputa.
O espetáculo seguiu, mas minha atenção continuava meio dividida. Por mais que Charlotte tivesse dito que não se importava com os olhares e que não valia a pena reagir, eu não conseguia simplesmente ignorar.
Ela, por outro lado, parecia completamente envolvida na apresentação, os olhos brilhando com as cenas no palco. De vez em quando, ela apertava minha mão, e isso me distraía mais do que eu gostaria de admitir.
No meio do segundo ato, Charlotte se inclinou para sussurrar no meu ouvido:
— Você ainda tá de cara fechada.
— Eu tô assistindo — murmurei de volta.
— Tá assistindo com essa cara de poucos amigos?
Fiz um esforço para relaxar um pouco a expressão, e ela riu.
— Melhorou?
— Um pouquinho.
Charlotte me observou por um instante e, antes que eu pudesse perguntar o que ela estava tramando, inclinou-se até ficar muito perto do meu rosto.
— Eu consigo te distrair.
Engoli em seco.
— Charlotte...
— O que foi? — ela sussurrou, os lábios quase roçando na minha pele.
Fechei os olhos por um segundo, tentando manter o controle.
— Você quer que eu fique com ciúme ou quer que eu fique louco?
Ela riu baixinho, satisfeita consigo mesma, e voltou a se encostar no assento, ainda segurando minha mão.
— Agora você parece um pouquinho mais relaxado.
Balancei a cabeça, respirando fundo.
— Você não joga limpo.
Ela me olhou de canto, os olhos brilhando em puro divertimento.
— Eu nunca disse que jogava.
E, por mais que eu odiasse admitir, ela estava certa.
Eu podia estar irritado com aqueles caras, mas Charlotte já tinha deixado bem claro que nada disso importava.
Ela era minha. E sabia exatamente como me fazer lembrar disso.
O espetáculo finalmente chegou ao fim, e as luzes se acenderam enquanto os aplausos preenchiam o teatro. Charlotte bateu palmas com entusiasmo, o rosto iluminado por um sorriso satisfeito.
— Você gostou? — perguntei, observando-a.
— Eu amei — ela respondeu, os olhos ainda fixos no palco.
Esperei enquanto as pessoas começavam a se levantar, já sabendo que, assim que entrássemos no carro, ela comentaria cada detalhe da peça.
— Vamos? — Charlotte puxou minha mão para que eu levantasse junto.
— Vamos.
Nos misturamos à multidão que seguia para a saída, e Charlotte continuava distraída, ainda absorvendo tudo o que tinha visto no palco.
— Você acha que a coreografia daquele segundo ato simbolizava a passagem do tempo ou foi só para encher espaço? — ela perguntou de repente.
— Hã?
Ela riu, me puxando levemente pelo braço.
— Você realmente assistiu à peça ou passou o tempo todo no mundo da lua?
— Eu assisti — garanti, enquanto passávamos pelas portas do teatro. — Mas acho que você presta atenção em coisas que eu nem perceberia.
— Isso porque eu gosto de arte de verdade.
— Ei! — protestei, rindo.
Charlotte me olhou com diversão, antes de balançar a cabeça.
— Deixa pra lá, você nunca vai admitir que eu sou mais culta do que você.
— Até parece.
Descemos os degraus da entrada, e eu puxei Charlotte um pouco para mais perto quando notei o vento frio da noite. Ela se aconchegou no meu braço sem nem pensar duas vezes.
Tirei meu terno e coloquei em seus braços, para protegê-la dos ventos.
— E então — falei, enquanto esperávamos o carro —, quer sair para jantar ou vamos direto para casa?
Ela fingiu considerar a pergunta.
— Depende. Você vai ficar me encarando igual fez o espetáculo inteiro ou vai me deixar comer em paz?
Soltei uma risada.
— Eu não te encarei o espetáculo inteiro.
— Lando...
Levantei as mãos, em rendição.
— Tá bom, tá bom. Vou me comportar.
Ela sorriu.
— Nesse caso... estou com fome.
E, sem precisar de mais nada, segui com ela para o carro, já sabendo que a noite ainda estava longe de acabar.
Eu abri a porta do carro para ela, e, enquanto ela se acomodava, percebi que ela me observava com um sorriso curioso.
— Você ainda está tenso, né? — ela disse, quase como se soubesse antes mesmo de eu responder.
Fui direto para o banco do motorista e liguei o carro, tentando disfarçar.
— Eu? — perguntei, tentando soar o mais casual possível. — Não estou tenso, não.
Ela soltou uma risada baixinha, cruzando os braços.
— Não mesmo? — Ela levantou uma sobrancelha, duvidando da minha resposta.
Suspirei, com um sorriso de canto.
— Talvez um pouco. — Respondi finalmente, e, quando vi o sorriso dela se alargar, não consegui evitar a risada também.
— Não se preocupe. Acho que sei como posso te fazer relaxar — ela disse com um tom suave, e a certeza na voz dela me fez relaxar ainda mais.
Antes que eu pudesse responder, ela se inclinou ligeiramente para frente, o suficiente para deixar o espaço entre nós quase inexistente. O olhar dela era tão intenso que me senti fisicamente atraído para ela, como se não fosse capaz de resistir a essa conexão.
Quando nossos rostos se aproximaram ainda mais, eu fechei os olhos e, sem dizer uma palavra, senti seus lábios tocarem os meus. O beijo começou suave, como uma promessa silenciosa, com a suavidade das mãos dela tocando meu rosto enquanto eu a segurava pela nuca, querendo absorver aquele momento.
Mas, rapidamente, a suavidade deu lugar à urgência. Os lábios dela se moveram com mais intensidade, e minha resposta foi automática, mais quente, mais próxima, como se nada mais no mundo importasse. Nossos corpos pareciam se alinhar, e, sem pensar, eu pousei uma mão na cintura dela, trazendo-a mais para perto.
O beijo se intensificou, as respirações se misturando e o desejo começando a se infiltrar em cada toque, em cada movimento. Mas de repente, ela se afastou.
— Isso já é maldade.
Ela riu.
— Se a gente não parar por aqui tenho certeza que não vamos para o restaurante.
— Sabia que eu nem estou com fome mais? — comentei como quem não quer nada e ela novamente riu.
— Lando!
— Tudo bem, você venceu. Mas eu não vou esquecer isso, Charlotte.
Ela riu, o som leve e encantador, e me deu um beijo rápido na bochecha antes de dar a ordem:
— A gente termina em casa. Agora vai, antes que eu mude de ideia.
Era exatamente isso que eu queria ouvir. Sorri em resposta, e ela provavelmente percebeu minha reação, já que voltou a rir.
— Para o restaurante, então — disse, arrancando um sorriso dela antes de ligar o carro e seguir caminho.
E então nós fomos para o local, com o clima leve, tendo a certeza que essa noite ia demorar para acabar.
🏎️🏎️🏎️
contagem: 2743
Oii amigas, como vocês estão?
Capítulo de hoje foi mais curtinho, porque eu estava sem muita criatividade, mas dei meu máximo.
Alguém tem alguma sugestão para os próximos capítulos ou alguma crítica para esse? :)
Não se esqueçam de clicar na estrelinha!!
Bjocas💗
até o próximo.
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