27 - Pressão
nota da autora: socorro gente, vocês bateram a meta muito rapido KKKKKKK
enfim, meta desse capítulo: 100 votos, já sabem como funciona.
ATENÇÃO ⚠️
Este capítulo contém cenas que podem abordar conteúdos sensíveis, incluindo momentos de tensão e uma possível crise de ansiedade. Recomendo cautela caso esses temas possam ser gatilhos para você. Cuide-se e lembre-se de que sua saúde mental é sempre prioridade.
Dito isso, boa leitura💗
🏎️🏎️🏎️
2024, Las Vegas
Lando on.
A qualificação de ontem foi um alívio e uma maldição ao mesmo tempo. Garantir o terceiro lugar no grid parecia um sonho realizado – uma posição que me colocava em ótima condição para brigar pelo pódio hoje, e consequentemente me ajudar na briga pelo título mundial. Mas, enquanto eu pilotava naquela última volta, algo começou a pesar. Cada curva, cada milésimo de segundo que eu ganhava, parecia tirar uma parte de mim.
Quando finalmente cruzei a linha, ouvi o rádio explodir com vozes da equipe comemorando. Mas, por dentro, tudo o que senti foi o silêncio ensurdecedor da pressão. Eu sabia que estar em terceiro significava que todos esperavam algo de mim – a equipe, os fãs, até eu mesmo.
Essa pista, Las Vegas, é traiçoeira. Estreita, cheia de curvas que não perdoam erros. Ontem à noite, assisti à repetição da minha volta final mais vezes do que deveria. Sempre tentando encontrar aquela fração de tempo que poderia me dar uma vantagem.
Hoje, a sensação é diferente. O terceiro lugar no grid, que deveria ser um símbolo de confiança, agora parece um peso que cresce a cada hora que passa.
Minha cabeça está uma confusão desde que acordei. Penso na largada, nas primeiras curvas, no momento certo para atacar – tudo parece claro até que, de repente, minha mente começa a me bombardear com perguntas. E se eu errar? E se eu decepcionar a equipe? E se algo der errado com o carro?
Respiro fundo, mas não parece suficiente. Meu peito aperta, como se o ar ao meu redor estivesse sendo sugado. Tento respirar de novo, mais devagar, mas o resultado é o mesmo: o ar entra rápido, raso, e sai antes de me dar qualquer alívio.
Minhas mãos estão trêmulas enquanto caminho pelo paddock. Tento escondê-las nos bolsos do moletom, mas é inútil. Sento no sofá do motorhome e me inclino para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, tentando encontrar uma posição em que eu consiga relaxar. Mas o nervosismo está me prendendo como uma corrente invisível.
Uma das coisas que me ajuda a parar de pensar, é coçar a lateral dos meus dedos. Passo a unha com força, para tentar parar meus pensamentos. A dor é leve, quase confortável. Algo que eu posso controlar.
Mas minha mente não para.
Você tem que fazer uma largada perfeita. Não pode desperdiçar essa chance. Todos esperam que você consiga. E se você for ultrapassado na primeira volta? E se não conseguir sustentar o ritmo?
A pressão é esmagadora. Sei que deveria estar confiante – terceiro lugar no grid é incrível –, mas tudo que sinto é medo. Medo de falhar, medo de não ser bom o suficiente.
Meu coração dispara, tão rápido que quase consigo ouvi-lo. Fecho os olhos e tento me acalmar. Respiro fundo, mas o nó no peito ainda está lá. Aperto os olhos com força, tentando afastar os pensamentos, mas eles não me deixam em paz.
O som da porta se abrindo me faz levantar a cabeça. Charlotte entra com sua calma habitual, como se nada no mundo pudesse abalar a confiança que ela tem em mim.
— Você está muito quieto — ela comenta, colocando uma garrafa de água na mesa e se sentando ao meu lado.
Quero dizer algo, mas minha voz não sai. Sinto o olhar dela em mim, estudando cada movimento.
— Só estou tentando me concentrar — murmuro finalmente, mas até para mim a frase soa como uma mentira.
— Lando... — ela começa, mas para. Sei que ela percebe.
Ela estende a mão e segura a minha, interrompendo o movimento que eu nem tinha notado que ainda fazia. É estranho como o toque dela tem o poder de me trazer de volta, ainda que por alguns segundos.
— Respira — ela diz, sua voz baixa, firme. — Lento, ok?
Eu obedeço, inspirando devagar. A respiração não fica perfeita, mas melhora. Charlotte não solta minha mão, mesmo quando começo a relaxar.
— Vai dar tudo certo — ela acrescenta. — Você sabe disso.
Eu solto uma risada pequena, mais por hábito do que por alívio. Queria acreditar tanto quanto ela acredita.
Charlotte não solta minha mão, e o silêncio entre nós é reconfortante de um jeito estranho. Ela sabe que não precisa dizer muito, mas mesmo assim, sinto que ela está tentando encontrar as palavras certas.
— Você sempre faz isso — ela diz depois de um tempo.
Eu levanto os olhos para ela, confuso.
— Isso o quê?
— Coloca toda essa pressão em você, como se o mundo dependesse de uma corrida.
Eu franzo a testa, querendo rebater, óbvio que depende, estou lutando pelo título mundial, mas ela se inclina um pouco para frente, me cortando antes que eu fale qualquer coisa.
— Não depende, Lando. O mundo não vai acabar se você não tiver a corrida perfeita hoje. A equipe ainda vai acreditar em você. Eu ainda vou acreditar em você.
As palavras dela são simples, mas elas me atingem de um jeito que eu não esperava. Charlotte se inclina mais perto, segurando meu rosto com as duas mãos, forçando-me a olhar para ela.
— Escuta — ela continua, sua voz mais suave agora —, você é incrível. Não por causa do que faz na pista, mas por quem você é.
Eu tento desviar o olhar, mas ela não deixa.
— Ei, olha para mim — ela insiste, e há uma firmeza no tom dela que não posso ignorar. — Você já provou tudo o que precisava. E sabe o que eu mais amo em você?
Minha respiração ainda está irregular, mas ela espera, paciente, até que eu finalmente murmure:
— O quê?
Charlotte sorri, inclinando a cabeça de leve.
— Que, mesmo com tudo isso, você nunca desiste. Você sempre tenta. E isso é mais do que suficiente.
Ela puxa meu rosto em direção ao dela e me dá um beijo na bochecha, um toque leve, mas caloroso, como se quisesse apagar todos os pensamentos ruins. Depois outro, mais perto da minha têmpora, e outro no canto do meu rosto.
— Vai ficar tudo bem — ela sussurra, os lábios quase tocando minha pele.
Eu fecho os olhos por um momento, deixando o som da voz dela me envolver, a sensação do toque dela me ancorar. Quando ela me abraça, eu sinto os braços dela ao redor de mim, firmes, seguros. Minha respiração finalmente começa a desacelerar.
— Obrigado — digo baixinho, e a palavra parece carregada de todo o alívio que ela trouxe.
Charlotte afasta um pouco o rosto para me olhar, mas não solta o abraço.
— Sempre.
Por um instante, tudo parece mais fácil.
O momento é interrompido pelo som de batidas na porta. A voz do meu engenheiro, ecoa do lado de fora.
— Lando, está na hora.
Charlotte afasta o rosto devagar, mas mantém as mãos nos meus ombros, como se quisesse me segurar por mais um segundo antes que o mundo lá fora tomasse conta.
— Você está pronto — ela afirma, mas soa mais como uma promessa do que uma pergunta.
Eu respiro fundo e aceno, ainda que não tenha certeza se acredito. Charlotte se levanta primeiro, estendendo a mão para mim. Seguro a dela, e, por mais bobo que pareça, o simples gesto me dá força.
Enquanto saio do motorhome, a pressão volta a apertar no meu peito. O som das conversas no paddock, o barulho dos motores ao fundo, os flashes das câmeras – tudo parece muito mais alto do que deveria. Mas sinto a presença dela atrás de mim, os passos de Charlotte se mantendo próximos, como um lembrete de que ela está ali.
Quando finalmente chego à garagem, a equipe já está a postos. Meu engenheiro se aproxima, passando instruções rápidas que eu deveria estar anotando mentalmente, mas minha cabeça ainda está uma confusão.
Charlotte, que sempre encontra um jeito de quebrar o protocolo, se aproxima enquanto ajusto as luvas. Ela segura o capacete que a equipe já havia preparado e, antes de me entregar, olha direto nos meus olhos.
— Boa sorte, mas você não precisa dela — diz, com um sorriso pequeno e confiante.
Eu abaixo a cabeça para encaixar o capacete, mas antes que consiga colocá-lo, ela dá outro beijo na minha bochecha, rápido, como se fosse seu jeito de me proteger de tudo o que está por vir.
— Agora vai — ela murmura, recuando um passo.
Com o capacete finalmente colocado, dou um último olhar para ela antes de caminhar em direção ao carro. Meu coração ainda está acelerado, mas agora parece menos caótico.
Assim que me sento no cockpit, a rotina toma conta. Cintos ajustados, volante em posição, última verificação de rádio. Mas, lá no fundo, ainda sinto o toque de Charlotte, o som das palavras dela ecoando na minha cabeça.
[...]
As luzes se apagam, e a corrida começa. As primeiras voltas são sempre as mais intensas, o corpo reagindo a cada curva, a cada aceleração. A pressão está lá, mas agora é como se ela tivesse se transformado em combustível. O som do motor, a vibração do carro sob mim, tudo começa a se encaixar, mas ainda sim, meu coração está mais acelerado que o normal.
Eu mantive a terceira posição na largada, mas logo, na segunda volta, percebo uma coisa que me deixa tenso: a Mercedes de Lewis está mais rápida. Ele me ultrapassa na reta, e o que antes parecia controle total agora se transforma em um desafio.
Calma, Lando. Foca, apenas foca – repito mentalmente, tentando encontrar meu ritmo. Mas, à medida que o tempo passa, a pressão não diminui. Ela cresce, e cada movimento começa a se arrastar como se o carro estivesse mais pesado.
Na volta 12, George tenta uma manobra pela esquerda, e eu faço o meu melhor para resistir. Estou dentro da zona de ataque, mas não posso me arriscar a perder mais posições agora. Meu braço treme, o volante não está tão firme quanto eu gostaria, mas sigo tentando me manter no controle.
A cada curva, o corpo parece reagir mais devagar. A respiração ofegante, o suor escorrendo pela testa, a visão começando a ficar borrada. Eu respiro fundo por um segundo, forçando a mente a focar, a desacelerar. Não posso me permitir fraquejar agora.
E então, na volta 30, tudo acontece.
Entro em uma curva de alta velocidade, tentando equilibrar a aceleração, mas o carro não responde como deveria. O volante vira com mais força do que eu esperava, e no momento em que tento corrigir, o carro perde tração. Sinto o pescoço sendo puxado para o lado, meu corpo jogado para fora do banco, e, antes que eu consiga fazer qualquer coisa, a curva se fecha.
O impacto é muito forte.
O carro se choca contra a barreira de proteção, a força do impacto me fazendo perder totalmente o controle da situação. O som da colisão é ensurdecedor, mas o pior é o que vem depois. O carro parece um pesadelo de metal e carbono, se contorcendo e parando lentamente. O ambiente se torna um borrão.
Eu tento abrir os olhos, mas tudo fica escuro. O rádio ainda transmite a voz da equipe, mas ela parece distante. A última coisa que consigo ouvir é o som da minha própria respiração, lenta e pesada, antes que tudo ao meu redor se apague completamente.
Charlotte on.
Eu estava assistindo, fixada na tela do monitor, com a sensação de que o ar estava sendo arrancado de mim. Tudo parecia estar acontecendo tão rápido, as voltas passando em uma velocidade insuportável. E eu só conseguia pensar como Lando estava.
Quando ele perdeu a posição, uma parte de mim queria gritar, correr para o rádio, implorar para ele acalmar. Mas eu sabia que não podia fazer nada. Então, fiquei ali, olhando, torcendo para que ele conseguisse, que ele tivesse controle.
Mas na volta 30, quando ele entrou na curva, meu estômago se virou. O carro deslizou, e antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, a tela ficou preta.
O impacto foi tão forte que meu corpo inteiro reagiu, como se eu também tivesse sido atingida. Senti minhas pernas fraquejarem, meu corpo travar. O rádio da equipe emitiu um som estranho, a voz dos engenheiros se tornando um murmúrio distante.
O tempo pareceu desacelerar, como se tudo estivesse em câmera lenta. A tela diante de mim mostrava o carro de Lando preso na barreira, e eu me vi de pé, as mãos tremendo, o medo apertando meu peito.
Eu precisava ir até lá. Eu precisava saber que ele estava bem.
A equipe médica estava a caminho, mas o pânico se instalava em mim. Cada segundo que passava sem saber era uma eternidade. Não havia palavras que pudessem descrever o terror de ver o carro dele daquela forma. Eu sentia o corpo de Lando se distanciar de mim, como se ele estivesse sendo levado para um lugar onde eu não poderia alcançá-lo.
Eu ouvi o rádio novamente, e a voz de seu engenheiro, ainda tentando se comunicar com ele, mas sem resposta.
Minha mente entrou em um turbilhão, mas tudo o que eu conseguia pensar era: Lando, por favor, me ouça. Me diga que está bem.
A equipe médica chegou rapidamente, mas parecia que o tempo estava completamente fora do seu controle. O carro de Lando estava danificado, e o impacto tinha sido forte demais. Eu não conseguia mais olhar para a tela. Era como se uma parte de mim tivesse sido arrancada e estivesse à deriva, perdida e desesperada para saber o que estava acontecendo.
Quando as ambulâncias começaram a se mover em direção à pista, meu corpo reagiu automaticamente. Não me importava mais com as pessoas ao redor, com a equipe ou com qualquer outra coisa. Eu só sabia que precisava estar lá. Eu precisava ver Lando, precisava tocá-lo e ter a certeza de que ele estava ali, vivo, apesar de tudo o que parecia estar desmoronando.
Corri até a área onde a ambulância estava estacionada, meus passos apressados e descompassados. A voz do rádio ainda estava quebrada, cheia de estática, e isso só aumentava meu pânico. Não sabia se ele estava acordado, se estava consciente.
Quando a ambulância parou, os paramédicos estavam já abrindo a porta com pressa, e eu nem percebi que estava quase chegando até lá. A primeira coisa que vi foi o rosto de Lando, pálido, os olhos fechados, a respiração lenta e pesada. O coração que parecia não bater mais com a mesma intensidade.
Eu me aproximei, e senti o cheiro do álcool e do material de primeiros socorros, mas o que mais senti foi o nó na garganta, o aperto no peito, a sensação de que algo havia sido quebrado em mim também.
— Ele... ele vai ficar bem? — minha voz saiu rouca, como se eu tivesse engolido vidro.
O médico que estava mais próximo virou-se para mim, o olhar grave.
— A situação dele não é das melhoras, precisamos levá-lo ao hospital para mais exames. A batida foi muito forte, Charlotte. Ele desmaiou na hora do impacto.
Eu não queria ouvir aquilo. A única coisa que consegui fazer foi segurar a mão dele, apertando os dedos frios enquanto a ambulância partia rapidamente para o hospital.
Eu estava com ele. Mesmo que ele não soubesse. Mesmo que o mundo ao redor estivesse em um frenesi, com as câmeras captando tudo e o caos se espalhando entre os outros pilotos. Eu sabia que nada mais importava. Eu só queria que Lando estivesse bem.
A viagem até o hospital parecia uma eternidade. Eu nem sabia onde estava. Eu só olhava para as mãos dele, tentando encontrar algo que me dissesse que ele estava ali, ainda vivo. Cada movimento da ambulância parecia uma tortura, um lembrete de que eu poderia perder tudo em questão de segundos.
O hospital estava mais silencioso do que eu esperava, mas as enfermeiras e médicos estavam trabalhando rápido. Lando foi levado para uma sala de emergência, e eu fiquei ali, mas tudo parecia fora de controle.
— Ele vai acordar, não vai? — minha voz saiu baixa, mais para mim mesma do que para qualquer outra pessoa.
Um médico se aproximou, sua expressão calma, mas havia algo nos olhos dele que me deixou ainda mais ansiosa.
— A princípio, ele não tem ferimentos graves, mas o impacto foi muito forte. Ele está em observação. Vamos fazer os exames agora, e assim que tivermos mais informações, você será a primeira a saber.
Eu não sabia o que fazer com aquela informação. Sentia que o chão estava se abrindo sob meus pés, e, apesar de tentar ser forte, não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento.
Eu só queria que ele acordasse.
Horas se passaram, mas pareciam dias. Cada minuto no hospital era uma eternidade. As paredes brancas e os sons incessantes de máquinas me deixavam mais inquieta. Permaneci sentada na sala de espera, olhando fixamente para a porta por onde os médicos entravam e saíam. Ninguém trazia notícias. Ninguém dizia nada.
Eu tentava manter o foco em qualquer coisa que não fosse o pior cenário possível. Repassava mentalmente cada palavra que trocamos antes da corrida, cada sorriso dele, cada detalhe que me fazia lembrar de como Lando conseguia iluminar qualquer ambiente. Mas tudo isso só tornava o vazio ainda mais insuportável.
Finalmente, a porta se abriu e um médico apareceu. Levantei-me de imediato, o coração batendo tão rápido que parecia saltar do peito.
— Charlotte Leclerc? — ele perguntou, e eu apenas assenti, incapaz de responder com palavras.
— Lando está estável agora — ele começou, e senti meu corpo inteiro relaxar, mesmo que parcialmente. — Não encontramos nenhuma fratura grave, e os exames indicam que o principal impacto foi na cabeça, o que causou a perda de consciência. Ele vai precisar de repouso e mais observação para descartar qualquer complicação, mas ele está fora de perigo.
As palavras "fora de perigo" ecoaram na minha mente. Pela primeira vez desde o acidente, eu conseguia respirar normalmente.
— Eu posso vê-lo? — perguntei
— Claro! Me acompanhe. — ele respondeu — Não parou de perguntar por você um minuto se quer desde que acordou.
Não pude evitar de sorrir.
Chegamos em seu quarto, e lá estava ele, na maca, com um aparelho monitorando seus batimentos, mas com um sorriso no rosto.
— Charlotte! — ele exclamou quando me viu.
Me sentei em uma cadeira que estava ao lado da maca.
— Vou deixar vocês à sós — o médico anunciou — Se precisar de qualquer coisa é só apertar o botão.
— Como você está se sentindo? — perguntei passando os dedos levemente em seu cabelo.
— Eu estou bem — ele disse
— Não pareceu tão bem algumas horas atrás — retruquei, tentando esconder a emoção que ainda me dominava. Meus dedos continuavam a deslizar pelo cabelo dele, como se isso pudesse garantir que ele realmente estivesse ali, comigo, inteiro.
— Eu te assustei, né? — Lando perguntou, com um sorriso fraco, mas cheio de ternura. Ele ainda parecia cansado, mas seus olhos brilhavam ao me observar.
— Muito. Você não faz ideia do que foi te ver daquele jeito... — minha voz falhou por um instante, e desviei o olhar, tentando segurar as lágrimas. — Eu achei que...
— Ei, não. — Ele interrompeu, levando sua mão à minha. Sua pele ainda estava fria, mas o gesto foi firme e reconfortante. — Não pensa nisso. Estou aqui agora, e você está comigo. É o que importa.
Assenti, mordendo o lábio para evitar que a emoção transbordasse. Não queria que ele me visse tão vulnerável, não agora.
— Quero ir para casa — ele disse — Já estou me sentindo bem.
— Você tem que ficar de repouso, ouviu o médico — falei e ouvi ele bufar
— Você é tão teimoso — murmurei, cruzando os braços enquanto o observava. — Isso era alguma estratégia pra chamar atenção?
— Funcionou, não funcionou? — Lando respondeu com um sorriso de canto, levantando levemente as sobrancelhas.
— Muito engraçado, hein? — retruquei, tentando segurar um sorriso enquanto revirava os olhos. — Mas, sério, você me assustou de verdade. Não vai repetir isso, entendeu?
— Juro que da próxima vez escolho um jeito menos dramático de te fazer vir correndo até mim — ele disse, piscando de leve, como se aquilo fosse um pedido de desculpas à moda Lando Norris.
Balancei a cabeça, sem conseguir conter uma risada. — Você é impossível, sabia?
— E é por isso que você gosta de mim — ele retrucou, dessa vez com um sorriso mais largo, os olhos ainda brilhando, apesar do cansaço evidente.
— Gosto? Quem disse que eu gosto de você? — brinquei, arqueando uma sobrancelha.
— Seus olhos dizem — respondeu ele, com um tom despreocupado, mas o suficiente para me fazer corar.
Revirei os olhos para disfarçar, levantando-me da cadeira. — Certo, acho que já está bem o suficiente pra eu ir embora.
— Ah, não! — ele protestou, apertando minha mão levemente antes que eu pudesse me afastar. — Agora que você está aqui, vai ficar até eu sair desse lugar horrível. Preciso de alguém pra reclamar do quanto esse monitor de batimentos apita sem parar.
Eu ri. Era óbvio que não iria sair dali, mas achei engraçada a reação dele.
— O pior de tudo é ter que te aturar por essas horas — provoquei com um sorriso no rosto
— Para vai, sei que você me ama — ele disse e eu revirei os olhos, mas ainda com o sorriso no rosto
— Eu amo sim, mas só de vez em quando — pisquei para ele.
Lando riu, mas depois fez uma expressão fingidamente dramática, levando a mão ao peito como se tivesse sido atingido.
— Só de vez em quando? Que crueldade, Charlotte. Depois de tudo o que passei hoje? — Ele fez uma pausa teatral, suspirando alto. — Você deveria estar me bajulando agora. Eu mereço um tratamento especial, não acha?
— Bajular você? Acho que essa pancada na cabeça mexeu com sua memória. Desde quando eu faço isso? — retruquei, inclinando a cabeça, fingindo estar intrigada.
— Verdade... — ele respondeu, pensativo. — Mas sempre tem uma primeira vez pra tudo, não?
Dei uma risada curta, balançando a cabeça. — Você realmente não tem jeito, Norris.
— É meu charme — ele disse, com um sorriso satisfeito.
— Lá vem você de novo com essa história — retruquei, sentando-me de volta na cadeira. — Só porque você sabe que eu não consigo te abandonar nem em hospital, não significa que pode abusar disso.
Ele riu, mas logo seu rosto suavizou, e ele olhou diretamente nos meus olhos. — Mas, falando sério, obrigado por estar aqui.
A mudança de tom me pegou de surpresa, e por um momento não consegui responder. O sorriso de Lando era mais contido agora, mas havia uma sinceridade ali que fez meu coração acelerar.
— Eu não estaria em outro lugar, Lando — murmurei, baixando o olhar para nossas mãos ainda entrelaçadas.
Ele apertou minha mão de leve, e o silêncio que se seguiu foi confortável. Por um momento, parecia que o resto do mundo não existia.
— Charlotte... — ele começou, mas antes que pudesse continuar, a porta do quarto se abriu, e uma enfermeira entrou com uma prancheta.
— Sr. Norris, precisamos fazer mais alguns exames antes de liberá-lo — disse ela, interrompendo o momento.
Lando suspirou alto, soltando minha mão com relutância. — Lá se vai minha companhia preferida.
— É só por um tempo — respondi com um sorriso leve. — Não se preocupe, eu ainda vou estar aqui pra te aturar depois.
Ele sorriu, mas não disse nada enquanto eu me levantava e dava um passo para trás, deixando espaço para a enfermeira. Mesmo assim, o olhar dele permaneceu fixo em mim, como se quisesse me gravar ali, ao lado dele.
Enquanto a enfermeira ajustava o monitor e verificava os sinais vitais de Lando, ele continuava me olhando, aquele sorriso de canto ainda presente, como se estivesse tramando algo.
— Se você continuar me encarando assim vou começar a achar que tem algo de errado comigo — provoquei, tentando disfarçar o leve constrangimento que ele sempre conseguia me causar.
— Sua autoestima é incrível, Charlotte — ele respondeu, rindo baixinho. — Mas não, você está ótima. É só que... é bom ter você aqui.
Senti minhas bochechas esquentarem, mas antes que pudesse responder, a enfermeira interrompeu.
— Está tudo bem com ele, mas seria melhor se você descansasse, Sr. Norris. — ela disse e se virou para mim — Senhorita Leclerc, vou precisar que a visita seja breve para que possamos terminar os procedimentos.
— Alguns amigos dele estão vindo, serão a última visita, depois sairemos — avisei e ela assentiu com um sorriso
Lando soltou um suspiro exagerado, como se o mundo estivesse contra ele.
A enfermeira terminou rapidamente e sorriu para mim antes de sair, deixando-nos novamente a sós.
— Então — comecei, me aproximando novamente da cama. — Vai se comportar enquanto eu estiver fora?
— Definitivamente não — ele respondeu com um sorriso travesso. — Mas, se você prometer voltar logo, talvez eu pense em me comportar um pouco.
— Ah, quer negociar agora? — retruquei, rindo. — Tá bom, eu volto. Mas só se você prometer não tentar pular da cama e fugir do hospital antes disso.
— Promessa aceita — ele respondeu, levando a mão ao coração em um gesto exagerado. — Você sabe que eu faria qualquer coisa por você.
— Claro que sei — provoquei, revirando os olhos, mas não consegui evitar o sorriso que surgia em meu rosto.
Ouvimos algumas batidas na porta, seguida de um médico entrando com alguns dos pilotos. Sendo eles: Carlos, Charles, Albon, Oscar, Max, Lewis e George.
— Olha só, Lando. O clube das viúvas chegou — brinquei, cruzando os braços ao ver o pequeno grupo de pilotos entrar no quarto, com expressões que variavam entre preocupação e alívio.
— Viúvas? — Carlos retrucou com uma risada. — Só viemos garantir que esse drama todo é real e que ele não estava tentando escapar da corrida por preguiça.
— Ei! — Lando protestou, se sentando um pouco mais na cama. — Isso foi uma batida séria, ok? Podem perguntar à Charlotte. Ela estava praticamente implorando para que eu acordasse.
— Ah, claro. Agora você é um herói de novela — Max disse, com um sorriso de canto enquanto encostava-se à parede.
— Vai começar a cobrar para dar autógrafos na cama do hospital? — Albon acrescentou, arrancando risadas dos outros.
Charles, que estava mais sério, deu um passo à frente. — Você está bem mesmo? Porque, pelo que vi na tela, poderia ter sido muito pior.
O tom do meu irmão fez a sala ficar um pouco mais silenciosa. Lando, percebendo isso, deu de ombros. — Estou bem. Um pouco dolorido, mas inteiro. Já disse que sou resistente.
— Resistente ou sortudo? — Lewis perguntou, com um meio sorriso. — De qualquer forma, bom saber que está bem. Ficamos preocupados.
Me inclinei perto da orelha de Lando, e sussurrei — Nunca imaginei que eles seriam tão dramáticos. Achei que só eu tinha esse direito.
Ele riu baixinho, mas antes que pudesse responder, George interrompeu. — Ok, mas precisamos saber... Lando, quando é que você volta? Porque você sabe que sem você, nossas apostas ficam sem graça.
— Apostas? — perguntei, arqueando uma sobrancelha.
— Ah, você não sabe? — Oscar interveio. — Sempre apostamos quem vai passar mais tempo reclamando durante a corrida. Lando ganha quase sempre.
— Injusto — Lando respondeu, fingindo indignação. — Vocês só implicam comigo porque sabem que sou o favorito do público.
— E modesto também, claro — George respondeu, rindo.
O ambiente, antes carregado, agora estava leve. Era difícil não sorrir enquanto eles continuavam com as provocações, como se estivessem em qualquer outro lugar, exceto no quarto de hospital.
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contagem: 4610
Oii amigas, como vocês estão??
O que acharam do capítulo de hoje??
Sei que vocês estão querendo o pedido de namoro logo, mas na fanfic ainda estamos em outubro, mas eu prometo que vou tentar chegar lá o mais rápido que eu conseguir.
E no geral, estão gostando? alguma sugestão?
Não se esqueçam de clicar na estrelinha e comentarem muitooo!!
Bjocas💗
Até o prox
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