Aquarela

Monte-Carlo, Mónaco, 31 de maio de 2018

Kaká

Chegamos em Monte-Carlo no dia anterior quase de madrugada, Marcela dormia em meus braços calmamente e eu só pensava no tanto que ela deve ter sofrido.

Ela ainda está assustada e com medo de fazer algumas coisas, mas ela estava melhorando em comparação a um dia depois do que aconteceu. E faltam apenas uma semana para o Grande Prémio do Canadá. Eu sinceramente não sei como ela irá fazer, mas independente da situação tenho certeza que ela tomará a melhor decisão.

Fui interrompido dos meus pensamentos quando escutei o telefone da mesma tocar.

O nome de Júlia acessora de Marcela brilhou na tela e não hesitei em atender. Me levantei da cama com calma e fui até a sacada.

-Eu já soube o que se passou, eu não tenho palavras para lamentar o que se passou meu amor.- Júlia falou e deu para escutar que ela tava a descer do avião.- cheguei em Nice agora. Daqui uma hora chego em Monte-Carlo.

Quando tudo aconteceu não contamos a ninguém, Júlia descobriu provavelmente pelo meu acessor já que tirei uma folga do futebol para cuidar dela.

-Olá Júlia.- eu disse um pouco cabisbaixo.- Olá Kaká, como ela tá?.- A mulher falou.

-Ela ainda tá triste, quase não fala, não sei se ela tá em condições para ir pro Grande Prémio semana que vem.- eu disse passando a mão em minha testa.

-É exatamente pra isso que preciso ver ela. A McLaren também já sabe o que se passou e quer saber se ela vai poder comparecer ou não. Toda a equipa tá a cuidar para que isso não vaze para a mídia.- Júlia falou e logo senti Marcela atrás de mim. Seu cheiro era inconfundível.

-Com quem você tá falando?.- ela disse e eu me virei estendendo o telefone e mostrando o nome de Júlia na tela.

Ela pegou o telefone de minha mão e falou com a mulher.

-Tou.- ela disse e caminhou até o meu lado.

-Meu amor, eu já soube o que se passou e eu sinto muito. Não tenho palavras para descrever o quanto estou mal.

-Não se sinta mal.

-Estou a chegar em Monte-Carlo daqui uma hora mais ou menos. Precisamos conversar sobre uma coisa.

-Está bem. Te esperarei.

E desligou.

Ela desligou o telefone e começou a chorar de novo.

-Meu bem.- eu a abracei forte de lado enquanto ela limpava as lágrimas.

-Eu me sinto bem mas cada vez que tocam nesse assunto eu não consigo me controlar.- ela disse chorando e a abracei forte.

-Ninguém vai saber o que aconteceu e se descobrirem você vai passar por cima de tudo isso por que eu sei que você é forte e se depender de mim nunca irão saber. Nunca meu amor.- eu disse e a beijei que concordou.

-Vamos tomar café da manhã em algum lugar?, acho que não tem nada.-disse rindo e ela soltou uma risada fraca.- pode ser, vamos a padaria do Pierre, ele faz coisas incríveis logo de manhã.

-Vamos, vou me trocar.- disse e vi minha esposa caminhar até o seu guarda roupa que era uma espécie de closet com grandes portas espelhadas.

Fazia calor em Monte-Carlo então optei por roupas leves e um par de ténis Nike.

-Meu amor, está pronta?.- quando abri as portas com cuidado ela estava exatamente igual, imóvel olhando para o nada.

-Amor?.- eu disse e ela se virou.
-Eu não sei o que vestir.
-Você tem tantas roupas giras, quer que eu ajude a escolher?

-tenho medo de por algo curto, eu não quero chamar atenção talvez.- ela disse cabisbaixa e eu fui em direção aos vestidos.

-Esse aqui lembra o que você estava no dia que a gente saiu pela primeira vez. É giro, olha veste.- eu disse e vi uma dúvida surgir por seus olhos mas ela concordou e foi vestir.

Era um vestido preto e longo, havia uma fenda média na perna.

Ela voltou com os cabelos mais arrumados e com um pouco de maquiagem talvez. Mas estava linda, muito linda.

Você está maravilhosa.- para nem é pra tanto.- disse ela com vergonha e eu beijei sua cabeça.

-Escolha os seus sapatos.- ela assentiu e foi até a parte inferior de seu guarda-roupas escolhendo sandálias rasteiras pretas com rendas que combinavam perfeitamente com o seu vestido.

Eu olhava para ela como se estivesse vendo a obra de arte mais linda do mundo, e de fato ela era. Ela ajeitava seus cabelos que estavam ondulados é um bocado rebeldes como sempre foram e eu a olhava admirado e com um semi sorriso no rosto.

-Tô ficando com vergonha.- ela disse rindo enquanto fechava os seus olhos. Que mulher.

-Obras de arte são para se admirar.- ela disse e depois de tanto tempo conseguir me tocar ela me abraçou fraco e eu tomei um susto, mas logo me recompus e envolvi a mesma em meus braços a segurando pela cintura.

-Eu te amo.- ela me disse e eu beijei sua cabeça.
-Eu também.

Descemos as escadas de nossa casa de mãos dadas e quando estávamos a sair Júlia ligou.

-Tou.- Marcela disse ao atenderia a loira que estava para chegar.

-Está bem, estamos indo para a padaria de Pierre encontre-nos lá. Certo beijinhos.

-Júlia chegou em Monte-Carlo.Vai encontrar-nos na padaria. Vamos?.- ela falou e eu concordei.

Fomos andando já que é bem perto de nossa casa e estava um dia lindo e quente em Monte-Carlo. Andávamos de mãos dadas até chegarmos no local que desejávamos mais.

-Mon chérie.-Pierre falou e logo veio abraçar Marcela que se assustou e não retribuiu mas o Francês nem percebeu.-Tu m'as manqué, après le grand prix de Monaco tu es parti. Ce monstre vous a-t-il encore cherché ?.- Pierre falou e logo percebeu que eu estava ao seu lado e falou em português.- oh peço desculpa rapaz, Tás bem?.- ele estendeu a mão para mim.

-Olá Pierre, fui para LosAngeles depois do Grande Prémio voltei ontem. E não eu não encontrei mais a minha mãe mas nos nós resolvemos .- ela disse sorrindo fraco.- viemos tomar o café da manhã estamos morrendo de fome.- Marcela falou rapidamente mudando de assunto antes que o senhor falasse da mãe.

-C'est pour l'instant. O que querem?.- o senhor falou tirando um pequeno bloco e uma caneta de seu bolso.

-Nos surpreenda.
-Peut laisser.

-O que ele disse?.- eu perguntei a mulher que estava sentada em minha frente encarando seus dedos.

-Pode deixar, ele vai trazer o melhor. Pierre tem um ótimo gosto.- ela completou e sorriu fraco e logo Júlia mandou mensagem a dizer que estava chegando.

-ela vai vir me perguntar se eu vou pro grande prémio do Canadá certo?.- eu franzi as sobrancelhas e ela fez uma cara de convencida pra mim.- eu não sou burra. Você acha que eu devo ir?.- ela perguntou e eu segurei suas mãos.

-Independente de sua decisão eu vou te apoiar, mas se você se sentir bem você tem que ir e recuperar os pontos da última corrida. E também já preparar a McLaren para a sua saída esse ano.- eu disse e toquei seu rosto de leve admirando cada traço dessa mulher.

Eu não canso de dizer o quanto eu sou apaixonado por ela.

-Eu realmente espero que nossos filhos herdem seus olhos.- por que?.- são os mais lindos eu já vi.

-Isso foi uma cantada?.- ela disse rindo fraco e eu a olhei inacreditado porém também rindo.

-não posso elogiar minha esposa?.
-ficou muito clichê.-ela riu e fiz meu bico de sempre.

-Se nossos filhos herdarem seu bico e sua marra eu tô no céu.- ela pousou as mãos em meu rosto e eu as peguei beijando as mesmas.

e logo fomos interrompidos por Júlia que já chegou reclamando. Uma típica Carioca loira que tem o temperamento pior que o de aqueles cães pinscher.

-O trânsito estava horrível, o que tá a se passar em Monte-Carlo. Que inferno!.

-Bom dia senhorita, como foi a viagem?.- eu disse a loira que bufou se sentando em uma das cadeiras da padaria.

-incrível de Guarulhos para Nice, horrível de Nice pra cá.- ela falou bufando e revirando os olhos.

-Você tá bem?, como se sente?.- Júlia encarou Marcela e pegou suas mãos.

-Me sinto bem, mas ainda com um pouco de medo de fazer algumas coisa. Mas com o tempo tudo irá se ajeitar.- minha esposa disse sorrindo e Júlia também deu um sorriso sincero.

-Excusez-moi. Aqui estão os pedidos.- Pierre chegou com uma bandeja com várias coisas e distribuiu pela mesa.- Un de plus?. Precisaremos de mais comida.- Pierre disse e Júlia logo negou.

-Ne vous inquiétez pas. Eu comi enquanto vinha para cá, Merci beaucoup.- Júlia disse respondendo ao francês que concordou.- Se precisarem de algo digam.- ele disse e saiu.

Pierre nos trouxe duas fatias de um bolo confeitado de maracujá muito bom, dois copos de sumo de laranja, dois croissants mistos e algumas frutas picadas. Um típico café da manhã monegasco.

-Quanta coisa.- disse e as mulheres concordaram.- não sei se iremos comer tudo isso.- Marcela falou aos risos e pegou seu copo de sumo o provando e fazendo uma cara de aprovação.

-Isso é incrível, não é possível que haja apenas laranjas aqui.- ela disse e todos rimos.

-Enquanto vocês comem vou deixando os assuntos na mesa e você decidem.- Júlia disse e nós concordamos.

-Primeiro assunto. Sua aposentadoria, vai ser esse ano mesmo?. Mesmo se não conseguir o campeonato?.-Júlia perguntou a Marcela que respondeu de imediato.

-Não conseguir o campeonato não é uma alternativa.

-Eu sei mas.- Marcela a interrompeu novamente.- Júlia, meu título garantido e aposentadoria esse ano, já converse com a McLaren por favor.

-Certo, e a outra coisa é que preciso confirmar a sua presença no Grande Prémio do Canadá de semana que vem até segunda-feira de manhã.- Júlia falou e Marcela colocou as mãos na testa pensando.

Ela ficou um tempo assim e então falou

-Tá eu vou.- Marcela disse depois de um tempo em silêncio.

-Você tem certeza?.- Júlia perguntou
-Sim.

...

-Você vai se sair muito bem meu amor, vou estar torcendo por você.- eu disse a ela enquanto caminhávamos pelo Porto de Monte-Carlo.

-Acha que eu tomei a decisão certa?.- Ela me perguntou enquanto andávamos de mãos dadas.

Júlia havia voltado para Nice e eu e minha esposa viemos caminhar antes de ir almoçar em algum lugar.

-A decisão que você tomasse eu iria te apoiar, eu vou estar lá.- eu disse e ela me olhou surpresa.

-Você não tem jogo?.- ela me perguntou.- a diretoria soube o que se passou com você e me deram folga para cuidar da minha mulher.- eu a beijei e ela ficou incomodada.

-Meu amor, eles tinham que saber o que se passou, não se preocupa é só a diretoria.- eu sei mas é que é confuso e desconfortável e.- a interrompi.

-Você lembra o que você me falou na final da Champions quando eu jogava pelo Milan?.- eu a perguntei e vi seus olhos verdes me olhando confusos.

-não lembro mas ainda não entendi o que tem a ver com nossa conversa.- ela me olhou com ironia e eu revirei os olhos e ri de lado.

-Dentro de você existe uma força.
Que te empurra pra frente.
Te joga para o alto.
E abre um horizonte que é só seu.
Essa força que alguns chama de sonho.
Eu chamo de verdade.
Busque sua verdade. Busque seu campeonato Marcela Senna.

-Vou trazer o penta pra casa. Só espera. Você vai escutar o:

"MARCELA SENNA É PENTACAMPEÃ MUNDIAL DE FÓRMULA 1 SENHORAS E SENHORES."

E depois disso seremos só eu você e os nossos miúdos Ricardo.- ela me disse me beijando.- mal posso esperar.- disse a ela e dei um selinho na mesma que retribuiu e me abraçou.

-Seu apoio é incrível.
-Eu vou te apoiar para sempre.
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O que acharam?

Não esqueçam de curtir, comentar e me seguir para ficarem por dentro de novos anúncios e histórias futuras💗

Também queria agradecer aos 6k em filha do campeão. Vocês são tudo pra mim.

amo vocês até a próxima❤️

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