Adore you
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Estoril,Cascais,Portugal, 19 de junho de 2018.
Era dia de treino livre e cá estava eu colocando uma roupa confortável, mas antes, olhava para a minha barriga de duas semanas que era quase imperceptível.
Colocava a mão e alisava pensando no que poderia ser.
Menino?
Menina?
Mas o que ainda assustava-me era como Kaká reagiria. Eu sei que ele quer um bebé mas sei que ele se preocupa em eu pilotar grávida.
Eu também me preocupo já que faltam seis meses para a temporada acabar e eu não posso de jeito nenhum parar.
Marquei as respetivas consultas no hospital do palácio em Mónaco. Tudo estava a correr bem e eu estava a amarrar meus sapatos quando Kaká ligou.
-Aí meu Deus.- dei uma tosse para limpar a garganta e atendi sua ligação.
-Amor?.- ele disse num tom divertido.
-Oi querido, estás bem?.- falei um pouco nervosa mas tentei me recompor já que eu sabia que ele conhecia cada suspiro meu e sabia quando algo não estava bem.
-Você tá bem?.- foi sua primeira pergunta mas com um tom mais sério e provavelmente ele já havia percebido que eu estava um bocado estranha.- Estou bem, e você?. Apenas morrendo de saudades tuas.- disse esticando a conversa e tentando deixar mais natural possível.
-Estou bem também, só que obviamente com muitas saudades tuas.- ele fez uma pausa.- tive um sonho estranho porém muito bom.- me conta.
-Sonhei que tu estavas grávida e tínhamos dois lindos bebêzinhos. Legal né?.- ele disse animado e eu arregalei meus olhos e dei um respiro profundo.
Sonhos podem ser previsões, mas nesse caso poderiam não ser.
Não ligo de ele sonhar que estou grávida mas não imagino sendo mãe de dois bebés.
-Nossa amor, dois bebés.- disse tentando disfarçar.
-Eu não ligaria de termos dois bebés.
-Kaká não exageres, que eu saiba na minha família não temos gémeos.
-Meus primos de parte de pai são gémeos. É uma possibilidade.
E foi quando senti tudo ficando turvo e minha pressão caiu. Minha única reação foi correr ao banheiro e vomitar ainda mais.
Eu joguei o celular e fui ao banheiro aonde tinha vomitado tudo o que havia comido na noite anterior.
Merda, essa gravidez está acabando comigo.
-Amor?, amor?. Está tudo bem.- Kaká gritava do outro lado do telefone desesperado já que sumi sem dar explicações.
Tentei me recompor então peguei o celular.
-Olha, estou me sentindo um pouco mal. Está muito calor aqui.
Mentira
-Mas te ligo depois meu bem.
-Tome os remédios de enjoo, coma bem e se hidrate. Eu chego em Estoril amanhã à noite . Qualquer coisa me ligue por favor.- Ri com sua preocupação.
-Claro querido. Eu te amo
-Eu também.- e desligou
Tomei um dos remédios fortes de enjoo e sai à procura de Júlia, afinal ela não sabia de minha gravidez.
Queria fazer algo fofo a ela mas com estes meus enjoos repentinos preciso avisa-la. Ela estava comendo com Daniel Ricciardo enquanto sorria demasiado. Estranhei a loira que estava com muitos sorrisos para quem disse que não flertava com atletas.
Fiz um sinal para a loira vir em minha direção e ela veio enquanto pedia licença para o australiano tocando seu ombro.
-Estava flertando demais com o Ricciardo.
-Não enche o saco Marcela, fala o que você quer.
-Aí sua grossa. Tenho uma novidade para te contar, mas depois dessa até desisti.- disse virando as costas para a loira que me olhava furiosa.
-Aii, me desculpa. Conta vai, você sabe que eu odeio surpresas.
-Eu estou grávida.
Pela primeira vez em quase 20 anos que conheço Júlia vi a mulher ficar sem palavras e completamente paralisada perante a notícia que havia acabado de dar.
Ela pigarreou várias vezes buscando palavras mas não saiam.
-Marcela, pilotos de fórmula 1 não podem pilotar grávidas.
-Então eu acho que vou ser a primeira.- falei dando de ombros.
-Se a FIA descobrir você pode até perder a sua licença. É por segurança.
-e o que a FIA sabe sobre segurança?. Eles mataram o Jules.
Jules Bianchi. Quantas saudades.
-Marcela, é completamente diferente para de ser teimosa.
-O que você quer que eu faça?. Eu também não esperava ter um filho agora, ninguém sabe a não ser você.
-Esconda o máximo que puder. Mas eu estou feliz por você. De verdade, só preocupada com meu sobrinho ou sobrinha. E com a mamãe é claro.
-Tem que se preocupar é com o pai, tenho certeza que quando ele descobrir vai ter um ataque do coração.- disse e a loira riu.-Podemos mandar fazer um macacão escrito algo a dizer que você está grávida. Mete numa caixa junto com o teste e entrega pro Kaká quando ele chegar.
-Eu comprei uma roupinha do Milan. Que foi o time que o Kaká jogou quando começamos a namorar e coloquei o teste e uns doces que ele gosta. Vou entregar sábado à noite quando ele chegar.- disse animada e ela me abraçou.
-Não vejo a hora de te ver com um barrigão.- nos rimos e fomos para o autódromo do Estoril.
Era um pista que eu amava, e tinha muito carinho do povo português então sempre tentei me sair bem, tanto que é uma pista aonde tenho 5 vitórias.
Mas esse final de semana meu carro parecia outro, estava horrível. O volante duro e vibrando, a suspensão travada fazia com que meu carro perdesse a estabilidade nas curvas e houvesse vazamento.
Não consegui ficar entre os 10 primeiros durante todas as sessões dos treinos livres e voltei para casa frustrada na sexta aonde dormi instantaneamente. E havia recebido uma mensagem de Kaká de madrugada aonde o mesmo dizia que estava a embarcar para Portugal.
no sábado a tarde depois de ficar em p15 no último treino livre senti fortes enjoos. Não contava com isso já que havia tomado remédios fortes depois do café da manhã. Não posso vomitar aqui, vão especular que estou grávida.
Me tranquei no banheiro e vomitei tudo, tudo mesmo. O remédio não havia dado efeito e estava perto da classificação.
-Aí merda.- vi no relógio e faltavam uma hora e meia para a classificação. Eu precisava ir para a banheira de gelo e depois para os treinos de concentração.
Fui com Alonso para a banheira de gelo aonde fez com que meus enjoos parassem supreendentemente.
Sai e fui pôr o meu macacão e então senti o enjoo a voltar e tomei o remédio mais forte que tinha. Agora era rezar para não sentir na hora que eu estiver no cockpit.
E como eu esperava nem deu tempo de me preocupar se iria passar mal ou não. A notícia do meu p17 veio rapidamente depois de fazer voltas horríveis com esse carro horrível.
Sai furiosa e não hesitei em demonstrar que não estava bem. Fui caminhada para a entrevista e fui aconselhada por Júlia sobre o que responder.
-Eu falo o que eu quero.
Saiu rapidamente e então respondi a pergunta da Jornalista.
-Esta sendo um final de semana difícil e realmente temos que analisar o problema de hoje porque não sei exatamente o que estava acontecendo. Mas não podemos ter finais de semanas bons sempre não é mesmo?.- disse a jornalista que concordou com a cabeça e logo sai dali.
Tudo parecia estar sendo jogado em cima de mim, a pressão era enorme, eu me sentia cada vez mais enjoada e com vontade de chorar. Malditos hormónios da gravidez.
Eu não tenho um final de semana ruim a muito tempo, o que está a se passar?
Cheguei em casa e tentei recuperar-me do dia estressante que tive. Afinal Kaká está para chegar.
Arrumei a caixinha e decidi que iria fingir surpresa e dizer que havia chegado para ele.
Já se passavam das oito da noite quando escutei batidas a porta e já sabia exatamente quem era.
Estremeci por um momento já que estava a cochilar mas ao lembrar que meu marido tinha chegado fez com que uma onda de energia me consumisse fazendo eu me levantar rapidamente para a porta. E quando a abri revelou o amor da minha vida sorrindo como se estivesse me vendo pela primeira vez.
– Oi, Cella – Kaká disse me dando uma abraço apertando e me levantando do chão. Beijei todo o seu rosto ainda em seu colo e ele me colocou no chão.– Tudo bem?.- ele perguntou.
Dei de ombros.
– Bem, mais ou menos.
– Está sendo um final de semana um tanto decepcionante, eu entendo.
Ele me deu um beijo na testa e me abraçou.
– Amanhã é um outro dia – Falei, me afundando em seus braços. – Tenho outra chance na próxima corrida.- fiz uma pausa -Estava com saudades.
- Eu também estava.
Kaká passou a mão por meus cabelos em silêncio, de jeito delicado.
– Vai dar tudo certo, relaxa.
Depois de um tempo, quando nos soltamos, me lembrei da surpresa que tanto ansiava para que ele visse.
– Olhe – Apontei para a mesa, sutilmente. –, chegou algo para você.
Ele me fitou, perplexo, e foi na direção da caixinha.
– Mas quem poderia...?
– Eu não sei – Fingi. – Deve ter alguma coisa que indique por dentro, já que não tem nada à primeira vista.
Ele se levantou e pegou a caixa em suas mãos
Ele a abriu ainda de costas para mim e se topou com a cartinha a primeira vista.
– Uma folha dobrada... ah...
Ele olhou para a roupinha que comprei para o bebê e um teste ao lado e logo abriu a carta, mostrando um pouco de desespero em seus gestos.
– Parabéns, você vai ser... ser...
O abracei por trás, bem forte.
– Sim, Ricardo.
Ele se virou e olhou em meus olhos.
– Meu Deus, Cella! – Exclamou, seus olhos lacrimejando. – Eu vou ser pai?.
- Sim meu amor, o nosso bebé finalmente veio.- eu disse e ele começou a chorar e me abraçou forte. Num gesto rápido me pegou no colo e me colocou no sofá que havia na pequena sala do quarto de hotel.
Ele levantou delicadamente minha blusa e tocou minha barriga.
-Eu não consigo nem acreditar.
-Não podemos revelar nada agora por conta da FIA. Eu vou resolver tudo para revelarmos pelo menos até descobrirmos o sexo.
-Eu quero revelar o sexo num estádio de futebol, no Morumbi talvez.- ele disse rindo e olhei para o mesmo inacreditada do que havia acabado de escutar.
-Aí Ricardo você ficou maluco.
-Tudo bem tenho muito tempo para te convencer ainda.- ele falou dando um beijo em minha testa e dormimos juntos com ele com a mão em minha barriga.
No outro dia de manhã acordei cedo para ir ao autódromo. Não estava nem um bocado animada para a corrida.
Fiz todos os meus rituais pré corrida e fui para o cockpit enquanto tentava relaxar a cabeça para mais uma corrida em Portugal.
O carro parecia não ter muitas melhorias já que ele parou logo na volta de apresentação.
-Kevin mais que porra é essa?.- disse furiosa quando vi que meu carro estava perdendo a potência e saindo fumaça.
-Saia do carro o motor fundiu e esta a pegar fogo. Saia do carro Marcela.
Eu sai do carro batendo os pés que fui até o canto da arquibancada já que era la que meu carro estava parado.
Eu estava de braços cruzados e de capacete pois chorava. O que estava acontecendo este final de semana?
Mais um DNF. E nem era isso que me preocupava, o que me preocupava era quem estava na pole.
-Lewis Hamilton vence o grande prémio de Portugal e empata com Marcela Senna no campeonato de pilotos.
Tudo o que está ruim pode piorar.
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Capítulo com um misto de sentimentos não é mesmo?
Agradecimentos especiais a Mariaesrs que me ajudou com a cena do Kaká e da Cella❤️
Faça um autor(a) feliz. Curta, comente e siga.
Obrigada também por todos que votaram no último. Demoramos para bater a meta mas mais um capítulo está aí.
Beijinhos, até a próxima.
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