The winner takes it all
São Paulo, 9 de maio de 1989
Acordei cedo, ainda antes de todos da casa, fui ao quarto do meu pai que era do lado do meu, abri a porta com calma e o vi dormindo calmamente, não entendi o porque acordei tão cedo então aproveitei para ir ao banheiro e arrumar minha mochila pois hoje iríamos a praia em Angra dos Reis, escutei alguns passos em direção a minha porta e me virando para ver quem era vi a figura de vovó aparecendo na porta.
- marcella meu amor, por que está acordada a esta hora.- vovó perguntou e foi em direção a cama me dar um beijo na testa
-acordei do nada vovó, papai ainda está dormindo então aproveitei para arrumar uma mochila para levar a Angra.
- tudo bem vou fazer o café, vá escovar os dentes e trocar de roupa e te chamo quando estiver pronto.-assenti e vovó saiu rumo a cozinha.
Já tinha ido à casa de meu pai em Angra algumas vezes quando mais nova, lembro de brincarmos com carrinhos na grama e entrar no mar de noite com meu pai, são boas lembranças.
Não sabia bem que horas eram mas não devia ser muito tarde pois os passarinhos ainda cantavam, escutei mais passos e achei que fosse vovó vindo me chamar para tomar o café da manhã, mas era papai vindo com seu pijama amassado e cabelos bagunçados.
- bom dia meu amor.- ele disse me abraçando e beijando minhas bochechas.- faz tempo que acordou?.
- bom dia papai, não na verdade acordei quase agora, vovó está fazendo o café, estou com fome. Disse para meu pai que sorria olhando pra mim.
-vou escovar meus dentes e descemos pode ser?. Assenti e papai saiu sorrindo para mim.
Depois de um tempo ele voltou me chamando para descer, quando chegamos a cozinha vovó havia preparado uma farta mesa de café da manhã, e logo mais os Senna começaram a descer as escadas com cara de sono e seus pijamas.
Meu primo Bruno sentou ao meu lado e nos cumprimentamos com um abraço, ele me contou que havia ganhado um novo kart e que estava pronto para ganhar de mim.
- vai sonhando primo, eu ainda sou melhor que você.
- vamos ver então.- ele me olhou com os olhos cerrados e um sorriso. Meu pai percebendo a situação nos olhou e falou.
-o que acham de antes de irmos a Angra passarmos na pista de corrida aqui perto para vocês apostarem corrida?, aproveitem que eu estou livre.
Olhei rapidamente a Bruno e corremos aos nossos quartos pegando nossos macacões de corrida, luvas e tudo que precisaríamos para a corrida de kart.
Enquanto me arrumava papai entrou no quarto vestindo seu macacão branco e seu capacete nas mãos, meu macacão era vermelho e tinha detalhes brancos para representar Mónaco que foi onde nasci, meu capacete era tipo de papai mas também tinha as cores brancas e vermelhas. Ele me olhou se abaixou e me ajudou com as sapatilhas, olhando para cima falou.
- estou ansioso para te ver correr campeã. Faz o Bruno comer poeira.
Rindo eu o abracei e descemos para a sala onde Bruno já estava nos esperando, entrando no carro do meu pai Bruno insistiu de levar seu kart novo já que ele tinha dois, meu pai concordou e meu tio o colocou no porta malas, em direção a pista meu pai foi explicando algumas regras do kart e dicas de ultrapassagem e como as regras iriam ser.
Faríamos uma volta para nos acostumarmos com a pista e aquecer o motor.
Outra volta cronometrada para quem fosse melhor começaria na espécie de qualificação.
E quem fosse melhor na "qualificação" começaria na frente para a corrida que teria 15 voltas.
Meu pai completou perguntando se havíamos entendido assentimos com a cabeça e sem perceber cheganos na pista onde eram apenas umas ruas sem saída, demos início ao o que meu pai havia dito fomos eu e Bruno na primeira volta, tiramos par ou ímpar para ver quem iria para a volta cronometrada e ele ganhou, revirei os olhos e papai me olhou de canto.
Bruno deu sua primeira volta cronometrada marcando 01:25:59.097 papai aplaudiu Bruno que saiu do kart e foi beber água já que fazia muito calor em São Paulo.
Dei minha volta e marquei 01:26:00.000 saindo do carro olhei para papai esperançosa e ele falou meu tempo, foi como se toda a alegria que eu tivesse sentindo houvesse sumido, nunca tinha feito uma volta mais lenta que Bruno.
Papai percebeu minha tristeza e falou a mim
-você está lenta demais nas curvas, apenas se lembre que você deve fazer um compromisso de vencer, se colocar isso no seu coração você sentirá muitas coisas dentro de si, canalize isso e vença!.
Começar atrás de Bruno foi péssimo, ele realmente está muito bom,Bruno com seus 6 anos é treinado por Roberto Chiarella um grande treinador de kart no Granja Viana, fui treinada por Roberto por alguns anos, papai me treina agora pois ele não admite mas ficou enciumado.
Papai pegou a bandeira quadriculada em seu carro e em um movimento só a balançou dando início a nossa corrida de 15 voltas. São apenas três curvas e duas retas.
Ultrapassei Bruno na primeira volta já que o mesmo demorou no tempo de reação para apertar o acelerador, ja na volta 3 já estava com a visão embaçada pelo calor, abri minha viseira e acabei saindo da pista com Bruno me ultrapassando, papai balançou a bandeira amarela fazendo Bruno diminuir sua velocidade.
-cella esqueça o calor isto é psicólogico, você consegue.- balancei a cabeça indo lentamente a primeira reta onde teve a largada para a fazermos de novo.
Ainda estava na frente pois de acordo com papai quando sai da pista ainda estava na frente, faltam 12 voltas para o fim, na volta 5 Bruno chegou muito próximo de mim mas o bloqueei e consegui uma vantagem boa sobre ele. Quando chegou a volta 10 minha visão estava embaçada eu estava delirando e suando muito. Começei a ficar lenta as voltas estavam mais difíceis, meus braços doíam, então vi o que menos queria e esperava Bruno passando sobre mim igual um foguete, me desesperei e pisei fundo me aproximando quando vamos fazer a curva batemos um no outro arremeçando os dois carros para fora.
Papai veio correndo ver se estávamos bem, mas tirámos nossos capacetes rindo e papai gritou.
- seus malucos fiquei preocupado com vocês.- um silêncio se espaireceu.- estou brincando, foi uma ótima corrida crianças, os dois estavam rápidos e com sangue nos olhos, desçam e venham me abraçar campeões.
Fizemos o que ele disse e o abraçamos fortemente com ele levantando dos dois e nos levando para beber água já que estava muito calor. Simplesmente uma dos melhores dias da minha vida!.
"Os ricos não podem mais viver numa ilha rodeada por um mar de pobreza. Nós respiramos, todos, o mesmo ar. Devemos dar a cada um, uma chance, ao menos uma chance fundamental."
Ayrton Senna
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Me falem o que estão achando❤️
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