Castigo?
Eu não tinha idéia do que iria fazer com a minha vida dali pra frente, mas tinha certeza que Harry estaria comigo até o fim. Fui para a lanchonete que eu trabalhava e alguém me esperava na porta com um olhar triste, eu cheguei e disse:
_ O que ouve Lucia?
Lucia era uma das cozinheiras da lanchonete, foi ela que me ensinou tudo sobre ser garçom.
_ Infelizmente não estamos conseguindo vender bem aqui, nesse ponto, o chefe decidiu que vamos mudar para Carolina do Norte. Ele também decidiu que três funcionários vai despencar, o primeiro foi você, os segundos foram duas cozinheiras.
Meus olhos encheram de lágrimas e agora eu me toquei que estava perdido de verdade. Recebi meu pagamento do mês e fui embora, eu estava com 300 dólares no bolso, não conseguiria sobreviver por muito tempo com aquele dinheiro, minha única esperança era Harry.
Combinamos de se encontrar em uma padaria que ficava por perto da pousada onde morávamos, quando cheguei ele estava sentado, fui perto dele e disse:
_ Desculpe Harry, não tenho mais emprego!
Ele começou a chorar e disse:
_ Eu também não!
Nós dois caímos em uma choradeira, eu não sabia mais o que fazer. Harry não tinha nada no bolso, e eu com apenas 280 dólares, pois Havia comprado alguma coisa para mim e ele comer. Saímos da padaria e fomos achar algum lugar para passar a noite, passamos o dia todo procurando pousadas, pensões e hotéis, mas todos não tinham lugar ou o aluguel era muito caro. Já estava chegando à noite e nuvens pretas avançavam sobre as cidades, muita chuva iria cair, olhei para Harry e disse:
_ Não tem mais jeito, vamos ter que dormir na rua!
Fomos andando pela calçada e vários mendigos estavam ocupando todo o lugar. Avistamos uma enorme ponte e quando chegamos perto não tinha ninguém, corremos e pegamos muitos papelões, fizemos uma espécie de toca, ficou até bonitinha. Sentamos lá dentro e a chuva caiu, caiu muito forte.
Bom... Está tudo explicado como cheguei aqui, hoje estou na rua, e a chuva cai cada vez mais forte. Já esta tarde, tenho que dormir e esquecer, mesmo que seja difícil, tudo que aconteceu comigo e com meu melhor amigo.
Já é de manhã, e estou com muita fome, quer saber de uma coisa, essa noite me deu vontade de me matar, não sei se vou agüentar por muito tempo.
Harry esta cada vez mais triste, eu e ele choramos toda a noite, já estou cansado de ter uma vida horrível. Fomos procurar emprego, pra variar não conseguimos, meu dinheiro estava acabando e eu vi que Harry estava perdendo a vontade de viver, estava se sentindo culpado:
_ Desculpe Jhon, estou sendo um peso em sua vida, você esta gastando todo seu dinheiro comigo!
_ Harry, eu sou seu amigo, e somos um só!
Eu sabia que Harry, se tivesse no meu lugar, iria fazer a mesma coisa por mim, por isso fizemos uma promessa, "Não iríamos deixar um ao outro em toda a nossa vida".
Os dias passavam muito devagar, até que meu dinheiro acabou, e agora o que nos restava era pedir esmola, nós conseguíamos juntos, em média cinco dólares por dia. O nosso alimento era pão de água e sal, emagrecemos muito. A vida estava chegando ao fim.
DOIS ANOS DEPOIS...
Olá, Quanto tempo!
Passou-se dois anos, e minha vida mudou muito, hoje tenho 19 anos, mas não vou dizer onde estou, não quero estragar a surpresa. Pois bem, depois que eu terminei de escrever que nosso alimento era pão de água e sal, uma catástrofe aconteceu.
Eu carregava meu dinheiro e minha comida em uma mochila velha que achei no lixo, eu escrevia minha vida em um pequeno caderno, e colocava-o lá dentro. Até que um dia, um vulto, mais parecido com um ladrão, passou correndo e roubou minhas coisas. Um maldito de um homem roubou tudo! Inclusive meu livro que contava minha vida. Quando o rapaz pegou a mochila e saiu correndo eu gritei a Harry e começamos a correr atrás do infeliz. Infelizmente ele correu mais e consegui desaparecer com minhas coisas.
Vou admitir que sou um pouco manhoso, por isso chorei a noite toda, Harry tentava me consolar, mas não adiantava. Que droga, agora mesmo eu estava ferrado!
No outro dia, eu percebi que chorar não iria trazer minhas coisas de volta, por isso me consolei, mas era muito ruim pensar que depois de eu ter escrito minha história, um maldito de um cara, vem e rouba minha vida.
Bom... A minha vida continuou, e cada vez pior, mas eu não tinha consciência do que viria pela frente.
Eu e Harry estávamos andando pela rua a procura de algum lugar para pedir esmola, até que um rapaz apareceu e disse:
_ E aí brother!
O homem tinha um estilo meio que de... Para ser sincero, parecia um maconheiro. Eu o cumprimentei também:
_ Olá!
_ Você quer comprar alguma de minhas mercadorias?
_ Que tipo de mercadorias?
O rapaz riu de minha cara, eu não entendi nada, olhei pra Harry com uma expressão de interrogação, o cara tocou em meu braço e disse:
_ Parceiro, eu vendo um tipo de comida!
_ Assim, que comida?
O Homem tirou um papel do bolso com um pó, Harry olhou pra mim e disse:
_ Vamos embora, isso não é comida!
_ O que é isso?
Eu era muito inocente, não sabia muito bem o que era as coisas, mas Harry morava há mais tempo em Nova York, sabia de tudo.
Ele me arrastou e disse pausadamente:
_ Nunca chegue perto daquele negócio!
_ O que é aquele negócio?
_ Droga!
Eu olhei espantado para Harry, eu nunca imaginei que veria aquilo em minha vida, só conhecia as drogas por televisão, e eu sabia o mal que aquilo fazia.
Continuamos andando, até que vimos uma linda moça caída no chão, eu corri, cheguei perto dela, e vi que estava desmaiada, tentei acordá-la, mas ela não reagia. Eu disse a Harry:
_ Precisamos ajudá-la, ela não pode ficar aqui.
Eu já conhecia bem a questão sobre os abusos e estrupos que aconteciam nas ruas, principalmente com garotas como aquela que estava deitada. Harry disse:
_ Jhon, bem que eu queria, mas não temos condições nem para sustentar agente!
_ Harry, se chegamos até aqui, e estamos "bem", o que custa ajudar essa pobre moça?
_ Ta bom, você me convenceu!
Eu e ele pegamos a garota, a colocamos nos ombros e levamos até nosso barraco. Chegando lá, ela começou a acordar, olhou pra mim, e ficou assustada, tentou correr, mas eu a segurei e disse olhando nos olhos dela:
_ Eu não vou te fazer mal, se acalme!
Coloquei-a sentada e disse:
_ Por que você estava desmaiada na rua?
Ela não me respondeu. Harry havia saído para comprar pão, trouxe três, dei um para a moça, ela estava com muita fome, tentei falar com ela de novo:
_ Como se chama?
Ela estava mais segura, disse:
_ Sofie, Sofie Louryan!
_ E o que uma moça linda como você faz na rua?
Ela não me respondeu, fingia que não ouvia, apenas comia o pão, parecia que estava morrendo de fome, Harry tentou falar com ela:
_ Prazer, me chamo Harry Gothan!
Ele deu a mão a ela, mas a moça parecia que só queria comer, deixou Harry no seco, eu comecei a rir, Sofie olhou pra mim, ela era abusada, e disse:
_ Prazer Harry! Como se chama aquele almofadinha?
Dessa vez, Harry que riu de mim!
_ Se chama Jhon Castelo!
Ela sorriu e disse:
_ Da pra ver que vocês moram em um castelo!
Eu me irritei, e disse:
_ É Jhon Castelli, burro!
_ Burro é seu pai!
Sinceramente eu não gostei do que Harry havia dito, mesmo que eu tinha um pai que não gostasse de mim, eu me sentia ofendido por não ter um para defender. Eu sorri disfarçadamente e me retirei, fui sentar perto do rio, olhei para o horizonte e não pude evitar, chorei, tentando evitar que alguém visse.
Harry e Sofie conversaram um pouco, mas ela percebeu que ele havia me magoado, eu os ouvi dizendo um ao outro:
_ Harry, acho que você magoou Jhon, por ter chamado seu pai de burro!
_ Mas Jhon nem tem pai!
_ O que houve com o pai dele?
_ Depois te falo!
Harry veio até mim e disse:
_ Aconteceu algo?
_ Não, fique tranqüilo!
_ Desculpe qualquer coisa!
_ Valeu!
_ Vamos lá conversar?
_ Vamos!
Fizemos uma roda nós três, e perguntei a Sofie o que ela fazia desmaiada na rua.
Se preparem pro que vão ouvir!
Sofie nasceu e cresceu na rua, sua mãe era uma mendiga, morava em um barraco improvisado feito de lona e madeira, sua mãe catava restos de frutas na feira para alimentá-las, até que um dia, um maldito de um homem invadiu onde elas moravam e abusou das duas, na época Sofie tinha cinco anos, imagine uma menina daquela idade ver sua mãe ser estrupada em sua frente, não é fácil, e o pior de tudo foi que o desgraçado conseguiu matá-la em sangue frio, depois que o homem viu que havia assassinado a mulher saiu correndo, felizmente Sofie não foi estrupada, o moço apenas falava palavras incestas e tocava seu corpo, ela diz que sua mãe morreu a defendendo, se ela não tivesse vindo a óbito as duas morreriam. Sua mãe é um exemplo de pessoa, mas Sofie não lembra seu rosto, diz que depois daquele dia só tem na mente aqueles atos horríveis. Depois disso, o que lhe restava era tentar viver na rua se escondendo dos homens, até que uma semana depois uma mulher apareceu e tirou Sofie da rua, as duas ficaram muito grudadas, como se fosse mãe e filha de verdade, e se tornaram, quando Mary Louryan a registrou no cartório, a mulher era de boa situação e dava tudo do bom e do melhor para Sofie, mas isso tudo acabou quando ela conheceu um homem, Mary se apaixonou por um verdadeiro lixo, o rapaz gastava todo o dinheiro deles em bebidas. Quando Sofie havia completado 11 anos o maldito do homem começou a bater em sua mãe, espancava-há praticamente todos os dias, até que um dia passou dos limites, trancou Sofie no quarto e fez de tudo com Mary, levando a pobre mulher a óbito, ela disse que ouvia os gritos de sua mãe e chorava muito, ela só foi liberta do quarto quando a polícia chegou, os vizinhos haviam denunciado. Sofie foi para uma casa de adoção, ficou lá até completar 16 anos, ela diz que engordou muito quando tinha 12 anos, por isso sofria bullyng e preconceito no orfanato, era rejeitada por todos, até pelos cuidadores. O certo era sair da casa quando completasse 18 anos, daí iria ser colocada em um internato, mas já não agüentava sofrer tanto, fugiu e voltou para as ruas de Nova York. Porém emagreceu muito quando foi para rua, vivia se escondendo dos homens. Até que eu e Harry aparecemos e levamo-la para nosso barraco, ela estava desmaiada de fome.
Depois de ter contado sua história perguntou:
_ E vocês o que fazem aqui?
Contamos nossa história e ela ficou espantada, depois já era tarde e convidei-la para morar com agente, ela aceitou, viramos belos amigos, nós três, o trio de rejeitados, os "Filhos da Rejeição".
Os tempos passaram, e nós três tínhamos a mesma idade, 18 anos, e a cada dia que se passava um sentimento crescia dentro de mim, eu estava amando Sofie.
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