O barulho insistente de um apito fino próximo ao ouvido de Fitz, fez com que ele pressionasse os olhos ainda fechados. Tateou com as mãos sobre o colchão, tentando buscar seu celular e desligar o despertador. Mas a única coisa que seus dedos alcançaram, foram barras que pareciam ser de metal. 

Automaticamente ele abriu seus olhos, fitando lâmpadas de led no teto, a cor branca e um ar extremamente gelado para ser seu quarto no quinjet ou em seu apartamento. Piscou algumas vezes, até sentir pontadas em sua cabeça que o fizeram gemer e levar uma das mãos sobre a testa. Sua visão estava embaçada, assim como ele também não conseguia sentir seu corpo totalmente. Como se estivesse entorpecido com algum tipo de medicamento. 

— Dro... — Pensou em soltar um palavrão, mas a palavra não se completou. — Dro... — Ele tentou mais uma vez, mas percebeu que nem ao menos sabia o que queria falar. Seu cérebro não parecia processar corretamente seus pensamentos. 

Alias, onde ele estava? Onde estava Jemma? 

Jemma...

Fechou os olhos mais uma vez e se lembrou dos últimos acontecimentos. Ele e Simmons haviam sido lançados para o fundo do oceano. Precisavam de oxigênio e só um deles poderia sobreviver. 

Céus, ele estava vivo. Onde estava Jemma? 

— Jemma. — Chamou pela bioquímica enquanto inclinava seu corpo para cima, tentando se sentar na cama, que agora ele reconheceu por ser a cama de um hospital. Mas seu corpo estava pesado demais para que ele ao menos conseguisse se sentar de modo ereto. O máximo que conseguiu foi se escorar contra a grade de apoio, sentindo a respiração pesar e uma tontura tomar conta de si, algo que ele tentava afastar balançando a cabeça para os lados, sentindo como se seu cérebro estivesse latejando a cada movimento. 

O local estava em completa paz, a não ser pelo barulho insistente do monitor cardíaco que ainda fazia questão de apitar e já estava começando a aborrecer o loiro, que se inclinou na cama para desligar a máquina, começando a arrancar os fios que haviam grudados em seu pulso e sobre o peito coberto pela camisola azul. 

Mas estava reparando em outros detalhes sórdidos, ele apenas queria sair daquele quarto e procurar por sua companheira. Tinha medo do pior, ou que ela também estivesse em um dos milhares quartos daquele hospital, em um estado pior que o dele. Mataria Ward se algo de ruim tivesse acontecido a Jemma, mesmo que ele não tivesse a mínima coragem de matar alguém. Sabia que no momento de raiva e dor, seria capaz de qualquer coisa. 

Ouviu o barulho da porta do quarto se abrir no momento em que estava retirando a agulha ligada a veia de sua mão. Olhou instantaneamente na esperança de que Jemma tivesse ido visita-lo, levando um copo de café ou algum bolinho recheado. Mas não era ela, em vez da morena baixa de cardigã, ali estava uma mulher que também era baixa, mas seus cabelos não eram escuros e sim dourados. E ela tinha um enorme sorriso estampado em seus lábios. 

— Fico feliz que tenha acordado, mas sugiro que não faça muito esforço. Você passou por traumas muito intensos. — Instruiu enquanto puxava uma cortina que dava plena visão da parede de vidro do outro lado do quarto, de onde podia se ver todo o corredor movimentado do hospital. Não que Fitz estivesse realmente prestando atenção nisso, mas não pode deixar passar despercebido. 

— E quem... Quem... — A palavras se perderam no meio de sua boca, sem contar que sua voz estava um palmo mais baixa, rouca e arrastada. Balançou a cabeça se sentindo agoniado com a sua incapacidade de formular uma frase. — Droga. — Finalmente se recordou do xingamento que tentou falar há poucos minutos atrás. 

— Meu nome é Blair Becker, sou psicóloga e assistente social contratada pela Shield para te ajudar. 

— Me ajudar? Eu não preciso de ajuda, eu preciso... — Novamente as palavras pareceram fugir de sua mente e ele se irritou, apertando a barra da grade em sua cama com força. Por que eu não consigo completar... — Novamente não soube falar, se sentindo cada vez pior com aquela situação. 

Fechou os olhos e grunhiu com certo ódio, sentindo a tontura tentar lhe derrubar mais uma vez. 

— Uma frase? — Blair completou para ele, parando logo ao lado do engenheiro com um ar de preocupação. — Seu lóbulo temporal foi muito afetado com a longa falta de oxigênio. Você teve algumas sequelas, por sorte Jemma Simmons conseguiu leva-lo para a superfície antes de ocorrer um dano pior, ou... — Ela não completou a frase, nem ao menos precisava. Leo sabia que ele havia chegado perto da morte. 

— Jemma. — Fitz sussurrou para si mesmo, ela o havia salvado. Então, ela estava viva? — Onde ela... — Ergueu a cabeça para fitar a loira ao seu lado, na esperança de notícias boas. 

— Ela está bem. — Ele sentiu certo alívio ao ouvir aquela frase. — Mas você vai precisar passar mais uns dias aqui, fique calmo. Acredito que a fisioterapia irá lhe ajudar. 

Fitz voltou a observar a assistente social, ela ainda continha um sorriso no rosto, mantinha os olhos verdes fixos sobre ele. Sem nenhuma expressão de deboche ou pena, era como se estivesse acostumada com situações como aquela. Ele sabia que não poderia completar qualquer frase que pudesse ser dirigida a ela, apenas optando por balançar a cabeça em concordância, enquanto se deitava novamente. Mantendo seu olhar fixo nas lâmpadas do quarto. 

A vista dele ficou cada vez mais pesada e o loiro não sabia dizer se era o cansaço, ou se sua tontura o estava fazendo perder a consciência novamente.