Capítulo 2
Depois de várias perguntas nada relevantes e completamente constrangedoras, eu finalmente chego na última página. Só tem mais seis perguntas, o que me deixa aliviada. Finalmente isso iria acabar, e eu voltaria para casa, onde eu repetiria várias e várias vezes que eu estou louca, e que Katherine não é uma imagem refletida minha (ou eu era a dela); então eu finalmente me convenceria de que nem somos tão parecidas assim, e nunca mais nos veríamos na vida.
Sim, esse era um ótimo plano, mas ele foi arrancado dos meus pensamentos quando eu ouvi Katherine bufando.
—Senhorita Gilbert, eu tenho horários. Você pode por favor parar de ler as perguntas, e ao invés disso fazê-las? —Katherine revirou os olhos, com uma expressão de tédio.
Ah, agora ela é que está entediada?!
—Me desculpe, —Por que exatamente estou me desculpando? E então, um pensamento passa pela minha cabeça. — mas... como sabe meu sobrenome? Eu não te disse quando eu entrei, e em nenhum outro momento.
—Eu sei muitas coisas. Inclusive sobre você. Eu não deixaria Caroline me entrevistar sem antes conhecer tudo sobre ela, e sobre as melhores amigas.
Quando ouço isso, tento morder minha língua, mas meu filtro cérebro-boca resolve simplesmente parar de funcionar.
—Falando assim você parece uma maníaca por controle. —No exato momento que isso me escapa, eu coro completamente e em resposta ganho uma sobrancelha levantada e um sorriso de canto de boca. Por acaso ela está se divertindo com isso?
—Perder o controle é muito mais divertido, Elena.
Imediatamente um arrepio me percorre inteira, meu nome em seus lábios soava como veludo e seu olhar desafiador passando pelo meu corpo e logo se fixando nos meus olhos só serviu para piorar tudo, me deixando com o sentimento de estar exposta demais diante daquela mulher. Droga, ela é exatamente igual à mim, não era como se fosse novidade sua voz ou seus olhos! Ainda sim, era como se ela tivesse algo completamente diferente; uma sensualidade da qual eu nunca cheguei à provar ou ter, nem mesmo que de longe.
Tudo bem, estou oficialmente assustada. Desvio rapidamente meu olhar para o papel em minhas mãos, tentando - e falhando - não tremer o maldito papel. Então decido que seria melhor eu fazer a primeira pergunta que visse e depois eu iria embora. Já tinham se passado muitas questões, de quantas afinal Caroline precisava? Eu esperava que não de todas.
—Hmm... a senhora é... —Lésbica? Meu Deus, que tipo de pergunta era aquela? Simplesmente travei quando li a última palavra, mas pelo menos ainda não tinha feito a pergunta. —É... acho que é melhor pularmos a pergunta.
—Ah, mas por quê? —Ela não estava fazendo biquinho, estava? Eu deveria estar vendo errado. Ela definitivamente não estava se aproximando de mim dessa forma manhosa, não, não e não.
Quando vi, ela já tinha tirado as folhas da minha mão, soltando uma risadinha suave. Como eu tinha deixado isso acontecer?!
Bom, eu estava muito ocupada me distraindo com o jeito que sua voz saía como um ronronar, e como seus quadris balançavam enquanto ela caminhava até mim. Isso foi o suficiente para me manter paralisada enquanto ela literalmente tomava todo o controle das minhas mãos. E com a risada que veio logo em seguida, parecia não se importar realmente com isso.
—Por que exatamente sua amiga quer saber isso? Está interessada em mim?
—Não! —Ou pelo menos eu penso que não, mas não vou dar esse gostinho à ela. —Acredito que seja apenas curiosidade, ou realmente ela esteja empenhada em encher o jornal da escola com essa entrevista. De todas as formas, não é necessário que responda esse tipo de pergunta. Acho que inclusive, terminamos.
—Não deseja ouvir minha resposta? —A palavra "não" estava prestes à sair, mas ficou presa na minha garganta. —Bom, pelo seu olhar creio que não. Espero que nos vejamos logo, senhorita Gilbert.
E dizendo isso, ela se virou e entrou novamente no banheiro. Ou ela queria causar tanto na saída quanto na entrada, ou eu a tinha segurado mais do que o necessário, mas pelo jeito que ela caminhava, me soava mais como se ela quisesse se exibir para mim. Ok, eu já entendi que você é mais bonita, mas eu me recuso à ficar aqui te admirando só por isso.
Tirando o fato de que eu realmente fiquei.
Droga.
Tudo bem, eu pensei. A tortura tinha acabado. Agora eu podia finalmente sair dalí correndo e me convencer de que estou louca. E perguntar à Caroline se ela estava louca quando escreveu pelo menos metade daquelas perguntas, principalmente aquela última. E foi exatamente o que eu fiz.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top