19 - Problemas

2024, Mônaco.
Charlotte on.

Acordei com a luz suave invadindo o quarto. Ainda estava meio sonolenta, então decidi ficar deitada por mais alguns minutos, absorvendo o silêncio de Mônaco. O som distante da cidade acordando era reconfortante. Por algum motivo, sempre gostei do ritmo acelerado de Mônaco, como se a cidade nunca realmente parasse.

Puxei o celular de baixo do travesseiro, minha primeira reação foi conferir as mensagens. Nada muito importante. Mas, me lembrei que teria que decidir o que faria em relação a proposta da Chanel. Então, pensei em conversar com meu irmão sobre isso.

Respirei fundo e olhei ao redor do quarto. Não tinha pressa para sair da cama, decidi que podia me dar mais alguns minutos.

Desci para o andar de baixo. Charles estava ali, na cozinha, fazendo o café da manhã. Ele virou-se quando me ouviu entrar e, com aquele sorriso, me disse:

— Bom dia — falou e voltou sua atenção para o que estava fazendo — Dormiu bem?

— Bom dia — respondi bocejando — Estava precisando dormir — comentei rindo

— Vai ter uma festa mais tarde. A maioria dos pilotos vai. Vai querer ir?

Eu parei, pensativa. Não tinha certeza. A ideia de uma festa me atraía, mas eu não estava certa de que estava no clima. O meu olhar se perdeu por alguns segundos nas xícaras sobre a mesa.

— Não sei... – comecei, sem realmente saber a resposta. — Não sei se estou no clima para isso.

Ele me observou por um instante, como se estivesse tentando me ler. Então deu de ombros e sorriu com aquela expressão divertida que sempre tinha quando queria me provocar.

— Como quiser. Mas se mudar de ideia, avisa. — Ele se virou para pegar uma xícara de chá e deu um gole. – Sei que você está com saudades da galera. As meninas estarão lá, também.

Eu dei um suspiro, e a tentação de ir à festa ficou ali, me rondando. Disputando espaço na minha mente com a proposta da Chanel. Não estava com cabeça para pensar nisso agora.

— Vou ver, e te aviso. — falei.

— Tudo bem — ele respondeu — Tem bolo na geladeira.

Enquanto Charles comia seu sanduíche natural, peguei uma fatia de bolo que estava na geladeira.

Após o café, subi de volta para o meu quarto, olhando o celular novamente. Havia mensagens, mas a única que chamou minha atenção, foi a de Lando.

"Oii, bom dia!"

"Vai ter uma festa, ficou sabendo?"

"Você vai?"

Respirei fundo encarando as mensagens, então, nesse momento resolvi que eu iria.

"bom diaa"

"Fiquei sim!"

"Você vai?"

A resposta veio quase de imediato.

"Só se você for"

Um sorriso cresceu em meus lábios ao ler aquilo. Mas seria uma ótima oportunidade para provocá-lo.

"Ah, então você só vai se eu for?" escrevi, disfarçando o sorriso que estava crescendo cada vez mais.

"Exatamente. Agora a pressão está toda em voce"

Ri baixinho. Lando sabia como jogar o jogo. Ele gostava de me deixar na dúvida, gostava de me fazer pensar que era ele quem estava no controle. E, claro, eu adorava quando ele fazia isso.

"Eu apareço por lá! Mas só vou ficar se você conseguir me convencer"

Em poucos segundos, ele me respondeu.

"Desafio aceito, passo para te buscar, me avise quando estiver pronta"

Meu coração estava acelerado, mais do que o normal. Era incrível o efeito que ele tinha sobre mim. Respirei fundo e imaginei que hoje eu poderia tirar o dia para me divertir, então deixei para resolver as outras questões amanhã.

Peguei meu celular novamente e fui responder a mensagem de Carmen.

"Oii, amiga! Vai na festa de hoje, não é?"

"Quer se arrumar aqui em casa? Vou chamar as meninas também!"

Sorri. Gostava desses momentos, que ficávamos apenas eu e elas.

"Oii, vou sim!!"

"Claro!! Até daqui a pouco"

[...]

Elas estavam todas espalhadas pela sala de estar de Carmen, terminando os últimos retoques antes de sair para a festa. Lily estava ajeitando os cabelos, as ondas perfeitas, enquanto Alex colocava os brincos, observando a si mesma no espelho com um sorriso satisfeitos. Francisca e Rebecca estavam perto do sofá, as duas experimentando diferentes tipos de salto, tentando decidir qual ficava melhor. Flavy, que sempre tinha um toque de estilo único, mexia em uma coleção de pulseiras, escolhendo aquelas que mais se destacavam. Kelly não iria dessa vez, P estava com ela em sua casa. Então, ela e Max resolveram ficar com a filha.

Eu estava em frente ao espelho, tentando me decidir entre dois vestidos. Um era mais ousado, um que marcava todas as curvas do meu corpo, o tecido com brilho, sem perder a elegância, e o outro mais discreto, não tão justo e sem brilho, mas igualmente elegante. A luz suave da sala fazia com que os dois brilhassem de maneira quase mágica, e eu fiquei ali, indecisa, por mais alguns minutos.

— Qual deles, meninas? — Perguntei, girando um pouco para mostrar os dois vestidos.

Lily deu uma olhada rápida, depois sorriu de forma travessa.

— Eu escolheria o brilhante. Afinal, se for para causar, que seja com estilo — ela disse, piscando para mim.

— Eu também sou a favor desse — Flavy se intrometeu, ainda mexendo nas pulseiras. — Ninguém vai lembrar da festa, mas vão lembrar de você.

— Eu gostei do brilhante, também! — Alex se pronunciou — Ele valoriza demais seu corpo.

Eu ri, pegando o vestido escolhido e me dirigindo até o banheiro para me trocar.

Enquanto me arrumava, pude ouvir as risadas das meninas lá fora. Estávamos todas empolgadas. A noite ainda prometia muita diversão, mas o pensamento de Lando ali, esperando... me fazia sentir um friozinho na barriga.

Quando saí do banheiro, as meninas já estavam quase prontas. Lily, com seu vestido curto e justo, parecia ter saído de uma passarela. Alex tinha escolhido um vestido de seda esvoaçante, clássico, mas com um toque moderno. Francisca e Rebecca estavam mais elegantes, mas com aquele toque descolado que as fazia se destacar. Flavy, como sempre, estava impecável, sua ousadia transparecendo até nas pulseiras que usava.

— Tá pronta, Charlotte? —  Lily me perguntou, acompanhada de uma olhada avaliadora.

— Sim — respondi, ajustando o cabelo com os dedos.

Mandei uma mensagem para Lando, avisando que eu estava pronta e que estava na casa de Carmen.

O tempo parecia acelerar quando cada uma das meninas terminou de se arrumar. Todas estavam impecáveis, com aquele brilho nos olhos que só uma noite como aquela poderia trazer. A conversa na sala era animada, mas logo o som de carros estacionando na frente da casa de Carmen indicava que os meninos chagaram.

Carlos foi o primeiro, seguido por Alex Albon, Ocon, Pierre, Lando, Charles, Oscar e, por último, George.

Quando Lando apareceu na porta de Carmen, eu já estava quase pronta. Ele me observou com aquele olhar característico, como se fosse capaz de me despir com os olhos, e sorriu. Meu coração deu uma acelerada, e, por um segundo, fiquei em silêncio. Ele estava incrível, como sempre, e aquele sorriso parecia ter o poder de transformar qualquer lugar em algo mais animado.

— Você está... perfeita — disse ele, com um brilho no olhar.

Eu respirei fundo, tentando esconder o sorriso bobo que insistia em surgir.

— Obrigada — respondi — Você também está ótimo!

Ele se aproximou, me entregou a mão para me guiar até o carro, e, quando meus dedos tocaram os dele, a eletricidade no ar foi quase palpável.

— Vamos — ele disse, com uma risada baixa, antes de me puxar para fora.

O simples gesto de Lando parecia garantir que a noite seria ainda mais interessante.

Chegamos à festa, e logo de cara a atmosfera vibrante de Mônaco se fez presente. Música alta, risadas, conversas animadas e a luz suave das lâmpadas de neon criando um ambiente elétrico e descontraído. Era uma festa fechada, e todo o glamour de Mônaco estava ali, visível em cada rosto e em cada detalhe.

Logo na entrada, um segurança estava posicionado para garantir que todos cumprissem a regra essencial: deixar o celular. Aquelas festas sempre tinham um clima de exclusividade, sem gravações, sem registros.

Chegamos à festa pouco depois, e o ambiente estava repleto de risos e música alta. A energia da noite parecia envolver tudo ao redor, e a ideia de estar em meio à multidão de pessoas conhecidas tornava a atmosfera ainda mais eletrizante. Lando mantinha sua mão sobre a minha, me guiando pelo lugar.

— Vamos pegar algo para beber? — ele perguntou, com aquele sorriso que só ele sabia dar.

Eu acenei com a cabeça, ainda com a sensação de que não precisava de mais do que a companhia dele para aproveitar a noite. Chegamos ao bar, e eu pedi o meu drink habitual: água com gás. Não sou de beber, nunca fui. Mas estava tudo bem. Estava ali pela diversão, pela companhia, e pela promessa de uma noite animada.

Eu estava junto a Lando, conversando com os meninos, mas ao decorrer da festa, as meninas foram se juntando na pista de dança, e eu obviamente ia fazer o mesmo.

— Lando, eu vou com as meninas para a pista — avisei em seu ouvido, devido a música alta

— Vai lá — ele disse, e piscou para mim antes que eu saísse de perto dele.

Ao lado da pista de dança, havia sofás e mesas. Deixamos nossas coisas lá, e coloquei meu copo em cima de uma das mesas.

A música pulsava no ambiente, e a energia estava no auge. As meninas me puxaram para o centro da pista de dança, e logo estávamos todas nos divertindo. A luz das lâmpadas coloridas piscava no ritmo da batida, criando um efeito de quase flutuação, como se o tempo tivesse parado ali.

Eu não podia evitar, o molejo brasileiro sempre me tomava quando a música certa tocava, e logo estava me movendo com facilidade, sentindo a batida como se fizesse isso o tempo todo. As meninas começaram a tentar me imitar, mas, claro, com o estilo único delas. Lily, Rebecca, Francisca, e até Flavy estavam se esforçando para pegar o ritmo, tentando imitar meu movimento de quadril. Eu só dava risada, mas adorava ver a animação delas tentando fazer algo tão típico de mim.

A cada giro, elas se tornavam mais desajeitadas, o que só fazia com que todos ríssem mais. Claro, era divertido ver as meninas se soltando, mas, de alguma forma, eu me sentia um pouco mais à vontade naquela pista de dança, como se a música fosse um pedaço de mim.

Após várias horas na pista, o estilo da música mudou e a batida ficou mais lenta, o grupo se dispersou um pouco, indo se sentar nos sofás parto da pista. A música estava ainda no ar, mas agora era hora de dar um descanso aos pés.

Nos acomodamos em um grande sofá, rindo ainda do que havia acontecido na pista de dança. Eu olhava para as meninas, tentando me recuperar do riso, quando de repente um rapaz se aproximou. Ele parecia diferente dos outros, com algo de misterioso em seu olhar. Ele estava vestido de forma casual, mas seu estilo tinha um toque de elegância sutil. Com um sorriso confiante, ele se agachou ao meu lado e disse:

— Hey, você parece se divertir bastante por aqui. Eu sou o Noah. E você, está aproveitando a festa?

Eu o encarei por um momento, sentindo uma leve curiosidade. Ele parecia genuíno, mas havia algo naquele sorriso que me fazia ficar alerta.

— Sou, Charlotte! — me apresentei — Estou sim. Esta gostando da festa?

— A festa está ótima — ele disse em um tom simpático — O que mais gostei até agora foi a máquina de fumaça — ele apontou para trás de nós dois, me virei para ver, mas eu não havia nenhuma máquina de fumaça lá.

— Onde? — perguntei

— Bom, tenho que ir agora! Foi um prazer te conhecer, Charlotte

— Igualmente.

Eu ainda estava tentando entender o que acabara de acontecer quando, sem pensar muito, levei meu copo até os lábios e tomei um gole longo. No momento em que a bebida desceu pela minha garganta, algo não estava certo. A sensação foi estranha, como se o líquido tivesse um gosto metálico e amargo, algo que não combinava com o que eu esperava de uma simples água com gás.

A princípio, tentei ignorar, achando que fosse apenas uma questão da marca da água ou talvez o efeito do copo ter ficado por muito tempo na mesa. Mas, conforme o gosto permanecia na minha boca, eu comecei a me sentir ligeiramente tonta, uma sensação que começou a se espalhar pelo meu corpo. O ambiente ao redor parecia ficar um pouco mais embaçado, e meu corpo não respondia da mesma forma.

Minha visão ficou um pouco turva e a sensação de leveza na cabeça me fez perceber que algo estava errado. Foi então que a percepção bateu – aquela não era apenas uma bebida qualquer. Algo estava ali que não deveria estar.  Eu tentei manter a calma, mas o desconforto só aumentava, meu corpo já reagindo ao que estava acontecendo.

Me senti vulnerável de repente. Fechei os olhos por um momento, tentando retomar o controle, mas a sensação de perda de controle era inescapável.

Tentando me recompor, levei a mão até a testa, tentando afastar a sensação estranha. Mas foi quando vi Lando se aproximando que meu corpo, de alguma forma, tentou se reerguer.

Quando ele parou na minha frente, pude sentir que algo estava diferente. Ele me olhou com uma intensidade que me fez prender a respiração. Antes que eu pudesse dizer algo, ele estreitou os olhos e observou meus movimentos de forma cuidadosa, como se notasse algo que eu não conseguia perceber em mim mesma.

— Charlotte, você está bem? — ele perguntou, a preocupação evidente na voz dele, mas com um toque de firmeza que me fez pensar que ele já sabia que algo estava errado.

Eu tentei sorrir, mas não consegui esconder o desconforto em meu rosto.

— Estou... bem — falei, embora minha voz tenha saído mais fraca do que o normal.

Lando se agachou na minha frente, mais atento agora, e colocou a mão gentilmente no meu ombro, como se tentasse me apoiar. Sua expressão se suavizou, mas havia algo no olhar dele que indicava que ele não estava convencido.

— Você não parece bem, Charlotte — ele disse com uma calma que só aumentou minha sensação de desconforto. — O que aconteceu?

Eu respirei fundo, tentando colocar minha cabeça no lugar, mas o mundo ainda girava ao meu redor. Tentei dar mais um sorriso, mas estava claro que ele não acreditava em mim.

— Só um pouco tonta, nada demais — menti, mas sabia que ele podia ver através de mim. Lando não era bobo.

Ele não pareceu satisfeito com minha resposta. A tensão entre nós ficou mais palpável, e a preocupação de Lando só cresceu. Ele olhou ao redor, como se estivesse procurando algo, e então, sem avisar, pegou meu copo das minhas mãos.

— Eu vi aquele cara. Quem era ele? — ele perguntou, a voz dele baixa e firme.

Eu tentei desvendar o que ele estava insinuando, mas estava muito lenta para processar. Ele já estava ligando os pontos antes que eu tivesse tempo de reagir.

— Não sei... — comecei, mas minha voz falhou por um segundo.

O piloto cheirou a bebida, e em seguida deu um pequeno gole. Parecia tentar sentir se algo estava errado com o gosto.

Lando imediatamente apertou minha mão, uma reação rápida e protetora.

— Merda — ele murmurou com um tom de raiva que me surpreendeu. A última coisa que eu queria era que ele ficasse irritado.

— Aquele garoto colocou alguma coisa na sua bebida?

Eu balancei a cabeça, dizendo que não. Até por que, eu não vi ele fazendo isso. Ele não faria isso, não é? Ou faria? Mas antes que eu pudesse dizer algo, ele já estava pegando meu braço e me guiando para fora daquela área.

— Vamos embora. Vou avisar seu irmão que vou te levar para minha casa — ele falou, com um toque de urgência na voz.

Minha mente estava turva, mas eu confiava em Lando. Ele parecia saber exatamente o que fazer, e sua presença era reconfortante, mesmo no meio daquela confusão.

— Charles, vou levar a Charlotte para minha casa — Lando disse, sem rodeios, mas com um tom que não deixava espaço para objeções. Não consegui ouvir o que ele disse depois disso.

Charles olhou para mim, e seu olhar imediatamente mudou. Ele parecia perceber a seriedade da situação. O que estava acontecendo? Ele me observou por um segundo, e logo dirigiu seu olhar de volta para Lando.

— Claro, Lando. Pode levar ela — Charles respondeu, com um tom de preocupação e com uma certa raiva. — Me avise quando chegarem bem, por favor.

Lando acenou com a cabeça, e me guiou até a saída, onde pegou nossos celulares. Eu podia ouvir a música da festa ainda tocando ao fundo, mas cada passo que dávamos em direção à porta me afastava daquela sensação estranha. Lando me segurava com firmeza, sem pressa, me dando a estabilidade que eu precisava.

Quando chegamos à rua, ele me ajudou a entrar no carro, tirou minha sandália e, antes de fechar a porta, me olhou mais uma vez, avaliando-me com um olhar penetrante.

O carro se moveu lentamente pelas ruas de Mônaco, e, apesar da música alta da festa ainda ecoando em minha cabeça, uma sensação de calma começou a tomar conta de mim. O vento fresco que entrava pela janela entreaberta me ajudava a clarear um pouco a mente, mas a leveza das palavras de Lando e o simples fato de estar com ele me confortavam de uma forma que eu não conseguia explicar direito.

Enquanto dirigíamos, Lando desviou o olhar da estrada por um momento, me encarando com uma expressão preocupada, mas também suave.

— Como você está se sentindo? — perguntou, sua voz mais baixa do que o normal.

Eu respirei fundo, tentando organizar os pensamentos que pareciam flutuar sem direção. A sensação de estar tonta ainda não tinha ido embora, mas agora parecia menos intensa. Olhei para ele, tentando disfarçar o que estava sentindo, mas sabia que ele conseguiria perceber qualquer coisa.

— Não sei bem... Acho que só preciso descansar — respondi, tentando forçar um sorriso, mas não consegui esconder a tensão em minha voz.

— Fica tranquila. Você vai ficar bem.

Ele voltava a olhar para a estrada, e o silêncio entre nós parecia mais confortável agora. Eu me sentia segura ali, mas ao mesmo tempo, um pouco envergonhada por não ter percebido antes o que estava acontecendo. Como deixei alguém colocar algo no meu copo?

Chegamos à sua casa, e ele estacionou na garagem. Quando desligou o carro, desceu, e me carregou no colo até seu quarto

— Me avise se sentir alguma coisa, qualquer coisa.

Eu só acenei.

— Consegue tomar banho? — ele me perguntou e eu fiz que sim, mas quando ele me colocou no chão, eu mal conseguia me sustentar de pé.

— Você quer que eu faça algo para você? — perguntou, com uma certa preocupação. — Tem certeza de que consegue sozinha? — ele perguntou.

Olhei para ele, tentava me manter firme, mas a sensação de vertigem não me dava trégua. O que eu queria agora era simplesmente me limpar e me sentir um pouco mais normal. Mas eu sabia que não conseguiria fazer isso sozinha.

— Eu... eu acho que preciso de ajuda — falei, minha voz soando mais fraca do que eu queria.

Ele hesitou por um momento, coçou a nuca, como se fosse pesar cada palavra, mas logo assentiu.

— Tudo bem. Eu vou te ajudar, mas vou ficar do lado de fora do box enquanto você toma banho. — ele disse, a preocupação evidente no rosto.

Eu assenti, sentindo uma mistura de desconforto e gratidão. Ele nunca tinha me visto dessa forma, mas não havia maldade em seu olhar. Ele era cuidadoso, e isso me fazia sentir mais segura, de alguma forma.

Lando me guiou até o banheiro e me ajudou a me apoiar enquanto eu me despia, sua mão firme na minha cintura. Ele não se afastou, mas também não se atreveu a olhar de maneira indiscreta. Era como se ele tivesse respeito por mim em cada movimento.

Ele certificou-se que eu estava equilibrada e soltou minha cintura. Saiu do box e ficou virado de costas.

— Tô aqui, qualquer coisa, já sabe.

Fiquei em silêncio por um momento, sentindo o calor e a gentileza das palavras dele, e, por mais que estivesse vulnerável, sabia que ele não faria nada para me deixar ainda mais desconfortável.

Enquanto eu entrava no chuveiro, a água quente me acalmou um pouco, e comecei a sentir as vertigens diminuírem.

Quando terminei, ele estava à minha espera novamente, com uma toalha nas mãos, pronto para me ajudar a sair. E, apesar da situação, tudo parecia bem. Ele foi cuidadoso, sem pressa, sem invadir meu espaço. Eu sabia que, de alguma forma, isso me fazia sentir mais calma.

Ele pegou algumas de suas roupas e me entregou para que eu vestisse. Me deu uma escova de dente nova e foi para o quarto de hóspedes tomar banho.

Em poucos minutos, ele voltou, com os cabelos úmidos e vestindo uma bermuda.

Eu estava sentada na cama quando ele apareceu.

— Você está bem? — perguntou ele, se aproximando e sentando na beira da cama. Colocou meu cabelo atrás da orelha enquanto eu olhava para baixo

Eu me encolhi um pouco, sentindo o peso da minha cabeça e a náusea tomando conta de mim de novo. A voz dele, suave e atenciosa, foi o que me impediu de desmoronar.

— Eu... — comecei, minha voz falhando um pouco. — Eu me sinto péssima, Lando. Acabei com a sua noite.

Ele balançou a cabeça, sorrindo de um jeito que parecia querer me tranquilizar, mas, ao mesmo tempo, seu olhar estava cheio de cuidado.

— Não acabou com nada, princesa — disse ele, com uma leveza que me fez querer acreditar. — Só quero que você fique bem. E quanto a festa, não se preocupa. Eu não me importo com isso.

Eu olhei para ele, sem saber o que dizer. O piloto me entregou um copo de água e remédio.

— Toma isso, você vai ficar melhor

Não perguntei, apenas fiz o que mandou.

— Está com sono? Quer assistir alguma coisa? — perguntou se deitando

— To com sono — respondi me deitando em seu peitoral

Ele desligou a luz

— Boa noite — disse e me de um beijo na testa

— Boa noite — respondi antes de apagar.

[...]

Oii amigas, como vocês estão?

Gostaram desse episódio? Estão gostando da história?

Não se esqueçam de votar.

Vou tentar voltar ainda esse ano, mas não garanto nada.

Bjocas💗

até o próximo

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top