Vinte e três.

Camila

Fazia tempo que eu e Shawn tivemos nossa última maratona de filmes numa sexta à noite.

Usando uma camiseta duas vezes o meu número, preparo duas taças de sorvete Moose Tracks e me acomodo no sofá, entregando uma com três cerejas a Shawn.

— Bela camiseta. — Meu melhor amigo provoca abertamente, sabendo muito bem que a camiseta é da Lauren. Ela a usou por algumas horas antes de dormir na outra noite e ainda está com o cheiro dela. Não é perfume ou sabonete, mas seu delicioso cheiro natural.

— Obrigada — brinco, enfiando uma colherada de sorvete na boca. — Então, o que você trouxe para assistirmos?

Onze homens e um segredo, Clube da luta e Sr. e Sra. Smith.

— Ainda está na fase Brad Pitt, é?

— Eu não tenho uma Lauren Jauregui para me manter aquecido à noite, então, o Brad compensa.

Roubo uma cereja da taça dele e a enfio na boca antes que ele possa reclamar.

— Então, como é a Sra. Alta, Rica e Lambível?

— Ela é ridiculamente perfeita — respondo, conquistando o lindo sorriso de menininho do Shawn.

Ele está quase tão animado quanto eu com o fato de eu e Lauren termos nos aproximado. Gostaria que ele conhecesse alguém também. Alguém com quem ele desejasse passar mais de uma noite, quero dizer.

— Você acha que ela se mudaria para Nova York ou você terá que se mudar para  Washington?

— Ainda não chegamos a esse ponto.

— Eu vejo a forma como você olha para ela. A forma como ela te olha. Vocês estão nesse ponto sim. — Ele coloca uma colher cheia de sorvete na boca, em seguida, um arrepio percorre seu corpo.

— Congelou o cérebro?

Ele balança a cabeça.

— Só porque faz apenas algumas semanas não significa que você não esteja apaixonada.

— Quem disse que estou apaixonada?

Shawn me olha como se fosse dizer o que está ridiculamente estampado na minha cara.

— Como está a sua vida amorosa? — pergunto. — Ainda está saindo com o entregador?

— Quem? — Acho que não.

— Quando você vai encontrar alguém com quem de fato terá um relacionamento?

— Eu tenho vários relacionamentos — Shawn diz, como quem destaca algo muito importante.

— Você sabe o que eu quero dizer — advirto-o.

— Quando uma Lauren Jauregui entrar na minha vida. — Ele dá de ombros, como se a resposta fosse bastante simples.

— Não acho que haja duas dela — falo brincando, embora tenha quase certeza de que seja verdade.

Shawn solta a colher na taça já vazia com um ruído alto.

— Nem. Diga. Isso.

— Connor está disponível, se você estiver interessado — provoco, batendo meu ombro no dele.

— Obrigado por esperar até que eu tivesse terminado meu sorvete para dizer isso. Meu estômago dói só de pensar naquele homem.

Shawn levanta e pega a minha taça, mesmo ainda tendo sorvete nela.

— Ei, eu não terminei — reclamo.

Ele enfia as últimas colheradas na boca e diz:

— Terminou sim. — Ele dá uma piscadela e leva-as para a pia da cozinha.

Clube da Luta? — ele pergunta, pegando os DVDs.

— Você detesta lutas.

— Não desde que vi Lauren treinando com Marco outro dia. — Ele suspira. — Além do mais, Brad Pitt não fará mal algum.

Sorrio.

— Então será Clube da Luta.

Ficamos em nossos lugares de sempre no sofá: ele sentado com as pernas apoiadas na mesinha de centro e eu com a cabeça em seu colo e com o cobertor puxado até o nariz. Trailers de filmes que nós dois já vimos passam na TV.

— Então, como está a venda da metade do Ray da academia?

— Parece que está indo tudo muito bem. O banco que os investidores estão usando para o financiamento é o mesmo que o nosso, e isso nos poupa tempo em fazer as verificações necessárias. Foi o que a Lauren disse.

— O Animal ainda está se mantendo afastado?

— Não o tenho visto, embora a luta dele com a Lauren seja na quarta-feira. Me embrulha o estômago só de pensar.

Shawn suspira alto. De início, acho que é a resposta dele à minha menção sobre a iminente luta entre Connor e Lauren. Mas aí me dou conta de que o filme começou e o rosto do Brad Pitt na tela roubou a atenção do meu amigo. Os olhos de Shawn ficam grudados nos lutadores sem camisa a maior parte do filme. Eu, por outro lado, tenho dificuldades de me concentrar em um filme sobre lutas, porque me lembra o que está por vir dali a quatro dias.

***

Tomo banho e troco a camiseta por outra diferente, também retirada da pilha que Lauren deixou no meu apartamento. Shawn acabou de ir embora e olho para os filmes que ele deixou no chão perto do aparelho de DVD quando ouço alguém bater na porta. Sem olhar pelo olho mágico, abro a porta.

— Esqueceu alguma coisa?

A boca de Lauren abre um sorriso.

— Bela camiseta.

— Eu não esperava te ver tão cedo — gaguejo, pega de surpresa pela sua presença. E que presença! Vestida com um terno azul-marinho e uma gravata verde-clara que destacam a cor dos seus olhos ao ponto de quase não parecerem reais, ela parece totalmente comestível.

— Então, você abre a porta assim para qualquer um? — Com uma sobrancelha arqueada, há um tom que pode ser ciúme em sua voz.

Esquecendo-me de que não estou vestindo nenhuma calça, olho para baixo e percebo que a camisa dela mal cobre a minha calcinha.

— Achei que fosse o Shawn.

— Não sei se gosto de você abrindo a porta para o Shawn assim. — Diz em tom de brincadeira enquanto seus olhos traçam um caminho devagar de cima a baixo pelas minhas pernas antes de ela me segurar pela nuca e me beijar intensamente.

— Uau!

Sua boca se curva num sorriso pervertido.

— Você vai me convidar para entrar ou vou sentir seu gosto aqui mesmo no corredor?

Permanecemos alguns minutos do lado de dentro da porta, comigo sendo imprensada contra ela. Me afasto para respirar e sussurro:

— Essa é uma boa surpresa. Você voltou mais cedo. Achei que seria à noite.

A mão de Lauren passeia por debaixo da minha camiseta. Não coloquei sutiã depois do banho.

Ela geme ao encontrar minha pele nua.

— Não havia razão para ficar. — Ela puxa a camiseta, expondo meus mamilos doloridos, e pega um entre os dentes. — E todas as razões do mundo para voltar.

Meu coração incha em pensar que sou sua razão de voltar mais cedo. Pressionando seu corpo asperamente no meu, ela me coloca contra a porta apenas com o quadril, enquanto assalta minha boca em mais um beijo profundo. Rapidamente me perco nela. Um som alto na porta me traz de volta à realidade.

— Quem é? — pergunto. Minhas pernas estão bambas e balanço um pouco quando Lauren me solta.

— Sou eu — Shawn diz do outro lado da porta. Coloco a mão na fechadura e Lauren coloca a dela sobre a minha, impedindo-me.

— Vá colocar uma calça — ela diz.

— Mas é apenas o Shawn.

— Não me importo com quem seja. Vá se vestir.

Fazendo beicinho, ando batendo os pés até o quarto. Visto uma calça e volto.

— Esqueci os DVDs — Shawn diz com um sorrisinho sabichão no rosto. Ele olha para Lauren com gosto, e eu não sei se é porque está feliz por mim ou porque gosta do que vê. De qualquer maneira, me encanta ver a aprovação em seu rosto.

— Vejo vocês na quarta-feira. — Ele acena e praticamente corre porta afora.

— Quarta-feira? — Torço o nariz sem me lembrar de nada que eu tenha marcado com Shawn.

— Eu o convidei para a luta — Lauren diz casualmente, enquanto fecha e tranca a porta.

Uma sensação nauseante de medo toma conta de mim. Eu tinha conseguido esquecer a luta durante algumas horas hoje de manhã. A ideia de ver Lauren ser golpeada por Connor no ringue me enoja. Não é que eu não confie que ele possa ganhar, mas a luta é basicamente minha culpa e sei que vou me sentir culpada a cada golpe.

Na tentativa de tirar esse pensamento da cabeça, mudo de assunto.

— Como foi a festa?

— Uma piada — Lauren resmunga, passando os dedos pelos meus cabelos.

— Sinto muito — ofereço, sem saber mais o que dizer.

— Eu também. Ele não foi capaz de deixá-la ter uma noite só dela sem transformá-lo tudo num evento de relações públicas para ele.

Entrelaço meus dedos nos dela, levanto sua mão e beijo carinhosamente cada um dos dedos. Ela pega minha outra mão, solta os nossos dedos e a coloca em seu peito. A intimidade parece acalmá-la, e um sorriso pequeno, porém verdadeiro, começa a surgir em seu rosto.

— Senti sua falta — solto, dizendo a verdade, muito embora admiti-la me deixe nervosa.

— Também senti sua falta. — Ela ri e me agarra pela cintura, puxando-me para mais perto. — Eu realmente gosto de você usando minhas camisetas — diz numa voz gutural quando pega a bainha e a tira sobre minha cabeça.

— Achei que você tinha dito que gostava de mim usando-a — provoco.

— E gosto. — Ela abaixa a cabeça e enterra o rosto no meu pescoço, respirando profundamente. — Você pode usá-la mais tarde.

— Mais tarde? — repito despreocupadamente, sem de fato fazer uma pergunta.

— Bem mais tarde. — Ela toma a minha boca em um beijo apaixonado, e a nossa ânsia inicia rapidamente. — Preciso de você agora. — Ela geme, me levanta e carrega para o quarto.

Ao deitar-me no meio da cama, meus olhos são tomados de desejo. Ela paira sobre mim ainda completamente vestida, enquanto eu estou apenas de calcinha. Inclino-me para frente e deixo uma trilha de beijos em sua garganta, sentindo-a engolir sob meus lábios. Meu toque é gentil, mas incita uma resposta nela que é qualquer coisa menos isso. Gemendo, ela pega minha cabeça e me mantém imóvel, enquanto me beija sem piedade.

— Sua camisa. Por favor, tire a camisa. — Puxo-a desesperadamente, o que a faz soltar da

cintura, mas não consigo abrir os botões de onde estou. Preciso senti-la sem nenhuma barreira entre nós. Agora.

Abrindo os botões com agilidade, Lauren encosta seu peitoral perfeito em mim e o pressiona. Nós duas gememos com a sensação de pele com pele. Faz apenas alguns dias, mas meu corpo está faminto por ela.

— Jesus — ela murmura em uma grossa voz sexy cheia de desejo quando agarra minha bunda com uma só mão, apertando-a forte, e usa a outra para guiar minhas pernas para envolvê-la na cintura. — Eu adoro sentir você. Senti falta disso.

Meus dedos enroscam em seus cabelos enquanto ele desliza pelo meu corpo, enfiando o nariz entre meus seios.

— Eu também senti. Senti sua falta — digo sem ar, despejando significado em cada palavra.

A boca de Lauren se move para o meu mamilo, já inchado e necessitado. Ofego quando ela o chupa com força, sentindo a sensação disparar através de cada nervo do meu corpo. A intensidade do desejo dela sendo revelado me consome... consome meu corpo, meus pensamentos, meu coração. Ela se move para o outro seio e sua mão alcança o local entre minhas pernas. Arqueio em sua direção quando ela desliza para baixo, deixando uma trilha de umidade enquanto alterna entre chupar e morder.

Tocando minha carne sensível, ela ronrona com uma satisfação primitiva ao perceber quão pronta estou para ela.

— Você está tão molhada e faminta, meu anjo. — Ela brinca com a língua no meu clitóris inchado. — Adoro quando a sua bocetinha fica no ponto para mim.

Um tremor percorre meus membros quando seu vigor para me chupar aumenta. Sua língua se move consciente. Ela conhece tão bem o meu corpo, e acontece tão rápido! Minhas mãos agarramos lençóis debaixo de mim, e os seguro quando o orgasmo rapidamente toma conta de mim. Lauren rosna quando tiro as mãos do lençol e agarro seu cabelo, puxando-a mais para dentro de mim, como se isso fosse possível.

— Lauren — imploro, quando sinto as ondas tomarem conta de mim. Meus dedos agarram e puxam com força seus cabelos. Repito seu nome diversas vezes quando meu corpo começa a tremer. Ela chupa ferozmente o meu clitóris mais uma vez, levando-me ao limite. Meu corpo começa a convulsionar sozinho, e um contínuo fluxo de gemidos preenche o ar entre a gente.

Antes que eu possa voltar do abismo do êxtase, ela lambe meu corpo todo, de baixo para cima. Pairando sobre mim, ela faz uma pausa, sua respiração tão dura quanto a minha. Seus olhos vagueiam por meu rosto, meu corpo, e o momento se torna intensamente íntimo.

— Você é tão linda! — ela sussurra. Seus olhos claros estão cheios de uma mistura hipnotizante de emoções, que trazem uma onda de lágrimas de felicidade aos meus olhos. Vejo a verdade, o desejo, a necessidade e algo que eu nunca tinha visto nele antes: vulnerabilidade.

Beijando meus lábios suavemente, ela abranda o ritmo de frenético para lânguido e vagaro.

A fome ainda está em seus olhos, mas é misturada com emoções poderosas que correm entre nós.

Com olho no olho, ela entra em mim sem pressa. Sua mandíbula enrijece e o corpo estremece enquanto luta para ir devagar, enfiando o pau grosso e duro dentro de mim centímetro por centímetro. Um gemido sai dos meus lábios quando ela finalmente me preenche, cada pedacinho de mim se sentindo alargado e graciosamente completo.

Enquanto se acomoda, entrelaça os dedos nos meus e eleva minhas mãos acima da minha cabeça, prendendo-me. Seu corpo musculoso controlando o meu me faz sentir sem defesas, mas eleva minha excitação a um nível que me consome intensamente.

Ela reivindica minha boca novamente e começa a se mexer, a língua conduzindo a minha enquanto desliza para dentro e para fora bem gostoso. Cada investida é suave, porém poderosa, e meu corpo ondula, envolvendo-a cada vez mais. Enrosco as pernas em sua cintura e nos movemos juntas em uma dança sem música, mas perfeitamente no ritmo.

Ela me fala o quanto sou bonita, o quão maravilhoso é para ela me sentir, como meu corpo a aceita como se fôssemos feitos uma para a outra. Sinto-me completa e totalmente possuída por ela, por suas palavras doces, os olhos me observando, o pau dentro de mim... Fecho os olhos quando o êxtase começa a tomar conta de mim.

Ela aperta minhas mãos ainda mais forte e minhas articulações ficam brancas. Ofego quando ela aumenta o ritmo, seus quadris mudando de uma investida ritmada para algo enérgico e palpitante. Meu orgasmo me atinge com a mesma intensidade com que sua necessidade reivindica meu corpo. Gemo, arqueio o corpo e grito seu nome diversas vezes, percorrendo cada onda de prazer até que ela se junta a mim, sibilando meu nome, e sinto seu calor jorrar dentro de mim.

***

A mulher que há menos de meia hora prendeu minhas mãos firmemente na parede no banho enquanto possuía meu corpo e me comia por trás, agora me serve café e puxa a cadeira para eu me sentar quando entro na cozinha. Ela é uma contradição em todos os sentidos!

— Tenho aula hoje. Mas que tal eu fazer o jantar para a gente depois?

— Podemos ficar no hotel hoje. Jantar lá. Você não precisa cozinhar.

Sorrio.

— Eu quero. — Adoro fazer as coisas do dia a dia com ela. Parece tão normal, tão certo, tão reconfortante. Com ela é como se eu estivesse voltando para casa.

Ela me estuda por um momento.

— Tudo bem. Eu preciso trabalhar um pouco e depois tenho que treinar com o Marco das quatro às seis. Volto pra cá depois.

— Espero que você tome um banho antes — provoco.

— Depois de hoje de manhã, acho que todos os meus banhos serão aqui. — Ela abre um sorriso juvenil convencido.

Tenho a impressão de que nós duas vamos andar muito limpos de agora em diante.

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