Capítulo 3


 Bato na porta de Caroline três vezes, sendo recebida por Lis, que parece mais sossegada do que da última vez que a vi; pelo visto as coisas no Conselho da cidade estavam agitadas, mas, o que seria tão importante? É Mystic Falls, não é como se grandes coisas acontecessem por aqui.

De qualquer forma, entro apressada e encontro Caroline na cozinha toda enrolada em um cobertor, e ela por outro lado não parece nem um pouco melhor desde ontem. E eu odeio ver minhas amigas doentes, principalmente essa loira que sempre foi a rainha do drama; ela podia fazer uma gripe de nada parecer o fim do mundo, sem ao menos se esforçar pra isso. Mas hoje em especial eu estava bem possessa, ainda que ela estivesse doente.

—Droga... —Lis murmurou olhando a tela de seu celular, logo atrás de mim. —Elena, se não for te pedir muito, você pode ficar um pouco com Caroline? Acabaram de me chamar na delegacia e...

—Sem problemas, Xerife. Eu tenho que conversar com Car mesmo. —Eu tentei esconder meu tom de reprimenda na minha última frase, mas falhei miseravelmente. Lis não pareceu notar, mas eu tenho quase certeza de que vi Caroline se tensionar do meu lado.

—Obrigada Elena. Os telefones de emergência estão na porta da geladeira, e eu deixei uma pizza no forno se estiver com fome. —Disse ela, fechando a porta em seguida.

Foi quando eu me virei para Caroline. Eu queria realmente fazer uma expressão de "Que os jogos comecem", mas nunca fui uma boa atriz. Inevitavelmente ela estourou numa gargalhada com algumas tossidas, e impaciente eu joguei os papéis na mesa, em sua frente.

—Que porra é essa, Caroline?!

—Ai 'Lena, qual o problema? —Ela segurou os papéis, passando os olhos por todos eles.

—Primeiro, porque não me disse que ela era igual à mim?

—Ela quem? —Eu a fuzilei com o olhar, e ela então pareceu entender que eu falava de Katherine. —Igual? —Ela franziu o cenho. Parecia bem confusa. —Em que sentido?

—Ela é a minha cara, tipo, bem parecida mesmo. Como você não sabia disso?

—Eu nunca a vi, eu só... fiquei sabendo que ela estava aqui. Alguém deve ter me contado, ou sei lá... eu não me lembro muito bem.

—Car, sua doença não afeta sua memória, nem vem com essa pra cima de mim! —Eu revirei meus olhos. Como assim não se lembrava?

—Eu realmente não me lembro! Além do mais, qual o problema de ela se parecer com você? Até onde eu sei não é crime parecer com você.

—Você não está entendendo, ela era... —Foi quando eu notei, não importava o quanto eu tentasse explicar, ela não entenderia o quão chocada eu estava. Pareceria loucura da minha parte. —Bom, deixa para lá. Isso definitivamente não é o mais importante.

Ela se ajeitou na cadeira desconfortável, e por um momento eu senti pena da prensada que eu estava dando, mas pelo amor de Deus, ela me fez fazer perguntas absurdas!

—E o mais importante seria...?

—Basicamente metade das perguntas que você escreveu. Você tem ideia do quão de caráter pessoal elas eram, e principalmente, como soaram, Caroline? Não, você não tem a mínima ideia! Droga, Caroline! Você me fez perguntar em voz alta —Bom, a última palavra não foi exatamente dita, mas... —se alguém mais velha que eu é lésbica! Qual era exatamente seu interesse nisso?

Notei que Caroline foi ficando mais vermelha à cada frase, e era bom mesmo que ela se sentisse envergonhada, porque com certeza não foi nem um por cento da vergonha que eu senti ao fazer essas perguntas para Katherine Pierce.

—Bom... eu... eu... tinha feito algumas pesquisas no google para saber quais perguntas eram boas para uma entrevista, e além das perguntas que eram super profissionais, eles aconselharam que algumas perguntas tocassem no pessoal da pessoa, eu só não sabia exatamente o que "pessoal" significava nesse caso.

—Perguntas pessoais que refletissem no profissional e que alguém tivesse interesse em ler, Caroline Forbes! E essas perguntas não passam nem perto disso, acredite. Eu parecia uma pervertida!

Caroline soltou uma risadinha, mas logo depois se recompôs vendo que eu não estava de brincadeira. Como ela ainda conseguia rir disso? Ah claro, não foi ela que encarou a "Senhora Pierce".

—Me desculpe, Elena. Você pode me sinalizar por favor as perguntas que não estão decentes, para que eu tire elas? Não posso cometer nenhuma gafe na minha primeira entrevista. —E lá estava ela, fazendo uma cara de cachorro sem dono com seus grandes olhos verdes. Como eu poderia dizer não? Estava muito nervosa com aquela loira, mas não negaria nada para ela.

—Tudo bem. Acho que sua mãe vai demorar de todas as formas, e eu acho que ouvi ela dizendo que tem uma pizza no forno...

—Topa um dia só de garotas? —Ela levantou a sobrancelha.

—Pensei que estivesse doente srta. Forbes... —Dei uma risada, e peguei meu celular. —Vou ligar para Bonnie.

—E eu vou avisar minha mãe.

Há muito tempo não tínhamos uma noite de garotas... talvez assim eu finalmente conseguisse me esquecer de Katherine Pierce.

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