End of Beggining

Montreal, Canadá, 4 de junho de 2018.

Marcela Senna

Eu e Kaká desembarcamos em Montreal depois de longas horas de voo de Nice para cá. Logo chegamos a nosso hotel e trocamos beijos por um longo tempo.

-Estou com saudades de você.- ele sussurrou em meu ouvido e eu parei de beija-lo.

-Eu.- ele me cortou.- eu sei que você ainda não quer, então me deixe ao menos te beijar.- ele falou e continuamos aos beijos. Mas eu sabia que tava na hora de eu fazer algo.

Sim, foi um trauma tudo o que aconteceu por mais que eu não tenha sentido nada, mas as marcas e o peso de saber que meu ventre já gerou um filho do meu marido e eu perdi antes mesmo de eu mesma descobrir foi horrível.

Eu confio no meu marido mais que tudo, e eu sei do fundo de minha alma que ele vai me esperar.

Mas eu não quero fazer ele esperar.

Ele segurava forte a minha cintura e apoiava a sua mão perto de minha bunda e não largava-a de jeito nenhum enquanto me beijava calorosamente. Eu segurava sua cabeça e acariciava seus cabelos. Fomos interrompidos com a porta.

-Aí que saco.- Ele disse e eu sai de seu colo indo atender a porta e ajeitando meus cabelos que deviam estar todos desgrenhados.

-Júlia?.- falei surpresa e sua cara não era nada boa.
-A equipa quer conversar com você.
-Agora?.
-Agora.

-Que hora você chegou?.
-Isso não importa agora Marcela, Anda logo.- ela disse gritando e eu fui me vestir.

-O que que se passa?.- um Kaká cheio de marcas de batom e sem camisa diz sentado na cama ao me ver passar correndo em direção ao guarda roupas.

-Longa história, a equipa quer falar comigo.

Ele se levantou e veio até minha direção me dando um beijo na testa.

-Vai dar tudo certo, mas você fica me devendo essa.- ele disse me olhando com os olhos semi fechados.

-Marcela Senna. Quer ser demitida antes de pedir demissão?.- Júlia disse já impaciente olhando da porta.

-Tu és muito impaciente.- olhei para a loira brava.- chau amor.- gritei para Kaká e Júlia me puxou para o elevador.

-Ron Dennis não gostou nada da sua decisão.
-Quem tem que gostar sou eu
-Pois, mas ele acha que você vai ficar na equipa até morrer.- Júlia disse rindo e eu acompanhei sua risada.

-Kaká quer filhos, família, uma casa. Ele também vai se aposentar esse ano. Eu preciso do Penta e depois posso morrer em paz.- eu disse a loira que concordou rindo.

-o que?. Tou a falar sério.

-Você tá certa, enfrenta ele, consiga o penta e vai ser feliz com seu marido garota.- ela me disse pegando em minha mão e o elevador abriu.

-Você trouxe as chaves do seu carro né?.- Júlia perguntou.

-é claro que eu trouxe, você sempre faz essa pergunta.- disse a loira que sorriu vitoriosa e fomos até o meu carro.

Era um McLaren 720S prata muito lindo.

Dirigi até o local onde Júlia havia posto no GPS e poucos minutos depois chegamos. Estava toda a equipa a meu aguardo junto com Alonso que fingia não saber do que se tratava e uma cabeleira castanha chamou a minha atenção.

-Bruno?.- eu falei assustada e ele se virou.
-Marcela, você ficou maluca de se aposentar?. Já?.- Bruno falou me abraçando e eu estava estática com a presença do mesmo ali.

Por que se ele está aqui.

-Vivianne quantas saudades.- Amanda McLaren falou.

É claro que ela também está.

-Marcela meu amor.- minha tia veio me abraçar e eu não retribui de tanto choque.

-Tia?. O que faz aqui?.

-vim ver uma corrida sua, estávamos no hotel e Ron Dennis falou que a equipa toda estava a vir pois você tinha um anúncio a fazer e eu e Bruno viemos.

Bom, pelo menos parece que ela não sabe.

-Bruno chega aqui.- minha tia falou e meu primo veio com uma cara nem um pouco agradável.

-Que cara é esta Bruno.- Pergunta pra Marcela.

-Família Senna, sentem-se por favor.- Ron Dennis falou e todos nós olhamos ao mesmo tempo ao chefe da equipa.

Eu me sentei nas cadeiras no meio. Onde eu via o rosto de todos.

-Bom, convoquei esta reunião por que nossa piloto principal tem um anúncio a dar.- Ron falou e todos olharam para mim.

– Eu irei me aposentar.

Ouvir tais palavras saindo de minha boca doeu, mas as mesmas me fizeram sentir um alívio quanto aquela pressão que eu sentia no peito quando as escondia deles.

Escutei pessoas chocadas e colocando a mão na boca devido ao choque. E minha tia vivianne era amparada por Bruno.

-Enquanto eu estava nos Estados Unidos na véspera do jogo do Kaká invadiram a minha casa e.- eu fiz uma pausa.- eu fui agredida e estuprada.

Ninguém naquela mesa parecia saber já que todos ficaram surpresos e minha tia deu um grito e quase desmaiou.

-Por causa das coisas recentes e tal, peço para que não comentem nada sobre o que aconteceu – Gesticulei, segurando as lágrimas. – Esse GP é importante para que eu consiga recuperar alguns pontos importantes, e o que menos precisamos como equipe é esse tipo de coisa.

Todos da mesa concordaram mas o chefe não gostou, ele me olhava com cara de tédio e ao mesmo tempo tristeza.

éramos uma só equipe, um só time. Eramos unidos. Mas agora duvido que eles irão ligar tanto para mim.

-Eu não consigo.- minha tia Vivianne saiu da mesa aos prantos e Bruno foi atrás dela e logo depois eu me levantei ignorando todos os olhares ainda em mim. Eu sabia o porque dela estar chorando.

-Marcela, por que não me disse nada. Por que o Kaká não nos disse nada.- Bruno falou enquanto minha tia estava sentada num banco do lado de fora do restaurante.

-Eu fiz ele não falar para ninguém.- minha tia me cortou.- esse não foi o combinado quando deixamos você namorar com ele.

Eu ri irónica perante a fala de minha tia e a mesma me olhou séria.

Minhas tias e meus avós foram muito rígidos comigo desde a morte de papai.

Eu não tinha muitas amigas ou muito menos dormia na casa delas, era proibido.

Não tinha redes sociais e não podia muito menos sair sozinha. Sair com amigos da escola era pior ainda, nunca fiz isso.

Era completamente proibida de ficar de casinho com  qualquer rapaz que não estivesse na elite ou na altura da família Senna.

Kaká sempre foi de família rica, um menino educado e bonito o que fez minha família logo aprova-lo como meu primeiro namorado.

Eles imporam regras no meu relacionamento com ele o que eles acham que devemos seguir até hoje. Pelo menos é o que está a parecer.

-Ele tem a obrigação de contar-nos Marcela, olha o que aconteceu contigo.- foi a vez de Bruno falar algo.

-Ele não tem obrigação nenhuma com vocês, ele é casado comigo. E se ele não contou foi por opção minha e eu pedi-o para não dizer nada.- eu disse já começando a ficar alterada.

-Por favor, Marcela olha para a situação e deixa de ser cabeça dura, só queremos o seu bem e descobrimos numa mesa de restaurante que você foi abusada.- Bruno disse alto e logo passou uma mulher olhando-nos de olhos arregalados.

-Olha, eu não quero discutir isso com vocês, eu fui abusada, agredida,roubada e vocês não se preocuparam até agora em perguntar se eu estou bem.

As palavras saíram rasgando de minha boca e os dois recuaram relaxando suas feições.

-Eu não posso mais com isso.- dei as costas e sai do canto que estávamos.

-A, e eu estava grávida. Não é uma maravilha o que estou a passar.- falei com ironia e pude ver minha tia a chorar mais.

Eu não me preocupei em ir a seu encontro e dizer que estava tudo bem.

Porque não estava tudo bem.

Eu sai do restaurante antes mesmo de comer e fui andando pelas ruas de Montreal até encontrar meu carro e ir em direção ao hotel. Mas antes recebi uma ligação de Alonso.

-Olá Chica. Sinto muito por tudo o que aconteceu e.- Cortei Alonso.- Não sintas muito, mas deixe-eu adivinhar o motivo de sua ligação. Minha tia?.

-Sim. Ela está preocupada com você e implorando para mim e Ron que não deixe você se aposentar.

-Pena, já está tudo decidido.

-Ela é assim desde quando?.

-Sempre

-Não te preocupes com ela, faça o que seu coração mandar.

-E irei, já estamos a nos planejar para o Baby Senna.

-Que beleza, já terei sobrinhos.

Ri da fala de Alonso e logo ele falou.

-Minha comida chegou chica, nos vemos amanhã.

E desligou.

Eu coloquei Chove Chuva no rádio que era cantada por Jorge Ben Jor enquanto via pingos de chuva repentinos caindo do céu.

Cheguei no hotel e estacionei o meu carro na garagem privada. Apanhei o elevador e ao abrir a porta encontro um Kaká dormindo exatamente com a mesma roupa e mesmas marcas de batom de mais cedo.

Eu o gravava quando o mesmo acordou.

-Até parece uma miragem.- ele disse esfregando os olhos e eu sentei em seu colo dando-lhe um beijo.

Contei tudo o que se passou ao mesmo que ficou boquiaberto.

-Sua tia é estranha.
-Eu sei.- disse rindo e ele encarava meu rosto fixamente e depois juntou nossos lábios num beijo.

Ele estava carente este fim de semana.

-Vou ganhar a corrida domingo
-Eu sei e eu vou estar lá para te ver.- ele disse acariciando meus cabelos.

-Talvez você também saia ganhando.-eu disse e vi seus olhos brilharem.- sério mesmo?.

-Talvez, se você me obedecer.
-Eu sou tipo aquela música.
-Qual?

-"Vem aqui que agora eu 'to mandando
Vem meu cachorrinho, a sua dona 'tá chamando"

Eu ri dele dando um tapa em seu braço

-Bobo.- ri e deitei em seu peito e ficamos conversando até...

Eu amo passar os meus dias com ele.

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Peço desculpa pelo capítulo curto, mas se preparem para o próximo que vai ser cheio de emoções🫣

Não esqueçam de curtir, comentar e me seguir para ficarem por dentro de anúncios que posto no mural e receberem lembretes que quando eu postar.

Queria agradecer a minha amiga Mariaesrs  por ajudar-me neste capítulo, os créditos vão a ela.

Amo vocês até a próxima❤️

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