Vida Nova
Quando cheguei à Nova York eu só conseguia pensar em uma coisa, “Se a vida me trouxe aqui, não posso parar no meio do caminho, vou tentar ser feliz até o fim”.
Já estava escurecendo, pois a viagem havia sido longa, eu precisava de algum lugar para dormir. Tirei o dinheiro que Dona Angelina havia me emprestado do bolso e comecei a contar:
_ Cem, cento e vinte, cento e cinqüenta, duzentos, duzentos e trinta, duzentos e cinqüenta. Bom... 250 dólares da para pagar uma pousada por uma semana.
Eu precisava arrumar algum método para conseguir mais dinheiro, pois se não, eu poderia viver na rua. A pior coisa é conseguir trabalho quando você se torna um mendigo.
Procurei por todo lugar e não achava nenhum lugar para dormir, ate eu avistar uma pequena pousada no fim de uma rua escura. Cá entre nós, fiquei com medo de ir até lá, mas quando olhei para cima e vi nuvens mais medonhas ainda venci meu medo. Chegando lá bati na porta e uma Senhora, com uma aparência sofrida, abriu e disse:
_ Olá, posso ajudar?
_ Boa noite, tem vaga para mais um?
Eu disse, tentando ser educado e simpático.
_ Ah, meu filho, não temos!
Parecia que ela estava triste de verdade não podendo me ajudar, percebi que pessoas que nem conhecemos muito bem podem servir como belos pais.
_ Senhora, não tenho lugar algum para dormir, preciso me abrigar, pois uma chuva forte vem por ai!
A Senhora olhou para mim, sorriu e disse:
_ Venha logo!
Ela me levou até a porta de um quarto que estava nos fundos da pousada e mandou-me esperar um pouco. Entrou no quarto, fechou a porta, e começou a conversar com alguém, eu não ouvia muita coisa, até ela abrir a porta e dizer:
_ Entre menino!
Eu entrei, ela disse:
_ Esse é seu novo colega de quarto!
A Senhora parecia estar aliviada de ter me ajudado, e estava tentando ser simpático, então eu disse para o rapaz que estava deitado na cama:
_ Prazer, Jhon Castelli!
Ele me olhou e disse:
_ O prazer é meu! Chamo-me Harry Ghotan!
_ Amanhã passo aqui para conversarmos melhor, você pode me chamar de Clary!
Disse a Senhora Clary. Pela segunda vez eu senti o clima da bondade, pois a primeira, foi quando Dona Angelina me ajudou. Isso é uma das melhores sensações, posso garantir.
Harry tirou um colchonete que estava de baixo da cama que ele dormia e disse:
_ O que temos pra hoje é isso, se quiser eu posso dormir no chão hoje, você parece estar cansada.
_ Não precisa, muito obrigado!
Eu arrumei a cama no chão e puxei assunto com Harry.
_ Você é de onde?
_ Sou de Nova Jérsia! E você?
_ Moro na reserva de Nova York!
_ No interior mesmo em!
Eu percebi que Harry era divertido. Eu estava com muito sono, acabei dormindo rápido.
No outro dia, a Senhora Clary veio cedo no quarto que eu estava e disse:
_ Você tem dinheiro Jhon?
_ Sim Senhora.
_ Quantos você tem?
_ 250 dólares!
_ Me de 50, e pode ficar aqui por uma semana!
_ Obrigado, muito obrigado!
_ Agora conte como você veio parar aqui!
O Harry olhou pra mim e mandou e disse:
_ Conta!
Eu comecei desde o inicio, contei tudo, o quanto eu tinha sofrido nas mãos de meus pais, eles ficaram espantados, aterrorizados com tanta coisa ruim. Quando terminei de contar minha história perguntei a Harry:
_ E você, o que faz aqui?
_ Não queira saber como vim parar aqui Jhon, a minha história de vida não é muito diferente da sua!
_ Então conta, quero saber!
A Senhora Clary saiu do quarto, Harry foi até o corredor, olhou para ver se alguém estava por ali, fechou a porta e disse:
_ Se prepare para o que vou te contar!
Harry contou histórias horríveis que ele viveu, seu pai o deixou quando descobriu que sua mãe estava grávida, mas infelizmente sua mãe morreu assassinada, e o próprio pai de Harry matou-a, ele tinha apenas dois anos quando tudo isso aconteceu. Como não tinha nenhum parente, a amiga de sua mãe foi obrigada a criá-lo, mas o marido dela não queria, por isso tentou matá-lo três vezes, mas Deus o protegeu. Quando Harry tinha cinco anos, Florência, que era o nome da mulher que o criou, deixou-o na frente de um orfanato, o pior orfanato da cidade, as crianças de lá eram mal tratadas se fizessem alguma bagunça. Harry me contou que uma vez ele derrubou um prato no chão, o homem que trabalhava “cuidando” das crianças o levou para um quarto escuro, amarrou pregos na ponta de três cordas, e começou a chicoteá-lo, quando Harry me mostrou as cicatrizes fiquei abismado. Aquele pequeno garoto sofreu maus tratos a vida inteira, quando ele tinha 14 anos fugiu daquele lugar infernal, morou dois meses na rua, até que conseguiu um emprego, começou a vender doces nas ruas de Nova York, como ele não ganhava muito era difícil achar uma pousada que aceitasse suas condições, mas felizmente ele achou, e vive nela até hoje, que é a pousada da Senhora Clary. Agora Harry ganha dinheiro como carteiro, e paga 100 dólares por mês para morar aqui.
No dia seguinte, fui procurar emprego, confesso a vocês que é muito difícil, mas graças a Deus consegui, não é daqueles que podemos dizer que vou ganhar muito, dá para viver tranqüilo. Agora trabalho como garçom em uma lanchonete no centro de Nova York, estou ganhando 300 dólares por mês.
Vivi seis meses na pousada da Senhora Clary, dividindo o quarto com Harry, nos tornamos melhores amigos, e trabalhando como garçom. Dois meses depois que completei 17 anos uma catástrofe aconteceu em minha vida. Uma das piores coisas. Eu vi a morte em minha frente.
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