Capítulo 01

18 de julho de 1993, São Paulo


Cara, eu nem conto... Quase vi a Viviana pelada outro dia — Rick informou aos outros três que estavam com ele na mesa.

Os quatro rapazes estavam almoçando em um pequeno restaurante do bairro e não paravam de secar Viviana Duarte, a sobrinha da dona do restaurante. Viviana trabalhava de caixa e era mais velha que eles, ela deveria ter uns vinte e oito anos e tinha um casal de filhos gêmeos de quatro anos, frutos de um casamento fracassado.

— Está brincando — Caio riu. — Como isso?

— É sério, você sabe que a Angélica mora quase na frente da casa dela e eu estava no quarto da Angélica, conversando com ela...

— Hm, conversando... Tá bom — Ivo sorriu de lado.

— Está louco? A Angélica tem quinze anos... Nova demais pra mim, ela nem deve ter pelo na buceta — Rick rolou os olhos. — Tirando que ela é minha prima!

— Está bem — Sérgio rolou os olhos, impaciente. — Conta logo!

— Pois bem, a janela da Angélica bate de frente com a janela da Viviana, cara, ela estava se olhando no espelho, só de lingerie, uma tentação daquelas!

— Nossa — os outros disseram em um uníssono.

— Não tem quem diga que a mulher já pariu — Rick continuava. — Meu pau endureceu na hora!

— Eu imagino — Caio riu.

Não demorou e a desajeitada garçonete apareceu ao lado de Viviana, parecia falar algo e a loira fez careta, parecendo não dar muita confiança para o que a outra dizia.

— Cara — Sérgio fez careta. — Como pode essa gata da Viviana ter uma irmãzinha tão feia como a Clara Helen? — grunhiu.

Clara Helen era a irmã mais nova de Viviana e era uma garota largada, adorava usar macacão e tênis, além disso, usava uns óculos de grau terríveis, andava sempre com os cabelos pretos presos com uma caneta e parecia não se interessar por maquiagem e afins.

— Vai saber — Caio riu. — Se não fosse pela Viviana e pela Miranda, eu passava era longe dessa espelunca.

— Mas por essas duas vale a pena qualquer esforço — Ivo sorriu, concordando.

Não que a comida fosse ruim, mas eles sabiam que só pisavam naquele restaurante para dar em cima das duas mulheres que ali trabalhavam. Afinal tinham dinheiro suficiente para comer em outro lugar de nível mais elevado.

— Boa tarde — ouviram a voz de Clara Helen e assentiram com a cabeça, com descaso. — O que vão comer? — ela suspirou com educação.

— Você que não é — um deles riu e a garota ficou completamente sem graça. Porém, não disse nada.

— Cala a boca, porra — Sérgio riu dando um leve tapa na nuca de Rick. — Como vai, Clara?

— Bem — ela suspirou, ainda olhando seu bloquinho. — E você?

— Ótimo — ele disse, olhando o cardápio. — Me traz um filé com fritas.

Depois que todos fizeram os pedidos, Clara Helen saiu e os garotos riram.

— Meu Deus — Rick negou com a cabeça. — É muita feiura para os meus olhos.

— Que exagero — Ivo rolou os olhos. — Não é tão feia, acho que se ela se arrumasse seria tão gata quanto à irmã.

— Você precisa se tratar — Rick riu e Ivo negou com a cabeça.

— Até que a Clara tem umas tetas bem tentadoras — Caio disse. — Ainda não tinha reparado que ela tem uns peitos enormes.

— Pior que é verdade — Rick sorriu. — Eu já tinha notado.

— E por que não vão chupar os peitos dela? — Sérgio incentivou em tom de brincadeira.

— Está louco? — ele riu.

— Coloquem um saco na cabeça dela ou fechem os olhos — deu de ombros. — Vai que é uma beleza.

— Ela deve ser virgem — Ivo disse.

— Deve? — Rick gargalhou. — Eu tenho certeza! Ninguém comeria a Clara, pelo menos de graça não... — ele ergueu a sobrancelha, malicioso.

— O quê? — os outros indagaram.

— Podemos fazer uma boa ação e levar a Clara para a cama, não querem que ela morra virgem, ou querem?

— Por mim — Caio deu de ombros. — Ela que se foda.

— Ah pessoal, qual é? — Rick rolou os olhos. — Só tirar o cabaço dela e pronto, vão me dizer que vocês dispensariam uma virgem fechadinha?

— Isso é maldade, Rick! — Ivo disse indignado. — Ela é virgem e deve querer perder a virgindade com um cara que realmente a ame.

— E o que tem isso? — Rick rebateu. — Em algum momento ela terá que dar pra alguém, isso é... Se alguém quiser comer isso — gargalhou.

— Vocês são muito idiotas, não contem comigo pra essa babaquice.

— Ótimo, pois você está fora — deu de ombro. — Podemos apostar mil pratas. Vamos tirar a sorte, e o "ganhador"... — fez aspas com os dedos. — Será o escolhido.

— Eu estou dentro — Caio riu, começando a achar interessante. Precisava ganhar um dinheiro fácil, já que seu pai tinha lhe deixado sem receber devido a algumas confusões que ele aprontou.

— Eu também... Não tenho nada a perder mesmo — Sérgio piscou.

— E você, Ivo? — Rick perguntou. — Vai ficar de fora mesmo?

— Vou sim, não quero me meter nessa sujeira, vocês são completamente infantis — cruzou os braços e Rick rolou os olhos.

— Pois bem, vamos lá — Rick pegou três palitinhos de dente e os quebrou ao meio. — Quem tirar o maior será o infeliz — riu e os outros tiraram os seus, depois de conferirem tudo, o resultado saiu. — Muito bem, Lins... Essa é sua — ele sorriu irônico. — Se você não cumprir com o combinado, ganhará fama de arregão e passará a chance para outro e assim sucessivamente.

— Eu vou cumprir — Caio suspirou, já imaginando quantas doses de tequila precisaria tomar para fazer sexo com Clara. — Essa grana é minha, podem preparar os bolsos.

— Beleza — eles riram, mas logo pararam de rir quando Clara apareceu, equilibrando a comida de forma destrambelhada. — Cuidado, gatinha — Rick disse, enquanto ela colocava as porções na mesa.

— Desculpem — ela disse, envergonhada. Parecia que servir a mesa deles estava sendo extremante ruim pra ela. Quando Clara se retirou eles riram.

— Pelo menos ela tem tetas grandes e não fede — Rick disse a Caio.

— Cala a boca — ele disse entredentes, enquanto sorria abertamente para Viviana, que gostosa...

— Você tem uma semana para transar com ela e tem que nos provar!

— Como você quer que eu prove isso?

— Tira uma foto ou grava, sei lá, que se dane! Isso é um problema seu — Rick deixou claro e Caio rolou os olhos.


♦♦♦


Caio estava com o seu carro estacionado em frente à casa onde Clara Helen trabalhava de babá. Ela não deveria demorar a sair e ele a esperaria até quando fosse preciso, não podia perder a aposta, aquela grana já era dele.

— Onde está essa feiosa?! — olhando no relógio impaciente, já estava escurecendo e nada de Clara sair. Quando já estava pensando que ela não tinha ido trabalhar, a avistou sair com duas crianças, que a abraçavam pelas pernas.

— Agora eu preciso ir, meus bebês — ela disse se agachando.

— Ah não, Clara... Dorme aqui — a garotinha, que deveria ter uns quatro anos, dizia agarrada a ela.

— Eu não posso, Vick — ela apertou o narizinho da menina. — Amanhã eu chego cedinho pra gente brincar mais. Combinado? — levantou a mão e a garotinha chocou com a sua.

— Mas vai demorar pra chegar amanhã? — o garotinho perguntou.

— Claro que não — Clara disse. — Passa assim olha — estalou os dedos. — Rapidinho.

— Então sendo assim, você pode ir — ele sorriu.

— Ah, que danadinho — ela se levantou. — Agora entrem que a mamãe está esperando vocês. Tchau! — deu um beijinho nos dois e se levantou. — Tchau, dona Vera! — ela disse mais alto e ouviu um "tchau querida!" do lado de dentro.

Caio sorriu e mordeu o lábio, saiu do carro quando Clara Helen passou pela calçada distraída.

— Helen — ele chamou e ela se virou, assustada.

— Que susto! — ela disse colocando a mão no peito. — O que está fazendo aqui?

— Desculpe, não queria assustá-la — Eu que estou com medo. Ele pensou.

— Não tem problema — ela voltou a andar, deixando-o rodado.

— Ei, espera aí! — ele disse andando atrás dela. — Estava esperando você, Helen.

— Hm, e o que deseja? — ela disse sem dar muita importância.

— Te ver — ele respondeu, abrindo um sorriso sedutor. Ela parou de andar e o encarou.

— Me ver? — ergueu a sobrancelha. — E para que você quer me ver?

— Quero te convidar pra sair — ele dizia com um sorriso enorme na cara. Não acredito que estou falando isso! Ele pensava.

— Isso é algum tipo de brincadeira? — cruzou os braços e ele gelou.

— E por que seria? — ele também cruzou os braços a imitando.

— Porque eu não sou bonita e tenho certeza absoluta que não te chamo atenção a ponto de me convidar pra sair.

— Está enganada, Helen — ele tocou o seu queixo, deixando-a arrepiada. — Muito enganada. Eu acho que você tem uma beleza diferente e me chama sim, muita atenção — mentiu. A garota o olhava sem acreditar muito e ele resolveu ir logo ao ponto. — O que acha de ir jantar comigo agora? Podemos ir ao lugar que você escolher e também podemos nos conhecer melhor, o que você acha?

— Não acho que seja uma boa ideia — ela suspirou e ele ficou estático.

— E por que não? — questionou com leve irritação por estar levando um fora daquela mostrenga.

— Porque eu não acredito nessa sua mudança de uma hora pra outra — ela o olhava. — Você vive rindo de mim toda vez que vai almoçar no restaurante da minha tia, e agora do nada me convida pra sair?

— Não, Helen... Eu não tenho culpa se eles riem de você, inclusive eu acho isso ridículo — mentia. — Mas eu nunca falei mal de ti.

— Muito bem Caio, eu preciso ir — ela disse, coçando de leve o nariz. — De qualquer forma muito obrigada pelo seu convite.

— E eu posso ao menos te levar pra casa? — completamente perplexo.

— Eu moro pertinho daqui, não precisa se incomodar — ela sorriu de leve se afastando. — Tchau — andando apressada.

Ele a olhava completamente pasmado. Não podia acreditar que Clara tinha lhe dado um fora, aquilo era ridículo, qualquer mulher daria tudo pra sair com ele. E logo Clara, que não estava com nada, não o quis?

— Ah, mas eu não vou desistir — ele disse voltando para o carro. — Agora é uma questão de honra — Imagine o que Rick diria se soubesse que ele tinha levado um fora de Clara? — Ela que me aguarde — disse ligando o carro e saindo dali.

Clara viu o carro de Caio passar por ela e ficou o observando se afastar até dobrar em uma das ruas e sumir de suas vistas. Ergueu a sobrancelha, estranhando o comportamento do rapaz. Negou com a cabeça e deu ombros voltando a caminhar.


♦♦♦


— E então, Lins? Já conseguiu comer a Clara Helen ou não? — Rick perguntou, enquanto davam uma parada na corrida que estavam fazendo.

— Ainda não — Caio rolou os olhos, enquanto tomava um gole de água. — Tentei me aproximar ontem, mas não deu certo... E não se preocupe, ela não vai escapar — piscou.

— Hm, falando nela — disse o outro, com um sorriso malvado. — Olha ela ali — apontou para o outro lado, onde Clara Helen lia um livro, entretida. — Vai falar com ela! — incentivou.

— Beleza — rolou os olhos e caminhou entediado até Clara. Sentou ao lado dela e esperou ser notado, Clara olhou de relance e depois o encarou confusa.

— Caio? — disse fechando o livro.

— Oi, enfim você me deu atenção — ele sorriu abertamente, fazendo-a sorrir também. Ele a analisou e viu que o sorriso dela era lindo, lindo mesmo. — Você tem um sorriso lindo — ele disse e ela rapidamente fechou o sorriso.

— O que você faz aqui? — ela perguntou querendo mudar de assunto, ficava muito sem graça quando alguém lhe fazia algum tipo de elogio, já que não era acostumada a recebê-los.

— Vim dar uma volta, ué — deu de ombros.

— Isso eu posso imaginar — ela assentiu. — Mas estou perguntando o que faz aqui, neste banco.

— Vim conversar com você — ele se juntou mais a ela. — Sabe, Helen? Eu não paro de pensar em você um minuto sequer — disse bem próximo do ouvido dela e a garota fechou os olhos.

— E por que você está falando isso pra mim, assim do nada?

— Porque eu tinha medo de você não acreditar — pegou a pequena mão da garota. — Nesse lado eu acertei; você não acredita em mim — fez uma caretinha triste. Ela soltou sua mão da dele e se levantou, mas ele a puxou de volta e a fez cair sentada ao seu lado de novo, ele sorriu. — Espera, meu bem — ele a encarou. — Por que a pressa? Está com medo de mim? — a analisando. Ivo tinha razão, ela não era tão feia, seu rosto era limpo e seu sorriso era encantador.

— Eu não sou muito acostumada com isso — disse nervosa, vendo que ele estava tão próximo a ela. — Eu preciso ir embora, minha tia está me esperando para trabalhar...

— Espera, Helen — se levantou. — Vou dar uma festa e adoraria que você fosse.

— Eu... Eu não frequento festas, mas obrigada pelo convite... — ele a interrompeu.

— Mas na minha você vai — ele fez uma carinha pidona. — Diz que sim, vai? — deu um sorrisinho e ela também sorriu.

— Caio, você está sendo muito legal comigo... Mas os seus amigos me odeiam e eu não me sentiria à vontade na presença deles.

— Então vamos fazer o seguinte, eu te pego na sua casa e você vai comigo à festa e depois eu te trago — ela tentou falar, mas ele não deixou. — Eu juro que fico ao seu lado todo o momento e não vou deixar ninguém te chatear.

— Não sei, Caio — ela mordeu o lábio.

— Por favor — ele insistia sentindo sua paciência evaporar aos poucos, que garota fresca.

— Tudo bem — ela assentiu. — Me diz quando vai ser?

— Vai ser amanhã, eu passo na sua casa às nove e te pego, certo Helen? — ele piscou e ela assentiu com meio sorriso.

— Por que me chama de Helen? — indagou.

— Não é teu nome?

— Sim — ela riu. — Mas sei lá, todo mundo me chama de Clara, ou então Clara Helen, você é o primeiro que me chama só de Helen.

— Eu gosto de Helen — ele respondeu com um sorriso de lado.

— Eu também — ela sussurrou e o analisou. Em seguida recolheu seu livro e levantou-se. — Bem, agora é melhor eu ir andando... Tchau — ela se afastou.

— Até — moveu os dedos enquanto levantava — Essa daí já está no papo, cara — disse quando se aproximou de Rick, que estava esperando por ele embaixo de uma árvore.

— Convenceu a feiosa a ir para o motel? — perguntou esfregando as mãos.

— Ainda não, parceiro — negou. — Vou levá-la para a festa de amanhã e vou tentar comer ela em algum lugar ali nos fundos da casa, se vocês quiserem se esconder pra ver eu não dou à mínima.

— E você acha que vai conseguir comer a horrorosa amanhã?

— É claro que eu vou — disse convencido.

— E se a Bárbara embaçar? — disse se referindo a ficante de Caio.

— A Bárbara que se dane — deu de ombros, enquanto voltavam a caminhar. — Entre milão e a Bárbara, eu prefiro o dinheiro, é claro.

— Esse é meu garoto — disse Rick, com orgulho. Caio riu e voltaram a caminhar.


♦♦♦


Clara Helen estava calçando seus tênis na varanda de casa. Já eram nove horas e nada de Caio dar as caras. Será mesmo que ele a deixaria plantada?

— Não me diga que você vai a uma festa com essa roupa ridícula? — Viviana comentou enojada, enquanto sentava na cadeira de balanço. — Deveria se envergonhar, Clara — deu uma colherada no prato de brigadeiro que trazia.

— O que tem demais? — ela ergueu a sobrancelha. — É assim que eu me visto e não dou à mínima se é bonito ou não.

— Calma, não está mais aqui quem falou, queridinha — rolou os olhos. — Não acredito que o Caio convidou você para uma festa dele — negou com a cabeça.

— Ele também te convida sempre, se você não pode ir por culpa dos gêmeos, eu não posso fazer nada.

— Não se ache, Clara Helen — Viviana grunhiu. — Esse gato não quer nada com você, deve estar só tirando uma com a sua cara, como sempre — deu um risinho e Clara suspirou. — Olha aí, já são nove e dez, e nada dele chegar pra te buscar... Deve ter te esquecido.

— Chega — ela fechou os olhos. — Se ele me esqueceu, ótimo. Eu não estava a fim de ir mesmo — mal terminou de falar e viu um carro estacionando e dando duas buzinadas. — Ah, olha ele aí — apontou com um sorrisinho.

Viviana rolou os olhos, o que Caio tinha visto em Clara Helen? Ela era ridícula. Caio saiu de dentro do carro e caminhou até a varanda, sorriu abertamente ao ver que Viviana estava ali.

— Oi, Viviana — ele disse encarando a mulher loira.

— Oi, Caio — ela pôs uma colher de brigadeiro na boca, o olhando provocante. — Como está?

— Vou bem, muito bem — ele assentiu e viu Clara Helen, seu sorriso morreu. — Você ainda não está arrumada?

— Estou sim, nós já podemos ir — ela disse, Viviana negou com a cabeça.

Ele a olhou de cima a baixo e viu que ela usava uma bermuda bem masculinizada e uma blusinha de manga, como as que ela usava por baixo do macacão, seus cabelos estavam presos em uma trança e nos pés calçava um All Star um pouco surrado.

— Eu disse, Clara — Viviana começou a rir.

— Não gostou? — Clara perguntou engolindo o seco, Viviana sorriu abertamente e Caio arregalou os olhos com o tremendo fora que tinha dado.

— Não, Helen — ele disse rapidamente. — Não é isso, eu gosto de você do jeito que é — mentiu. — Está perfeita — Clara sorriu e Viviana olhava tudo perplexa. — Podemos ir?

— Sim, podemos — assentiu.

— Até breve, Viviana — ele olhou a irmã de Clara, com um sorriso animado.

— Tchau — moveu a mão e em seguida uma piscadela.


♦♦♦

— Nossa, Caio — Clara disse espantada assim que chegaram à festa na casa dele. — Eu sabia que teria gente, mas não sabia que seriam tantas pessoas — disse olhando ao redor enquanto ele estacionava o carro.

A casa de Caio era enorme e parecia estar lotada em cada cômodo. O barulho do som podia ser ouvido a uma distância considerável.

— Vamos? — ele disse respirando fundo. Sabia que seria zoado eternamente quando fosse visto entrando em sua festa com Clara Helen. Mas como estava muito desesperado por dinheiro, valia a pena o esforço.

— Ah Caio, eu não sei se é uma boa ideia eu entrar — ela disse apreensiva. — Eu não conheço ninguém e... — ele a interrompe.

— Não se preocupe que ninguém vai te fazer nada — ele piscou e ela ficou toda derretida. — Vem, vamos entrar — disse saindo do carro.

— Seus pais deixam você fazer festa aqui na sua casa?

— Meu pai está viajando — deu de ombros.

— E sua mãe? — Clara ergueu a sobrancelha.

— Eu não tenho mãe, ela morreu quando eu era pequeno — ele disse cumprimentando um grupinho com a cabeça.

— Ah — ela preferiu se calar, não queria tocar em um assunto que talvez fosse doloroso pra ele.

Assim que entraram na casa, ele sentiu vários olhares queimando, sabia que seus amigos deveriam estar se perguntando que diabos ele estava fazendo com aquela horrorosa da Clara Helen, mas isso não lhe importava mesmo, depois explicaria pra eles. Clara se agarrou mais em seu braço, provavelmente com vergonha dos olharem sobre ela.

— Você quer beber alguma coisa? — ele perguntou com um sorrisinho. Se ela bebesse seria mais fácil levá-la para os fundos da casa para que pudessem transar.

— Sim, pode ser uma água — ela disse olhando para os lados, algumas garotas estavam fuzilando-a com os olhos e ela virou a cara.

— Água? — ele disse com careta. — Por que não bebe um vinho?

— Não, eu não bebo esse tipo de bebida — disse sem graça.

— Por que, meu bem? — disse acariciando a bochecha dela com o polegar, fazendo-a corar. — Às vezes é bom beber um pouco.

— Não, eu não gosto — ela negou e ele respirou fundo, se segurando para não soltar um palavrão.

— Estou atrapalhando? — ouviu a voz de Bárbara, sua ficante. Rolou os olhos de leve sem que a garota percebesse.

— O que foi, Bárbara? — ele disse, se virando pra ela.

— O que ela — apontou Clara, com desdém. — Faz aqui?

— Ela tem nome, viu? — Clara disse, com leve irritação.

— Claro, deve ser Beth — irônica.

— Chega, Bárbara — Caio disse entediado. — Ela está aqui porque eu a convidei, a casa é minha, a festa é minha, tudo aqui é meu e eu convido quem eu quiser, está incomodada? — interrogou. — Pode sair — apontou a porta.

Bárbara ficou vermelha e Clara sorriu.

— Idiota — ela grunhiu enquanto voltava por onde veio.

— Nossa — Clara disse. — Desculpe, eu não queria causar problemas com a sua namorada.

— Ela não é minha namorada — ele respondeu, enquanto caminhavam em direção aos freezers.

— Eu pensei que fosse — disse enquanto pegava a garrafinha de água que ele estendia a ela. — Obrigada.

— Tem certeza que não quer beber nada? — ela assentiu e ele fez uma carinha. — Ah, só um copinho, eu tenho certeza que você vai gostar.

— Tudo bem, mas só um copo — ela o encarou.

— Um copo — assentiu servindo-a. A garota bebeu sob os olhares ansiosos de Caio.

— Hm, é bem gostoso — ela disse olhando o copo.

— Eu disse que ia gostar — ele sorriu colocando as mãos nos bolsos. — O que acha de nós dois subirmos para a sacada? Eu levo uma garrafa dessas e podemos ficar mais à vontade, sem todas essas pessoas.

— É, eu acho que vai ser melhor, estão todos me olhando como se eu fosse um bicho — engoliu o seco.

— Não liga pra eles — Caio a abraçou pelos ombros e saiu com ela, coisa que a fez sorrir. Olhou Rick de relance e fez um gesto de leve com a cabeça, avisando que finalmente iria para a sacada dos fundos, que era onde tinham combinado mais cedo.

Sérgio e Rick se entreolharam e em seguida Sérgio assentiu com a cabeça. Caio sorriu de leve, sabia que eles se esconderiam pelo jardim, a fim de querer assistir a relação. Chegaram à sacada e de lá dava de ver todo o jardim da belíssima residência, a casa dele era linda.

— Sua casa é tão perfeita.

— Obrigado — ele disse lhe dando outro copo de vinho, precisava deixar Clara bêbada. Podia parecer loucura, mas a ideia de fazer sexo com aquela feiosa estava o deixando realmente excitado. — Sabe o que eu adoraria agora? — perguntou e ela mordeu o lábio, negando com a cabeça. — Um beijo — disse rouco, bem próximo dos lábios dela. — Hein?

— Eu... Eu nunca beijei nenhum cara — ela negou com a cabeça.

— Eu te ensino — ele pegou as mãos dela e entrelaçou com as suas. — Vai ser bom — ela assentiu, fechando os olhos. Ele foi aproximando os rostos e logo pôde sentir a respiração dela se mesclar com a sua. Roçou os lábios e sentiu seu sangue fervendo. Não era possível estar tão excitado por aquela garota. Mas ele estava. Não demorou e logo se viu tomando os seus lábios em um beijo calmo. Ele afundou sua língua na boca da garota e a sentiu ofegar, tentou tocar a língua dela, mas ela estava um pouco nervosa. — Se acalma, ok? — ele sussurrou quase sem fôlego. Ela assentiu. — Vem — a pegou pela cintura e a beijou novamente, dessa vez conseguiu tocar a língua dela e sentiu que ela se arrepiava toda sob seu corpo. Ótimo.

— Cruzes, ele está beijando a mostrenga — Rick dizia enojado.

— Será que ele vai conseguir traçar ela? — Sérgio perguntou, sem tirar os olhos.

— É provável — Rick riu.

Depois de alguns minutos, trocando beijos, ele passou a descê-los para o pescoço de Clara, que abriu os olhos um pouco confusa.

— Aprendeu bem — ele dizia, lambendo o pescoço dela e em seguida passando a mão em seus seios. Caio já estava com o membro ereto e apertar os seios de Clara o deixou pior, pelo que ele sentiu eram realmente enormes.

— Caio — escutou a voz assustada de Clara. — O que é isso?

— Você vai gostar — ele pôs a mão por debaixo da blusa dela e começou a desabotoar as calças. A menina arregalou os olhos, em completo assombro. Ele a agarrou outra vez e ela se separou bruscamente, lhe dando uma bofetada em cheio na cara.

— Quem você pensa que eu sou?! — ela berrou. — Uma prostituta?!

— Que merda! — ele berrou, com a mão no rosto. — Você está louca?! — irritado por ter levado um tabefe.

— Vai se ferrar, seu mauricinho metido a besta — ela cuspiu e saiu voada dali. Então era só pra isso que ele a convidou para a festa? Para transar com ela? Saiu pela sala recebendo vários olhares e risinhos. Porém, não deu à mínima e saiu pisando firme, queria chegar logo em casa para cair na cama e dormir, que era o que fazia de melhor ao invés de estar ali perdendo tempo.

Caio estava tendo um ataque de raiva na sacada, enquanto os amigos morriam de rir lá embaixo.

— Bela transa, Caio, fiquei até excitado com o tapa que você levou — Sérgio zombou lá de baixo.

— Calem a boca, seus inúteis — ele grunhiu. — Essa garota é mais difícil do que eu pensei.

— Notamos — Rick riu. — E agora, Caio? Vai continuar na luta?

— É claro que eu vou — respondeu. — Essa grana e essa bocetinha virgem são minhas — apontou pra si mesmo.

— Gostei de ver — Rick assentiu e Caio fechou os olhos, andando de um lado para outro na pequena sacada.

Tinha que pensar em uma forma de se desculpar com Clara Helen e fazê-la voltar a confiar nele.


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