Sofrimento

Olá, meu nome é Jhon Castelli, tenho 17 anos e atualmente moro na rua, embaixo de uma grande ponte, tentando me abrigar da chuva que cai cada vez mais forte. Mas antes, você precisa saber como vim parar aqui, nesse lugar infernal que faz você, cada vez mais, perder a vontade de viver.
Minha família era muito pobre quando eu nasci, por isso fui criado das piores maneiras possíveis, minha mãe achava que eu era um peso em sua vida, pensava que por minha culpa ela era pobre, parecia que me odiava cada vez mais, lembro-me bem quando eu tinha 10 anos, em um dia nublado ela preparou para papai e alguns vizinhos uma deliciosa macarronada, todos estavam sentados na mesa. Dona Angelina e seu filho de 20 anos, no lado esquerdo; Minha mãe Margareth e meu pai franthesco nas quinas da mesa; Eu e Seu Poter no lado direito.
Antes dos convidados chegarem para o almoço, minha mãe me disse:
_ Presta atenção no que vou te falar, você não vai abrir a boca para falar nada, apenas que te perguntem, entendeu?
_ Sim mãe.
Todos estavam sentados na mesa, terminando o almoço quando eu disse:
_ Mãe, posso comer mais? Bem pouco!
Ela pegou meu prato encheu-o até não caber mais nada e colocou de volta na mesa dizendo:
_ Coma tudo Jhon!
_ Mas mãe, a senhora colocou muito!
Ela virou as costas foi até o fogão a lenha e pegou um pedaço de cano que estava jogado por ali, veio em minha direção, puxou a cadeira no meu lado e colocando o cano encima da mesa disse:
_ Coma isso tudo sem reclamar!
Os vizinhos olharam espantados, cumprimentaram mamãe e saíram pela porta da frente.
Eu já não agüentava comer mais nada, quando o ódio subiu em minha cabeça e derrubei o prato no chão, o macarrão se espalhou tudo e entre ele escorria o molho, sujando tudo, mamãe ficou vermelha na mesma hora, eu saí correndo igual um doido, quando eu estava chegando a uma árvore que estava no meio do quintal olhei para trás e vi minha mãe pegando o cano encima da mesa, ela deu um paço para frente se desequilibrou e escorregou no molho do macarrão. Olhou para mim quando estava tentando se levantar e gritou:
_ Eu vou te matar desgraçado!
Eu comecei a chorar e com a vós tremula disse:
_ Eu te odeio!
Quando meu pai ouviu isso ele disparou a correr atrás de mim, eu corri o máximo possível, mas ele me alcançou, papai me puxou até em casa pelas orelhas, que já estavam sangrando, quando cheguei a casa, mamãe me esperava com o temível cano em sua mão, meu pai me jogou no chão do quintal, ralando todo o meu joelho, ele me olhou de onde estava e se recolheu, minha mãe me pegou pelo braço e começou a bater com o cano, que mais parecia uma faca rasgando meu corpo, comecei a gritar por socorro, Dona Angelina apareceu gritando:
_ Solte-o Margareth, você vai o matar!
_ Suma daqui Angelina, deixe que eu resolva!
Continuei gritando, até que comecei a ficar sem forças e desmaiei. Dona Angelina gritou:
_ Você matou seu filho!
_ Se morrer enterra.
Disse mamãe com um tom irônico.
Eu conseguia escutar tudo que falavam ao meu redor, mas quando ouvi isso da boca de mamãe, não escutei mais nada. Parecia que minha alma havia morrido, mas meu coração ainda estava batendo.
Quando acordei não conseguia me mexer direito, olhei para o lado e vi minha cômoda ao lado da janela, percebi que estava em casa, com muito esforço consegui me levantar e me sentar na cama, olhei para a janela e já era noite, meu corpo estava coberto de cortes e roxos. Eu estava limpo, alguém havia me limpado, estava com a mesma roupa, um short daqueles antigos, e uma camiseta pólo verde. Levantei-me e fui até a cozinha, peguei um copo de plástico que estava encima de uma tampa azul coberta com um pano fino vermelho, me dirigi até a pia, abri a torneira e enchi todo o copo com água. Depois disso fui até o quarto de mamãe e papai, vi que eles estavam dormindo e voltei até minha cama, dormi até minha mãe me acordar, ela fingiu que nada havia acontecido, e tudo voltou como era antes, mas nunca me esqueci daquela coça e daquelas palavras que mamãe disse.
Com 16 anos eu ainda era tratado como um farrapo. Levei muitas outras coças, meu corpo era coberto por cicatrizes. Meu pai tinha uma loja de ferramentas, era o que trazia comida para dentro de casa, ele e mamãe estavam começando a mudar de situação, mas mesmo assim continuavam a me tratar mal, às vezes não me deixavam comer junto com eles, eu tinha que procurar frutas para me alimentar, se não poderia morrer de fome.
Um dia papai me pediu para ficar na loja de ferramentas enquanto ele fosse conversar com um amigo que não via há tempos. Fiquei na loja por duas horas até papai chegar bêbado, tampou as coisas que estavam nas prateleiras no chão e começou a me humilhar na frente de todos que estavam na loja, disse coisas horríveis, que qualquer um não conseguiria ficar ali parado escutando tudo:
_ Você só trousse desgraça para minha vida, você é um lixo, babaca, tenho vergonha de ter um filho ridículo como você!
Ele começou a gritar cada vez mais alto, me chamando de nomes horríveis e eu apenas ouvindo, calado, sem dizer absolutamente nada, mas na verdade o que sofria mesmo era minha alma, parecia que zumbis estavam me devorando e eu não morria, apenas sentia aquelas terríveis dores. Já estava cansado de ouvir aquilo tudo, quando eu olhei para papai e disse:
_ Eu tenho pena de você! Tenho vergonha de ter um pai que só me traz desgosto, Vejo aqueles homens saindo de casa, em filmes e até aqui na vizinhança, pedindo a bênção dos pais para casar, depois trazem netos, bisnetos, e a família vive feliz. Mas você, a única coisa que me deu, foram coças, tapas, chegaram até a me espancar, meu corpo é coberto por cicatrizes!
Nesse estante comecei a chorar e fui saindo pela porta dos fundos, devagar, deixando papai pensativo atrás do balcão, quando cheguei à porta, olhei para trás, ele olhou para mim, passou a mão em uma faca que estava embaixo do caixa, que poderia ser usada em momentos de assalto, e começou a vir em minha direção, com a faca empunhada, mais uma vez o ódio subiu em minha cabeça e gritei:
_ Me mata, velho filho da p.#.!
Todos os clientes olharam espantados e gritavam lá na frente da loja:
_ Se acalmem! Vocês são uma família.
Empurrei meu pai, fui até a frente da loja e disse:
_ Família? Se vocês estivessem no meu lugar, nunca falariam isso!
Puxei meu pai pelo resto de cabelo que lhe restava e disse para aquelas pessoas que estavam lá:
_ Esse velho fez eu me sentir um lixo em toda a minha vida, quem merece morrer é ele, mas eu não vou matá-lo, quero que ele sofra tudo que eu sofri desde quando nasci!
Mamãe chegou correndo e disse:
_ Mata ele logo Franthesco, o nosso peso nas costa acaba agora!
Papai se movimentou rapidamente e cravou a faca em minha barriga, fui caindo devagar no chão, ele olhou para mim de onde estava, nesse estante lembrei-me de quando ele me jogou no quintal no dia da coça de cano, e saiu pela portas do fundo, mamãe olhou para mim sobre o balcão e disse:
_ Não vou gastar nenhum dinheiro com o enterro desse moleque, enterrem no meio da mata, assim não arrumamos problema pra ninguém.
Depois não ouvi mais nada e só acordei dois dias depois, estava na casa de Dona Angelina, ela era experiente na questão de machucados, fez todo o meu curativo. Por sorte a facada que papai havia me dado não atingiu nenhum órgão, apenas havia rasgado minha pele, Dona Angelina chegou ao quarto e começou a conversar comigo:
_ Esta melhor Jhon?
_ Sim senhora, porque cuidastes de mim?
_ Eu passei anos de minha vida vendo seu sofrimento, e me arrependo muito de não telo ajudado em nenhum momento, mas agora me sinto obrigada a te ver feliz. Tenho um dinheiro guardado que eu iria usar para comprar um fogão, pegue para você e tente se virar na cidade.
_ Mas Dona Angelina, eu não posso pegar seu dinheiro que a senhora custou ganhar!
_ Pegue logo menino, e vá antes que seu pai descubra que você está aqui!
Eu olhei no fundo dos olhos de Dono Angelina e dei um forte abraço, e agradeci muito. No outro dia, ela me deu cobertura para chegar até no asfalto, onde morávamos era roça, muita roça. Quando cheguei ao asfalto ela me deu um abraço e disse:
_ Deus vai te recompensar Jhon, boa sorte!
_ Obrigado por tudo Dona Angelina, você é um anjo.
Comecei a andar na beira do asfalto quente, o sol estava muito forte, e a cada carro que passava eu acenava para pedir carona.
Eu não fazia idéia se minha vida iria melhorar ou piorar, só sabia que quanto mais longe dos meus pais melhor. Um caminhão veio passando, acenei, ele parou, um homem barbudo dirigia, ele disse:
_ Vai para onde menino?
_ Vou para Nova York, tentar recomeçar minha vida!
O moço olhou pra mim, sorriu e disse:
_ Suba na carroceria, e se esconda embaixo da lona para nenhum fiscal o ver!
Subi rapidamente, me escondi e gritei para o homem:
_ Podemos ir!
O caminhão deu um solavanco, e começou a andar, voltando ao centro da pista. Eu estava muito feliz, pensava comigo: "Graças a Deus". Olhei para o horizonte e gritei com todas as minhas forças:
_ Vida nova!

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